Tratado concreto da criação das construções,
do desenvolvimento das ideias e dos relatos SCP
em geral
ou
A arte de poupar aos releitores os erros recorrentes do Novato
Prefácio
As palavras e os conselhos dispensados por este artigo comprometem somente o seu autor; tudo aqui é subjetivo. De modo mais específico, os métodos e termos utilizados são pura invenção do autor e não representam um "método oficial". Este artigo também não tem por objetivo a uniformização sistemática do processo criativo e dos relatos SCP, mas procura em vez disso dar uma base concreta e métodica frente à incógnita que representa para os Novatos a escritura de um relato SCP. A maioria dos escritores desenvolve o seu próprio método com a experiência, este artigo é justamente dedicado aos que não possuem esta. O leitor está convidado, aliás, logo que os seus primeiros relatos forem publicados, a refletir sobre o seu próprio método e a deixar este artigo de lado.
Por fim, este artigo não tem intenção alguma em substituir-se a esse guia, cuja (re)leitura é muito recomendada antes de se começar a ler o seguinte artigo.
Primeira parte: do desenvolvimento das ideias
Encontrar uma boa ideia de relato SCP é difícil. Este artigo não tem quaisquer poderes mágicos e não fará com que encontre ideias mais facilmente. Tem por objetivo, todavia, fazer com que o seu processo criativo seja mais raciocinado e adaptado à criação de um bom relato SCP. Daí o Princípio raciocinado do desenvolvimento de uma ideia, que é composto por cinco etapas:
- O tema
- Os interesses desse tema
- Uma ideia de objeto anormal
- Os interesses desse objeto
- A estória desse objeto
Existem duas possibilidades: começar pela primeira etapa, ou começar pela terceira. Esta segunda possibilidade é a que os Novatos escolhem mais frequentemente. Isto é porque é a mais óbvia. Não é um erro em si, mas essa escolha pode se revelar traiçoeira: as ideias encontradas dessa maneira frequentemente recebem o comentário de "serem um objeto anormal e não um SCP". Qual é a diferença?
- Um objeto anormal é geralmente um objeto muito simples, somente caraterizado pelos seus efeitos, sendo estes pouco desenvolvidos.
- Um objeto SCP, para tornar-se num bom relato, deve enquanto isso ser caraterizado por mais elementos que não sejam simplesmente os seus efeitos, e nomeadamente por um interesse e uma estória.
Porém, o Princípio raciocinado coloca a criação do interesse do objeto e da sua estória depois da ideia. Sim, mas a criação desses dois elementos é mais fácil depois de se ter passado pelas duas primeiras etapas, isto é a escolha de um tema e a definição dos interesses desse tema. Sem essas etapas, qualquer interesse ou estória têm chances de serem sentidos como simples "acréscimos" a um objeto que talvez nem combinam com este, ou então de parecerem superficiais. Isto é sobretudo o caso para as ideias de Novatos. Mais uma vez, é possível começar por essa etapa, mas é uma escolha arriscada quando não se tem muita experiência.
Vejamos agora, pois, como começar pela primeira etapa. Primeiramente, se deve escrever sobre o que se sabe e o que se gosta. A criação do seu relato deve ser um prazer, não uma chatice. Isto pode parecer óbvio, mas é necessário se perguntar quais são as coisas de que se mais gosta, de qual paixão se poderia falar durante horas frente a um público adormecido. É esta paixão que se deve usar no seu relato: dou a isto o nome de tema. Não se é obrigatório falar do tema diretamente no relato, mas pode-se utilizar os seus interesses:
- Se lhe encanta um tópico científico, busque por exemple nos seus interesses futuros, além do nível de pesquisa atual, como as questões éticas próprias à genética, a problemática da consciência e a sua influência sobre o mundo da física quântica, etc…
- Se é fascinado·a por um período histórico, tente fazer uma lista dos seus interesses (por exemplo, a industrialização no século XIX, o racionalismo no século XVIII, etc.) e construir a sua ideia à volta destes.
- Se o que se deseja dar ao seu relato é uma atmosfera ou um tom, pode-se buscar no que já foi feito à volta desse tom e se inspirar nisso.
Segundo minha própria experiência, imagens são excelentes catalisadores de criatividade. A Internet é um lugar maravilhoso em que se encontra uma quantidade infinita de imagens estranhas, perturbantes ou "SCP-escas" que poderiam lhe dar um tema. Aconselho Tumblr e Pinterest para encontrar tais imagens.
Nota: Não procure por ideias de maneira ativa. Torturar-se a mente à busca da ideia milagre é, por experiência, uma atividade bem pouco produtiva. Caso esteja à busca de uma ideia, será influenciado·a por todo o que verá e ouvirá, assim como pela sua personalidade. Tudo isso passa geralmente por um mixer inconsciente até que seja produzida uma ideia, mas isso leva tempo. Mais uma vez, imagens são excelentes catalisadores desse processo.
Depois de se ter escolhido o tema e definido os seus interesses, chega-se à terceira etapa: deve-se criar um objeto ("objeto" sendo aqui um termo genérico com o significado de entidade, lugar, fenômeno, criatura, etc…) que possua propriedades anormais. Nesta etapa só se precisa de imaginação. Se os interesses do tema foram bem definidos, encontrar uma ideia ligada a esses interesses deveria ser fácil. Deve-se tomar cuidado, porém, em não cair em clichés. Aqui vai uma pequena lista pessoal como complemento dessa aqui:
- Tudo o que tem a ver com a alma/o karma/qualquer julgamento dos pecados. Há chances de que eu lhe envie uma crítica ácida ao ver uma ideia dessas.
- Os negócios cujo uso leva a eventos cada vez mais graves à volta do usuário/no mundo.
- A teleportação.
- Os negócios que "entram num estado de raiva". Por favor.
Se todavia conseguir tornar interessante um desses clichés, será saudado·a por isso. Mas isso não é coisa fácil.
Nota: Sempre guarde isso em mente: ideias são como vinho; necessitam tempo para tornarem-se boas. Ninguém reclamará caso demorar vários meses desenvolvendo a sua ideia: pelo contrário, releitores agradecerão por ter trabalhado nesta. A criação de um relato SCP não é uma corrida, não há nada a provar. Tradução é um excelente meio para se impregnar com o "espírito" da Fundação enquanto o seu mixer inconsciente trabalha.
Tem agora uma ideia de objeto anormal que explore os interesses do seu tema? Bem. Passemos à quarta etapa. Da mesma maneira que para os interesses do seu tema, se necessita encontrar interesses para o seu objeto. O que chamo de interesses do objeto toma geralmente a forma de um perigo particular, de um desafio na contenção ou de consequências globais medonhas (por exemplo, SCP-185-FR tem como interesse tudo isso ao mesmo tempo). O interesse é geralmente uma consequência da natureza própria ou dos efeitos do objeto. No caso de SCP-140-FR, o interesse se situa nos efeitos da entidade e no que a última frase implica. Um interesse de objeto existe para que, idealmente, o leitor prenda a respiração frente ao que é implicado por esse mesmo interesse, potenciais consequências que o façam tremer. Por fim, um "plot-twist" pode ser uma forma de interesse, um reviravolta no fim do relato que permite geralmente abordá-lo sob outro ângulo, como no caso de SCP-228-FR. Alguns relatos são inteiramente construídos à volta de um plot-twist.
Uma vez que o interesse está definido, só falta encontrar uma estória. Esta conta geralmente a origem do objeto SCP, e/ou o que lhe aconteceu entre a sua criação e a sua contenção. Uma estória pode ser um bom meio para que o leitor se sinta emocionalmente implicado. Pois, pode-se incluir personagens com os quais é possível se identificar, que serão úteis como "capital empatia", e o leitor será mais implicado no relato. O trágico, quando bem usado, pode ficar na base de um relato inteiro. Todavia, uma estória também pode ser útil para ligar o objeto a eventos históricos, reais ou não, e, pois, criar um novo interesse. Estória e interesse são muito interligados: no caso de SCP-244-FR, o interesse cresce a medida que a estória avança.
Permitam-me, antes de concluir, de evocar o caso particular do aparecimento súbito de uma ideia graças a uma imagem. Isto foi o caso para SCP-198-FR. Foi a sua imagem que me deu a ideia de um destruidor de sociedades. Neste caso, assim como no caso em que se começa o processo criativo pela criação de um objeto (isto é, pela etapa três), deve-se guardar em mente a ideia de que o processo funciona quando todas as etapas foram seguidas. O seu objeto e os seus efeitos já estão definidos, mas deve-se idealmente voltar atrás e refletir sobre o tema desse objeto, e os interesses deste tema. Definí-los deveria ajudar-lhe a tornar os interesses e a estória do objeto mais ligados ao resto do relato.
Depois de terem sido seguidas essas cinco etapas, o jogo não está ganho ainda: tem agora que escrever o relato. E como forma e fundo são intrinsecamente ligados, a maneira de redigir uma ideia influenciará bastante a qualidade do relato. Tendo seguindo as etapas, deveria poder começar a escritura com coisas a dizer: é o que chamo de propósito, que é ilustrado por uma estória, um interesse, um tom e/ou extras.
Segunda parte: da escritura do relato
Da mesma maneira que para o Princípio raciocinado do desenvolvimento de uma ideia, apresento-lhes a Arquitetura ideal mas racional de um relato SCP:
Procedimentos Especiais de Contenção: Um início.
Descrição: O corpo do relato assim como uma ilustração.
Adendos: Uma estória e um interesse (e idealmente um reenvio aos PEC).
O início: este deve se encontrar nos PEC para ser eficaz, porque um leitor geralmente começa a sua leitura por esse parágrafo. O início deve ser um elemento intrigante, um procedimento que deve conduzir a uma interrogação pela parte do leitor sobre a sua utilidade. Isso deve deixar supôr algumas capacidades do objeto sem desvendá-las. Se o início for bem realizado, dará vontade ao leitor de prosseguir na sua leitura para obter respostas.
O que chamo de corpo do relato inclui toda a descrição do objeto, geralmente dividida em duas partes: a descrição do objeto em si, e a descrição dos seus efeitos. É aí que a etapa três do Princípio raciocinado toma forma. Esse corpo de relato também deveria incluir uma ilustração: isto é um elemento de forma particular, geralmente un relato de experiências ou um registro, que permite mostrar os efeitos do objeto. Isto, pois, permite quebrar o tom frio do relato. Por fim, idealmente, a ilustração não deve simplesmente servir para ilustrar ("Ah?"), mas também para acrescentar matéria ao propósito. É propícia a mudanças de tom, mas pode igualmente acolher parte da estória.
Quanto à estória e ao interesse, só resta-lhe a pôr em forma o que se já foi estabelecido. Pode-se com este fim criar diferentes documentos, cartas, diários, retranscrições, etc… O reenvio aos PEC é muito opcional, mas pode aperfeiçoar um todo: se um elemento dos PEC que intrigava o leitor é resolvido no fim do relato, a sensação resultante é a mesma que na resolução de um romance policial. Note igualmente que a ordem e a posição no relato desses elementos são muito importantes: é tarefa sua desvendar pouco a pouco informações destinadas a manter o leitor em suspense. Se colocar todos os elementos que sirvem o propósito no mesmo lugar, o relato tem o risco de ser desigual ou até indigesto.
Por fim, falei mais acima de extras: estes são elementos que sirvem o propósito, mas que não fazem intrinsecamente parte da estória ou do interesse. Isto podem ser referências a Grupos de Interesse, referências culturais, etc… No relato SCP-274-FR, a nota do Dr. Valbeaugris é um extra; no caso de SCP-236-FR, a do Dr. Sertannet também.
Tomemos como exemplo SCP-198-FR: O início e constituído por várias frases: "SCP-198-FR deve ser mantido em quaisquer circunstâncias no Sítio-198-FRb."; "Em nenhuma circunstância deveria um membro do Sítio-198-FRb deixar o Sítio, sob pena de eliminação. Em nenhuma circunstância é permitido a um membro da Fundação exterior ao Sítio-198-FRb ir a este, sob pena de mudança forçada para o Sítio. Os membros do Sítio-198-FRb devem receber toda a assistência psicológica a distância que necessitarem." e "Sempre que um membro do Sítio-198-FRb morrer, este deve ser imediatamente substituído por um membro do pessoal da Fundação que detenha competências similares."
A retranscrição do prefácio é um extra.
O corpo do relato se encontra no início da descrição no fim do primeiro adendo.
O diário de Frank Esber serve de ilustração, e serve também o propósito ao desvendar parte da estória.
O segundo adendo representa a estória.
Por fim, o Protocolo 198-FR-01 representa o interesse, e reenvia aos PEC que mencionavam o Protocolo sem explicá-lo.
Na verdade, existem várias arquiteturas ideais mas racionais, em função do que se quer criar como relato. É desejado que esta seja geral, mas talvez não seja ideal para um relato construído inteiramente à volta de um plot-twist.
Por fim, é importante guardar em mente o fato que todos os elementos (estória, interesse, tom e extras) não são todos necessários ao mesmo tempo: tudo depende do peso de cada um. SCP-185-FR é suficientemente interessante pelo seu interesse. Da mesma maneira, uma ideia suficientemente original pode fazer com que o corpo do relato seja suficiente a si próprio, como é o caso nos relatos SCP-009-FR ou SCP-117-FR. A criação de um relato SCP é uma dosagem inteligente desses elementos.
Terceira parte: estudo de caso e erros recorrentes a evitar
Em toda esta parte, consideraremos o relato típico seguinte, no qual erros foram introduzidos voluntariamente:
Item n°: SCP-XXX-FR
Nível de ameaça: Vermelho ●
Classe do Objeto: Seguro
Procedimentos Especiais de Contenção: Somente membros do pessoal de nível 3 ou superior têm o direito de manipular SCP-XXX-FR e as suas diferentes instâncias. O cômodo que contém SCP-XXX-FR deverá ser trancada por uma chave de segurança de nível 3. Essa deve medir três (3) metros e cinquenta (50) por três (3) metros e vinte (20).
Descrição: SCP-XXX-FR mede um metro e setenta (1.70 m) de altura, um metro e trinta (1.30 m) de comprimento, e setenta centímetros (70 cm) de profundidade, o armário possui duas portas, igualmente em madeira de centeio envernizado, mas que possuem cada uma uma chave que permite abrir a porta, ele também possui duas gavetas em baixo, mas, até hoje, eles são impossíveis de abrir.
O armário é preenchido com cento e noventa e sete peças de roupa, todas de origem diferente. Cada uma dessas peças parece representar um esterótipo do país de que provém. O armário pode conter essa roupa graças a um efeito anormal que faz com que o interior deste seja maior. O efeito anormal do SCP é uma potente alucinação que subissem os sujeitos que vestiram uma das suas peças de roupa. Os sujeitos que foram vítimas da alucinação relatam terem sido transportados para um lugar "irreal" e cujos elementos todos parecem fazer parte de um estereótipo do país de origem da peça de roupa. Os pesquisadores também descobriram que mais a peça de roupa de um país é vestida, mais os clichés do país se reforçam na vida real. Em 20**, foi por exemplo registrada um aumento da produção de baguetes de pão na França, enquanto a produção de vinho tinha diminuido.
Após experiência, parece que a anomalia não venha do armário mas da roupa que lá se encontra. As peças de roupa introduzidas no armário não tinham capacidade alguma depois de terem sido retirados.
Dissecação metódica dos erros correntes sob a forma de uma crítica do fórum:
Somente membros do pessoal de nível 3 ou superior têm o direito de manipular SCP-XXX-FR e as suas diferentes instâncias.
De maneira geral, para os seus primeiros relatos, comece os PEC dessa maneira: "SCP-XXX-FR deve ser contido/mantido/guardado/etc". É um método simples e eficaz.
O cômodo que contém SCP-XXX-FR deverá
Isto é uma falta de jeito particularmente corrente nos primeiros relatos: o aparecimento de um verbo no futuro no meio dos PEC ou da descrição. Em regra geral, o futuro deve ser banido, pois só complica frases inutilmente.
Somente membros do pessoal de nível 3 ou superior têm o direito de manipular SCP-XXX-FR e as suas diferentes instâncias.
Outro erro muito comum consiste na utilização errônea da hierarquia. Como explicado nessa página, o pessoal de nível 3 é constituído por chefes de projeto, pesquisadores senior e operadores de FTM. Toda essa gente tem coisas bem mais importantes para fazer que servir de cobaias. Isso é como pedir para o chefe de projeto de um satélite parafusar cada parte da máquina. Lembre-se de que para manipular uma anomalia, existem os classe-D.
SCP-XXX-FR mede um metro e setenta (1.70 m) de altura, um metro e trinta (1.30 m) de comprimento, e setenta centímetros (70 cm) de profundidade.
Aqui, temos as dimensões do objeto sem nem conhecer a sua natureza. Uma maneira eficaz de começar a sua descrição é simplesmente dizer "SCP-XXX-FR é […]"; "SCP-XXX-FR assume a forma de […]", etc… Se a sua descrição não começar dessa maneira, há chances de que haja um problema. Esse conselho, assim como o seu equivalente para o início dos PEC, não é universal, e pode-se provavelmente encontrar relatos que não siguem estes. Mas é pouca cautela fazer a mesma coisa quando se falta experiência.
ele também possui duas gavetas em baixo, mas, até hoje, eles são impossíveis de abrir.
Novatos frequentemente fazem o erro de utilizar pronomes pessoais diretos para designar o seu objeto SCP. Isto é para evitar absolutamente. Para substituir esse "Ele", deve-se utilizar "Este". Em regra geral, tem que pensar em alternar entre os diferentes sinônimos nas suas descrições (aqui, "O objeto", "O armário" e "este"). Os pronomes pessoais têm que serem evitados num relato: sobretudo não diga "nós" para falar da Fundação (e ainda menos "eu", obviamente).
SCP-XXX-FR mede um metro e setenta (1.70 m) de altura, um metro e trinta (1.30 m) de comprimento, e setenta centímetros (70 cm) de profundidade, o armário possui duas portas, igualmente em madeira de centeio envernizado, mas que possuem cada uma uma chave que permite abrir a porta, ele também possui duas gavetas em baixo, mas, até hoje, eles são impossíveis de abrir.
Não sei se percebeu, mas esse parágrafo só é formado de uma única frase. Isto é muito pouco agradável de ler, e mesmo assim, é uma falta de jeito muito frequente nos primeiros relatos. Não faça frases longas demais e substitua essas virgulas com pontos! Quando se falta experiência em escritura, é melhor fazer frases curtas. Lembre-se de que uma ideia = uma proposta = uma frase.
o armário possui duas portas, igualmente em madeira de centeio envernizado, mas que possuem cada uma uma chave que permite abrir a porta
Tome cuidado com a utilização dos seus conetores lógicos. Estes têm um sentido preciso e permitem tornar um conjunto coerente se forem bem utilizados: não são simples palavras de transição. Nesse caso o uso de "mas" é incorreto, pois a proposta que segue não está em oposição com a que precede.
O efeito anormal do SCP é uma potente alucinação que subissem os sujeitos que vestiram uma das suas peças de roupa.
É outro erro recorrente com Novatos: trazer de maneira artificial os efeitos do objeto. Para fazê-lo de maneira eficaz, fá-lo simplesmente: "SCP-XXX-FR " capaz de […]"; "Quando X é efetuado, o objeto põe-se a fazer Y", etc… Qualquer fórmula do tipo "O efeito anormal do objeto é […]", que é particularmente pesada e artificial, deve ser banida.
Além disso, nunca diga "O SCP" no seu relato. Mais uma vez, use sinônimos, e lembre-se de que nos documentos oficiais, é costume falar de "objeto SCP", que este seja ou não um objeto na realidade.
Os sujeitos que foram vítimas da alucinação relatam terem sido transportados para um lugar "irreal"
Aspas têm um uso particular em relatos SCP. É muito frequente que sejam usados nos primeiros relatos quando o autor não encontra uma palavra exata e usa um quase sinônimo entre aspas. Isto não combina com o rigor necessário para um relato SCP crível. Ouça-me bem, é possível fazer isso. Mas tem que ser justificado, a palavra exata tem que realmente não existir. Em regra geral evite as aspas e procure palavras precisas. Existe uma exceção e solução a esse problema: acrescentar "descrito como" ou um sinônimo à frente das aspas, o que implica que a falta de exatidão só é devida ao intermediário dos sujeitos de teste (como é o caso várias vezes no relato SCP-187-FR).
Os sujeitos que foram vítimas da alucinação relatam terem sido transportados para um lugar "irreal" e cujos elementos todos parecem fazer parte de um estereótipo do país de origem da peça de roupa. Os pesquisadores também descobriram que mais a peça de roupa de um país é vestida, mais os clichés do país se reforçam na vida real.
Também não se esqueça de dividir o seu texto em parágrafos! Isto o tornará mais atraente, mais agradável de ler e mais coerente. Um parágrafo é uma unidade de sentido, isto é que todas as ideias que possuem uma conexão lógica entre si devem se encontrar ali, e que se deve mudar de parágrafo quando essa conexão desaparece. De maneira concreta, isso geralmente se produz quando se passa de descrição do objeto à dos seus efeitos. Nesse caso, uma mudança de parágrafo teria sido ideal antes de "Os pesquisadores".
Por fim, para os seus relatos de experiência e outros documentos, não se esqueça de uma regra de escritura universal: a forma sirve o fundo. Use a pontuação, o comprimento das frases, o tom e as palavras empregadas à sua vantagem para mostrar o que sente um personagem em vez de dizê-lo. Não o faça dizer "Estou com medo", mostre esse medo. Além disso, problemas de tom são correntes em primeiros relatos: caso deseje fazer acreditar ao leitor que um personagem está falando, tem que escrever os seus diálogos da maneira de que fala oralmente para evitar um tom artificial.
Bom. Agora possui um método para desenvolver as suas ideias, um plano de construção para o seu relato e uma pequena lista de coisas para evitar. É a sua vez, agora, de utilizá-los da melhor maneira.