Setor do Velho Kansas ~ 7: A Escadaria
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☦Allen desce….☦

A Última Era: 13 de Agosto de 2119 DC
Salina, Kansas, EUA

Já havia passado da meia-noite e Allen ainda estava descendo em direção ao porão. Ele acendia e apagava a lanterna intermitentemente enquanto descia o abismo da escadaria, mas ele não conseguia distinguir o fundo ou quem estava chorando. Ele presumiu que o edifício da SinDark tinha sido mais uma vítima da Contração do Kansas. O executor da Vovó o perturbava sempre que ele sentia a vontade de voltar atrás.

Allan se sentou nos degraus.

"Cara, estou exausto," disse ele, revirando seu saco em busca de Carne Federal. "Se você não se importa, Vó, vou comer um pouco." Ele se levantou, procurou o corrimão na escuridão e se inclinou para o abismo. "Ei, senhora, 'cê tá com fome," disse ele, espremendo a carne do tubo. A carne caiu e bateu com um barulho em algum lugar abaixo.

"Ei, que tal isso? Estamos perto," disse ele, abrindo outro saco e devorando a substância rosada e fibrosa. "Uau, essa é das boas."

Ele se inclinou sobre o corrimão novamente e acendeu a lanterna por alguns segundos, tomando cuidado para não dividir o feixe de luz e despertar os Homens das Sombras. Mesmo assim, ele sentia um puxão desconfortável no pulso quando a lanterna tremeluzia. Um forte arrepio percorreu sua espinha. "Caramba. Eles estão por toda parte, não é?"

Ele sacudiu a cabeça e fez um alongamento rápido antes de colocar a mochila. "Vamos acabar logo com isso. Ei, moça! Mo-oça! Estou descendo, aí vou eu."

"Não venha." Uma voz gritou e Allen parou, examinando cegamente a escuridão.

"Ei, você não é tão tímida então, não é? Ei, você é um monstro? Porque eu não gosto de monstros. Bem, digo, tenho amigos que são, mas vocês, em geral, são simplesmente terríveis-"

"Cale a boca. Só cale a boca e vá embora." A voz rouca e feminina interveio.

"Receio que eu não possa fazer isso," ele respondeu indignado, rapidamente descendo os pés pelos degraus. "Minha vó não me deixa."

"Ele voltou," sussurrou a voz.

De repente, o ar ficou frio e Allen sentiu uma suave rajada de vento soprando atrás dele. Ele colocou a mão no corrimão e se virou com a lanterna. "Te peguei!" gritou ele, mas o rosto desinteressado que o encarou não respondeu. Visto que ele não tinha uma boca, isso seria difícil.

Ele ficou paralisado por um bom minuto antes de dar os primeiros passos e, ao cair para trás, soltou um grito estridente e agudo. Suas palavras "Fique longe de mim!" sendo afuniladas enquanto ele caia, rolando e tentando se agarrar às grades no escuro. Ele colidiu diretamente com a parede na virada da escada e desajeitadamente se endireitou para começar a correr. "Porra porra porra porra, Porra! Vovó sua vadia!" gritou ele. "Esta foi uma ideia ruim!"

A Vovó não parecia se importar com o perigo iminente e começou a dar tapas repetidos nele. Os executores enfiavam tira após tira de conselhos de vida em sua boca enquanto isso. "Maahpoopoooa!" ele balbuciou enquanto descia as escadas apressadamente.

Finalmente, colidindo com outra parede, ele percebeu que a escadaria havia terminada. As luzes da área se acenderam e, depois que a Vovó parou de bater nele, ele viu a figura de antes olhando para ele de cima na escadaria e uma mulher de aparência muito humana parada no canto.

"O-oi…" a mulher de rosto sujo guinchou, mostrando a palma de uma mão. "Foi muito bom conhecer você. Desculpe pela gente não poder conversar."

A área tinha um sofá, uma televisão e uma pequena cozinha. Havia uma porta entreaberta que dava para um banheiro e um parapeito com uma linda vista para uma parede de concreto. Ele esfregou o lado da cabeça e lentamente se levantou. "Você mora aqui? Que merda."

A mulher encolheu os ombros.

Allen olhou para cima e viu a figura, sua cabeça se travando nele enquanto deslizava escada abaixo. À medida que se aproximava da luz, Allen viu seus numerosos apêndices se movendo uns sobre os outros perfeitamente enquanto navegava pela parede.

"Essa coisa não quer me matar, não é?" Allen perguntou enquanto a coisa chegava à segunda escadaria.

"Sim. Sim, ela quer," disse ela com naturalidade, apontando para um canto cheio de ossos e roupas laranja esfarrapadas.

Allen sacou o taco e se preparou para o pior.

"Como eu disse, sinto muito por isso, ele é muito bacana quando você o conhece."
"Faça o seu pior, pu… idiota!" Ele gritou assim que o objeto se jogou por cima do corrimão e caiu sobre ele. Allen balançou o taco e… nada, a coisa estava suspensa no ar acima dele, soltando um gemido baixo e faminto. "Que diabos?"

A coisa da escadaria estava sendo segurada pela garganta por uma Mão executora de aparência muito irritada. Era estranho como o Allen sabia quando uma mão parecia irritada.

As mãos da Vovó fizeram malabarismos com o taco de Allen na frente do rosto da coisa.

"Vovó, devolva isso! Mais que diabos!" ele gritou impotente, só agora percebendo os cotovelos saindo de suas orelhas. "Pensei que você estava em um canto ou algo assim! Saia de mim!"

Mas a Vovó não obedeceu, pois a coisa na escadeira era muito, muito ruim e precisava aprender uma lição. Ela gritou enquanto a mão esquerda a engasgava e a direita desferia golpes selvagens um atrás do outro no rosto agora desfigurado do monstro da escadaria. Mais dois executores saíram das narinas de Allen e começaram a rasgar os membros do monstro. A quarta mão passou uma perna decepada do monstro para outra mão que acabara de entrar na briga saindo da boca de Allen, usando-a como uma arma improvisada, arrancando órgãos roxos e vermelhos brilhantes do torso do monstro.

Quando tudo estava feito, mais duas mãos apareceram…de algum lugar, para ajudar a limpar a bagunça, e Allen soltou um grito abafado.

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