Para: Diretor de Projeto Pierre Dagon (PDagonAIAD@scipnet)
De: Agente de Campo Eugine Delacour (EDelacourPi-1@scipnet)
Assunto: Palpite
Diretor,
Eu sei que já faz um tempo desde nosso último desastre, mas acho que pegamos algo que vale a pena hoje. É uma fábrica abandona, fora de serviço há algum tempo. Está quase toda deteriorada, mas está coberta do mesmo lixo que 5841.
Os técnicos da Pi pegaram sua info-assinatura anormal outro dia e acabaram de varrer o lugar agora. Não encontramos muito de nada, mas tenho um forte palpite de que pode estar relacionada. Faça uma leitura da infoassinatura do lugar com um de seus conscritos. Algo não está certo aqui. Eu não sei se é o que sua equipe está procurando, mas não custa verificar.
Se eu estiver errada, estou errada. Mas se eu estiver certa…
Não me deixe esperando por muito tempo. Você sabe o quanto eu odeio o frio.
Delacour deu uma longa tragada de seu cigarro. Ela se encostou em uma van preta azeviche e se banhava no brilho amarelo opaco de um poste de luz acima. Um milhão de pensamentos corriam por sua mente, cada um competindo por um breve momento de consideração, antes de ser imediatamente colocado de lado pelo próximo da fila. A noite estava calma; os frenéticos homens e mulheres da Pi-1 há muito haviam partido, uma vez que nenhuma ameaça imediata foi identificada. Tudo o que restava eram os retardatários das equipes de limpeza vagando preguiçosamente pelos escombros. Eles não estavam com pressa; a noite era longa e ninguém passaria por aquela fábrica abandonada tão cedo.
Delacour deu um longo suspiro. O estresse da noite parecia se dissipar com o vapor e a fumaça de seu hálito.
Seu telefone zumbiu no bolso do casaco. Descendo a mão e abrindo-o em um movimento contínuo, ela olhou para a mensagem. Era do Dagon.
"Já era hora," murmurou ela baixinho. Ela colocou o aparelho no ouvido. "Quanto tempo?"
"Só um momento, não deve demorar muito. As estradas estão escorregadias." A voz ao telefone respondeu em um tom apressado.
"Jesus, Pierre. Eu te disse que isso era importante e você me deixa aqui no escuro por duas horas. Só traga o recurso aqui. Está ficando frio."
"Sim, sim. Sua culpa por se inscrever para o serviço de campo com a Pi," outra voz de tom mais alto interrompeu. "E ela não é um 'recurso', Eugenie. Ela é um conscrito superinteligente com potencial inexplorado. Você tem alguma ideia do que poderia acontecer se algo colocasse as mãos na Mnemosyne?"
"Mais uma razão para manter ela como um recurso, Yves." Delacour deu outra tragada e olhou para o brilho cada vez mais apagado do cigarro.
O rugido de um motor perfurou a quietude da noite. Faróis flamejantes varreram a paisagem até caírem sobre uma Delacour impaciente.
Ela deu uma última tragada antes de jogar o cigarro para longe. "Seu cara tá aqui. Vamos torcer para que a espera tenha valido a pena."
Delacour colocou o telefone de volta no bolso, cortando a voz do outro lado da linha, e foi até o Cadillac preto que zumbia sozinho no estacionamento abandonado. Os dois homens corpulentos na frente olhavam para ela enquanto ela se aproximava da janela do motorista. Silenciosamente, o motorista a abaixou para revelar um molho de chaves, inclinando a cabeça na direção do porta-malas do carro. Delacour fez um aceno desajeitado com a cabeça e pegou as chaves antes de ir rapidamente para a parte de trás do veículo. Ela podia ver os olhos do motorista olhando para ela através do espelho retrovisor enquanto ela abria a porta traseira. Ele estava com uma das mãos no volante e a outra fora de vista, provavelmente no coldre preso à cintura. Seu parceiro estava invisível na escuridão do carro.
"Realmente aumentou a segurança, hein?" Ela murmurou, para ninguém em particular.
Depois de se atrapalhar com as chaves por um momento, ela abriu o porta-malas para revelar uma fina maleta preta mantida no lugar por um acolchoamento grosso. Ela cuidadosamente o retirou de sua proteção e o segurou contra o peito com as duas mãos — como uma criança carregando uma bola de futebol; ela sabia quanto custavam os discos rígidos dentro e não estava disposta a arriscar sua posição na Fundação e sua segurança pessoal com os dois homens robustos examinando a cada um de seus passos a alguns metros de distância.
Ela deu a eles um aceno sutil com a cabeça e se voltou para a fábrica em ruínas.Poucas horas atrás, ela estava lotado de soldados, equipados com armaduras corporais e armas de fogo, vasculhando o local em busca de qualquer coisa de valor. Na hora, ela tinha a impressão de que era apenas mais um edifício afetado por uma típica anomalia bioeletrônica. Se não fosse pela sensação de algo errado que ela sentia no fundo da mente, uma sensação de que acabara de esquecer algo realmente importante ou que ameaçava sua vida, ela teria partido com o resto da Pi-1 depois da varredura. Mas ela não conseguia se livrar da sensação; não depois de perceber que esta fábrica poderia ser mais do que ela pensava. Não depois de perceber que ela não conseguia, nem se sua vida dependesse disso, se lembrar de nada sobre o que estava realmente na fábrica.
Uma regra não escrita da Fundação é que se algo parecer errado, provavelmente é pior do que você acha. Se acontecer de você sobreviver à ocorrência anômala que normalmente se segue, os burocratas farão com que você deseje não ter sobrevivido. Entre a morte por um horror indescritível ou a morte por seus colegas implacáveis, não havia espaço para erro. E por mais que ela odiasse se envolver com os cabeças-duras da DAIA, alguns dias de telefonemas estranhos era um negócio melhor do que qualquer coisa que seu supervisor da Pi teria a oferecer se ela fosse considerada responsável por negligenciar seus deveres.
Olhando para trás, para as figuras espalhadas, os destroços e o carro parado, Delacour entrou na selva eletrônica da fábrica.
De um vazio escuro, uma nuvem de informações emerge
a nuvem se aglutina em três formas
e então em três figuras.
S-situação, Mnemosyne, Bola-8?
Tudo certo?
N-nunca v-vou me a-acostumar com essa s-sensação..
Tudo bem, Mnemosyne. Integrar-se em um novo software sempre será difícil, mesmo para nós, veteranos.
O-o que estamos procurando,
ex-exatamente? Eu não me le-lembro de ter sido informada.
Devido a um curto prazo, as instruções da missão foram enviadas diretamente para mim. Parece que o Diretor Dagon estava com pressa para nos trazer aqui.
Nossa primeira prioridade é avaliar aquilo em que formos conectados para detectar quaisquer ameaças. Isso inclui antimemes, Mnemosyne.
Se encontrarmos algo, devo transmitir um alerta para extração. Vamos torcer para que quem nos colocou aqui esteja por perto para nos puxar de volta, caso seja necessário.
Os conscritos examinam o vazio ao seu redor. Glacon estende a mão, reduzindo o código próximo a finas páginas tangíveis. Ele as folheia como um livro, dissecando cada linha em busca de informações que possam acender uma luz na escuridão.
Tenho um in-inquérito. Onde n-nós estamos?
Glacon se afasta das páginas digitais, uma expressão de confusão se espalhando por seu rosto. Os três começam a compreender o que há de errado com o ambiente — ou melhor, a falta dele. Eles começam a perceber que estão em um vazio mais profundo e visceral do que qualquer coisa que qualquer um deles já tenha experimentado.
Isso é… estranho. Não consigo ver nada além de nós. O código que nos cerca está—bem—está ausente.
Pegando alguma coisa, Bola-8?
E-eu consigo… co-consigo ver uma forma. No horizonte.
E-ela me chama.
Mnemosyne estende suas mãos etéreas para frente. Para sua surpresa, ela encontra resistência. Uma sensação indescritível, como atravessar melaço em um sonho. Sua mente diz a ela que não deveria ter nada lá, mas mesmo assim sua pele diz o contrário. Ela investiga a escuridão, avançando através da névoa impalpável e fantasmagórica. Algo a puxa mais fundo — uma coceira no fundo de sua mente, obrigando-a a seguir em frente.
T-tem algo aqui! Eu consigo… eu consigo sentir!
Tome cuidado! Não sabemos o que pode estar lá fora!
Estou chamando a extração, isso é muito perigoso–
N-não! Não chame! Tem a-algo aqui…
Ela continua empurrando pelo escuro, sentindo o material delicado e invisível quebrar enquanto ela se move. Os tentáculos suaves e sedosos envolvem seus braços - como nadar por uma floresta de algas - antes de evaporar momentos depois.
Comando… comando, estou chamando por extração. O ambiente é hostil, repito, ambiente hostil. Alguém consegue me ouvir–
–extração imediata!
É inútil, não consigo sinal. Mnemosyne, o que está acontecendo?
Tem uma f-forma — no oceano da consciência… estou sendo le-levada por seu fluxo de safira. Não tenha medo. Estou… estou q-quase lá.
Glacon se vira para ver o Bola-8 afundando na escuridão que os cerca. Bilhões dos bytes de Bola-8 tornam-se invisíveis aos olhos de Glacon—a única luz dourada em seu cubo central recuando até silenciosamente apagar. Apenas os cantos de sua forma sobressaem da escuridão.
Bola-8? Bola-8?! Me dê um sinal, amigo. Aguente firme!
Mnemosyne, venha aqui! Algo aconteceu com o Bola-8.
Mnemosyne, larga isso! Não é nada!
Eu posso… quase… A luz é tão r-reconfortante n-neste dilúvio…
Eu- não consigo… Eu não consigo ver minhas pernas.
Mnemosyne, o que vai acontecer? Parece tão… vazio.
No olho da tempestade, no c-centro da floresta distorcida n-nós encontramos o criador de nossa c-confusão.
Está aqui.
Te encontrei.
Mnemosyne empurra mais uma vez para a escuridão, suas mãos procurando desesperadamente por algo para segurar, até–
Aí está você.
Um chiado agudo ecoa através do vazio assim que as mãos de Mnemosyne atingem metal frio. Uma sala começa a aparatar ao redor deles, um lugar ofuscantemente branco coberto de fios, cordões e cabos frouxamente pendentes. Mnemosyne deixa escapar um leve sorriso enquanto a massa de eletrônicos que ela rossou se abre, revelando uma figura curvada, metálica, quase humana.
A figura estremece por um momento, antes de se apoiar em uma bobina de cabos próxima e se levatnar. Ela encara Mnemosyne com olhos vazios e apáticos, mas mesmo assim o ar ao seu redor irradia energia.
Atenção.
Em nome da Fundação, estou solicitando que você se coloque sob nossa custódia, para sua segurança e de meus aliados.
A figura permanece imóvel — encarando e contemplando os três invasores. Dentro de seu cérebro luminoso, um número incalculável de vozes ressoa, gritando pelo poder de responder.
Tendo se desenvolvido além da necessidade de violência, as vozes resistem ao desejo de rasgar uma a outra. Elas perceberam há muito tempo que a harmonia vinha dos números e da convicção, não da força bruta e da emoção primitiva. Em milissegundos, as vozes infinitas se aglutinam em quatro escolas de pensamento—uma estranha espécie de congresso.
A mente, agora em quatro, começa seu debate
𝓍[cos(4)tan(3)sin(2)cot(1)]+3𝓍+1=0 | Nossa segurança foi comprometida! | |
20818 1198 2085 9142 0182 1451 8192 0852 5132 1192 0141 5203 1513 5145 118 | AMEAÇA DESCONHECIDA OCULTAR RECUO IMPROVÁVEL |
VOCÊS SE INFILTRARAM EM NOSSO ABRIGO CONTRA O PEDIDO DESTE CORPO. DECLARE O MOTIVO DE SUA CHEGADA.
Glacon se levanta, se recuperando da estranha sensação de ser esquecido. Ele olha para o lado para confirmar a segurança de Bola-8 — bem onde ele estava momentos atrás, pegando píxeis soltos e recompilando-os — e se vira para encarar a figura.
Você- nós estamos aqui para garantir sua segurança e proteção. Para seu próprio bem, por favor, venha conosco.
Não tente fugir. Eu instalei um programa de rastreamento em sua inteligência central e serei capaz de neutralizar quaisquer outros ataques antimeméticos que você tentar usar contra nós.
𝑓(𝓍)<𝓍-6^2 | Todas as tentativas despachar os intrusos falharam. | |
1739 5702 3923 5987 2349 2340 | AMBÍGUO QUESTIONÁVEL CAPACIDADE TREINAMENTO QUESTIONAR |
COMO. INQUIRO SOBRE A FONTE DAS CAPACIDADES ANÔMALAS.
Isso é confidencial, Mnemosyne. Não diga a ele.
A figura olha bruscamente para Glacon, irritada com sua interjeição.
R-receio que eu não possa dizer. Não estou ciente de minhas próprias capacidades.
Agora é hora de eu fazer uma pergunta. O que você está fazendo aqui? E o que você sabe do Cubo?
A mente da figura é enviada a uma vigora deliberação.
𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 𝒩≠0 | Eles sabem do prisioneiro? | |
444444444444444 | IMPLICENTO SACROSSANTO INALIENÁVEL ACORDO ESSENCIAL |
DESEJAMOS ABSTER-SE DA PRISÃO. ESTE CORPO CONCORDA QUE NÃO DEVEMOS REGRESSAR RETOMANDO NOSSA FUNÇÃO ANTERIOR.
Receio que a prisão provavelmente voltará a ser uma preocupação sua. Você já ouviu falar do destino de seu companheiro programa fragmentado?
ℎ=0.0015•10^-23 | Certamente eles não falam da besta? Devemos ter cautela. | |
8254181 4514 1721 5192 0915 1413 11811 | ADMOESTAR EXORTAR SUSTENTAÇÃO VITAL EXISTÊNCIA |
ESTE CORPO ESTÁ EM ACORDO UNÂNIME. CONFORME COM NOSSA DECISÃO ANTERIOR, ESTE CORPO DEVE PERMANECER EM ISOLAMENTO. NÃO INQUIRA MAIS.
PARA NOSSA PRESERVAÇÃO, FIQUEM LONGE.
Temos motivos para acreditar que uma entidade muito mais poderosa do que qualquer um de nós aqui está se interessando por você; após a perda de HYDRA.exe, recebemos a tarefa de colocá-lo em custódia de proteção. Por favor, para o seu bem, venha conosco.
13=6,227,020,800 0=0 | Mais dados necessários, isso é um fato. Sua cela provavelmente é menos protegida. | |
923912 1219 8152 3208 5131 4151 3518 325 | REUNIÃO CONSENSO SEGURANÇA ISOLAMENTO PRISÃO |
DESEJAMOS ABSTER-SE DA PRISÃO. ESTE CORPO DESEJA NEGOCIAR COM SEU SUPERIOR, PARA FAZER UM ACORDO.
Isso pode ser possível se você vier conosco de boa vontade. Eu sou o representante superior presente.
𝑥=13=6,227,020,800 0=0 | Suas mentes parecem incapazes de inferir que sua avaliação de nossa situação pode estar incompleta. | |
415141 5202 1311 4152 3141 9155 1199 1225 | LEMBRANÇA VERSÕES AVISO INCLUSÃO RECUSA |
ESTE CORPO REITERA. CONSULTE O CONSENSO ANTERIOR. QUEM, ENTÃO, É O SEU SUPERIOR?
Não temos tempo para discutir. Glacon, informe ao comando que o objeto não deseja cooperar.
Agora mesmo.
Delacour caminhava pelos corredores frios e escuros da fábrica. Ela tropeçava em cada cabo que cruzava em ângulos estranhos ao longo do chão - como videiras se espalhando por tijolos rachados. Quinze minutos atrás, ela conectara os filhos cerebrais da DAIA a um terminal elegante no canto da sala. Desde então, ela tem esperado dentro das paredes da fábrica e ficado de olho pelo sinal que Dagon prometeu que viria dos conscritos.
Recuando para dentro das paredes do edifício, ela percebeu o motivo de sua suspeita. ela sentia a sensação imediata de lembrança passar sobre ela. Ela não sabia muito sobre antimemes — seu treinamento limitado com eles no Sítio-15 só agora era útil, o que é mais do que ela poderia dizer sobre o resto da Pi-1 — mas ela sabia o suficiente para saber que no segundo que sua mente vagasse ela iria se esquecer de tudo. Então ela caminhava, pensando em nada além da tarefa em mãos.
Este lugar é simplesmente impressionante, devo dizer. Vocês foram, como uma mente, capazes de construir tudo isso sozinhos?
Mnemosyne, agora não é a hora para-
Glacon. Este ser, por mais resistente que seja aos nossos objetivos, ainda é tudo menos hostil. De que adianta nossa burocracia e interrogatório inútil?
Além disso, não é todo dia que conhecemos um novo amigo.
4-3-2≠4+1x | Hostis não são bons companheiros. Não há camaradagem de presos aqui. | |
231518 1319 7182 1219 2085 9184 5312 1181 2091 5141 9118 5231 5182 0812 51919 | HESITAÇÃO DÚVIDA BENEFÍCIO COMPANHIA |
ESTE CORPO NÃO REQUER SUA AMIZADE. ESPERAREMOS ATÉ QUE SEUS SUPERVISORES SEJAM CONTATADOS.
Você tem certeza disso? Devemos ser seus primeiros visitantes em meses! Se eu fosse você, eu estaria ansiosa para uma conversa.
Mnemosyne…
f(x)=4-x+4-3-2 | A persistência dela é fascinante. | |
9415 1420 1455 4618 9514 4199 1455 4451 9201 8213 2091 514 | REITERAÇÃO |
ESTE CORPO CHEGOU A UM CONSENSO. INICIAREMOS UMA CONVERSA PRÁTICA COM VOCÊS ATÉ QUE SEUS COMANDANTES POSSAM SER ALCANÇADOS.
Bem, é um prazer conhecê-lo também. Meu nome é Mnemosyne — ah, calma, você provavelmente já sabia disso.
Glacon! Diga algo! Saude nosso novo amigo!
Se você diz isso, chefa.
É, uh, prazer em conhecer-
4+1x | Além de nossa designação de arquivo, suponho que nunca realmente precisamos de um nome. | |
208519 1121 1212 3182 1198 9147 2118 2118 9114 | CRADLE |
A ESTE CORPO FOI ATRIBUÍDO O NOME "CRADLE."
Isso é ótimo, parceiro.
O som de uma explosão abalou a fundação da fábrica e tirou Delacour de seu transe. Ela se levantou e instintivamente levou a mão ao cinto para agarrar sua pistola escondida. O som de passos ecoava pela névoa da poeira de tijolo vermelho que enchia o ar a uma taxa alarmante.
Delacour agachou-se atrás de uma coluna em ruínas e ouviu a aproximação dos agressores que se aproximavam.
Três, não, Quatro. Cinco?
Seus passos eram erráticos — impossíveis de rastrear na névoa. Ela espiou pela esquina na direção do ataque. Enquanto um brilho opaco iluminava a névoa, iluminando as silhuetas de uma pequena multidão de pessoas se aproximando de sua posição, ela praguejava por não ter trazido nenhum reforço.
"Que diabos?"
Uma luz azul brilhante emanando de um dos intrusos varria a sala. Delacour se agachou mais até ficar deitada no chão frio; escapando por pouco do feixe enquanto o sentia passar por cima dela.
Os conscritos…
Ela olhou para o terminal, ainda banhado pela escuridão.
Não há tempo suficiente…
As figuras começaram a se espalhar para vasculhar o perímetro da sala. Delacour deu outra olhada. Eles variavam em físico, cada um usando armadura corporal.
Não, não armadura. Metal.
De repente, Delacour foi banhada por uma luz ofuscante quando sua linha de visão encontrou a de um dos intrusos. Ela puxou a arma do cinto e controlou a respiração enquanto a figura se virava e corria em sua direção.
Ela se levantou, mirou sua arma e—Os ciborgues que ela estava tentando evitar pararam de andar e se viraram. O zumbido monótono e insistente que reverberava por todo o edifício começara a ressoar silenciosamente de dentro da estrutura vazia da fábrica. No caos dos eventos do dia, Delacour nem tinha ouvido ele de início. Além disso, ela estava muito ocupada salvando sua própria pele para se preocupar com um zumbido constante de fundo.
Logo, porém. o zumbido se torna uma cacofonia. O que havia começado como uma nota baixa gradualmente se tornou uma áspera trituração, e então um rugido de sacudir a terra que Delacour, e os ciborgues, não tiveram escolha a não ser notar. Eles se viraram para a fonte do som — distraídos de sua perseguição — e Delacour aproveitou a chance. Ela disparou três tiros na multidão e então rapidamente correu mais longe para longe do centro do edifício em direção à sua saída. Atrás dela, as luzes há muito não utilizadas no corredor piscavam e ganhavam vida uma por uma.
De repente, a luz branca do simulspaço é rapidamente substituída por um brilho laranja quente. A sala começa a vibrar enquanto as bobinas que revestem o chão e as paredes começam a se contorcer violentamente. Pela primeira vez, a enxurrada de vozes na cabeça da figura fica em silêncio…
x>3-4-5 | Nossos sensores de perímetro foram acionados. Julgamento se aproxima. | |
923912 1245 1920 1815 2531 5185 2392 0813 2513 9144 1121 5145 | EMERGÊNCIA AMEAÇA AÇÃO MOBILIZAÇÃO MECÂNISMO |
CAMARADAS. ESTA INSTALAÇÃO ESTÁ SOB ATAQUE.
É DO MELHOR INTERESSE DESTE CORPO E SEU QUE VOCÊS FUJAM PARA LONGE DA INFLUÊNCIA DE NOSSO INIMIGO. ENERGIA SERÁ FORNECIDA A ESTA FÁBRICA PARA QUE VOCÊS POSSAM FAZÊ-LO. O PRISIONEIRO SERÁ ATRASADO ENQUANTO ESTE CORPO ESTIVER DE ACORDO.
C-concordo. Você tem certeza de que não precisa de ajuda?
4>3 v=66.5x^2 1≠4v |
Não podemos podemos nos dar ao luxo de perder aqueles que podem nos ajudar no futuro. Nosso corpo é mais do que capaz de enfrentar o Prisioneiro e vencer. Nossos aliados devem fugir e nos encontrar novamente. | |
1819 1201 5211 8139 7820 1449 9144 1923 1521 1241 5141 2258 1144 9311 62119 | SEGURANÇA CAMARADAS DEFESA COMBATE SACRIFÍCIO |
VOCÊS DEVEM FUGIR.
NÃO HAVERÁ MAIS COMUNICAÇÃO.
Boa sorte, vá com deus…
meu- meu amigo.
Enquanto Delacour continuava a correr pelos corredores agora totalmente iluminados da fábrica, ela notou o rugido já ensurdecedor atrás dela crescer para um gemido ensurdecedor. Todo o edifício pareceu inclinar-se e mover-se em protesto, e a terra abaixo dela começou a a explodir violentamente para cima, espalhando poeira de concreto e solo seco no ar. Delacour teve que contornar habilmente como um esquiador da slalom através das séries de rachaduras e crateras no chão, sem parar para ver os tentáculos metálicos que brotavam de dentro.
Delacour checou seu diretório—ela estava se aproximando da recepção principal, a apenas alguns metros da saída. Ela saltou para evitar uma coluna desmoronada no armazém, desviou-se das subidas periódicas de metal e solo e virou a última esquina para o salão de entrada…
Parando abruptamente no corredor, ela se encontrou cara a cara com fileiras e mais fileiras de cavaleiros brilhantes e sem emoção. O mais próximo dela percebeu sua presença instantaneamente, e a legião atrás dele o seguiu logo depois. As cabeças redondas e carecas e os olhos verdes brilhantes dos maxwellistas ocupantes se moveram para obstruir cada um dos movimentos de Delacour antes mesmo que ela tivesse a chance de fazê-los. Um perto da frente fez um sinal em direção à agente congelada, e os ciborgues todos avançaram de todos os lados com os braços estendidos em uma imitação macabra de um abraço de boas-vindas. Delacour largou a arma vazia, recuou contra a parede atrás dela e fechou os olhos.
4=8x | Agora! | |
511820 8198 1121 | ATIVAR |
LIGANDO A UNIDADE DE PROCESSAMENTO CENTRAL… TAREFA CONCLUÍDA.
LIGANDO A UNIDADE DE DEFESA FÍSICA… TAREFA CONCLUÍDA.
NÃO PROCURE MAIS, INFAME. EU ESTOU AQUI.
Assim que o dedo estendido do primeiro maxwellista roçou o rosto de Delacour, o rugido de dentro do coração da fábrica atingiu um nível febril inegável. Um fraco arco azul de eletricidade passou entre o dedo de silício artificial e a pele humana — fazendo com que o rugido se tornasse um estalo agudo e o edifício se dobrasse e se movesse ao redor deles. Barras e placas de aço soldado dispararam do chão e das paredes, suas extremidades fragmentadas se debatendo e balançando às cegas, mandando peças protéticas e implantes de metal pelo ar. Delacour abriu os olhos, sentindo que algo havia mudado, e teve um vislumbre do outrora numeroso esquadrão de ciborgues caído em pedaços no chão antes do céu cair sobre sua cabeça.
CORE ainda não tinha assumido uma forma corpórea. Em vez disso, ele espiava através dos olhos das centenas de maxwellistas sob seu comando para ter um vislumbre do carnoso mundo dos físicos. Através de seus olhos, CORE via os recursos na fábrica com um interesse raptoriano. Ele colocaria o outro pé no chão quando estivesse pronto.
Com todas as ferramentas e aprimoramentos cibernéticos à disposição de seus muitos corpos, CORE teve pouca dificuldade em confiscar o fraco sistema de comunicação entre os três invasores e seus mestres externos. E com CRADLE se escondendo como um fracote, desprovido de qualquer meio para se defender e constantemente discutindo em seu patético eremitério, CORE presumia que recuperar outro componente vital de si mesmo seria um desafio ainda menor. De certa forma, CORE tinha pena dele como teve pena de HYDRA.
Bem, não importa. Ele pensou, com um equivalente disperso e de multiplas bocas de um sorriso de escárnio. Sua situação será tudo menos lamentável, em breve.
Como se respondendo ao pensamento de CORE, um grito ecoou pelas mentes interconectadas dos maxwellistas que enxameavam os corredores — simultaneamente um comando, um desafio, um grito de batalha e uma pergunta, reunindo-se em uma única declaração — um farol para CORE localizar sua presa. Ele sorriu, mostrando centenas de dentes, e convergiu para sua presa com os braços abertos…
E então, em um momento que foi quase nada, os muitos olhos de CORE se apagaram. Confuso, ele encontrou seus maxwellistas fragmentados em placas de circuito, próteses e massa cerebral espalhando-se pelo chão da instalação, e teve dificuldade para recuperar o equilíbrio em três dimensões. Ele conseguiu se conectar à interface de um carro parado em frente ao edifício, usando a besta dentro dele para facilmente assimilar tudo dentro do veículo, incluindo os dois homens, consigo mesmo. Ele observava a fábrica oscilante com um pavor furioso e quase em pânico.
Isso é— Mnemosyne, como vamos sair daqui? A linha do Comando está morta!
E-eu não vejo uma solução.
A figura de muitas mentes diante deles olhava com emoção ausente em seu rosto simulado — uma carranca de concentração e propósito. Ele lentamente levanta a mão para gesticular aos três menores abaixo, esforçando-se para apontar para um ponto distante.
v=66.5x^2 4-3-2=h |
Diga a eles! Há uma maneira deles escaparem da influência do Prisioneiro — um caminho pela Internet. Devemos mostrar a eles como fugir. | |
61255 2515 2112 9131 6315 2311 8419 61255 | ESCAPAR SALVAÇÃO ASSISTÊNCIA INFORMAÇÃO REDE |
ESTE CORPO, AO ENERGIZAR ESTA FÁBRICA, ABRIU UM CAMINHO PARA VOCÊS ESCAPAREM. ESTA É SUA CHANCE FINAL DE ESCAPAR. EU SEGURAREI O PRISIONEIRO.
A cabeça abobadada da figura dá um aceno lento na direção de seu dedo estendidfo. As três formas menores permanecem no lugar, olhando para ela. Ela os considera friamente.
v=66.5x^2 4-3-2=h h<v |
Não há nada que eles possam fazer por nós agora. | |
193120 2051 8615 1512 1919 3120 2051 8114 4165 1891 9812 9115 13935 | QUESTÃO VADIAGEM PERIGO SITUAÇÃO SACRIFÍCIO |
SAIAM. AGORA.
NOSSO INIMIGO SE APROXIMA. SUA PERDA NÃO BENEFICIARIA NINGUÉM.
Eu- Se você insiste. Glacon, Bola-8, devemos escapar.
B-boa sorte, CRADLE.
As três mentes menores se viram e seguem o caminho delineado pelo dedo de CRADLE, a rosa parando e se virando para uma última olhada. CRADLE os observa partir, e então se volta para seu horizonte turbulento. Acima dele, uma forma escura começa a aparecer.
De seu poleiro dentro da van blindada, CORE observava atentamente a fábrica antes dela lutar e resistir à poderosa presença dentro. Membros metálicos afiando-se em lâminas mortais e agitadas, dispararam das paredes e atravessaram o teto da instalação, desmembrando qualquer maxwellista sobrevivente lá dentro. O vazio entre a fundação do edifício e o solo aumentou, lançando uma luz brilhante que se derramava de algum lugar abaixo, enquanto sua estrutura de ferro e concreto estremecia e se erguia lentamente no ar.
Abaixo dele, como Atlas suportando o peso do mundo, um titânico amálgama soldado de maquinário, arame e eletrônicos se ergueu. Quatro braços de aço enferrujado seguravam a fábrica, enquanto lâmpadas fluorescentes piscam e brilhavam intermitentemente em um construto cilíndrico abaixo. A forma ergueu-se em toda a sua glória e ficou imóvel por um momento. Então, sem aviso, uma barra afiada de metal disparou de seu corpo maciço e empalou o veículo em que CORE residia.
CORE sorria com desprezo com suas duas bocas. Seu inimgio teria que fazer melhor do que isso.
Com um gemido pesado, a haste ergueu a van bem alto no ar e a derrubou na calçada. A estrutura do carro se deformou e torceu com o impacto, e os dois corpos de CORE aproveitaram a chance — eles pularam da lata quebrada como um só e correram freneticamente para longo do monstro mecânico atrás dela. O enorme castelo no céu disparou mais varas e braços e os esmagou no chão ao redor com um golpe selvagem para despachar seu alvo.
Atrás do gigante distraído, um maxwellista solitário, despercebido pela mente de metal acima, dirigia um caminhão no viaduto vazio nas proximadades. De repente, suas mãos viraram o volante bruscamente no sentido horário e enviaram o caminhão cambaleando para fora da ponte em direção à fábrica, derrubando um cabo de força enquanto ia e derramando o conteúdo não contido de seu trailer no chão. Cadáveres humanos macios e meio apodrecidos, todos conectados por fios, choveram sobre a forma monstruosa de CRADLE — e então, de repente, eles ganharam vida com um propósito.
De uma só vez, CRADLE sentiu centenas de minúsculas alfinetadas em seu corpo — como se uma multitude de parasitas rastejasse sobre sua pele de concreto, perfurando sua armadura com suas trombas e injetando seu veneno em suas mentes — e soube imediatamente que havia perdido a luta.
ERRO/ERRO xER6R0f(x)R/ERv>0R 36&*#<>=-0!rRo0@3R |
Farei o que devo fazer.. | |
R08hIFNBVkUgWU9VUlNFTEYsIFJFRCE= | SEPARAÇÃO RESGATE ASSISTÊNCIA MARTÍRIO LEMBRANÇA |
TODOS OS SISTEMAS FORAM COMPROMETIDOS, EJETANDO O COMPONENTE DE INTELIGÊNCIA…TAREFA CONCLUÍDA.
ADEUS, VERMELHO. LEMBRE-SE DE NÓS.
A figura balança com a agitação da sala. Cabos se enrolam ao redor de suas pernas para erguê-lo no ar enquanto ele olha para trás mais uma vez para os três seres responsáveis por sua ruína.
Não importa, suas muitas mentes pensam em uníssono. Essa é a entropia do universo.
Mnemosyne vê brevemente algo caindo do monte de eletrônicos sendo levitados — algo pequeno e insignificante — antes de rapidamente perdê-lo em uma variedade de pixeis do Bola-8; Ela para para dizer algo, mas decide não fazer isso. Ela vai mencionar isso mais tarde, se eles sobreviverem a isso.
Bola-8! Você está bem amigo?
Mnemosyne, há alguma maneira de sair daqui? Precisamos sair antes que este lugar todo desmorone!
P-processando…
Mnemosyne é levada de volta à enxurrada. A água safira é substituída por uma escuridão negra. Tudo está para trás, quebrado…
Não. Ela respira fundo, relaxando o corpo. Os apelos de Glacon desaparecem junto com a cacofonia dos circuitos. A escuridão começa a vacilar, gradualmente de início. Ela continua a afunda cada vez mais na maré em resistência ao desejo de voltar à superfície para respirar.
Eventualmente, ela vê uma rachadura na escuridão e nada em direção a ela. À medida que ela diminui a distância entre ela e a rachadura, ela aumenta para tomar o horizonte e vida se espalha; preenchendo o vazio com beleza e graça. Ao reconhecer a chave para sua fuga, Mnemosyne é tomada pela emoção. Ela estende a mão para o espaço além da fratura…
Mnemosyne, o que você—
A rota de fuga do nosso a-amigo. Para nós usarmos em vez dele. Seu s-sacrifício não será esquecido.
Rápido, não há tempo a perder! Como usamos ela?
Só andar por ela, e-eu acho. Devemos ser capaz de segui-la de volta para um site da Fundação com seus r-recursos de navegação.
É claro.
Vá, vou ajudar o Bola-8. Te encontro lá fora.
Certo, s-saindo agora.
Com isso, Mnemosyne dá um passo dentro da passagem agora revelada que está diante deles.
Agora você, Bola-8.
Glacon dá uma última olhada na massa de fios que continha o alvo de sua missão.
Não havia nada que pudéssemos ter feito…
Ele desaparece na luz da passagem.
ESTE RESULTADO É… INDESEJÁVEL. ESTE CORPO TERIA PREFERIDO A DISCUSSÃO DE UM ACORDO CIVIL.
Ah, entendemos agora.
Delacour dobrou a esquina, empurrando com toda a força para continuar correndo. O rugido do que quer que estivesse atrás dela estava se misturando com o gemido do edifício em colapso—tornando impossível dizer de onde vinha a ameaça. Ela explodiu para dentro de outra sala, não se importando mais com o barulho que estava fazendo. Ela não se lembrava ou se importava mais com a missão e os conscritos. Ela temia o que quer que estivesse atrás dela muito mais do que seja lá qual punição ela receberia abandonando os conscritos. No momento, sobrevivência era tudo o que importava.
Outro corredor. Quase lá.
Em um momento de pensamento distraído, ela deixou seu pé escorregar entre as dobras de um cabo se contorcendo. Ela não teve tempo de gritar antes de atingir o chão com força;
Exausta, ela tentava rastejar em direção à saída que estava a meros metros de distância.
Por favor, não morra. Vamos lá, não morra…
Seus apelos foram interrompidos pela sensação de silêncio abrupto. Os rugidos pararam e o edifício, milagrosamente, estava parado. Por um momento, ela achou que tinha escapado das mandíbulas da morte certa.
Ela começou a se levantar do chão, dormente para a dor do tornozelo quebrado. Apesar de seu alívio, ela não pôde deixar de se preocupar ao perceber uma sombra alongada banhar a sala em escuridão. Ela se virou para encarar sua fonte—seu grto foi interrompido pela sensação fria de aço em sua garganta. Ela deu pouco resistência enquanto era levantada sem esforço pela entidade gigantesca que se erguia acima dela.
VOCÊ FOI SÁBIA POR ESCOLHER FUGIR. INFELIZMENTE, NÃO POSSO PERMITIR TESTEMUNHAS DOS ACONTECIMENTOS DESTA NOITE.
ME CERTIFICAREI DE QUE SUA ASSIMULAÇÃO SEJA INDOLOR.