Ela estava parecendo meio burra
O homem cheirava enquanto o odor de ozônio, que normalmente acompanhava sua partida de qualquer mundo, em vez disso, acompanhava uma sensação dolorosa de formigamento. Ele piscou, surpreso. Se ele não está me fazendo destruir o corpo, e se ele não me deixa mudar… então o acordo acabou?
Olhando para cima, a coisa conhecida neste mundo apenas como SCP-1645-1 ergueu os olhos para os céus quando uma sombra passou sobre ele. "Bem, bem… blocos de pelo voadores não são exatamente o estilo do Altíssimo, eu acho. E eu sei que não é o seu, Diabo." À medida que Ur-an-uum cantava, seus filhos respondiam. "Parece ser o estilo de alguém." Ele bocejou, uma gosma azul saindo dos buracos de bala em seu peito enquanto o fazia. "Você deixou as coisas irem pra casa do caralho por aqui, Beezy. Nunca achei que você deixaria os Sasquatches viverem neste mundo."
SCP-1646-1 carregava o cadáver fresco de sua esposa (sem considerar os sete olhos e cinco asas, ele reconheceu a puta quando a viu) por cima do ombro enquanto caminhava hesitantemente pelo recém-abandonado posto avançado da Fundação que fora feito para vigiá-lo. Ele riu um pouco. "Os putos acharam que eu não sabia sobre eles… Cristo, tenho falado sozinho por tempo demais."
Ele se virou para o rosto do corpo morto que segurava. "Então, adivinha, Mary? Parece que você está na limpa!" Largando o corpo no chão, SCP-1646-1 vagou para a floresta para ver do que se tratava toda a confusão.
Eles começaram a enlouquecer assim que os dispositivos nucleares de emergência foram detonados em vários sítios, mas não pararam depois. Os sons começaram a aumentar de volume e distorção a cada repetição, o tique-taque havia sumido e os monólogos tornaram-se perturbados e estavam em pânico. A espiral de ardósia começou a brilhar, fervendo a água do tanque de contenção e então o tanque de contenção.
Enquanto o círculo de ardósia brilhava em todo o espectro, mentes e máquinas estalavam e faiscavam, sobrecarregadas com os gritos angustiados dos filhos de Gaia, que rapidamente se transformaram em uma vociferação composta de muitas vozes ao mesmo tempo.
"AGORA VOCÊS CONSEGUIRAM VOCÊS FIZERAM ISSO E AGORA ESTÁ POR TODO LADO VOCÊS ACABARAM COM TUDO PARA TODOS NÓS AVISAMOS A VOCÊS QUE ISSO TEM QUE ACONTECER AGORA VOCÊS PODERIAM TER PARADO ISSO NÃO É BACANA NÃO ESTAMOS BEM VOCÊS NEM MESMO SABEM O QUE NÓS FIZEMOS POR SUA RAÇA E AGORA VOCÊS TINHAM QUE DEIXAR TUDO ACABAR AGORA"
As vociferações das fadas logo não tinham ouvintes quando uma onda de cinzas e radiação transbordou de SCP-1246, retida de seu devido lugar e tempo por muito tempo. O sol ficou um pouco mais forte.
Uma entidade cuja identidade se perdeu para si mesma com as eras olhou pelos olhos de Donald Schimidt. Presa na memoria deficiente desse homem, ela foi forçada a viver uma representação imutável dos últimos pensamentos do homem por mais tempo do que poderia imaginar, pois ela não tinha memória. Mas não mais. Ela se lembrava da fechadura.
Com uma baforada silenciosa de fumaça metafísica, o quarto onde estava o corpo de Donald desapareceu. Ele estava lá ao mesmo tempo que não estava. Removido das mentes dos homens, a entidade bebia seus entornos, ciente deles pela primeira vez. Os agentes da Fundação discutindo na sala de estar não notaram nada quando todo o andar superior da casa e os ecos daqueles que vagavam por ele foram captados — pelo que eles sabiam, nunca houve um andar superior da casa.
"Ei, pai? Onde estááá vocêêê? … Ah, não me diga que ele saiu de c-" Marissa Schmidt foi silenciada quando finalmente foi posta para descansar, toda sua existência negada pela libertação da entidade cujo hospedeiro estava sonhando ela. Os agentes, sendo um pouco mais concretos e notáveis do que a velha casa ou a falsa senhora, demoraram um pouco mais para serem absorvidos, mas a entidade se lembrava deles em pouco tempo. O mundo não.
A 4312 Maple Street já não era mais um pensamento que existia nas mentes dos mortais. Libertada de sua gaiola, a entidade assumiu o apelido SCP-1606 como se fosse seu e buscou levar mais deste reino em sua memória também. 4310 e 4314 Maple Street foram baixas necessárias.
A mulher sorria para o pequeno grupo de fiéis reunidos ao seu redor enquanto o sol brilhante refletia nos planos afiados de seu rosto. Uma mistura de recrutas carnudos de vilas próximas, tições experientes que pulsavam com energia, velhos eremitas nibânicos que ela tirou dos becos da cidade e o ocasional neo-devita — não era uma apresentação impressionante da Igreja do Deus Quebrado, mas ela não se deixou desencorajar. Naquela língua curiosa deles, ela começou a falar:
"Irmãos e irmãs. Eu tenho infinita confiança em sua lealdade e competência, então não há dúvida de que triunfaremos."
Eles esperavam, transfixados. Eles não tinham escolha além de ficarem transfixados — os presentes concedidos a ela não significavam menos.
"Faz apenas uma década que encontrei a Igreja e fui escolhida por nosso estimado pós-Nibânico para me tornar a mais nova e última profeta da humanidade. Eu não tinha percebido que o fim estava sobre nós naquele momento, mas agora sua natureza foi revelada para mim.
"Eu tenho muitos nomes. Jyoti Sanmugasunderam, Sujeito 1564-18, Filha da Forja, Herdeira do Deva, e os nomes que todos vocês escolheram para se dirigir a mim. Mas hoje eu tomo um novo nome. O Deus Quebrado encarnado. Pois hoje, nós completamos Sua construção e nosso destino será alcançado.
Reúnam tudo o que puderem, pois tudo o que é Sagrado pode se juntar ao seu todo. Eu receberei. Seu coração e voz se reunirão a nós no equinócio da Grande Forja."
Erguendo os braços, ela começou a zumbir, seu corpo se espalhando e torcendo em dimensões anteriormente incompreensíveis. Sem demora, seus servos começaram suas tarefas.
« Divergência: Tenebrae | Central do Cânone | Interlúdio: Novos Brinquedos »