☦Allan conhece a Fundação.☦
A Última Era: 13 de Agosto de 2119 DC
Sylvan Grove, Kansas, EUA
Gersha se lembrava de ter fugido de alguém ou de algo quando era muito, muito pequena. Ela se lembrava da coisa na escadaria aparecendo de repente e salvando ela. A coisa a levou para o porão e cuidou dela durante vinte anos. Ela trouxera livros, brinquedos e comida quando ela sentia fome. A coisa nunca deixou que mal algum lhe acontecesse, mas também nunca a deixou partir.
Um armário de utilidades em seu quarto continha os ossos de duas senhoras bem vestidas.
Ela se lembrou dos chamados do primeiro intruso e dela chamando ansiosamente de volta. Ela observou seu captor subir. Havia apenas cinco lances de escada antes de chegar ao quarto dela, mas a coisa sentiu os pés do homem enquanto ele andava na escuridão, sobre as solas dos pés na imitação de passo atrás de passo. Sentindo-o, entendendo-o e finalmente, dando-lhe uma boa olhada nos olhos.
Com o tempo, quando ela ouviu as portas da escadaria se abrirem, tudo o que ela conseguia fazer era chorar.
Ela tinha visto as Guerras Ocultas apenas através da televisão e, quando os Homens das Sombras se manifestaram, ela passou quatro anos no escuro.
Ela olhou a Vovó nos olhos durante a Transmissão em Massa e, felizmente, não fez nada para incitar sua raiva.
Quando ela tinha 16 anos, a brecha no sudoeste estava se espalhando pelas terras devastadas do Texas, e os refugiados que se dirigiam para o norte foram engolidos pela Cidade Viva.
Enquanto ela soprava as velas de seu aniversário de 20 anos, a Bruxa do Norte torcia o Kansas entre os dedos. No mesmo ano, o Clínico do Oregon estava enviando sua cura não viva para o leste, para enfrentar as armas nucleares da Coalizão nas Montanhas Rochosas.
Seu carcereiro trouxe para ela uma garrafa de vinho quando ela completou 21. Foi quando as últimas das transmissões antigas, mas tranquilizantes, da Fundação SCP e da Fundação Caridosa Manna pararam. Quando a Fundação de Segurança Pública começou a transmitir em seu lugar, ela não tinha certeza se podia acreditar em algo. Um tanque gigante patrulhando o México! Uma família de dragões na Antártica! Uma cidade de relógios na Europa… e a África era uma torradeira. Ela precisou ouvir em primeira mão de Allen sobre os corvos e o novo Kansas.
"Isto não é mais o Kansas," disse ele, batendo com seu taco de beisebol ao longo das espirais da estrada para Sylvan Grove.
Allen voltou à loja da Vovó, com a Gersha logo atrás, na manhã seguinte à morte da fera da escadaria. Ele conseguiu seu liquor e seu laptop, mas a Vovó não saía de sua cabeça. Ele sabia que não poderia insistir quanto ao assunto, e a segurança adicional não… era bom ter ela. Além disso, imaginou ele, não era como se ele fosse um monstro.
Na rua, Gersha viu fumaça subindo e duas formas, uma grande e outra pequena. Um carro havia quebrado. Um carro bacana.
"Ah, o que seria aquilo?" Gersha disse com entusiasmo, uma imitação estranha de um certo personagem de um filme antigo. Ela se virou em direção a Allen e fez uma tentativa fracassada de enrolar o seu cabelo emaranhado.
Allen olhou para ela, perplexo. "Nada de bom. É bom presumir que as coisas não são boas. E… caramba, tire esse sorriso do rosto. É como se você nunca tivesse visto uma pessoa sorrir antes."
"Ah, mas sorrir é o meu favorito!' Disse ela, seus dentes amarelados indo de orelha a orelha.
Um examinava os dois com seus binóculos. "As coisas estão parecendo boas! Lá está ele, e não é só ele, são dois! Ele tem alguém com ele!"
"Ótimo. Mas é uma pena o carro." Disse Nove, tentando ajustar o fone de ouvido com a pata traseira. "Vou chamar o Sete pelo rádio. Ele deve vir com o helicóptero."
"Ei, ele nunca viu outra mulher além da Cinco, não é? Certeza que ele consegue pilotar aquele helicóptero sentindo tanta emoção?"
Nove olha para ele com uma cara sem emoção. "Cinco minutos. Ele estava em Wichitaw conversando com o prefeito. O urso. Relações públicas generalizadas."
Um olhou para ele e semicerrou os olhos. "Qual urso? Você não pode esperar que eu me lembre de dez mil skips diferentes."
Nove suspirou. "O prefeito é designado SCP-1048, e depois dele têm os ursos pardos normais replicantes, e depois deles os ursos de pelúcia do prefeito feitos de ursos normais e outros ursinhos de pelúcia.
Um balançou a cabeça, vendo agora que o jovem e sua amiga haviam parado de andar. Ele distraidamente procurou sua arma. "Como isso tem ido para ele? Urso reformado agora?"
Nove sacudiu a cabeça. "Assim como a documentação velha. Ele não mudou desde que foi liberado. A cidade está tomada. Ursos se alimentam dos ursos, novo urso aparece, os ursos comem esse urso… Então eles se autossustentam. Não precisamos nos preocupar muito com eles expandindo, mesmo que o prefeito seja… instável."
"Que época para se estar vivo."
"Estou vendo que você está me vendo, palhaço. Podemos fazer isso o dia todo." Allen agarrou o cotovelo e ergueu o punho para a figura distante. A Vovó não conhecia esse gesto.
"Talvez ele seja um amigo!" Gersha correu adiante, acenando para Um. Um acenou de volta e sorriu.
"Gersha, você não sabe se aquela coisa é humana! Fale e volte aqui!" Allen gritou, mas ela já estava fora do alcance de sua voz. Ele começou a correr em direção a ela.
Assim que ele estava se aproximando, ele ouviu um gemido desumano que aumentava e diminuia, vindo de trás dos pés de milho no lado da rua. Seu coração parou.
Agora não. Agora não. Vão embora.
Ele se virou dos Gravetos Ambulantes emergindo dos pés de milho, apontando seus braços longos demais em sua direção. Ele viu Gersha à frente, apertando a mão de um homem de aparência bastante simples, vestindo um jaleco e um chapéu de abas largas. Gersha se virou e se abaixou para algo que se parecia muito com um dos Cachorros Maus que ele se divertia tanto matando, mas ele estava coberto de pelo dourado. Ele era fofo.
A transmissão da Fundação de Segurança Pública, aquela com o coelho e o hamster, ressoou em sua cabeça.
SE É FOFO, É ASSASSINO.
"Vocês dois, se afastem ou eu vou… vou arrombar suas cabeças!" Ele gritou, os olhos inchando. Um só se virou e sorriu, colocando a mão no bolso.
"Sabe, ele é volátil, Um." Disse Nove enquanto Gersha esfregava sua barriga. "Podemos não precisar dele vivo se tivermos uma fêmea. Já temos 17 machos sexualmente viáveis em Yellowstone, sem incluir os funcionários."
Um sorriu e sacou um revólver roxo, firmando o cano levemente acima da cabeça de Allen. Allen congelou.
"Quer conversar, garoto?"
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