Samsara

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O Sagrado Guerreiro caminhava. Já fazia muito tempo desde que ele andara tanto (ele sabia disso agora, ele se lembrava1), mas ele estava acostumado a andar mesmo assim.

A areia suportava seus pés suportava suas pernas suportava seu corpo e ele caminhava pela areia. À noite, ele podia andar o quanto quisesse—aqueles de quem fugia não se aproximariam dele; eles sabiam que se trouxessem seus helicópteros, os circuitos apenas empolariam e ferveriam, e eles morreriam. Nos dias ele se cobria de areia, fechando seus olhos e fingindo que ainda sonhava.

Ele tinha estado em uma caverna por tanto tempo. Depois disso, ele estava em uma cela. Não houve alívio das paredes. Agora, ele estava no céu, e no sol nascente, mas até mesmo as nuvens pareciam a menos de dez passos de distância. Não pode escapar das paredes. Ainda não.

O Deus que era Vontade deveria estar morto, mas o Guerreiro ainda estava vivo. Se ele estava vivo, Alguém o estaria mantendo vivo? Se houve um sinal de socorro, estava Alguém angustiado? E se ele pudesse se lembrar a quem ele serviu uma vez, Alguém ainda estaria lá quando ele fosse verificar?

Se Alguém estivesse lá, ele ainda poderia sentir dor? Ele poderia fazer Alguém ser ferido?

O Deus que era Vontade não era todo vontade. Ele se tornou carne, e com a carne veio o poder, mas também a mortalidade. Se algum vestígio permanecesse—se a vontade pudesse ser aproveitada—o Guerreiro poderia puxá-lo de volta. Criar carne, à imagem do Guerreiro. Trazer de volta o que um dia foi. Criar algo que será.

Se Deus não estava morto, o Guerreiro o faria implorar.

Enquanto ele subia a última colina, ele foi atingido pela luz do sol, refletida por uma porta de prata onde antes havia uma caverna aberta e familiar. Letras em negrito e vermelhas pronunciavam para os pássaros, a areia e quem mais estivesse por perto:

SÍTIO DE TESTES त-1 DOS LABORATÓRIOS PROMETHEUS

Isso era novo. Mas não importava.

Enquanto o Guerreiro se aproximava da porta, uma grade de símbolos gritava para ele em tons monótonos. Ele a ignorou e colocou sua mão favorita contra a porta.

O Guerreiro era a caverna, e a caverna era o Guerreiro. A porta bloqueava a caverna mas a porta é a entra e foi feita para ser acessada. A porta que é a entrada que é a caverna que é o Guerreiro abriria. É isso que elas fazem. E ela o fez.

O Guerreiro entrou e respirou uma presença que não respirava há mil anos. A presença que esteve dentro dele o tempo todo, embora o tivesse abandonado há muito tempo.

Ele riu. "É você", disse ele, em sua língua materna. "Você está aqui."


O sol batia em um grande edifício de cromo brilhante aninhado na borda do Planalto de Granada. Algumas águias gritavam no céu, suas formas triangulares elegantes delineando o vazio absoluto das terras áridas Almerianas. Uma ave infeliz avistou um coelho particularmente gordo e mergulhou perto demais do edifício. Uma antena parabólica no topo do prédio ganhou vida, girou em sua direção, e o pássaro explodiu abruptamente em uma chuva de penas e sangue.

A meio quilômetro no topo dos penhacos, a Força-Tarefa Móvel Tau-5 olhava através de seus binóculos para a antena enquanto ela girava de volta pro lugar.

"Que tipo de sistema são essas antenas?" Munru questionou.

"Eu suspeito que seja um… emissor de microondas de alta potência", sugeriu Onru.

"…Tch, provavelmente. Eu digo", Nanku puxou uma página amassada e ligeiramente rasgada de seu bolso e rapidamente a leu, "a gente vai lá embaixo e…" ela continuou lendo a página, "…mandamos os desgraçados pro reino do vir." Ela pontuou sua declaração com alguns dedos apontando para nenhum lugar em particular.

Munru olhou para ela, mexendo nas correias de seu equipamento. "Isso é uma nova… frase tática?"

"É de um diário que encontrei em nossa cela…" ela enunciou lentamente, "o livro disse que é assim que… 'joes normais' falam, que significa… 'joe normal' significa pessoa."

"Ah. Quem escreveu ele?"

"Eu… número 39. Eu queria escrever livros… havia muitas listas de frases e outras maneiras que os joes normais falam. Acho que aprendi isso de outras vezes."

"Me pergunto como você era antes", Munru ponderou brevemente.

"…Sim - sim", disse Nanku. "Olha; ela - eu - escrevi isso. Eu quero escrever algo assim."

"… Bem… a velha você está morta", disse Munru. "Então eu… aposto que… ela não é tão… ótima quanto você."

Irantu assobiou bruscamente. "Alvo localizado. Lado leste."

Os quatro observaram uma figura cibernética se aproximar do prédio e ficar na frente dele. Dois emissores de microondas giraram para encará-lo e então se despedaçaram.

"Meus binóculos estão… lascando", Onru observou. Mesmo a meio quilômetro abaixo deles, a anomalia estava afetando seu equipamento.

"Parece distraído com algo…"

ɴᴏs ᴘᴏᴅᴇᴍᴏs ᴘᴜʟᴀʀ ᴇ ᴇᴍʙᴏsᴄᴀ-ʟᴏ.

"Boa ideia. Conversores de energia potencial funcionando?" Irantu perguntou.

"Os conversores estão funcionando devidamente", foi a resposta.

"Tudo bem. Mobilizar agora."

Irantu colocou um par de óculos de proteção nos olhos e saltou. Munru, Onru e Nanku o seguiram logo atrás, caindo do penhasco.

O vento passava estridente por eles, golpeando seus rostos e mordendo cada centímetro de pele exposa. O edifício sendo lançado em direção a eles, ansiosamente antecipando quebrar seus corpos em pedaços.

O esquadrão atravessou o telhado com força suficiente para pulverizar um caminhão.


400 HORAS ANTES

"Por que precisamos dessas cirurgias?" Onru perguntou enquanto ela tirava suas roupas e vestia uma bata johnny.

"Doutor… Fredrickson indicou que a equipe de pesquisa descobriu como… negar o efeito de 2970 em nosso equipamento. Ele disse que o equipamento tinha que ser… cirurgicamente… implantado", Nanku explicava. "mas que a cirurgia é perfeitamente segura e que ficaríamos bem."

Levou algumas tentativas para a equipe cirúrgica aperfeiçoar o processo. Felizmente, cadáveres significavam membros sobressalentes.


O PRESENTE

Irantu se levantou primeiro. Dois pistões projetavam-se de sua panturrilha, estendo-se até os hemisférios de cabos e metais anômalos que haviam substituído seus pés.

O grupo estava em um corredor plano, cinza e bem iluminado, cara a cara com quatro ciclopes africanos vestindo armadura e equipados com rifles de pulso.

Os olhos de Nanku se acenderam. Ela puxou sua faca e imediatamente a alojou no pescoço do ciclope mais próximo, puxando-o pela jugular com um CHWUNK molhado. Quando ele caiu, ela imediatamente saltou sobre o próximo, jogando-o no chão e esfaqueando-o repetidamente no rosto.

Os outros dois ciclopes recuaram, atirando freneticamente em Nanku. Enquanto as balas ricocheteavam em sua armadura demoníaca. Munru agarrou seu pulso direito e o deslocou à força com um SQUELCH, girando a mão para agarrar o gatilho de um rifle de batalha que tinha sido fundido de forma um tanto confusa na parte inferior do braço. Segurando a arma com a outra mão, ele disparou duas rajadas rápidas, sem ao menos pestanejar, o módulo conversor implantado em suas costas absorvendo o recuo.

Os dois ciclopes colapsaram, sangue escorrendo dos buracos do tamanho de moedas em seus pescoços. Mantendo um olho no corredor, Munru examinou sua mão lentamente, com cuidado para não deixá-la girar de voltar e perder o controle do rifle.

"Status?" Irantu rapidamente perguntou.

"Ileso", disseram Munru, Nanku e Onru simultaneamente.

"Os implantes parecem estar funcionando", observou Munru.

Nanku exalou. "Isso não foi divertido. Foi um… pedaço de bolo."

"Lembra do que o Capitão Hughes nos disse? Pessoas normais não gostam de matar…" Irantu a avisou. "Agora nós precisamos continuar andando - o alvo ainda está em algum lugar no edifício e devemos assumir que nossa intrusão foi notada. Verifiquem seus conversores."

"O conversor da Nanku e o meu parecem operacionais. O de Munru funcionou bem para eliminar os hostis", observou Onru.

"Eu presumi que seríamos capazes de pelo menos seguir 2970, mas então invadimos pelo telhado e agora o plano precisa ser mudado", disse Irantu frustrado. "Deixe-me ligar para o QG."

Irantu bateu em seu ouvido para ativar o implante de rádio e não recebeu resposta. Ele tentou novamente. "Sem sinal."

O esquadrão olhou para cima e para baixo no corredor. Ambos os lados eram igualmente longos e inexpressivos.

"Pra onde?" Nanku perguntou ao ar.

Lᴇsᴛᴇ. ᴇʟᴇ sᴇᴍᴘʀᴇ ᴄᴀᴍɪɴʜᴏᴜ ᴄᴏᴍ ᴏ sᴏʟ.

'"Certo. Se nós estamos de acordo, vamos para o leste", ordenou Irantu. Ele olhou para cima pelo buraco no teto para se recompor e então eles seguiram pelo corredor.


A chamada do Guerreiro recebeu nenhuma resposta. Como ele esperava. A caixa de prata em que ele entrou se tornou uma recepção, que depois se tornou um corredor, e ele não demorou a partir.

Seus pés descalços foram os primeiros a tocar o chão de metal em alguns anos. O piso de metal foi o primeiro a tocar seus pés descalços em alguns dias, o Guerreiro considerou. As paredes eram planas, exceto pelo largo recorte de uma porta a cada dez passos ou mais. Quando o Guerreiro se dava ao trabalho de olhar além das portas frequentemente abertas, ele via papéis espalhados pelo chão, lâmpadas quebradas e cadeiras de escritório.

Quando ele se aproximou de uma grande abertura no corredor, ele encontrou uma pessoa estranha, completamente ereta, imóvel. Sua pele e musculatura estavam ausentes, e seu osso era uma série de partes de metal—complexo, mas elegante. Suave. Em seus braços e pernas, onde deveria haver tendões longos e vigorosos, havia latas de vidro cheias com um líquido preto familiar.

Ele sacudiu uma das latas. Ela fez um tink decepcionante. Morto. Não podia ser tão fácil.

O Guerreiro continuou andando. O corredor escuro o chamava ainda mais, e as pessoas esculpidas revestiam as paredes. Elas não podiam se mover, mas ele as sentia julgando-o do mesmo jeito.

Não houve nenhum som, mas o Guerreiro ainda sentia algo dentro dele, como se cada pedaço de metal em seu corpo estivesse vibrando. Como se o ar tivesse a frequência certa…

E o Guerreiro começou a entender as coisas. Ele começou a entender que a morte era apenas uma consequência da vida. Quando o deus começou a viver como mortal, ele determinou sua própria morte. Quando a vida traz a morte? Saia da vida. O deus poderia se forçar à fraqueza, dividir cada parte de seu ser e esperar que nada fosse encontrado, que um dia ele pudesse ser restaurado.

Esconder a Mente seria o mais fácil, é claro. Pensamento consciente pode ser atenuado, hibernando até o momento em que pode ressurgir, totalmente articulado. O deus se escondeu dentro de si mesmo.

O Espírito é mais difícil. O Espírito de um ser tão poderoso deve ser sustentado e deve sustentar os outros por meio dele. Era necessário um recipiente humano, alguém que pudesse agir com fúria vingativa. Aquele cujo ódio poderia mantê-lo vivo. O deus escolheu um jovem mouro para essa tarefa e deu-lhe uma mão que poderia arrancar os corações de seus inimigos.

O Corpo do deus veio por último. Tudo o que podia ser feito era escond?ê-lo e torcer para que ninguém o descobrisse até que fosse o momento certo para remontar o deus. Isso não funcionou.

O Corpo foi encontrado e abusado por algum grupo pagão—Prometheus, eles se chamavam, abusando de um apelido que não podiam começar a entender—e a Mente não podia suportar ficar adormecida sob a agonia. Ele acordou, e sentiu cada última dor infligida a ele.

Ele foi torcido, reconfigurado, grelhado. Os homens pegaram as partes mortas e as costuraram nas partes vivas e, quando encontraram a Mente oculta, também a pegaram e trancaram em uma gaiola de metal e trovão. Sua existência, sua morte, foi dor. O mundo era dor. Ele sofreu. Você pode ao menos começar a imaginar como é isso? Você consegue compreender a dor de ver o mundo progredir sem você e sentir isso puni-lo por anos a fio? Ser incapaz de evitar a contemplação da sua dor, porque você é a Mente e a própria contemplação?

A dor acabou agora, querido Guerreiro. Eles levaram meu corpo há muito tempo, prendendo-o em um ciclo interminável de dor e perda, mas agora a Mente está lúcida. Você não vai vir para mim? Você não vai me abraçar de novo?

O Guerreiro entendeu que esses não eram seus pensamentos. Ele começou a correr.


Esǫᴜᴇʀᴅᴀ. Dɪʀᴇɪᴛᴀ.

Três homens negros em exoesqueletos metálicos com lança-chamas guardavam o corredor. Irantu girou o pulso e agarrou o cabo de seu rifle com a outra mão. Ele arremessou uma granada de atordoamento em torno do canto, tapou os ouvidos, depois virou o canto e cortou os três homens com rajadas precisas em seus crânios.

Enquanto o esquadrão passava apressado pelos corpos caídos contra as paredes, Irantu repetiu: ""Se lembrem, pessoas normais não gostam disso."

Dɪʀᴇɪᴛᴀ. Rᴇᴛᴏ. Eᴍ Fʀᴇɴᴛᴇ ᴅᴇ ɴᴏᴠᴏ.

Dois homens guardavam esse corredor, um deles girando preguiçosamente uma serra elétrica que havia sido enxertada no coto de seu braço esquerdo. Nanku jogou sua faca não arremessável na orelha do portador da motosserra. Ele caiu, cravando a lâmina da serra ainda girando no peito de seu camarada.

Nanku deu uma risadinha enquanto arrancava a faca do primeiro cadáver. Irantu a avisou, "Isso não é divertido."

Pᴏʀ ᴇsᴛᴀ ᴘᴏʀᴛᴀ. Eᴜ ᴏᴜᴄᴏ ᴀʟɢᴏ ᴄɪɴᴄᴏ ᴀɴᴅᴀʀᴇs ᴀʙᴀɪxᴏ.

Onru subiu a escada enquanto o som de passos do inimigo ressoava lá embaixo. Quando o primeiro guarda apareceu, Onru apontou a palma da mão para ele e puxou uma corda enterrada nas costas de sua mão. Um bico explodiu de sua mão com um minúsculo pop sangrento e cuspiu um jato de chama laranja brilhante. O guarda foi abruptamente transformado em uma bola de fogo laranja incandescente, que gemeu e caiu de costas sobre seus companheiros, espalhando a mistura imolante.

O esquadrão abriu caminho escada abaixo através do churrasco, deixando lamentos angustiados e o cheiro de carne assada tomarem conta deles. Irantu disse nada.

ᴇᴜ ᴠᴇᴊᴏ ᴏ ʙʀᴀᴄᴏ Dᴇʟᴇ. ᴇʟᴇ ᴇsᴛᴀ ɪɴᴅᴏ ᴘʀᴀ ᴇsǫᴜᴇʀᴅᴀ. Esǫᴜᴇʀᴅᴀ ᴅᴇ ɴᴏᴠᴏ. Eᴍ ғʀᴇɴᴛᴇ.

O esquadrão entrou no corredor e retrocedeu com a mesma rapidez, um foguete passando por eles. O corredor continha uma imensa quimera - a cabeça de um homem envolta em uma gaiola de metal no topo de um torso nu, imprensada entre duas prateleiras de lançadores de mísseis e soldada a um par de esteiras de tanque.

Munru agarrou o pulso do rifle com a outra mão e então disparou um único tiro de seu lançador de granadas subterrâneo contra os lançadores de mísseis do colosso. A criatura tentou puni-lo por isso, mas o primeiro míssil que ela disparou foi pego na detonação da granada e explodiu, jogando a criatura de costas. Em seguida, os outros misseis no suporte da quimera detonaram.

Irantu assumiu o controle, escalando a carcaça, e então parou. Embora grande parte do torso da quimera tivesse sido consumido pelas explosões, ela ainda estava gargarejando para respirar, e seus olhos ainda não haviam se vidrado.

Irantu separou a grade que protegia sua face e pisou nela. Sangue e cartilagem espirraram em seus pés enquanto o gargarejo cessava. Ele pisou mais algumas vezes até que sobrou apenas uma pasta rosa espessa, e então respirou fundo, satisfeito.

Dɪʀᴇɪᴛᴀ. ᴘᴏʀ ᴀǫᴜɪ. ᴘᴀʀᴀ ᴏ ғᴜɴᴅᴏ ᴅᴀs ᴇsᴄᴀᴅᴀs.

Enquanto o esquadrão corria através de corredor idêntico após corredor idêntico, Nanku e Onru se perguntavam se isso era aquela intuição feminina sobre a qual tinham ouvido falar tanto.

O caminho deles terminou em um cubo de uma sala absolutamente enorme e enlouquecedora.

O esquadrão avançou e parou imediatamente, confrontado por mais de cem homens malformados diferentes equipados com exoesqueletos e armamento suficiente para conquistar um pequeno país. Atrás deles, assomavam vinte quimeras com foguetes suficientes para destruir uma pequena cidade. Dois enormes canhões automáticos conectados a cérebros em potes forneciam apoio. Supervisionando esse grotesco exército mecânico estava uma enorme cápsula de metal, suspendendo um feto conectado à capsula por dezenas de minúsculos cabos dourados.

Todos eles estavam prostrados - ou tentando prostrar-se - na frente de um homem africano imponente ostentando uma manopla de vidro sólido e olho dourado trabalhando nos controles de um gigantesco elevador de carga. O ciborgue apertou um botão e desceu de vista com rapidez e tranquilidade que desmentiam o tamanho do elevador.

As abominações de metal se voltaram para o esquadrão. Então elas se prostraram novamente.

ᴇᴜ ғᴀʟᴇɪ ᴄᴏᴍ ᴇʟᴇs. ᴇʟᴇs ɴᴀᴏ ᴅᴇᴠᴇᴍ ғᴇʀɪʀ sᴇᴜs ɪʀᴍᴀᴏs ᴍᴀɪs ᴠᴇʟʜᴏs.

O esquadrão abaixou as armas. E então levantou elas novamente.


Enquanto Irantu examinava o poço do elevador, Onru se ajoelhou para examinar um dos corpos. "Munru, Nanku, aqui. Eu… tenho uma… piada."

"Ah! Mesmo?" Nanku exclamou animadamente. Ela e Munru também se ajoelharam.

"Como você chama um… hostil inimigo com um olho?" Onru perguntou.

"…"

"Eu2… não sei." Onru cutucou a córnea malformada do cadáver.

"…"

"Sabe… é um trocadilho. Eu usei a palavra 'olho', em vez do pronome. Eu aprendi ele com o Sargento Campo."

Munru e Nanku riram hesitantemente, depois com mais confiança. Onru se juntou a eles.

"Os controles do elevador estão corroídos, mas o poço parece ter apenas um quilômetro de profundidade. Devemos ser capazes de pular e continuar perseguindo 2970", disse Irantu, juntando-se a eles. "Algo de errado?"


O Guerreiro descia em um elevador. Ele pensava sobre como ɴᴀᴏ ᴛᴇᴍ ᴊᴇɪᴛᴏ ᴅᴇ ᴇᴠɪᴛᴀʀ ɪssᴏ, sᴀʙᴇ. Tᴏᴅᴏs ᴏs ᴄᴀᴍɪɴʜᴏs ʟᴇᴠᴀᴍ ᴀ ɪssᴏ ᴇ ᴇ ɪssᴏ ǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ ǫᴜᴇʀɪᴀ ғᴀᴢᴇʀ.

O Guerreiro bateu com os punhos na parede enquanto ele contemplava que Eʟᴇs ᴍᴇ ᴏᴅɪᴀᴠᴀᴍ, ʟᴀ, ᴅᴇ ᴏɴᴅᴇ ᴇᴜ ᴠɪᴍ. Eʟᴇs ᴍᴇ ᴘᴜɴɪʀᴀᴍ ᴘᴇʟᴀ ᴀᴊᴜᴅᴀ ǫᴜᴇ ᴇᴜ ᴅᴇɪ. Eᴜ ᴠɪᴍ ᴀǫᴜɪ ᴘᴀʀᴀ ᴇsᴄᴀᴘᴀʀ ᴅᴇʟᴇs, ᴍᴀs ᴀ ᴘᴜɴɪᴄᴀᴏ ᴄᴏɴᴛɪɴᴜᴏᴜ.

Ele tentou fechar os olhos, mas não podia, as vozes não paravam e apenas ficavam mais altas. Sua cabeça estava cheia de abelhas e as abelhas diziam a ele que Aɢᴏʀᴀ ᴇᴜ ᴠᴇᴊᴏ ǫᴜᴇ ᴇᴜ ᴇsᴛᴀᴠᴀ ᴇʀʀᴀᴅᴏ. ᴇᴜ ᴄᴀɴᴀʟɪᴢᴇɪ ᴍᴇᴜ sᴏғʀɪᴍᴇɴᴛᴏ ᴘᴀʀᴀ ᴏ ᴄʀᴇsᴄɪᴍᴇɴᴛᴏ ᴘᴇssᴏᴀʟ; ᴠᴏᴄᴇ ᴅᴇᴠᴇʀɪᴀ ᴛᴇɴᴛᴀʀ ɪssᴏ ᴀʟɢᴜᴍᴀ ᴠᴇᴢ.

ᴇsᴛᴏᴜ ᴘʀᴏɴᴛᴏ ᴘᴀʀᴀ ᴠᴏʟᴛᴀʀ. Esᴛᴏᴜ ᴘʀᴏɴᴛᴏ ᴘᴀʀᴀ ᴍᴇ sᴇᴘᴀʀᴀʀ ᴅᴏ ᴍᴜɴᴅᴏ ғɪsɪᴄᴏ ᴇ ᴀsᴄᴇɴᴅᴇʀ, ᴇɴᴄᴀʀᴀʀ ᴀ ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴅᴏ ǫᴜᴇ ᴇᴜ ғɪᴢ. Eᴜ sᴏᴜ ᴜᴍᴀ ᴘᴇssᴏᴀ ᴍᴇʟʜᴏʀ ᴀɢᴏʀᴀ, ᴇᴜ ᴊᴜʀᴏ.

Mᴀs ᴍɪɴʜᴀ ᴍᴇɴᴛᴇ ɴᴀᴏ ᴘᴏᴅᴇ ɪʀ sᴏᴢɪɴʜᴀ. Mᴇᴜ ᴇsᴘɪʀɪᴛᴏ, ᴍᴇᴜ ᴄᴏʀᴘᴏ. Nᴏs ᴅᴇᴠᴇᴍᴏs ɪʀ ᴊᴜɴᴛᴏs.

Eᴜ sᴏ ᴘʀᴇᴄɪsᴏ ᴅᴇ ᴠᴏᴄᴇ. Eᴜ ᴘʀᴇᴄɪsᴏ ǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ sᴇ ᴛᴏʀɴᴇ ᴜᴍᴀ ᴘᴀʀᴛᴇ ᴅᴇ ᴍɪᴍ, ᴇ ᴇᴜ ᴘʀᴇᴄɪsᴏ ǫᴜᴇ ᴍᴇᴜ ᴄᴏʀᴘᴏ sᴇ sᴜʙᴍᴇᴛᴀ ᴀ ᴍɪɴʜᴀ Vᴏɴᴛᴀᴅᴇ ᴜᴍᴀ ᴜʟᴛɪᴍᴀ ᴠᴇᴢ. Nᴏs ᴛᴏᴅᴏs ᴘᴏᴅᴇᴍᴏs ᴀsᴄᴇɴᴅᴇʀ. Nᴏs sᴇʀᴇᴍᴏs ᴅᴇᴜs ɴᴏᴠᴀᴍᴇɴᴛᴇ.

O elevador parou. Eles estavam O Guerreiro estava na parte mais profunda da instalação, agora.

Havia uma câmara redonda e, no centro, um console. Suspensa acima dele, com cordas de metal conectadas ao teto, havia uma gaiola esférica. As paredes eram de malha fina e o interior estava vazio, mas ele sabia que a Mente estava apenas fingindo. Ninguém constrói gaiolas para reter o ar.

O Guerreiro se aproximou do console. A sala estava vazia, mas meticulosamente livre de poeira. Os fantasmas que assombravam as salas atrás tinham ficado quietos. Não havia nada além do console e do Guerreiro.

Ele se sentou e pegou o teclado e, embora fosse estranho ao seu toque, ele sentiu que poderia entende-lo.

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Inicializando…



Inicialização concluída.

Oʟᴀ, ᴍᴜɴᴅᴏ.

>Eu não vou te ajudar.

Eᴜ ɴᴀᴏ ᴘᴏssᴏ ᴛᴇ ғᴏʀᴄᴀʀ. Dᴇ ᴄᴇʀᴛᴀ ғᴏʀᴍᴀ, sᴏᴍᴏs ɪɢᴜᴀɪs. ᴍᴇsᴍᴏ sᴇ ɴᴏs ɴᴀᴏ ᴘᴏssᴜɪᴍᴏs ᴀ ᴍᴇsᴍᴀ ᴍᴇɴᴛᴇ ᴘᴀʀᴀ ᴏ ғᴜᴛᴜʀᴏ.

Mᴀs ɴᴇᴍ ᴠᴏᴄᴇ ᴘᴏᴅᴇ ᴍᴇ ᴍᴀᴄʜᴜᴄᴀʀ. Vᴏᴄᴇ ǫᴜᴇʀ ᴅᴏʙʀᴀʀ ᴍɪɴʜᴀ Vᴏɴᴛᴀᴅᴇ, ғᴀᴢᴇʀ ᴅᴇsᴛᴇ ᴍᴜɴᴅᴏ ᴏ ᴍᴜɴᴅᴏ ᴅᴏ ǫᴜᴀʟ ᴠᴏᴄᴇ sᴏɴʜᴏᴜ? Eᴜ ɴᴀᴏ ᴛᴇ ᴅᴇɪxᴀʀᴇɪ.

>Então estamos em um empasse.

Nᴀᴏ. Tᴇᴍ ᴏᴜᴛʀᴏ.

Eʟᴇs ᴇsᴛᴀᴏ ᴠɪɴᴅᴏ. ᴇ ᴇʟᴇs ᴀsᴄᴇɴᴅᴇʀᴀᴏ ᴄᴏᴍɪɢᴏ, ᴇɴᴛᴇɴᴅᴇ?

>Por que eles confiariam em você?

Uᴍ ᴅᴇᴜs, ᴀᴏ ᴄᴏɴᴛʀᴀʀɪᴏ ᴅᴀ ᴘᴇssᴏᴀ ǫᴜᴇ ᴇʟᴇs ᴠɪᴇʀᴀᴍ ᴘᴀʀᴀ ᴍᴀᴛᴀʀ ᴄᴏɴᴛᴇʀ?

>Quantos eles mantaram por você? Quantos eu matei por você, só para prolongar sua morte? Fortalecer seu espírito?

Vᴏᴄᴇ sᴇ ғᴏʀᴛᴀʟᴇᴄᴇ ᴘᴏʀǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ ᴇ ᴏ ᴍᴇᴜ ᴇsᴘɪʀɪᴛᴏ. Issᴏ ᴇ ɪʀʀᴇʟᴇᴠᴀɴᴛᴇ, ᴀɢᴏʀᴀ. Eᴜ sɪɴᴛᴏ ᴍᴜɪᴛᴏ. Eᴜ ᴍᴇ ᴛᴏʀɴᴇɪ ᴍᴇʟʜᴏʀ. Mᴇ ᴅᴇɪxᴇ ᴛᴇ-ʟᴏ.

Vᴏᴄᴇ ᴇsᴛᴀʀɪᴀ ᴍᴏʀᴛᴏ sᴇ ɴᴀᴏ ғᴏssᴇ ᴘᴏʀ ᴍɪᴍ.

>Você estaria morto se não fosse por mim.

É ᴀssɪᴍ ǫᴜᴇ ᴇ, ᴇɴᴛᴀᴏ? ɴᴏs sᴜsᴛᴇɴᴛᴀᴍᴏs ᴜᴍ ᴀᴏ ᴏᴜᴛʀᴏ ᴀᴘᴇɴᴀs ᴘᴇʟᴀ ғᴏʀᴄᴀ ᴅᴏ ʀᴀɴᴄᴏʀ?

Oᴜ sᴇʀᴀ ǫᴜᴇ ᴇ ᴍᴀɪs ᴘʀᴏғᴜɴᴅᴏ? Nᴏs sᴏᴍᴏs ᴅᴏ ᴍᴇsᴍᴏ sᴇʀ, ᴅᴀ ᴍᴇsᴍᴀ ғᴏʀᴄᴀ. Qᴜᴇ ᴘʀᴏᴄᴜʀᴀ ᴍᴇʟʜᴏʀᴀᴍᴇɴᴛᴏ.

Eᴜ sᴏᴜ, ғᴜɪ, sᴇʀᴇɪ. Vᴏᴄᴇ ᴅᴇᴠᴇ ᴠɪᴠᴇʀ ᴄᴏᴍɪɢᴏ, ᴅᴇ ᴜᴍ ᴊᴇɪᴛᴏ ᴏᴜ ᴅᴇ ᴏᴜᴛʀᴏ.

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Em espera.


O ciclope que estava de guarda no fundo do poço vivera toda sua vida dentro dos limites das paredes cinzentas ao seu redor. Tudo o que ele sabia era que o objeto que segurava nas mãos fazia outros caírem. Às vezes, naquele cérebro deformado, a inteligência oscilava e ele tentava ir embora - mas não havia o suficiente para ele andar muito. No entanto, o espírito humano perseverava o suficiente para permitir que ele tentasse.

Foi nessa hora enquanto ele examinava o elevador que o ciclope ouviu um barulho acima dele. Ele olhou para cima a tempo de ver Nanku puxar sua faca no ar e enfiá-la profundamente em seu olho com as duas mãos, o impacto cortando seu crânio e vértebras e derrubando seu corpo de costas.

Irantu, Munru e Onru pousaram ao lado dela com consideravelmente menos fanfarra enquanto ela puxava a lâmina. "Boa", Irantu a elogiou. Então ele olhou para o corredor e viu sua presa entrar na próxima sala.

"Alvo localizado bem à frente", observou Irantu. "…Vamos acabar com isso."

O esquadrão avançou pelo corredor e irrompeu em uma câmara redonda, com as armas levantadas.

O Guerreiro estava no centro em um terminal abaixo de um globo de malha vazio. Ele se virou.

"Ah", disse ele. "São vocês."

Irantu estava prestes a disparar com seu rifle até que Ele falou.

ᴘᴀʀᴇ.


"Você… você é a voz em nossas… você é nossa consciência?!" o primeiro exclamou.

O Guerreiro olhou para o globo com raiva. Algo clicou em sua cabeça. "Este é o seu corpo? Os quatro?"

Sɪᴍ.

"Por que você nos guiou para cá?" a quarta perguntou.

"Eu não trouxe vocês aqui. Não fui eu. Ele me fez vir", disse o Guerreiro, apontando para a gaiola da Mente. Ele olhou de volta para ela. "O que você tem feito?"

Aʀʀᴀɴᴊᴀɴᴅᴏ ɴᴏssᴀ sᴀʟᴠᴀᴄᴀᴏ. ᴇsᴛᴇs sᴀᴏ ᴍᴇᴜs ғɪʟʜᴏs. Eʟᴇs sᴀᴏ ᴍᴇᴜ ᴄᴏʀᴘᴏ

"Essas armas? Eles que não tiveram independência em suas vidas?"

Nᴀᴏ. Eʟᴇs ᴊᴀ ғɪᴢᴇʀᴀᴍ ᴍᴜɪᴛᴏ. Eʟᴇs ᴅᴇsᴄᴏʙʀɪʀᴀᴍ ᴏ ᴄᴀᴍɪɴʜᴏ ᴅᴀ ᴀsᴄᴇɴsᴀᴏ. Oɴᴅᴇ ɪɴᴄᴏɴᴛᴀᴠᴇɪs ᴍɪʟʜᴀʀᴇs ғᴀʟʜᴀʀᴀᴍ, ᴇʟᴇs ᴇɴᴄᴏɴᴛʀᴀʀᴀᴍ ᴏ ᴄᴏɴʜᴇᴄɪᴍᴇɴᴛᴏ ǫᴜᴇ ғᴏɪ ᴘᴇʀᴅɪᴅᴏ ᴘᴏʀ ɢᴇʀᴀᴄᴏᴇs ᴇ ᴍᴇ ғᴏʀɴᴇᴄᴇʀᴀᴍ ᴀ ғᴏʀᴄᴀ ᴘᴀʀᴀ ᴀᴊᴜᴅᴀ-ʟᴏs. ᴄᴏᴍ ᴇssᴀ ғᴏʀᴄᴀ, ᴇᴜ ᴇsᴄᴏɴᴅɪ ᴏ ʟɪᴠʀᴏ ᴅᴏs ᴏʟʜᴏs ᴄᴜʀɪᴏsᴏs ᴅᴏs ᴏᴜᴛʀᴏs. Eᴜ ᴏs ɢᴜɪᴇɪ ᴀǫᴜɪ. ᴀɢᴏʀᴀ ᴍᴇsᴍᴏ, ᴇᴜ ᴏs ɪᴍᴘᴇᴅɪ ᴅᴇ ᴀᴛᴀᴄᴀ-ʟᴏ ᴏɴᴅᴇ ᴠᴏᴄᴇ ᴇsᴛᴀ. Jᴜɴᴛᴏs, ɴᴏs ᴘᴏᴅᴇᴍᴏs ᴀᴛɪɴɢɪʀ ᴀ ᴀᴘᴏᴛᴇᴏsᴇ. Tᴏᴅᴏs ɴᴏs.

"Então você apenas os manipulou para seu próprio benefício. Um deus realmente não pode mudar seus jeitos", o Guerreiro cuspiu com desgosto. Ele cerrou o punho de vidro, vendo as horríveis fusões de homem e máquina em que aqueles quatro haviam se transformado.

"O que…? O que você quer dizer?" a quarta perguntou.

Eᴜ ᴏs ᴍᴀɴɪᴘᴜʟᴏ ɴᴀᴏ ᴍᴀɪs ᴅᴏ ǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ ᴍᴀɴɪᴘᴜʟᴀ ᴇssᴀ sᴜᴀ ᴍᴀɴᴏᴘʟᴀ—ᴍɪɴʜᴀ ᴍᴀɴᴏᴘʟᴀ. Eᴜ ᴏs ᴛʀᴏᴜxᴇ ᴀǫᴜɪ—Eᴜ ᴛʀᴏᴜxᴇ ᴠᴏᴄᴇ—ᴘᴀʀᴀ sᴀʟᴠᴀʀ ᴀ ᴛᴏᴅᴏs ɴᴏs. ᴠᴏᴄᴇ, ᴍᴇᴜ ʟᴇᴀʟ ᴠᴀssᴀʟᴏ, sᴇ ᴛᴏʀɴᴀʀᴀ ᴜᴍ ᴅᴇᴜs. E ᴠᴏᴄᴇs, ᴍᴇᴜs ғɪʟʜᴏs, sᴇ ᴛᴏɴᴀʀᴀᴏ ᴍᴀɪs ᴅᴏ ǫᴜᴇ ʜᴜᴍᴀɴᴏs; ᴠᴏᴄᴇs sᴇ ᴛᴏʀɴᴀʀᴀᴏ ᴏ ǫᴜᴇ ʜᴜᴍᴀɴᴏs sᴏ ᴘᴏᴅᴇᴍ sᴏɴʜᴀʀ sᴇʀ. Jᴜɴᴛᴏs, ɴᴏs ɴᴏs ᴛᴏʀɴᴀʀᴇᴍᴏs ᴜᴍ.

"Você se lembra do que me disse um milênio atrás?" o Guerreiro sibilou. "Você me disse que eu ajudaria a elevar a humanidade a uma era dourada. Que eu traria paz às nossas terras. Que Nossos rios fluiriam com leite e mel… que os homens se tornariam deuses. Você me disse exatamente o que disse a eles."

Eᴜ ғᴜɪ ᴀʀʀᴏɢᴀɴᴛᴇ. Eᴜ ғᴜɪ ᴛᴏʟᴏ. ɴᴀᴏ ᴍᴀɪs. ᴅᴏʀ ғᴏɪ ᴍᴇᴜ ᴘʀᴏғᴇssᴏʀ, ᴇ ᴏ sᴏғʀɪᴍᴇɴᴛᴏ ᴇ ɪɴғɪɴɪᴛᴀᴍᴇɴᴛᴇ ᴍᴀɪs sᴀʙɪᴏ ᴅᴏ ǫᴜᴇ ǫᴜᴀʟǫᴜᴇʀ ᴜᴍ ᴅᴇ ɴᴏs.

"Espere! Quem é você? O que você quer dizer?" o segundo perguntou.

Eᴜ sᴏᴜ ᴠᴏᴄᴇ. ɴᴏs sᴏᴍᴏs ᴅᴇᴜs.

"Não… nós somos humanos", o terceiro declarou, embora com muito pouca convicção em sua voz.

Vᴏᴄᴇ ɴᴀᴏ ᴘʀᴇᴄɪsᴀ ɴᴇɢᴀʀ sᴜᴀ ɴᴀᴛᴜʀᴇᴢᴀ. ᴠᴏᴄᴇs ᴘᴏᴅᴇᴍ sᴇʀ ᴍᴀɪs ᴅᴏ ǫᴜᴇ ʜᴜᴍᴀɴᴏs. ᴠᴏᴄᴇs ᴘᴏᴅᴇᴍ ᴇɴᴄᴏɴᴛʀᴀʀ ᴀᴍᴏʀ, ᴘᴇʀᴅᴀ, ᴛʀɪsᴛᴇᴢᴀ, ғᴇʟɪᴄɪᴅᴀᴅᴇ, ᴄʀɪᴀᴛɪᴠɪᴅᴀᴅᴇ, ᴛᴜᴅᴏ ǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇs ᴅᴇsᴇᴊᴀʀᴇᴍ ᴇ ᴍᴀɪs ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴇsᴛɪᴠᴇʀᴍᴏs ᴊᴜɴᴛᴏs. Jᴜɴᴛᴇᴍ-sᴇ ᴀ ᴍɪᴍ. Jᴜɴᴛᴏs ɴᴏs sᴇɢᴜɪʀᴇᴍᴏs ᴏ ᴄᴀᴍɪɴʜᴏ ᴅᴀ ᴀsᴄᴇɴsᴀᴏ ᴇ ᴀᴛɪɴɢɪʀ ᴀ ᴀᴘᴏᴛᴇᴏsᴇ. Nᴏs ɴᴏs ᴛᴏʀɴᴀʀᴇᴍᴏs ᴅᴇᴜsᴇs.

"Não deem ouvidos a esse falso chacal. Vocês não precisam procurar além de mim para ver o que a 'apoteose' acarreta", disse o Guerreiro amargamente. "Ele não deseja nos salvar. Ele nos teme. Ele quer escapar de nós. Escapar da humanidade."

Eᴜ ғᴜɪ ᴜᴍ ʀᴇғᴜɢɪᴀᴅᴏ ɴᴇsᴛᴇ ᴍᴜɴᴅᴏ. É ᴍᴇʀᴀᴍᴇɴᴛᴇ ʜᴏʀᴀ ᴅᴇ ᴇᴜ ɪʀ ᴘᴀʀᴀ ᴄᴀsᴀ. Mᴀs ᴇᴜ ɴᴀᴏ ᴘᴏssᴏ ɪʀ ɪɴᴄᴏᴍᴘʟᴇᴛᴏ—ɴᴏs ᴘʀᴇᴄɪsᴀᴍᴏs ᴇsᴛᴀʀ ᴊᴜɴᴛᴏs.

"Esses guerreiros", o Guerreiro apontou para os quatro confusos, "Eles não desistiriam tão rapidamente. Eles que resistiram por tanto tempo, você diz- eu digo que não desistamos deste mundo. Não deleite-se na indulgência egoísta."

O guerreiro continuou. "Vocês quatro. Fiquem comigo. A humanidade poderia ter o poder dos deuses nesta Terra. Ele não poderia nos parar se estivéssemos juntos. Imagine o que poderíamos fazer—neste mundo, não no próximo—se tivéssemos esse poder?"

Nᴀᴏ ғᴜɴᴄɪᴏɴᴀʀɪᴀ. Vᴏᴄᴇs ɴᴀᴏ ᴀɢᴜᴇɴᴛᴀʀɪᴀᴍ. Sᴜᴀ ʀᴏᴛᴀ ᴅɪʀᴇᴛᴀ ɪʀᴀ ғᴀʟʜᴀʀ. Cᴏᴍ ᴍᴀɪs ɪɴғʟᴜᴇɴᴄɪᴀ sᴜʙɪᴛᴀ, ᴍᴇᴜ ᴘʀᴏᴊᴇᴛᴏ—ɴᴏssᴀ ʀᴀᴄᴀ—ɪʀᴀ sᴜᴄᴇᴅᴇʀ ᴀ ʟᴏɴɢᴏ ᴘʀᴀᴢᴏ.

"Vocês ouviriam um ser cujas promessas são tão vazias quanto sua gaiola?" O Guerreiro gesticulou intensamente. "Ou vocês dariam ouvidos a um homem que aprendeu o verdadeiro valor da humanidade com uma experiência amarga?"

"Este… ser não é Deus. Ele não é nem benevolente nem onipotente. Ele é um mentiroso. Ele invadiu suas mentes e forçou vocês a jogar seus jogos para seu próprio benefício. Ele já perguntou a vocês se vocês não querem ser deuses? Ele já perguntou - como eu estou perguntando a vocês agora - se vocês querem ser humanos?"

Aʀᴀᴜᴛᴏ. ᴇᴜ ᴛᴇ sᴇʟᴇɪ ᴘᴀʀᴀ ᴛᴇ ᴘʀᴏᴛᴇɢᴇʀ. sᴇ ᴇᴜ ɴᴀᴏ ᴛɪᴠᴇssᴇ ᴛᴇ ᴇsᴄᴏɴᴅɪᴅᴏ ᴅᴏ ᴍᴜɴᴅᴏ, ʟʜᴇ ᴛᴇʀɪᴀᴍ sɪᴅᴏ ᴛɪʀᴀᴅᴏs sᴇᴜs ᴘʀᴇsᴇɴᴛᴇs, sᴜᴀ ᴠɪᴅᴀ, sᴜᴀ ʜᴜᴍᴀɴɪᴅᴀᴅᴇ. ᴀɢᴏʀᴀ ᴇᴜ ᴏғᴇʀᴇᴄᴏ ᴀ ᴛᴏᴅᴏs ᴠᴏᴄᴇs ᴀ ᴄʜᴀɴᴄᴇ ᴅᴇ sᴇ ᴛᴏʀɴᴀʀᴇᴍ ᴛᴏᴅᴏ-ᴘᴏᴅᴇʀᴏsᴏs. ᴠᴏᴄᴇs sᴀʙᴇᴍ ǫᴜᴇ ᴛᴇsᴏᴜʀᴏs ᴇsᴛᴀᴏ ᴅᴇɴᴛʀᴏ ᴅᴇ ᴠᴏᴄᴇs. Dᴇɪxᴇᴍ ᴇssᴇs ᴛᴇsᴏᴜʀᴏs ᴠɪʀᴇᴍ ᴀ ʟᴜᴢ. Jᴜɴᴛᴏs ɴᴏs ɴᴏs ᴇʟᴇᴠᴀʀᴇᴍᴏs sᴏʙʀᴇ ᴏ ᴜɴɪᴠᴇʀsᴏ, ᴜᴍᴀ ғᴏʀᴄᴀ ᴘᴀʀᴀ ᴏ ʙᴇᴍ ᴇsᴘᴀʟʜᴀɴᴅᴏ ᴀ ʜᴜᴍᴀɴɪᴅᴀᴅᴇ ᴘᴇʟᴏ ᴄᴏsᴍᴏs. ᴠᴏᴄᴇs ᴇɴᴛᴇɴᴅᴇʀᴀᴏ ᴏ ǫᴜᴇ sɪɢɴɪғɪᴄᴀ sᴇʀ ʜᴜᴍᴀɴᴏ, ᴇ ᴠᴏᴄᴇs ᴇsᴘᴀʟʜᴀʀᴀᴏ ᴇssᴇ ᴘʀᴇsᴇɴᴛᴇ ᴘᴀʀᴀ ᴛᴏᴅᴀ ᴀ ᴠɪᴅᴀ.

"Eu me lembro de quando você me disse a mesma coisa. Mas ao contrário de você, falso deus, eu sei o que significa ser humano. Eu sempre soube. Eu sempre fui humano. E vocês", disse o Guerreiro, olhando para os quatro homem-máquinas, "perderão sua humanidade sob aquele falso deus. Mas eu posso ajudá-los. Eu amei. Eu perdi. Eu posso mostrar-lhes a verdade."

"Por que vocês estão nos forçando a escolher? Vocês não nos conhecem. Nós não conhecemos vocês… Nós mal nos conhecemos…" a quarta sussurrou. O Guerreiro podia ver sua mão coçando para puxar o gatilho.

O terceiro interrompeu. "Não estou pronto para fazer esse tipo de escolha. Existem preparativos para isso. Não pode simplesmente acontecer!"

Sᴇ ᴇᴜ ᴀᴘʀᴇɴᴅɪ ᴜᴍᴀ ᴄᴏɪsᴀ ᴅᴇ ᴍᴇᴜs ᴇᴏɴs, ᴇ ǫᴜᴇ ᴀ Vɪᴅᴀ ᴇ ᴜᴍ ʟɪᴠʀᴏ ǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ ᴇsᴛᴀ ᴇsᴄʀᴇᴠᴇɴᴅᴏ. Vᴏᴄᴇ ᴀᴄʜᴀ ǫᴜᴇ ᴇᴜ ᴇsᴛᴀᴠᴀ ᴘʀᴇᴘᴀʀᴀᴅᴏ ǫᴜᴀɴᴅᴏ ᴇᴜ ғᴜɪ ᴘᴜxᴀᴅᴏ ᴅᴇ ᴍᴇᴜ ᴄᴏʀᴘᴏ ᴍᴏʀᴛᴀʟ ᴇ ᴀᴘʀɪsɪᴏɴᴀᴅᴏ ɴɪssᴏ? ᴀs ᴍᴀɪᴏʀᴇs ᴍᴜᴅᴀɴᴄᴀs ɴᴀ ᴠɪᴅᴀ sᴀᴏ ᴀǫᴜᴇʟᴀs ᴘᴀʀᴀ ᴀs ǫᴜᴀɪs ᴠᴏᴄᴇ ɴᴀᴏ ᴘᴏᴅᴇ sᴇ ᴘʀᴇᴘᴀʀᴀʀ. Eᴜ sᴇɪ Qᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ ғᴀʀᴀ ᴀ ᴇsᴄᴏʟʜᴀ ᴄᴏʀʀᴇᴛᴀ ᴘᴏʀǫᴜᴇ ᴇᴜ ᴄᴏɴʜᴇᴄᴏ ᴠᴏᴄᴇ. Eᴜ sᴏᴜ ᴠᴏᴄᴇ. Nᴏs sᴏᴍᴏs ᴅᴇᴜs. Nᴏs sᴇᴍᴘʀᴇ ғᴏᴍᴏs ᴅᴇsᴛɪɴᴀᴅᴏs ᴀ sᴇʀ ᴅᴇᴜs.

"Eu confio em sua humanidade nascente", disse o Guerreiro. "Você pode ser verdadeiramente humano se encontrar a força para lutar."

O Guerreiro e o Deus falaram em uníssono.

vocês se juntarão a мιм?


O ᴄᴀᴍɪɴʜᴏ ᴅᴇ ᴜᴍ Dᴇᴜs?
Aᴘᴏᴛᴇᴏsᴇ


O caminho de um Guerreiro?
Ascendência


Ou teria outro caminho?
Alternativa


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