16/02/2019
Um dia após a posse presidencial, seu pescoço ainda dói quando o presidente respira pela primeira vez o ar do seu escritório como o novo presidente do Brasil, o déjà vu não atrapalha o momento, ele jura que fechava a porta quando sente uma mão em seu ombro.
''Olá, Senhor Presidente.''
Ele olha por cima dos ombros, uma voz masculina de sotaque carregado, a imagem que ele vê é de um homem, novo, por volta dos seus 20 anos.
''Quem é você?! Como entrou aqui?!'' Exclamava o recém empossado, sua mão entra no palitó, antes mesmo dele puxar a arma, o jovem levanta as mãos para o ar na altura dos ombros.
''Não se acanhe senhor, não vim lhe fazer mal, e não tente nenhuma gracinha, não temos nenhum problema de ter o general no governo.''
O jovem anda até a poltrona presidencial se senta naquela cadeira, o presidente permanece em pé com a arma sacada.
''Eu até ofereceria, mas você ainda está tendo complicações com.. você sabe.''
Dizia o rapaz segurando uma lata de cerveja.
''Eu sou o representante de uma Fundação no Brasil, o governo cooperava conosco, eu gostaria de discutir alguns assuntos rápidos com você.''
O presidente abaixa sua arma lentamente enquanto fala.
''Se você quer falar comigo, marque uma reunião, eu tenho muita coisa para fazer, agora saia da minha sala, por gentileza.''
''Olha, nós já tentamos fazer isso ontem, por favor coopere, se sente, o assunto é sério, e é mais importante que você possa imaginar.''
O presidente reluta, porém, se senta.
''Eu sou um Observador classe 4, ou CL5 para facilitar, eu sou o CL5-12, o mais novo e o primeiro nordestino no conselho, eu sou o representante do conselho dos CL5 e o responsável por cumprir o acordo que fizemos com João Figueredo em 1985, e que vem durando desde então.''
''Que acordo é esse?''
''Deixe-me colocar em pratos limpos primeiro, para que o senhor não fique perdido como na última vez.''
''Existe uma Fundação, ela, para todos os efeitos, para o público geral, para os bilionários, para os ditadores isolacionistas e generais de quatro estrelas, não existe, nós somos uma sombra que paira sobre o mundo, não há lugar distante, não há portas fechadas para nós, exceto aquelas que nós fechamos, essa Fundação tem três propósitos.''
''Assegurar a humanidade contra si mesma e contra outras forças.''
''Conter anomalias que não são explicáveis pela ciência.''
''Proteger esse mundo de forças além de nossas compreensões.''
O presidente levanta um sorriso de descrença, lentamente é erodido pelo olhar fixo do rapaz.
''Essa Fundação possue filiais ao redor do mundo, e existe a filial que atua nas nossas terras tupiniquins.''
''Uma filial Brasileira?'' Questionou o eleito.
''Uma Filial Lusófona, atuamos em todos os países onde português é falado, Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e assim vai.''
''Então, você está dizendo que exitem uma organização supranacional de caça-fantasmas?''
''Fantasmas? hahahah, senhor presidente, temos coisas que não só assustariam as crianças, mas que traumatizariam os monstros debaixo da cama delas, temos doenças que poderiam extinguir a vida na Terra em um ou dois meses guardadas no coração da Amazônia, onde um dos nossos principais Sítios estão, o senhor acha que o homem do saco é uma lenda? temos ele contido, a Mula Sem Cabeça? também, além de uma geladeira que prevê o futuro, uma besta capaz de mudar de forma a vontade, uma faca que faz você se auto mutilar e acaba mutilando todo mundo ao seu redor, uma lupa que pode recriar qualquer coisa, a lista é gigantesca.''
''Eu estou na política a muito, muito tempo, e nunca, nunca ouvi falar de uma coisa como essas, você pode ter uma história convincente, mas que tal, alguma…''
''Prova? eu te dou uma.''
O jovem retira o vídeo mostrando SCP-111-PT-β01 em combate com membros da FTM PT10-Ψ ''Olhos de Prata''
O vídeo de um drone mostrando SCP-050-PT sendo destruído pelo mesmo, videos de Instâncias de SCP-010-PT-2, funcionários de Classe-D sendo massacrados, e assim por diante.
''Meu Deus..''
''Isso é o que temos que fazer diariamente, com que temos que lidar, do que protegemos vocês ''
''O quão fundo isso vai?''
''Bem, você vai ter acesso a essa documentação e bem mais quando você receber suas credenciais.''
''Você não me falou um detalhe importante.''
''Qual?''
''Quanto vocês custam para o povo brasileiro?''
''Todos os países-membros enviam cerca de, meio trilhão por ano no total e por volta de 50% de todos os condenados por crimes hediondos no minimo, o Brasil paga 200 bilhões por ano no total, a divisão é feita anualmente, esse ano conseguimos salvar 50 bilhões do Brasil, então, o que vocês vão ter que contribuir nesse ano é menor.''
''Sobre os vagabundos, você pode levar todos se quiser, mas 200 bilhões?!? Sabe quantos problemas daria pra resolver se esse dinheiro não saísse dos cofres públicos?!''
''Sabe quantas maneiras diferentes o mundo acabaria se vocês não pagassem? Sabe quanto custa por mês para deixar vocês calmos e dormindo em suas casas tranquilos que vão acordar amanhã?''
O presidente se cala.
''Não tenho como, simplesmente não tenho como pagar 200 bilhões, arrancar dos cofres públicos por…''
''Você já tem esse dinheiro, esse dinheiro já está fluindo para a Filial, já existe todo um esquema para lavagem desse dinheiro e o seu desaparecimento, ou você acha que a burocracia draconiana brasileira não serve para nada?''
''Se eu puder avisar o exército, poderíamos ter menos custos em questões militares, eu posso apontar alguns colegas meus, eles poderiam ajudar a administ—''
''Para todos os fins, para todos os militares, para todo mundo que não contamos, nós não existimos, você não é um dos nossos, e como tal não tem o direito de respirar errado sobre a Fundação para ninguém que não seja seu vice, ninguém. Além do mais, você não tem nenhum poder sobre nós, você pode estar pagando, pode estar enviando milhares de prisioneiros, mas você não pode mudar uma virgula de qualquer coisa relacionada a como nós funcionamos.''
Nesse momento, o presidente se levanta abruptamente e desfere um golpe sobre a mesa.
''Como representante do povo brasileiro eu não posso deixar uma organização supranacional levar mais de 200 bilhões e…''
A seringa acerta o pescoço dele, pouco tempo depois ele cai no chão desacordado.
''Sujeito difícil.''
17/02/2019
Dois dias após a posse presidencial, seu pescoço ainda dói quando o presidente respira pela primeira vez o ar do seu escritório como o novo presidente do Brasil…