Manifesto 327: Abutres
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A M. H. Comissão dos Carregamentos Anormais

Autorizado pelo Conselho de Regentes da referida Comissão

Manifesto 327

Curador: Dr. Gabriel Hartford


Instrução de Armazenagem:

A persistência e o conhecimento do Carregamento foram considerados uma ameça de nível Beta à normalidade; em resposta, esforços para sua ocultação e disfarce começaram por aprovação do Mais Honorável Conselho de Regentes da Comissão. Os métodos propostos e promulgados são os seguintes:

  • As imediações do Carregamento devem ser cercadas de obstruções e inspecionadas por uma equipe designada de Delegados.
  • Todos os documentos ou iconografia produzidos da Colônia de São Alexis devem ser examinadas minuciosamente e desprovidos de quaisquer representações do Carregamento sempre que aplicável.
  • A Colônia de São Alexis deve ser temporariamente transportada para longe das imediações do Carregamento até que os efeitos anormais tenham diminuído.

Além do protocolo acima, qualquer indivíduo não contabilizado pego tentando vagar até o Carregamento deve ser detido imediatamente e enviado à Comissão para interrogatório sobre possíveis conexões com feitiçaria.

Descrição do Carregamento:

O Carregamento é uma grande estrutura de mármore situada na Colônia de São Alexis, na Índia. As origens de sua existência não são claras — embora o Carregamento utilize numerosos métodos de construção e decisões arquitetônicas comuns da era clássica, nenhuma civilização conhecida anteriormente estabelecida na Colônia de São Alexis provou ser capaz de construir tal edificação.

Brasonadas na fachada do edifício estão as seguintes palavras em inglês:

ABUTRES

SEU TEMPO ACABOU

O interior do carregamento é mobiliado com materiais, dispositivos e aparelhos variados, a maioria de origem e propósito desconhecidos — dadas as circunstâncias de sua descoberta, acredita-se que muitos desses objetos sejam utilizados na busca de uma forma de feitiçaria. Localizado no centro do andar térreo da estrutura está um conjunto de quatro grandes círculos concêntricos finamente inscritos. Estes estão, por sua vez, revestidos com uma mistura de fluidos corporais secos e água salobra. Além disso, um corpo ovular de luz, que parece estar crescendo uma massa venosa de sua parte inferior para o chão, pode ser observado pairando no meio desses círculos. Este objeto pulsa rapidamente e não deixa de fazê-lo desde o momento de sua descoberta.

Desde então, inferiu-se que, antes da descoberta, o Carregamento abrigava um grupo de mulheres praticantes de feitiçaria. Uma lista abrangente de membros suspeitos está atualmente sob revisão.

Reparo 1 do Manifesto

16 de Agosto de 1644

O Carregamento foi descoberto durante a povoação inicial da colônia de São Alexis em agosto de 1644. Na época da chegada, ninguém foi observado restando dentro da edificação, embora uma variedade de itens descartados no terreno sugerisse fortemente que o grupo anteriormente ocupante saiu às pressas antes da descoberta. Devido à possível evidência de feitiçaria, uma investigação foi iniciada com o objetivo de localizar e documentar quaisquer indivíduos associados ao Carregamento.

À medida que a investigação prosseguia e o protocolo de contenção provisória era emitido, os colonos da Colônia de São Alexis próximos ao Carregamento relataram um notável e atípico esgotamento de recursos. Além disso, representantes da Companhia Britânica das Índias Orientais, estabelecidos em São Alexis, observaram uma dificuldade crescente em manter e controlar o povoado. Junto a isso, esses representantes também observaram que numerosos documentos legais sob sua custódia foram inexplicavelmente incendiados, danificados por água ou caso contrário perdidos, levando a uma grave perturbação do processo governamental. Com o tempo, observou-se que essas condições se exacerbaram significativamente, além do círculo de efeito da anomalia parecer aumentar gradualmente.

Notavelmente, esses efeitos parecem não se estender à população nativa da Colônia de São Alexis.

G. H.

Reparo 2 do Manifesto

5 de Outubro de 1644

Em outubro de 1644, Senhor Aaron Osborn, um estaleiro da Comissão, relatou a agentes da Companhia das Índias Orientais que sua esposa, Sra. Catherine Osborn, estava desaparecida há aproximadamente três dias. Antes de seu desaparecimento, Osborn detalhou uma série de comportamentos reclusos e reservados vindos de sua esposa. Ele também observou que ela começara a manter um diário pessoal, um comportamento que ele achou atípico dela. Após uma busca para apurar sua localização, Sra. Osborn foi encontrada no local do Carregamento, acompanhada por outras duas mulheres de ascendência indiana, em meio a um ritual. O grupo foi rapidamente confiscado depois e entrevistado coletivamente para avaliação em nome da Companhia das Índias Orientais, com Senhor Patrick Dole atuando como entrevistador, cuja conversa foi registrada no verso.

Reparo 2 do Manifesto (cont.)


(COMEÇO DA ENTREVISTA)

Senhor Dole está sentado em frente às duas mulheres, junto com a Sra. Osborn, contida por um estaleiro por insubordinação.

Dole: Então, Sra. Osborn, quais são suas motivações para se voltar para este ofício e ajudar essas duas?

Osborn: Senhor, espero que você venha a entender que isso não é culpa minha. No mínimo, você é mais culpado por essa destruição do que nós.

Dole: Hã? Por favor, continue, eu gostaria de ouvir sua explicação para isso.

Osborn faz uma pausa para respirar profundamente, olhando para baixo e se recusando a falar.

Dole: Não fique em silêncio. Diga-me, que motivos, se houver, você tem para não apenas se afastar de seu país e seu povo, mas de seu ma —

Mulher 1: Basta! Basta dessa loucura, senhor. Ela não tem nada a ver com isso. Se você estiver procurando por respostas, pergunte-nos em vez disso. Você está a perder seu tempo com ela.

Dole: Hmm. Então, senhora, vocês duas a enfeitiçaram a fazer isso? São vocês as culpadas?

Mulher 2: Não, ela não foi. Nós não a forçamos a fazer isso. Foi por sua própria vontade que ela se juntou a nós.

Dole: E para quê? Para se intrometer em assuntos com os quais vocês não têm motivos para se envolver?

Mulher 2: Pelo contrário, senhor. Ela se juntou a nós para nos ajudar a derrubar as edificações que vocês construíram ao nosso redor. Para reprimir os medos que vocês estabeleceram para a nós manter sob controle. Para libertar Prakurajamee1 de seu reinado. Estamos a sofrer, apodrecer, morrer sob os pés de seus homens. Vocês brincam conosco, nos enganam, nos colocam em um campo e nos massacram aos montes, tudo em nome desse seu Império. Em verdade, achamos simplesmente justo lutar —

Dole: Basta disso, senhora. Acho que já é suficiente de vocês. Então, Sra. Osborn, é com isso que você as está ajudando? Você está a tentar derrubar o Império com essas duas?

Osborn: Não, não, não derrubar, entende. Ele já se derrubou tornando-se a inchada e pesada massa de excesso que vocês chamam de Ilhas Britânicas, buscando apenas consumir a terra e o povo em seu rastro. O que pretendemos fazer não é destruí-lo, apenas expulsá-lo. E se este império ainda decidir ficar nesta terra, ele sofrerá.

Dole: Mas vidas estão em jogo aqui, Sra. Osborn, você não entende? Você não testemunhou nosso governo e povo em desordem, tudo porque esse ritual de sua criação os está expulsando? Isso não lhe dá um pingo de simpatia?

Mulher 1: Não fique com raiva de nós. A força com que atacamos é exalada em vinte e cinco vezes pela ira de seu Império. Além disso, devo acrescentar que você e seu povo podem ir embora. Não podemos fazê-lo tão facilmente. Ficar aqui em obstinação só levará à sua destruição.

Dole: Basta. Não vou mais tentar negociar com vocês. Vocês já provaram que não estão dispostas a reconhecer as consequências disso. Nossa decisão foi tomada para cessar as operações desse ritual imediatamente.

Mulher 1: Não! Por favor, ouça-nos. Não destrua aquela edificação. Vocês tentarão destruí-la, mas vocês inevitavelmente fracassarão. Sua destruição levará a sofrimento imensurável, tanto para vocês quanto para nós. Se vocês não querem que sua colônia sofra mais, pedimos que vão embora. Isso é tudo que pedimos. Deixe-nos em paz e pararemos.

Dole: … Não, isso é tudo. Acredito que já ouvimos bastante de vocês. Nossa decisão é final, e não há nada que vocês possam dizer para mudá-la agora. Esta entrevista está encerrada.

Senhor Dole deixa as premissas da entrevista. As três mulheres são escoltadas por estaleiros individuais.

(FIM DA ENTREVISTA)

Após esta entrevista, a Sra. Osborn e as duas mulheres foram colocadas em confinamento. Processos para decidir como elas devem ser tratadas estão em andamento.

G. H.

Reparo 3 do Manifesto

9 de Outubro de 1644

Devido à crescente ameaça que representa para o futuro da Colônia de São Alexis, o Carregamento foi marcado para destruição para garantir a permanente presença e normalidade do Império e da Comissão. A decisão do Mais Honorável Conselho de Regentes da Comissão determinou como método o desmantelamento do corpo de luz no centro do Carregamento.

G. H.



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