Análise do Plokamisuchus

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Análise do Plokamisuchus

Revista Trimestral da Taumatologia Unificada Vol. 75, Nº 4, Outubro 1988, pags. 33-40

Centro Internacional para o Estudo da Taumatologia Unificada
Campus de Swansea

Escrito por Dr. S. Mann, Dr. G. Franklin, et al.

Abstrato

O Centro Internacional para o Estudo da Taumatologia Unificada adquiriu o cadáver do Plokamisuchus da Marshall, Carter e Dark Ltd. para estudo da estrutura biológica desta criatura anômala. Os objetivos deste estudo são fornecer à MC&D Ltd. material anômalo potencialmente valioso (conforme o contrato de aquisição), examinar a criatura para determinar sua gama completa de propriedades anômalas, determinar suas origens e a possibilidade de outro ataque, bem como propor possíveis meios de mitigação de ameaças.

Introdução

Em 13 de junho de 1988, uma grande anomalia semiaquática atacou o nexus de Hy-Brasil, destruindo grande parte da cidade antes de ser eventualmente morta pela Coalizão Oculta Global e posteriormente recuperada pela Marshall, Carter e Dark Ltd. No momento atual, ninguém sabe de onde veio a anomalia, se pode haver mais e como exterminar mais eficientemente essas entidades, se necessário.

As propriedades já conhecidas da anomalia são que ela tem a habilidade de regenerar rapidamente feridas extremas, a habilidade de gerar uma forma de fogo anômalo, e possui uma escala monstruosa apesar de violar a lei do cubo quadrado. O objetivo deste estudo é determinar as causas de todas essas anomalias, bem como identificar outras potencialmente desconhecidas.

Metodologia

O estudo será realizado através da realização de uma necropsia no Plokamisuchus para tentar encontrar a origem de suas habilidades anômalas e gerar uma compreensão mais detalhada de sua anatomia. Amostras biológicas serão submetidas a varreduras de ressonância etérica de penetração profunda para gerar leituras de aura de alta fidelidade. Além disso, os humores da criatura serão submetidos a uma análise alquímica, contadores de Kant serão empregados para detectar os níveis internos de Hume e qualquer efeito de distorção na realidade local, e vários médiuns certificados e licenciados conduzirão uma variedade de rituais para avaliar quaisquer características sobrenaturais adicionais que o corpo possa possuir.

Resultados

Tecidos Externos

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Um pedaço de esclerito removido do corpo do Plokamisuchus.

A camada mais externa do Plokamisuchus consite em "escamas" sobrepostas que requerem aproximadamente 5 gigapascais de força para quebrar, medindo 9,87 na escala de mohs e quase 3 cm de espessura em alguns lugares. Essas "escamas" são, na verdade escleritos1 moldados na forma de escamas. A quantidade de metais em cada esclerito varia, mas todos são compostos de uma combinação de sulfetos de ferro, pirita, greigita e material biológico da pele da entidade. [1]

O Plokamisuchus demonstrou ter a capacidade de curar até mesmo feridas extremamente graves, tanto em vida quanto após a morte. Experimentos envolvendo amostras de tecido ressuscitado mostraram a capacidade de regenerar biomatéria perdida a uma taxa de quase 15% por dia. Embora isso seja notável, ainda é significativamente mais lento do que a regeneração mostrada quando a anomalia ainda estava viva, onde ela podia se regenerar de ferimentos graves em segundos. Em ambos os casos, foram detectados níveis elevados de radiação de aspecto vermelha e amarela, indicativos de regeneração celular taumaturgicamente acelerada (Vermelho) e acesso a estoques extradimensionais ou hiperdimensionais de matéria para a referida regeneração (Amarelo). [2]

A seção abdominal do Plokamisuchus é composta de cinco apêndices tentaculares, semelhantes aos de um polvo. A camada externa dos tentáculos também é cercada por escleritos, com ventosas projetando-se para fora. O Plokamisuchus tem a habilidade de modificar a tensão em suas ventosas para reduzir ou aumentar a sucção das ventosas, permitindo-lhe efetivamente agarrar objetos.

Órgãos Internos

A análise do interior do Plokamisuchus foi complicada pela descoberta de sua biologia não euclidiana[3]. Para quem não está familiarizado, a topologia do espaço-tempo não euclidiano é sempre inconsistente, tanto internamente quanto com a área circundante. Espaços não euclidianos podem ser maiores por dentro, ou menores, ou ambos. Caminhos não levam até onde deveriam, levam para onde não deveriam ou levam a vários lugares ao mesmo tempo.

Bio-taumatologistas ainda precisam formular uma teoria aceita sobre como biologia não euclidiana consegue sustentar um organismo vivo, no entanto, acredita-se que este seja um fator importante para explicar como uma criatura dessa escala pode existir.

Apesar das complicações apresentadas por sua anatomia não euclidiana, foi determinado que o Plokamisuchus possui todos os órgãos necessários para sustentar vida.

Em primeiro lugar, a criatura possui um cérebro, bem como um sistema nervoso. O cérebro da criatura tem aproximadamente 2 metros de diâmetro e forma toróide, possuindo um grande feixe de nervos passando pelo meio. Ele é separado em cinco lóbulos distinto, com um lóbulo parcialmente destruído pelo uso da Casaba-Howitzer pela GOC. Isso torna difícil uma análise precisa da possível função cerebral. No entanto, acredita-se que a entidade fosse extremamente inteligente, tendo demostrado uso de ferramentas2.

Os sistemas esqueléticos no Plokamisuchus também são um tanto estranhos, com a metade superior da entidade possuindo ossos e a estrutura inferior semelhante a um polvo não possuindo nenhum. Devido à natureza não euclidiana do espaço interno, não há uma divisão clara entre essas duas seções. A metade superior tem ossos semelhantes aos de um crocodilo, exceto por ter cinco braços com cinco dedos radiais e um crânio desproporcional com cinco órbitas (órbitas oculares). Os braços do Plokamisuchus têm articulações diferentes dos de um crocodilo, com uma articulação esférica e de soquete em oposição a uma articulação tradicional, permitindo movimentos de braço mais semelhantes aos de humanos.

O sistema cardiovascular no Plokamisuchus é totalmente formado, com um coração funcional, guelras e vasos sanguíneos. O Plokamisuchus tem principalmente cinco grandes conjuntos de guelras em sua seção média, mas também possui pulmões funcionais, permitindo que ele respire acima da água. O coração da entidade está gravemente danificado por causa da batalha, mas após a remoção da grande quantidade de estilhaços no coração da entidade, foi claramente demonstrado que o mesmo era um coração reptiliano de três câmaras padrão, embora grande o suficiente para sustentá-la, com dois metros e meio de comprimento.

Outras Propriedades Anômalas

A entidade possui um órgão até então desconhecido próximo à sua garganta, o que lhe permitia detectar fontes de Energia Vital Elan (EVE) [2], bem como a capacidade de absorver essa energia e transferi-la a um estado térmico utilizável. Esta é claramente a fonte do "fogo mágico" da entidade, uma forma de fogo anômalo que queima debaixo d'água, que a entidade usou durante seu ataque a Hy-Brasil. Uma análise alquímica dos humores da criatura revelou que seu sangue era um icor azul luminescente, saturado com EVE e provavelmente usado para circular magia pelo enorme corpo da criatura para mantê-la viva.

Contadores de Kant detectavam uma leitura consistentemente baixa da carcaça e de suas amostras de tecido, com uma média de 74 Humes [4]. Embora o Plokamisuchus nunca tenha sido observado praticando dobra de realidade ativa, sua capacidade de funcionar em uma escala tão massiva violava diversas leis físicas e bioquímicas. Além da biologia não euclidiana já mencionada, esse baixo nível de Hume provavelmente era o responsável por sua sobrevivência em nossa realidade. A leitura de sua aura revelou que a entidade gera correntes altamente anormais no Éter [5], e é improvável que tenha se originado dessa realidade ou mesmo do mesmo braço ou central que o multiverso de nosso mundo [6].

Fora isso, as origens da entidade só podem ser especuladas.

Como uma observação final, embora em vida o Plokamisuchus tivesse níveis significativamente elevados de radiação Akiva [7], e, mesmo morto, seus níveis de Akiva estejam bem acima do normal. Imageamento por ressonância etérea descartou a possibilidade de ser uma entidade tipo Preto [2], então é improvável que a mesma seja a encarnação de um deus. Uma explicação mais provável é que a espécie do Plokamisuchus seja considerada sagrada por alguns grupos religiosos. Considerando quantas espécies animais mundanas foram deificadas por culturas sapientes, não é de se admirar que uma criatura tão enorme e poderosa como o Plokamisuchus inspire reverência.

Conclusão

O tamanho aparentemente impossível do Plokamisuchus foi possibilitado por uma combinação de biologia taumática, anatomia não euclidiana e um baixo campo interno de Hume que lhe conferia um certo grau de resistência às leis físicas.

O Plokamisuchus é quase certamente uma entidade extradimensional, embora sua origem exata seja atualmente desconhecida. Recomendamos uma missão de averiguação à Biblioteca do Viajante [8] para diminuir a lista de possíveis mundos de origem e, possivelmente, o financiamento de expedições para descobrir dito mundo. Como essa criatura chegou ao nosso mundo, e a probabilidade de outros seres assim o fazerem novamente no futuro, permanecem atualmente desconhecidos. A melhor defesa contra futuras incursões provavelmente seria desenvolver meios para desviar ou regular viagens extradimensionais ao nosso mundo. Como a Biblioteca do Viajante demonstra a capacidade de redirecionar Vias a fim de recusar a entrada de indivíduos indesejados, sabemos que isso é possível e provavelmente requer um estudo mais aprofundado.

Conforme nosso acordo com a Marshall, Carter e Dark Ltd, recomendamos que o icor do Plokamisuchus seja vendido como um auxiliar taumatúrgico raro, ideal para poções, elixires e filtros. Suas escamas podem ser usadas para fabricar armaduras leves e de alta durabilidade. Qualquer parte do corpo poderia ser vendida como amuletos para auxiliar na dobra de realidade, devido ao baixo fator de Hume. O resto poderia ser vendido a qualquer uma de várias organizações paracientíficas (A Fundação, os Laboratórios Prometheus, ou Eurtec, apenas para citar alguns) que estariam interessadas em estudar o corpo por sua infinidade de propriedades anômalas. Certas partes também podem ser desejadas como troféus.

Em relação às possíveis defesas contra ataques futuros, parece que uma âncora de realidade de amplitude suficiente pode ser capaz de restaurar seu campo de Hume ao equilíbrio, o que faria com que a criatura colapsasse sob seu próprio peso. O fato de que ela absorve EVE também pode ser usado contra ela, já que a introdução de uma fonte de EVE contaminada em sua proximidade pode ter um efeito negativo em suas habilidades taumatúrgicas.

Dada a habilidade do Plokamisuchus de se regenerar e se adaptar rapidamente, estes continuam sendo meios de ataque altamente especulativos. Um ataque preciso e de alta potência a um órgão vital como o coração ou o cérebro, como a GOC usou em Hy-Brasil, provavelmente seria o meio mais confiável para neutralizar ataques futuros.

Referências
1. Guia Sobre a Vida Marinha Anômala, Segunda Edição; Dr. S. Mann, Editora CIETU, 1978.
2. Sobre Energia Etérica e Radiação de Aspecto; Periódico Mensal da GOC, vol. 3, nº 17, ser. 23, 17 de Abril de 1979, pags. 19–21.
3. Nas Montanhas da Loucura, Uma Tese Sobre o Espaço-Tempo Não Euclidiano e Especulações Sobre Possíveis Manifestações e Aplicações; Dr. M. Windsworth, Editora CIETU, 1977.
4. Caldmann, J & Rzewski, C (1982). "Humes: Um Estudo Quantitativo da Base Fundamental da Realidade" e respostas às perguntas desse artigo Editora Interna da Fundação
5. A Grande Obra - Um Guia Compreensivo para a Alquimia Teórica e Prática; escrito por R. Diaghilev, Papelaria da Guilda dos Alquimistas, 1928
6. Leis de Outros Mundos e Constantes Universais; Ickis a Rebelde, Poetas da Sombrinha, hora-nula
7. Stoker, B. 1874. Transcrição da ata de uma reunião da Ordem Hermética da Aurora Dourada.
8. Vias e Viajantes: A Biblioteca da Serpente; E. Redtooth. Revista Trimestral da Taumatologia Unificada; vol. 03, nº 3, Julho de 1916, pags. 10-27.

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