No Final: Couro Cru

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Al acordou repentinamente, sem saber por quê. Algo, algo ali, a beira do saber… Seria isso outra descoberta? Elas vinham a ele com tanta frequência em seus sonhos. Ele culpava o objeto, embora Robert alegasse que fosse genialidade natural. Al não tinha mais tanta certeza.

Heh. Al. Ele tem usado esse nome há tanto tempo que era natural para ele. Ele teve muitos nomes ao longo dos anos, e até mesmo alguns números, mas ele esteve fazendo esse trabalho há tanto tempo que seus encarregados só o chamavam de Al. Era um sinal de respeito, ou possivelmente de confiança. Ele não tinha certeza de qual.

Ele pendurou os pés na beirada da cama, tentando descobrir o que o havia acordado. Sua mente vagava, como costumava fazer ultimamente. Este trabalho devia ser uma recompensa pelos serviços prestados. Então, o título do trabalho começou a significar algo que não significava quando ele o assumiu, e as coisas ficaram difíceis, até alguém entrar na história.

Era engraçado, naquela época, quando ele aceitou o trabalho inicialmente, eles tinham todos os tipos de planos de como disfarçá-lo, para que seus encarregados não o reconhecessem. No final, sua sugestão de que cortassem seu cabelo funcionou maravilhosamente bem. Ele tinha o deixado crescer desde então, mas todo mundo achava que ele estava morto esses dias, então não importava.

Ele recebeu tudo o que queria. Muito papel, acesso ao Objeto e todas as informações mais recentes sobre avanços científicos. Em troca, ele continuava entregando seus papéis à Fundação, dando-lhes todos os tipos de novas informações que eles poderiam usar para… seja lá para o que eles as usavam. Ele não se importava mais. Tudo o que ele queria era ser deixado sozinho e não ter que pensar sobre seus pecados.

Ele ponderou novamente em seu despertar. Não podia ter sido o Objeto, ele estava acostumado com o som de… nada. Ele inclinou a cabeça para a esquerda e ouviu. Nada. O som que havia se tornado parte de sua vida havia parado.

Al se lançou para a caixa que mantinha ao lado da cama, abrindo a tampa com cuidado. O caminho estava liso. O óleo estava fresco. O Objeto… estava parado. Lentamente, com reverência, ele estendeu a mão, pegando o Objeto com cuidado. Ele se lembrou da destruição que ele podia causar se fosse confinado… mas, não, nada. Nem o menor movimento.

Sua mente disparou, em uma tentativa desesperada de encontrar uma causa. Nenhuma de suas teorias anteriores sequer levou isso em consideração. Matéria + Massa, não, não está certo. Se a rapidez for igual à velocidade, não! Al bateu com a mão livre na parede. Nada levava em consideração o Objeto parar!

Ele o rolava entre seus dedos, encarando, esperançoso. Talvez ele pudesse reiniciá-lo com um empurrão? Não. Nada. Depois de todos esses anos, todos os papéis que ele escreveu, todas as possibilidades que ele havia explorado, o simples Objeto que o tornara um nome familiar deixara de ser. Com um xingamento em sua língua nativa, ele o jogou no chão, perdido em sua raiva.

CRACK!

Al rapidamente olhou para baixo, olhando com horror para os restos despedaçados do Objeto. Ele teve apenas um momento para tentar entender o que estava diante dele, antes das energias dentro explodirem através dele, reduzindo o cuidador a menos que cinzas. Aquilo que estava contido fora libertado e havia fugido para o universo, em busca de outros semelhantes.

Tudo o que restou foi o eco de suas últimas palavras, quando ele finalmente entendeu tudo.

"Aquilo era um ovo."


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