Divindade da Órbita Baixa da Terra
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Deus

Divindade

Ascensão

Não importa o termo, há uma verdade cardinal almejada.

Ela não é ganha, mas ao invés disso, é uma ascendência.

Ela infunde todo o ser de um, permeando substância e corpo.

Sua manifestação nega o sublime em favor do esplendor.

Os céus são feitos para aqueles que possuem essa santa reivindicação.

Os deuses são uma coorte de ouro.


Ó rei, tempestade de esplendor majestoso, inigualável Ninurta, possuindo força superior; que pilha as montanhas por si só; dilúvio, serpente infatigável, atirando-se na terra rebelde; herói andando formidavelmente para a batalha; senhor cujo braço poderoso é apto para suportar a maça, colhendo como cevada os pescoços dos insubordinados. Ninurta, rei, filho em cuja força seu pai se alegra; herói cuja grandiosidade cobre as montanhas como uma tempestade do sul. Ninurta, que faz a boa tiara, o arco-íris, pisca como um raio; grandemente gerado por quem usa a barba principesca; dragão que se volta contra si mesmo; leão que rosna para a cobra. Ninurta, rei a quem Enlil exaltou acima de si mesmo; herói, uma grande rede de batalha arremessada sobre o inimigo. Ninurta, com a grandeza de sua sombra estendendo sobre a Terra; liberando fúria nas terras rebeldes, esmagando suas assembleias! Ninurta, rei, filho que forçou homenagem a seu pai em toda parte! Inspirando um grande poder numinoso, ele havia assumido seu lugar no trono, o Trono de Augusto.


Uma figura solitária senta-se em seu trono dourado, suspensa na beira do horizonte. Suas asas de eletro brilham na brisa solar. Antes que jaz uma esfera de fluxo azul e branco rodopiante.

O Firmamento. Toda a criação, de um fim ao outro, estava dentro de alcance. Rios inumeráveis, desertos sem limites, e vales abundantes encheram seu olhar. Um oceano sem limites, com ilhas de puro céu preguiçosamente flutuando sobre ele, dá à terra limites e profundidade.

Atrás do rei, o éter. Um milhão de luzes acesas servindo como pano de fundo para a realeza. Um campo de jóias estelares coroadas por Suen radiante.

Os Céus e A Terra estavam dentro da ordem.


A maça de batalha do senhor olhou para as montanhas, o Šar-ur gritou em voz alta para o seu mestre: "Senhor da posição elevada, o principal, que preside todos os senhores do trono, Ninurta, cujas ordens são inalteráveis, cujos destinos atribuídos são executados fielmente, meu mestre! Céu copulado com a verdejante Terra, Ninurta: ela fez ele nascer para ser um guerreiro que não tem medo — o Asag, uma criança que sugou o poder do leite sem nunca ficar com uma ama de leite, uma criança adotada, Ó meu mestre — sem conhecer pai, um assassino das montanhas, cujo rosto não conhece vergonha; impudente de vista, um homem arrogante, satisfação em sua estatura."


Dr. William Pall estava sentado em seu consultório e digitando números. Seu cubículo não era muito esparso e nem muito arrumado. Aqui e ali havia equações manuscritas em papéis soltos. Nebulosas de cores falsas estavam estampadas nas paredes, um lembrete da beleza do espaço que, de outra forma, era inacessível em meio a planilhas densas e simulações de baixo poli.

Pall franziu suas sobrancelhas,

pausou suas digitação

tomou uma golada de café

e continuou a colocar números na fórmula.

O seu era um dos mais mundanos trabalhos da Fundação. Você acharia que um trabalho com o título de "Astrodinâmico" significaria alguma animação, mas não. Ele significava sentar em um computador e calcular trajetórias orbitais de satélites meses antes do lançamento. O fato era que o espaço, mesmo no arremesso relativo da órbita da Terra, era grande e vazio. Em adição aos alojamentos civis e militares e não-tão-secretos-alojamentos-militares, ele tinha uma lista de colisões em potencial para se preocupar sobre. Elas variavam de relativamente mundanas, a definitivamente absurdas.

É engraçado. Aqueles nos cargos mais altos sempre se preocupavam com colisões não intencionais, mas aqui estava ele, tendo problemas com uma colisão intencional.


"Ele gerou descendentes nas montanhas e espalhou suas sementes por toda parte. As plantas o nomearam por unanimidade rei sobre elas; como um grande touro selvagem, ela lança seus chifres entre elas. Os šu, saĝkal, esi, usium, kagena, e as heroicas pedras nu, seus guerreiros, constantemente vem invadindo as cidades. Para eles, o dente de um tubarão cresceu nas montanhas; despojou as árvores. Diante de seu poder os deuses dessas cidades se curvam em sua direção. Meu mestre, essa mesma criatura ergueu um estrado do trono: não está ociosa. Ninurta, senhor, ela na verdade decide os processos da Terra, assim como você. Quem pode medir a terrível glória do Asag? Quem pode contrariar a severidade de sua carranca? As pessoas estão aterrorizadas, o medo faz a carne arrepiar; seus olhos estão fixos nela. Meu mestre, as montanhas levaram suas ofertas a ela."


Suspirando, Roger Blanco esfregou o quadro branco, cuidando para preservar as equações em torno do diagrama condenado. Ele era possivelmente o designer de interiores mais matematicamente inclinado do planeta. Como contrapeso, ele era provavelmente o pior artista do grupo.

Com como as coisas tem ido, "no planeta" talvez não seja aplicável por muito tempo.

Ele era designer de interiores da mesma maneira que um zelador era engenheiro de saneamento em seu currículo. Ele era na verdade um híbrido entre um engenheiro mecânico e um… bem, a outra posição nessa metáfora talvez não exista, pelo menos não no mundo mundano. "Geometrista" se encaixaria melhor. Ele trabalhava com geometria não-Euclídea, usando motores especiais para fazer muito uso de pouco espaço. Ele estava atualmente projetando o interior do S19OF.

"Sítio-19 Orbital da Fundação". Fazia parecer todo importante, como se fosse uma estação espacial completa.

Era um cubesat. Pequenos satélites compostos por cubos, usados principalmente para pesquisas de universidades e programas espaciais incipientes. O design inofensivo é um remanescente de quando a Fundação precisava manter a Máscara e negação plausível. Não que alguém se lembre estes dias.

O satélite deveria ser entregue por um foguete de vários estágios. Por sorte, isso significava que uma equipe inteira estava trabalhando nos outros componentes. Mas mesmo assim, isso deixou Roger com as dificuldades de amontoar:

  • A própria Unidade de Contorção Espacial
  • O Sistema de Controle de Reação
  • O Tanque de Combustível para tudo acima
  • Dois apêndices robóticos
  • Espaço livre suficiente para acomodar uma estátua de ouro maciço de seis por dois por um.

Roger pegou um marcador de apagar a seco e voltou ao trabalho.


"Herói! Já que você é forte, meu mestre, eles estão chamando por sua ajuda, dizendo, Ninurta, que nenhum outro guerreiro conta exceto por você! Ninurta, ela está confiante de que ela pode por as mãos nos poderes recebido por você no abzu. Sua face está deformada, sua localização continuamente mudando; dia após dia, o Asag adiciona territórios a seu domínio. Ninurta, senhor, filho de Enlil. Quem até o momento conseguiu resistir ao ataque? O Asag assediador está além de qualquer controle, seu peso é muito pesado."


Diretora Melissa Cooper se sentou no Centro de Controle de Missões.

"T-menos 10"

Algumas pessoas têm essa maravilha eterna e infantil quando se refere ao espaço. Você pode vê-lo pelo brilho em seus rostos enquanto eles entram no trabalho.

"T-menos 9"

Melissa sente inveja de alguns.

"T-menos 8"

Esses lançamentos se tornaram rotineiros. Ela pensa brevemente se isso é uma coisa boa ou ruim.

"T-menos 7"

Sabe, em um sentido geral. Para ela significava muito mais trabalho. Trocas de e-mail mais demoradas, reuniões com menos iluminação e mais financiamento para fazer o orçamento funcionar.

"T-menos 6"

Todo esse processo era muito mais complicado com a Máscara intacta. A Fundação tinha que pegar carona com agências espaciais legítimas, ou então pegar emprestados os espaçoportos dos ex-Estados Satélites Soviéticos (hah).

"T-menos 5"

A diretora só estava grata que não precisava fazer um discurso depois que tudo isso acabasse. O Departamento de Relações Públicas da Fundação não precisava justificar seus gastos para um público pagante de impostos, nem para um conselho de acionistas.

"T-menos 4"

Como compensação, ela tinha que encobrir regularmente violações dos direitos humanos.

"T-menos 3"

Em algum lugar na mente entediada da diretora, ela pensava sobre a missão em questão.

"T-menos 2"

Era uma missão de recuperação. Enviar a sonda para interceptar uma estátua de ouro e prata de algum deus das leis de cura dos agricultores do Oriente Médio, e puxá-la para contenção. A coisa se movia erraticamente entre a Baixa e Média Órbitas Terrestres, mas eles finalmente entenderam seus padrões de movimento após anos de estudo. No presente momento, a coisa era um alvo fácil.

"T-menos 1"

Nunca ocorreu a ela que esta missão poderia fracassar.

"T-mais 0"

A haste de aço é lançada ao céu em uma coluna de chamas, uma flecha apontada para o coração de um deus guerreiro.


"Os rumores de seus exércitos chegam constantemente, antes que seus soldados sejam vistos. O poder desta coisa é massiva, nenhuma arma foi capaz de superá-la. Ninurta, nem o machado nem a lança toda-poderosa podem penetrar sua carne, nenhum guerreiro como este já foi criado contra você. Senhor, você que alcança os majestosos poderes divinos, esplendor, joia dos deuses, touro com as características de um touro selvagem, com uma espinha dorsal proeminente, esse sujeito é esperto! Meu Ninurta, cuja forma Enki contempla com favor, meu senhor, filho de Enlil, o que deve ser feito?"


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Rastejando sobre os confins da Terra, navegando sobre as planícies azuis, um monolito escuro entra na visão do deus. Um invasor. Uma praga em seu domínio.

Um ídolo é a imagem da perfeição. Ele traça os contornos da forma divina de um deus, ancora seu rosto ao mundo dos mortais.

Esta coisa de rigidez não reflete beleza. Ela não tem boca para alimentar, nenhum olho para vigiar, nenhuma mão para criar, nenhuma voz para ordenar.

Os Céus são um lugar dos deuses, e este é um intruso.


"Herói, o que quer que mais o aguarde, não se importe com o furacão das montanhas. Ninurta, filho de Enlil, eu te digo novamente, é uma bolha cujo cheiro é ruim, como muco que sai do nariz é desagradável. Senhor, suas palavras são desonestas, ela não vai te obedecer. Meu mestre, ela foi criada contra você como um deus. Herói, ela cai na terra como um turbilhão, ela esfrega como se estivesse com sal. Persegue os onagres diante dela nas montanhas. Seu esplendor aterrorizante envia poeira às nuvens, ela causa uma chuva de cacos. Nas terras rebeldes ela é um leão atacando com dentes selvagens. Após reduzir tudo a nada no vento do norte, aquele vai bater em você. Ela secou as águas no solo. Na tempestade, o povo está acabado, não tem solução. De um inimigo implacável, grande herói, senhor, afaste-se."


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Ninurta abriu sua boca para falar à maça. Ele mirou a lança nas montanhas. O senhor estendeu um braço em direção às nuvens. Dia se tornou escuro como a noite. Ele gritou como uma tempestade.


Um painel se retrai, dois braços de ferro emergem do poço, agarrando as asas da divindade.

Uma explosão de plasma de 50.000 kelvin destrói o falso ídolo. Sua escória derretida se expande à medida que o distorsor de espaço a bordo ferve o espaço não-euclidiano até ficar off-line, endireitando-se a 9,80665 metros por segundo de queda livre ao quadrado.

Paz foi restaurada aos céus.


Nas montanhas, o dia chegou ao fim. O sol se despediu. O poderoso senhor de Enlil, Ninurta, grande filho dos E-kur, heróico do pai que o criou: é bom louvá-lo.

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