No Radar

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No Radar

Um Conto dos Pinheiros Distorcidos / Soluções Silvestres do Wilson

1: Um Resumo Informal da Política de Nexus da Fundação


Nexuses. Você provavelmente os conhece. Nexuses são centros populacionais que também parecem atrair quantidades anômalas de atividade anômala (se é que essa repetição faz sentido). Existem algumas regras gerais… os nexuses raramente têm uma população de mais de 30.000 pessoas, as próprias pessoas consideram os acontecimentos estranhos como "normais" e as anomalias parecem seguir um tema geral.

Como tal, quando você tem um centro populacional que basicamente gera anomalias, como você interage com ele?

Bem… na maioria das vezes, a Fundação adota uma tática bastante estranha. Devido ao número de nexuses, e à tendência de seus residentes de considerarem seu entorno "normal", a definição de normalidade é moldada um pouco. A natureza dos nexuses deve ser, é claro, mantida oculta do público geral, mas o público não geral do nexus deve ser tratado como se sua situação fosse normal. Contanto que seu Twitter não mencione aquela nova droga memética da moda passando pela cidade, ou seu instagram não mostre uma selfie com a gema gigante no céu, está tudo bem. A Fundação deseja apenas manter um contato próximo com os governos dos referidos nexuses e monitorar sua atividade (bem como o trânsito de entrada e saída do público).

Então, você pode imaginar que quando uma pequena organização familiar aparece no meio de um nexus para lidar com problemas específicos do nexus, ela não preocupe tanto a Fundação, certo? Eles não fazem parte do público geral, eles não vão se aventurar muito longe de sua cidade, e o que é uma medida de segurança em uma cidade anômala senão uma vantagem para a Fundação? Um pequeno problema a menos?

Não muito, ao que parece. Não é muito mais do que uma vantagem. E na maioria dos casos, essas organizações permanecem assim. Ninguém presta atenção para a Sociedade de Caça aos Vampiros de Blackboxia, Redigido, exceto para checar seu progresso de vez em quando. Ninguém se importa com o mercado de óleo super essencial de Expurgalândia, contanto que ele não saia da cidade. E ninguém, especialmente ninguém percebe um humilde abrigo para animais em uma cidade calma apropriadamente (ou talvez não tão apropriadamente) chamada de Boring, Oregon.1

Claro que não.

Por que fazer isso?


2: Nx-17 Boring, Oregon


Nexus Nº: Nx-17

Designação Civil: Boring, Oregon

População: 7,000

Classificação da Área: Briar

Portocolo de Interação com o Nexus: Nx-17 requer pouco ocultamento. Palavras-chaves online / para redes sociais correlacionadas a Nx-17 são "boring oregon", "cidade de boring", "animal estranho", "caminhada esquisita", e variações das mesmas (sinônimos). Webcrawlers devem marcar artigos / páginas / postagens que contenham uma ou mais dessas palavras-chaves. Qualquer coisa marcada será analisada por funcionários do Sítio-64 relacionados a Nx-17 e será removida e os civis abordados se descobrir-se que os mesmos estavam infringindo na manutenção da máscara.

A Fundação deve manter um olhar atento sobre as eleições de Boring; o prefeito e a câmara municipal devem conhecer e interagir com a Fundação sob o pseudônimo de "os Supervisores". Eleições locais devem ser manipuladas de forma que apenas civis aprovados pela Fundação entrem no cargo (sob o critério de que eles irão cooperar com a Fundação e, consequentemente, estarão dispostos a manter a máscara).

Instalação de Contenção: Sítio-64

Descrição: Nx-17 é uma pequena cidade agrícola a cerca de 30 km a sudeste de Portland, Oregon. Nx-17 gera (ou contém) cerca de 350% do número médio de fauna anômala por quilômetro quadrado em comparação com o resto do mundo (excluindo casos isolados óbvios, como Nx-18, "Sloth's Pit, Wisconsin", e o anti-anômalo Nx-42, "Dull, Escócia"). A referida fauna anômala geralmente não apresenta perigo claro e iminente, exceto em casos raros.

Ao contrário de outros nexuses, as anomalias de Nx-17 são capazes de existir fora de Nx-17, mas raramente saem.

Adendo: Em 20/01/1997, foi fundada uma organização dedicada à reabilitação da vida selvagem mundana e anômala no Condado de Clackamas. A organização é dirigida por um civil chamado Tim Wilson, nascido em San Diego e, portanto, não nativo de Nx-17. Este desenvolvimento ainda não incitou ações diretas da Fundação, embora algumas tenham sido propostas.


3: Uma Discussão Formal da Política do Sítio-64 para Tim Wilson


Pela mesa do Diretor de Sítio Edgar Holman passou um arquivo com as informações coletadas sobre a nova organização de Boring, Oregon. Holman o puxou em sua direção e o abriu. Ele foi saudado por grandes letras maiúsculas, dizendo: "Abrigo Silvestre do Wilson". Chefiada por Tim Wilson, cerca de dez funcionários e alguns voluntários. Sem fins lucrativos. Pequena.

"Certo, e por que isso foi trazido à minha atenção? Isso não deveria ser só arquivado?"

Uma pausa entre os quatro homens na sala.

"Bem," começou um, "poderíamos simplesmente arquivar, mas receiamos de algumas implicações." Vendo as sobrancelhas levantadas de Holman, "provavelmente nada, só algo que queríamos repassar com você."

O diretor de sítio recostou-se na cadeira e suspirou. Ele tinha coisas melhores a fazer. Ele estava no meio de ler e assinar vários artigos, defendendo a elevação de Anomalias Não Registradas (ou URAs) para Objetos Necessitantes de Procedimentos Especiais de Contenção (ou SCPs), quando três pesquisadores do Nexus 17 quiseram discutir este novo acontecimento. Holman balançou a cabeça e gesticulou para que acabassem com isso.

O de olhos verdes, Seanan McDowell, Arquivista de Boring, começou primeiro: "Certo, vamos repassar o básico. Esta organização foi fundada por um forasteiro. Portanto, podemos supor que ele não tratará a vida selvagem anormal aqui como 'normal', e pode optar por chamar atenção para ela. Ele é um membro muito vocal e politicamente ativo da comunidade e costuma viajar regularmente para fora do Nexus 17."

Josh Higginbottom, Historiador de Boring, de olhos castanhos e pele escura, acrescentou: "Ele está envolvido, diretamente envolvido com a vida selvagem anômala, acha que é tudo magia e fantasia, é altamente ativo, viaja e é bastante vocal. Ele é um vetor excelente para o conhecimento do nexus vazar para o resto do mundo."

Edgar soprou vento pelo nariz. "Certo. No entanto. O Abrigo Silvestre do Wilson. Ele está fazendo seu trabalho?"

Josh: "Como, senhor?"

Edgar: "Se ele está reabilitando a vida selvagem, dando um lar aos animais, etc."

Seanan: "Sim, ele está fazendo isso, ele está se saindo surpreendentemente bem, dado o nexus."

Edgar agitou o ar. "Mhmm. Quantas anomalias eles encontraram antes de nós?"

"Err," Seanan olhou ao redor, "você tem o arquivo na sua frente agora, dê uma olhada por si mesmo. Página trinta e quatro."

Edgar endireitou-se e começou a folhear, procurando a página trinta e quatro. Uma vez que ele a encontrou, o diretor de sítio pressionou o dedo na página até encontrar "Interações Notáveis com Anomalias". Suas sobrancelhas lentamente se erguendo conforme a lista só… ia.

"É um número impressionante. E todas elas, eles as encontraram antes de nós?"

Josh: "Estamos literalmente realizando uma reunião esta noite sobre se devemos ou não elevar o status de Boring de Briar para Asfódelo. E isso é tudo coisa de Tim Wilson. Não tínhamos ideia de que havia tantas anomalias em Boring."

Edgar: "Imagino que estejamos catalogando elas todas em algum lugar, com suas próprias designações?"

McDowell sacudiu a cabeça. "Estamos sobrecarregados. Temos nem mesmo pessoal suficiente para caçar cada uma dessas coisas."

Edgar: "Mas de alguma forma, eles têm. Com dez funcionários."

Seanan: "E uma base crescente de voluntários. Desnecessário dizer que a organização está crescendo rapidamente. E quanto maior ela fica, mais visibilidade ela ganha. Já receiamos de que eles possam criar um site. Mas estamos devagando —"

"Ah, eu não acho isso," o diretor de sítio sorriu. "Isso parece, para mim, como uma mina de ouro para o Sítio-64. Tim Wilson pode ser um pequeno perigo para a máscara, mas a última coisa que queremos fazer é acabar com esta adorável máquina de documentar anomalias aqui. Agora," ele colocou os cotovelos na mesa, "o que temos que fazer é descobrir como mantê-la funcionando enquanto mantemos sua visibilidade baixa. Não é uma tarefa difícil, creio eu, para pessoas que têm mantido o Nexus 17 fechado há, ahn, quanto tempo? Quatorze anos?"

Um dos três pesquisadores engoliu em seco, nervoso.

"O que estou dizendo é que Tim Wilson fica. Monitorado de perto, mas ele fica. E vou deixar a questão de cobrir seus ratros com vocês. Ele já foi um problema?"

Josh respirou por entre os dentes, parou por um segundo, então abaixou e sacudiu a cabeça.

"Bom, podemos esperar que ele nunca se torne um. Só isso. Envie esta questão como um problema para uma reunião do Conselho de Diretores se vocês não estiverem satisfeitos com minha resposta. Agora, tenho outros negócios a tratar." Holman empurrou o arquivo de volta para os pesquisadores.

Por um momento, ninguém se mexeu.

Então, o antes quieto Estrategista de Contenção de Boring Kai Boskovich se levantou com tanta força que quase deixou seus óculos caírem, agarrando o arquivo com o mesmo movimento. "Este é um risco ridículo para uma possível brecha de segurança."

O cabelo castanho liso de Kai ondulava enquanto ele abria a porta, Josh e Seanan o seguindo logo atrás. Mal fora de vista, Holman ouviu alguém dizer "voltaremos com números" antes da porta se fechar.


4: Agente Secreta, Melhor Voluntária do Wilson


Wajima Moyumi era uma agente multifunção "autônoma", atualmente não relacionada a nenhuma FTM ou equipe de contenção SCP. Não fazia mais de um mês ou dois desde que ela perdeu seus três melhores amigos em uma brecha de contenção, nem mesmo em uma missão. Ela foi avaliada psicologicamente, determinada sã o suficiente para continuar trabalhando, mas, é claro, ela não buscava nada intenso no momento. Algo mais calmo. Mais agradável. Uma coisa intermediária que certamente não fosse custar mais vidas.

E, como tal, disfarçada como Hagimatsu Yufuyu, ela era uma agente da Fundação no Abrigo Silvestre do Wilson. Sua casa no Sítio-64 não ficava a muito mais de uma hora e meia de carro de onde ela queria estar, e uma viagem de ida e volta de três horas era um preço bem pequeno a pagar para ser basicamente uma tratadora voluntária de animais.

Para manter a fachada de ter uma vida fora de ser voluntário do abrigo, ela só ia para se voluntariar às quintas e fins de semana. O resto desse tempo era gasto em tarefas servis e burocracia em torno do Sítio-64, às vezes interrompidas por uma missão pequena e de baixo risco.

Ela estava lavando a seco uma foca pequenina, fofa, mas infelizmente elétrica, quando Albert Westrin apareceu. Ele era um homem desengonçado e estereotípico, com uma barba grisalha, cabeça completamente careca e mãos mais do que familiarizadas com trabalho árduo. Ele era o companheiro mais próximo de Wajima no abrigo, um colega voluntário cujos dias de folga coincidiam bem com os dela. Ele era um fazendeiro de frutas silvestres com uma família, e eles tinham horários para cuidar da fazenda. Todos tiravam os fins de semana de folga, na maior parte do tempo (tudo o que não era essencial era cortado da programação). Quase todo dia que ele tinha tempo livre, ele ia ao abrigo, pelo menos para verificar a situação. Se ele realmente não tivesse tempo para ficar por aí, ele normalmente trazia bebidas e donuts. Não é preciso dizer que Wajima ficou feliz em vê-lo.

"Qual é a boa, Al?"

Mas Al logo se apaixonou por seu projeto de estimação em que estavam trabalhando juntos. A foca pulava e saltava, tentando se livrar do aperto firme de Wajima e ir para Albert.

"Ah, alguém está feliz em me ver!" Albert rugiu em sua voz sempre alta e grave. Ele calçou luvas de borracha para poder acariciar com segurança o pequeno Cobre (cujo nome veio do fio de cobre, não de sua cor). Wajima, vendo que o momento ia acontecer, gostasse ela ou não, soltou Cobre para ter uma pequena sessão de tratamento com Al. Apesar de parecer um homem forte e estóico, não era difícil pegá-lo com a mão na massa sendo um grande coração mole. Isso o tornava ainda mais charmoso, a maneira como sua aparência e ações combinavam das formas mais subversivas.

"Somos dois, Al." Wajima sorriu para ele.

"É bom ver você também, Hagi. Como está o Cobre?"

"Cobre está bem. Só estava esfregando um pouco de sujeira dele quando você apareceu e estragou tudo por ser adorável."

"Desculpe interromper," Al continuava a coçar a cabeça de Cobre. "Certo, rapazinho, hora de voltar a se limpar."

Wajima (com cuidado) pegou Cobre e o trouxe de volta para seu colo coberto de borracha, e passou uma toalha quente em várias manchas em seu corpo cinza outrora brilhante. Cobre se contorcia, mas Wajima era dura e séria e tinha pouco ou nenhum problema em manter a foca escorregadia onde ela queria. Albert olhava com admiração.

"Tudo bem!" Cobre brilhava como de costume. "Ele está pronto para voltar ao tanque…"

Wajima o ergueu e o jogou (já que ele estava dificultando fazer de outra forma) de volta em seu aquário pequeno e solitário. A água ficou estranhamente rígida, e Cobre começou a nadar ao redor do tanque inadequado. Havia apenas algumas pedras e um pequeno lugar onde ele podia sair da água e entrar em uma pequena praia de pedras. Mas, tirando isso…

Eles não podiam colocar outros peixes no tanque com ele, porque eles morriam imediatamente. Eles não podiam devolvê-lo à natureza, porque ele iria matar tudo em seu caminho (e ninguém realmente sabia como ele acabou em um riacho no Oregon para começo de conversa), e… bem, era só isso, mas isso já era bastante problemático por si só. Hoje marcava uma semana desde que Cobre entrou sob os cuidados do abrigo, e ele estava perfeitamente saudável, eles só… eles simplesmente não tinham ideia do que fazer com ele.

Albert e Wajima trocaram olhares e franziram os lábios.

"Então, certo. O que vamos fazer com ele?"

Albert coçou a barba. "Bem… conversei com o Tim, e nós vamos só… ainda não sabemos. Ele não é adequado para a natureza. Ou a natureza não é adequada para ele, e não colocamos nossos animais acima de outros animais."

"Na maior parte…" Wajima deu um sorriso sorrateiro.

"Bem, sim, nós damos nomes para eles, é claro."

Eles riram, mas foi curto e pesado. Eles nem mesmo tinham um recinto muito grande para ele. Ele estava confinado a um tanque de peixes exagerado, no meio de uma sala verde e de madeira cheia de pássaros cantando. Ele estar lá havia reduzido sua capacidade de cuidar de qualquer outro animal aquático. Estava se tornando um belo problema, e a ideia surgia no horizonte… ninguém queria abater Cobre, e quanto mais tempo ele ficava por perto, e quanto mais problemas ele causava, mas isso parecia uma necessidade.

Mas como já foi dito, ninguém queria isso. É por isso que isso ainda não aconteceu. E por que eles ainda o tratavam como um convidado e o esfregavam de vez em quando. Wajima tinha em sua mente a ideia de empurrar para soltar Cobre e, em seguida, possivelmente adotá-lo como um skip no Sítio-64. No entanto, empurrar essa agenda iria soar fora de caráter, e ela seria encontrada com resistência a cada turno. Certamente chamaria atenção para ela, e também interferiria em sua missão de observação-apenas. Mesmo assim…

"E se nós só mantermos ele?"

"Perdão?"

Al balançou a cabeça, como se concordando consigo mesmo. "E se nós só mantermos ele? Um pequeno mascote. Cobre, do Abrigo Silvestre do Wilson."

Wajima piscou algumas vezes. "Digo, aí teríamos um problema permanente com o tanque—"

"Bobagem," Albert desconsiderou ela, "não pensaríamos em fazer um tanque só para o Cobre se ele fosse apenas um convidado como o resto dos animais, mas com ele como um animal de estimação — er, mascote, bem. Nós poderíamos dar um tanque tão grande quanto gostarmos para ele."

"Ele vai precisar de um bem grande, se ele crescer como uma foca normal;"

"Cuidaremos disso quando chegarmos lá."

"Tem certeza?"

"Por que não?" Albert estendeu uma luva de borracha para a água e acariciou Cobre enquanto passava. "E nós poderíamos usar isso como um empurrão para direcionar o orçamento para fazer um setor aquático."

"Um setor aquático!?"

"Nós já temos gaiolas diferentes para os pássaros para que eles não interajam negativamente uns com os outros, eventualmente vamos precisar de mais do que só um tanque, e Cobre é evidência! A decisão de mantê-lo não empurraria o Tim e o pessoal a fazer uma área melhor para os peixes?"

Wajima estava de olhos arregalados. "I— Imagino? Certeza de que devemos estabelecer o precedente de manter animais? Isso está dentro do orçamento? Suponho que a comunidade gosta de nós…"

"Nossos arrecadadores cobrem regularmente o que não fazemos normalmente, e mais um pouco."

"Hmm." Nos fundos da cabeça de Wajima, uma voz dizia a ela que poderia não ser uma boa ideia ajudar o abrigo a manter os animais que eles prefeririam rastrear como anomalias na natureza. "Bem…" Cobre enfiou a cabeça para fora da água e fez contato visual. "Que se foda. Vamos nessa. Diga ao Tim que vamos manter o Cobre. Nós conversaremos sobre isso esta noite ou amanhã."

Albert sorriu um grande sorriso dentuço, embora ele fosse obscurecido por seu bigode monstruoso.


5: Expansão do Abrigo Silvestre


Em torno de uma mesa oval, em uma sala de reuniões monótona forrada de preto obsidiana, sentavam-se, no sentido horário, Diretor de Sítio Edgar Holman, Diretora Assistente de Sítio Dr.ª Sarah O'Connell, Diretor Asssistente de Funcionários Cameron Miles, Diretora Assistente de Instalações Dr.ª Milena Lopez, Diretor Assistente de Pesquisa Dr. Avery Sanchez, Diretora Assistente de Contenção Sophia Turner e Diretor Assistente de Forças-Tarefa Agente William Johnson. Para quem era familiar, seria óbvio que era o Conselho de Diretores fazendo sua reunião semanal de domingo.

A agenda de hoje incluía o habitual… uma rede de drogas em Três Portlands, um bando anômalo de corvos à solta, algum fenômeno espacial localizado ao sul e um novo equipamento robótico que eles pegaram no caminho enquanto investigavam essas três outras coisas. Eles também tinham uma carta da Área-12 discutindo uma disputa de território em torno de uma anomalia que ambas as instalações queriam reivindicar crédito por encontrar. Foi exaustivo. Como de costume.

Mas eles estavam chegando ao fim, à parte em que todos eles pegam suas coisas e vão para casa. Só mais uma ou duas coisas na agenda — e muffins estavam sendo passados, então isso ajudava, é claro.

"Certo," falou Holman, depois que eles escreveram um esboço de uma carta para a Área-12 que deveria ser preenchida mais tarde por funcionários diplomáticos, "agora temos o relatório de status do Nexus 17 para discutir. Enviado por…" Holman suspirou. "…Seanan McDowell, Josh Higginbottom e Kai Boskovich. Intitulado, 'Preocupações Crescentes em Torno de um Abrigo Silvestre Crescente', com o subtítulo, 'A Expansão Preocupante de uma Organização Baseada em Anomalias'."

Em algum lugar, um dos diretores gemeu. Holman leu uma boa parte do relatório, se cansou de falar e o passou para Sarah O'Connell. As informações entregues não eram muito novas. A equipe de pesquisa do Nexus 17, trabalhando em conjunto com uma agente secreta chamada Wajima Moyumi, tinha notícias que o Abrigo Silvestre do Wilson agora estava mantendo algumas anomalias sob seu próprio cuidado, começando com uma foca chamada Cobre que estava rapidamente se tornando seu mascote.

Essencialmente, eles estavam começando a agir como um pequeno sítio de contenção. Eles estavam até brincando com a ideia de mudar de nome, de um abrigo para outra coisa, para questões silvestres mais gerais, embora ainda se mantendo principalmente um abrigo silvestre. E, como sempre, a infinidade de animais anômalos (ou o que eles chamavam de "mágicos" e "anormais") que eles estavam descobrindo era indiscutivelmente impressionante.

Depois da explicação, demorou um pouco para que qualquer coisa fosse dita. Então, Holman cutucou.

"Opiniões? Ações propostas?"

Sophia Turner falou primeiro. "Pelo que o relatório diz, até agora a organização foi bem-sucedida em sua contenção, correto? E o tanto de anomalias que estão sob o controle deles, bem, esse é o mesmo número de anomalias que nós teríamos que conter se eles não estivessem aí. Essa seria toda uma batalha orçamentária com o Sítio-19, já que precisaríamos de significativamente mais recursos, mais funcionários, e mais forças-tarefa. Desde que o Abrigo Silvestre do Wilson foi criado, nossos fundos gastos no monitoramento do Nexus 17 caíram em mais de 60%. Isso é enorme. Alguém tem nossas despesas disponível?"

"Eu tenho," falou o escriba designado da reunião, sentado em uma mesa para o lado do grupo principal.

"Você pode nos dizer quanto menos gastamos contendo anomalias do Nexus 17 desde que o Abrigo Silvestre do Wilson decidiu começar a manter algumas? Não se esqueça de verificar os gastos relacionados ao transporte de anomalias capturadas aqui para outros sítios."

"Cuidando disso, mas pode demorar um pouco."

"Obrigada."

A semana foi corrida, e embora eles pudessem ter lido as questões de antemão e se preparado, não era realmente esperado. A situação da Área-12 era praticamente a única coisa que o conselho de diretores tinha revisado, porque tinha sido um problema a semana toda.

"Bem," William Johnson começou, "enquanto esperamos isso, vou propor a criação de uma FTM especificamente para as atividades do Nexus 17. O projeto tem estado em segundo plano na minha cabeça há um tempo, e com toda a algazarra circundando Boring recentemente, achei que seria bom levantar a questão." Ele bateu um fino conjunto de papéis grampeados. "Eu já tenho a designação reservada. Beta-4. Nenhum codinome barra apelido ainda, claro. Eles costumam escolher isso sozinhos. Eu também tenho um grupo de pessoas que eu gostaria nela. A saber, estou colocando Agente John Schut para o papel de capitão. Ele tem uma vasta experiência lidando com animais de seu tempo no Slings & Arrows. Ou pelo menos, anomalias parecidas com animais."

"Qual é o propósito disso?" disse Cameron Miles. "Parece que precisamos de uma FTM menos do que nunca no momento. O abrigo está fazendo a maior parte do trabalho que essa força-tarefa faria."

"Pelo contrário, acho que o Abrigo mostra precisamente por que gostaríamos de ter uma força-tarefa para Boring. Sabemos melhor agora do que nunca quantas anomalias de fato há no Nexus 17, e nós faríamos bem em buscá-las. Se a concentração é tão alta quanto o Wilson está fazendo parecer que é, eles vão esgotar seu financiamento e recursos rapidamente."

Milena Lopez se juntou à conversa. "E eles têm sido muito bem sucedidos até o momento?"

"Muito," Cameron apontou, "eles lidaram com mais de trinta anomalias a esse ponto e contabilizaram zero feridos graves e absolutamente nenhuma morte. Além disso, eles ainda não são tão publicamente conhecidos como você acharia, que é mais uma prerrogativa nossa do que deles, mas mesmo assim."

"Bem, que tal isso então," continuou Milena, "e se nós os financiarmos?"

Uma pausa. Vários muffins foram mastigados.

"Correndo o risco de colocar o escriba para fazer mais trabalho, talvez alguns dos fundos que estamos economizando possam ser usados para financiá-los. Nem tudo, é claro, porque eles têm outras fontes de dinheiro, mas se os mantivermos financiados o suficiente para acompanhar seu número crescente de anomalias sob seus cuidados, eles gastariam menos fundos do que nossas próprias operações que faríamos. Eles já recebem doações comunitárias anônimas, seria trivial colocar nosso próprio dinheiro sorrateiramente. E se eles perceberem que de repente eles tem um doador relativamente rico, por que isso iria alarmá-los ao ponto de investigarem?"

"Isso é ridículo," retrucou Sarah O'Connell, "não importa quanto dinheiro nós economizaríamos, não vale a pena colocar nossa confiança em uma organização sobre a qual não temos controle algum. Qualquer movimento errado que eles fizerem seria problema nosso, coisa que poderíamos ter evitado facilmente, fazendo isso com nossos próprios fundos."

"Então talvez… talvez a gente controle eles. Pelo menos um pouco."

A sala se voltou para Cameron.

"Nós já temos a Wajima Moyumi trabalhando para eles como voluntária. Ela é bem conhecida na organização deles — obviamente sob um pseudônimo — e poderíamos colocá-la lá com uma posição mais permanente. Elevá-la de voluntária a empregada. Se a organização crescer na taxa esperada, ainda temos bastante tempo antes que seu tamanho seja realmente problemático, e ela poderia subir em seus cargos. Puxar algumas cordas, empurrar certas questões… seria uma influência sutil, correto, mas em uma organização sem fins lucrativos, talvez seu charme natural a levaria longe. Ela poderia ser o nossa cúmplice, não só uma espiã como ela é agora. Daí ela poderia se certificar de que nossos fundos sejam usados da forma que queremos. Bem, contanto que joguemos nossas cartas corretamente. Se isso funcionar, gastaríamos menos dinheiro, poderíamos confiar na organização mais plenamente, e também teríamos um jeito fácil de sabotá-los, se precisarmos tirá-los de jogo repentinamente."

Vários murmúrios irromperam ao redor da sala.

"Eu voto a favor disso," disse Holman, levantando a voz acima da conversa, "contanto que ela tenha outro agente com ela. E, claro, ela precisa aceitar o trabalho. Isso seria uma tarefa permanente, é claro. Seu trabalho final, supondo que o Abrigo não afunde — ou que não os façamos afundar.

O zumbido da sala morreu.

"20%," disse o escriba. "Nós gastamos 20% menos em transporte e contenção. Pode ser muito cedo para confirmar, mas parece que vai continuar crescendo a redução também."

Um sorriso se abriu no canto direito da boca de Sophia.


6: Agente Secreta, Nova Funcionária do Wilson


"Uma mudança de nome!"

"Eu sei!"

Albert e Wajima tremiam com animação. Genuína, também, se falar especificamente de Wajima. "Estamos subindo, expandindo!"

"Ajuda que nossos fundos aumentaram de repente."

"Heheh," Wajima olhou para cima e para além, "sim. Que fortúnio."

Albert e Wajima estavam em uma grande mesa, os últimos voluntários tarde da noite lambendo envelopes e empurrando convites dentro. Havia uma pre-festa, uma grande festa de anúncio, para todos os voluntários e funcionários do Abrigo Silvestre do Wilson, dizendo a todos que estavam oficialmente mudando seu nome como resultado da expansão de seus serviços. O estrategista de marketing chamava isso de uma "grande abertura". Agora eles não eram só um abrigo de animais, mas controle de pragas, agrimensores de ecossistemas locais e pesquisadores. Eles já estavam preparando expedições para obter leituras das populações locais de sapos e da alcalinidade do solo e sedimentos na água e tudo o mais.

Mas por agora, eles estavam todos felizes em estar mudando seu nome. Era movimento, impulso e ação. Eles não eram só um abrigo, eles não forneciam serviços, eles resolviam coisas. Soluções Silvestres do Wilson. Soava bacana.

Assim, no posfácio da pre-festa, Albert e Wajima tinham acabado de dizer um longo adeus a um cansado (e um pouco bêbado) Tim Wilson, eles continuavam a trabalhar. Não muitos envelopes restando, felizmente.

"Onde você acha que isso vai nos levar?" perguntou Albert.

"Hmm," pensou Wajima. "Nós definitivamente vamos continuar crescendo." Assim ela esperava, de qualquer forma, empurrando os pensamentos de uma Fundação intimidada para fora de sua mente. "Só consigo imaginar coisas boas." Isso não era verdade. "E isso é tudo o que realmente importa."

Houve uma pausa. Ambos sentiram o gosto de envelope. Wajima estava pensando… mas ela não tinha certeza se isso seria protocolo. Não fazia parte de sua missão, pelo menos. Ela estava só curiosa. Ela imaginou que poderia facilmente cair como uma brincadeira e reforçar o charme que ganha seu respeito e confiança. Sim. Essa justificativa funcionava.

"Uh, ei, então."

"Hmm?"

"Eu não sou daqui, sabe? Me mudei pra cá da costa leste, uma cidadezinha na Carolina do Norte." Isso não era inteiramente uma mentira. "E nós não, uh —"

"Têm animais mágicos?"

Wajima franziu a testa. "É. Não temos. Isso foi, bem. Emocionante. Interessante! Ridículo, e pensar que tudo isso existia. Quando eu cheguei aqui eu realmente não acreditei em meus olhos. E eu estava só me perguntando. Bem, o que você acha disso?"

"Do que?"

"Sobre como isso funciona. Com a ciência. Como isso conflita com tudo o que já sabemos, como — tipo, por que estamos aqui, ajudando eles e não contando a algum instituto científico sobre a mina de ouro de pesquisa aqui?"

Ela não deveria ter dito isso. Ela ficou muito confortável aqui, possivelmente querendo muito um amigo novo. Muito aberta. Esta não era a agente fria e contemplativa que ela costumava ser. Ela corou com culpa.

"Esse é o problema, bem aí."

"Hmm?"

"Achar que sabemos de alguma coisa."

"A gente deve saber algo."

"Se o conhecimento é prático, mantenha ele. Mas não pense que ele é universal, aplicável a tudo. Esse é o problema com a ciência moderna." Al sorria para ela. "Isso não quer dizer que ele não seja válido. Mas esses grandes cientistas figurões se acham muito."

Wajima deu uma risada. "Às vezes, sim." De repente, ela estava se perguntando o que Al pensava dos cientistas ambientais que eles logo recrutariam para estudar o ecossistema. "Bem, acho que vou me demitir do meu trabalho."

"Não, Hagi, por quê? Você é uma grande florista!"

"Porque eu não sinto nenhum senso de propósito na loja em Portland. Amo fazer buquês, mas isso não vai me gratificar a longo prazo. E este lugar, este lugar é gratificante."

Os olhos de Al se estreitaram, e sua cabeça se inclinou. "Oh, ho ho ho. Sério?"

"Sim, sério. Minha experiência de botânica limitada cultivando flores bonitas e organizando flores de maneiras bonitas deve ser refinada trabalhando aqui com vocês, e então ela seria bem útil. E isso seria bem bacana."

Al tentou conter um sorriso. "Tenho certeza de que vai pagar menos."

"Você não entra em organizações sem fins lucrativos esperando a mais alta qualidade de vida, Al."

Al estava fracassando muito, então ele virou a cabeça de volta para seus envelopes. "Bem. Bem, bem. Fico feliz em ter você na equipe."

Wajima respirou fundo, satisfeita. Na equipe, de fato. Falando sério, não muito de uma equipe.

Parecia muito mais uma família.


7: O Tempo Passa


Em janeiro de 2002, como parte da resolução de Ano Novo da Soluções Silvestres do Wilson de ter mais relações pública do que só Boring, oregon, ela lançou seu próprio site. Agora, isso não tinha acontecido antes por uma série de razões.

Tim Wilson sempre foi um tanto antiquado. Ele tinha uma desconfiança natural em relação à industrialização, empresas, fábricas e, por extensão, tecnologia de todos os tipos. Tim Wilson e alguns de seus amigos mais próximos, como Albert Westrin, Nandini Chandra e sua esposa Alice Wilson, se uniram sob comentários depreciativos sobre a "nova geração" e sua "dependência na tecnologia", juntamente com uma apreensão tangível da internet e a suspeita de seus supostos usos.

Outro fator provavelmente era a conexão com a internet em Boring, Oregon. Quer dizer, não havia muita conexão. Ela era lenta. Muito lenta. Era possível fazer espaguete (e molho de espaguete) no tempo que levava para carregar um vídeo de um minuto no Youtube. Assim, fazer e manter um site provavelmente seria um verdadeiro pé no saco. Uma solução para isso poderia se a Soluções Silvestres do Wilson economizar parte de seus fundos para pagar por uma conexão de internet melhor e mais rápida. Mas, devido a seus outros objetivos e ambições, sempre pareceu mais apropriado usar seu dinheiro em instalações maiores, melhores equipamentos, comida para seus animais, etc. Não foi até 2000 que alguém gastou alguma coisa em melhores conexões (e, para a surpresa de ninguém, foi Gary Harp, seu "mago da tecnologia" local, que finalmente usou seu próprio dinheiro para cumprir essa meta, já que isso fazia de seu trabalho muito mais fácil).

Por último, alguns se preocupavam — especialmente Hagimatsu Yufuyu — com o que o mundo de fora pensaria de um lugar tão mágico como este! Não era segredo para ninguém que a natureza fantástica de Boring, Oregon, permanecia desconhecida da população geral e, além disso, não era segredo que todos estavam com um pouco de medo de como um mundo paranoico poderia reagir. Esses fatores combinados tornavam o apelo de um site da Soluções Silvestres… baixo.

Eventualmente, no entanto, houve um empurrão. Os principais participantes desse impulso foram os funcionários Alex Molina, Gary Harp (o cara que opera os telefones e lida com boa parte das relações públicas), seu irmão e voluntário Justin "Chickadee" Harp, e o próprio filho de Tim Wilson, Robin Wilson. O principal argumento para o site era ser capaz de obter doações de fora de Boring, Oregon.

Atualmente, os fundos da Soluções Silvestres do Wilson vinham assim:

Eles realizavam eventos para arrecadação de fundos (vendas de assados, jardim zoológicos, festas comunitárias e eventos de degustação de vinhos, etc.), tinham um local para doações diretas e qualquer pessoa podia se inscrever para uma "assinatura". Ela custava cerca de $15 por mês (eles precisavam de dinheiro, sabe) e dava a qualquer um com ela um desconto em qualquer um de seus serviços. Ditos serviços seriam o controle de pragas, seu… hmm, bem, era basicamente isso. Esse era o serviço que você podia adquirir deles. Todo o resto era só coisas que eles faziam. Como monitorar as populações de diversos animais locais, dar um relatório do ecossistema a cada seis meses, pesquisar a poluição da área, salvar animais, reabilitar esses animais quando possível e pavimentar as estradas.

Sim, eles pavimentavam as estradas.

Isso não se conectava muito a nada mais que eles faziam, mas eles achavam que isso ganharia o favor público (e era só algo bacana de se fazer), então eles se encarregaram de pavimentar as estradas de Boring, Oregon. Eles também tinham um ou dois limpadores de neve.

Uma assinatura também dava a qualquer pessoa seu "catálogo" mensal. Bem, ela dava quando a pessoa estava em Boring, de qualquer modo. O referido catálogo consistiria em pequenos relatórios de todos os animais atualmente contidos. Cada catálogo terminaria com algo no sentido de "se você deseja ajudar esses animais, considere tornar-se um voluntário!". Ah, e esse era outro motivo para arrumar um site.

A organização dos voluntários tinha de ser feita principalmente por telefone e pessoalmente. Era uma tarefa árdua que exigia muito papel e mexer com calendários e ninguém queria fazer isso. Com um site, eles poderiam criar uma inscrição de voluntário online que poderia organizar automaticamente as pessoas com base nos critérios de sua inscrição. Claro que teria que ser bem programado, mas eles também estavam economizando dinheiro na hora para contratar um programador exatamente por esse motivo. Bem, pelo menos as pessoas que pressionavam por um site estavam.

Assim, após a Resolução de Ano Novo de 2002, de "se tornar mais integrado e acessível ao público", Tim Wilson e seus companheiros dissidentes tiveram que ceder à ideia do site. Agora as pessoas podiam ver ser trabalho e optar por apoiá-los de todo o mundo! Eles tinham criado um sifão online para a conta bancária de sua empresa e, nos primeiros meses de seu lançamento, eles conseguiram mais de cem novos assinantes. Isso representava um aumento de fundos de mais de $1.500 por mês. Ou, para aqueles que pensam em anos, $18.000 a mais por ano. O que era emocionante! Claro!

Com base em seus dados, a maioria dessas assinaturas tinham vindo de familiares ou amigos de pessoas que moram em Boring. Foi um grande sucesso. Bem, certo, não grande, mas definitivamente um sucesso suficiente para valer a pena. Mas por trás da máscara, a Fundação estava exercendo influência. Eles também tinham certa entrada, é claro.

Primeiramente, como a Fundação já tinha controle sobre grande parte da infraestrutura do Nexus 17, tanto por meio de interferência governamental quanto de implementos físicos, eles eram em grande parte responsáveis por uma internet lenta na pequena cidade. Não totalmente, não, mas eles que decidiam se ela poderia ficar melhor ou retardar seu progresso. Eles claramente escolheram a última opção.

Eles sabiam que não podiam impedi-los de obter um site para sempre, mas precisavam de algumas coisas em lugar antes. Ou alguém.

Wajima Moyumi precisava estar em uma posição em que pudesse influenciar bastante o resultado de tal site. Embora Wajima fosse sempre uma boa funcionária, ela ainda não era a chefe de nada e provavelmente teria que ser a chefe de relações públicas, ou tecnologias da internet, ou algo nesse sentido antes da Fundação se sentir confortável em permitir um site. Infelizmente, isso nunca parecia acontecer.

O que aconteceu foi que ela se juntou à equipe que pressionava pelo site. A melhor parte é que ela mal precisava mentir para eles. Primeiramente, ela estava no fronte daqueles que temiam chamar a atenção do governo (ou, embora apenas ela soubesse, de algo maior), o que era uma preocupação real que ela e outros tinham. Mas então, depois que ficou claro que o trem do site tinha bastante força, ela disse que lutaria por ele e ajudaria a montá-lo com a condição de que fariam o site não chamar atenção para a magia de Boring.

Depois de um debate leve (que Wajima suspeitava esconder um debate real), eles permitiram algumas referências atrevidas à sua natureza mágica que pareceriam apenas pequenas piadas divertidas para qualquer pessoa na internet. Por exemplo, Cobre, a foca, continuava sendo o mascote de Wilson e, no site, sua personalidade era descrita como "elétrica". A Fundação achava isso indesejável, mas aceitável. Desde que a Soluções Silvestres continuasse a manter seus aspectos mais místicos por trás da máscara, a Fundação manteria suas mãos longe do site. Bem, exceto por meio de Wajima. Mas não era exatamente a mesma coisa.

De qualquer forma, a atenção do público certamente levantou algumas questões interessantes.


8: Agente Secreta, Nova Socialite do Wilson


Devia ser a quinquagésima venda de assados naquele mês. O Wilson adorava fazer vendas de assados e, para ser sincero, Wajime estava ficando cansada disso. Mas ela nunca perdia um evento do Wilson e sempre era uma das primeiras a dizer que ela mesma administraria a venda. Ela, bem, não ofereceu essa ajuda desta vez, porque, como foi dito, tinha havido muitas vendas de assados. Desta vez, porém, ela estava pronta para ficar por perto porque um bom amigo dela, Gary Harp, foi quem assumiu a tarefa. Ela sabia em primeira mão como isso podia ser entediante e repetitivo, e ela não gostaria que Gary sofresse o mesmo destino que ela.

Com isso, Wajima estacionou o carro do outro lado da rua de onde Gary estava, em frente à Igreja The Road to Samascus da cidade. Era um domingo e eles esperavam que um bom número de pessoas passasse. Mas não era segredo que as vendas de assados vinham rendendo cada vez menos dinheiro, talvez devido ao número delas. Talvez devido ao fato que as pessoas só conseguem fazer biscoitos com entusiasmo um determinado número de vezes. Talvez algum outro fator não pensado estivesse em jogo. Quem realmente sabia?

Wajima abriu o porta-malas de seu Toyota vermelho, puxou uma cadeira dobrável, algumas batatinhas fritas, um sanduíche para depois, uma garrafa grande de refrigerante e dois copos. Então, depois de fechar (com alguma dificuldade) o porta-malas, ela foi até Gary. Gary parecia não ter notado ela ainda e tamborilava com os dedos na mesa.

"Ei," gritou ela para ele enquanto atravessava a rua, "Achei que você gostaria de companhia!"

A cabeça de Gary se virou em sua mão. "Ei. obrigado, Hagi."

Wajima colocou uma cadeira ao lado dele, colocou a garrafa de refrigerante no chão com os dois copos de cabeça para baixo em cima, abriu o saco de batatinhas fritas, colocou o mesmo saco de batatinhas fritas na mesa junto com seu sanduíche em uma caixa, e então se recostou na cadeira. "Então, como vai?"

"Terrível."

"Ah," Wajima balançou a cabeça, "parece. Os negócios provavelmente vão melhorar quando a igreja acabar. Certo? Quem pode resistir a biscoitos depois da igreja?"

Gary suspirou. "Isso é fácil, ao que parece. Não é como se não tivéssemos feito isso antes. Toda vez, as vendas caem." Gary mexia com um biscoito. "Pelo menos ficamos com bastantes produtos de confeitaria extras para nós mesmos, mas isso é uma verdadeira perda de tempo." Gary puxou uma bochecha para dentro, pensando, e então comeu o dito biscoito. "Eles são bons."

"Temos batatas fritas, sabe. Não precisa comer os produtos."

"Mas os produtos são muito bons."

"Verdade. Parece a quinquagésima venda de assados este mês."

"Parece a trilionésima venda de assados esta semana."

"Opa, parceiro, esses números estão ficando um pouco altos."

"Seu número ainda era mais de uma vez por dia."

"Er, sim, isso fazia parte da piada."

Gary pegou um donut e começou mexer com ele.

"Então," Wajima viu uma oportunidade de bisbilhotar, "por que você acha que ele tem feito todas essas vendas de assados? Não é como se estivéssemos sem fundos ou algo assim. Ainda estamos recebendo doações bem generosas." Bem grandes, sim, da Fundação ainda por cima. "Isso parece desesperado."

"Isso é desesperado. Acho que você não veria tanto."

"Ver o que?"

"Alguns dos problemas nos abrigos." Gary se virou em sua cadeira para ficar de frente para Wajima. "Você é nossa botânica, e uma trabalhadora de campo, e uma operadora do site. Já faz bastante tempo que você não está nos abrigos."

"Verdade. Não precisa ficar com raiva por causa disso."

"Desculpe, só um pouco irritado."

"Você está fazendo isso voluntariamente, certo?"

Gary finalmente parou de mexer com os produtos assados e pegou as batatinhas. "Só para que ninguém mais precisasse. Se importa de me passar o refrigerante? Obrigado. Sim, é só que…" Gary parou enquanto se servia um pouco de refrigerante. Os pássaros cantavam, uma brisa leve soprava, as folhas farfalhavam, e muito, muito fracamente, podia-se ouvir o gritar de um reverendo de dentro da igreja.

"É só que o quê?"

"Bem, não estamos tendo problemas financeiros! Dinheiro é a menor de nossas preocupações! Então você acharia que algumas coisas seriam mais claras por aqui, sabe? Eu poderia, ugh, poderia sair pela tangente. Do Tim. Acho que ele realmente não é bom em organizar pessoas, sabe? Ele simplesmente não é. Mas, embora isso seja um problema, não é o principal."

Uma pausa. "E ele seria…?"

"O fato que estamos lidando com esse negócio de magia, aqui, Hagi. Há um limite para o que se pode fazer para manter coisas mágicas sãs e salvas. Nós não temos mágica, e eles têm. É doloroso, às vezes, sabe?" Gary tomou um gole de refrigerante. "Só parece que estamos um pouco perdidos, só isso. Tim acha que deve ser o orçamento. Então," Gary gesticulou enfaticamente para a venda de assados, "tudo isso. Ele está pirando com isso. Posso nem dizer que ele está exagerando, só indo na direção errada."

Wajima franziu a testa. "Qual seria a forma correta?"

Gary bebeu mais refrigerante e demorou um bom tempo para engolir. "Eu, uh. Não sei. Não sei se sabemos. É isso que é um pouco assustador. Cobre ainda não tem amigos, tanque todo pra ele. Temos que apagar um incêndio de vez em quando. Pelo menos a gente vê que vai acontecer, podemos apagá-lo, ninguém se fere, tirando alguns animais. Nós só, não sabemos o que fazer. E não podemos simplesmente soltá-los de volta na natureza, digo, se eles começarem incêndios aqui, pelo menos estamos aqui para apagá-los, não podemos deixar que eles comecem incêndios por aí… alguns deles se teleportam, alguns deles são literalmente difíceis de olhar, alguns deles temos dificuldade em lembrar e param de ser alimentados por alguns dias e nos sentimos tão mal quando damos de cara com eles de novo.

"Como eu disse, ninguém se feriu e nenhum animal morreu, exceto de causas naturais, mas… parece que construímos um castelo de cartas que vai desabar sobre nós, sabe? Nossa estrutura é frágil, e em algum ponto, vamos desmoronar. Acho que Tim percebeu isso, mas ele não sabia o que fazer, então, para acalmar sua mente, ele culpou o orçamento, e agora estou aqui vendendo esses malditos biscoitos que ninguém quer."

Wajima estava prestes a perguntar o que eles fariam a respeito disso, quando percebeu que ele não fazia ideia. Era esse o problema. Ninguém tinha ideia alguma. E ele estava certo… ao se posicionar para estar mais envolvida com o trabalho de campo (às vezes havia anomalias que a Fundação realmente preferia ter, e Wajima regularmente fazia interferências), e mais envolvida no site, ela havia se afastado de algo que a Fundação gostaria de saber muito mais sobre: quão bem sua contenção estava indo. Wajima ficou… talvez desencorajada ao ouvir essas notícias. Mas não era inesperado. De fato, uma das principais críticas que muitos dos superiores tinham era o fato do Wilson estar se sobrecarregando e que, em algum ponto ou outro, a Fundação se arrependeria seriamente de ter confiado nele.

Até o momento, essa dúvida tinha sido afastada por um desempenho excepcional da parte do Wilson, e sua inclinação para manter a máscara, além da Fundação ter um agente entre seus cargos (eles ainda estavam tentando encontrar um segundo agente para se intrometer e se juntar à Wajima, mas o projeto havia sido adiado por tanto tempo pois ninguém o colocara no topo de sua lista de prioridades, apesar dos pedidos de Wajima), e da economia da Fundação por causa da existência do Wilson.

De fato, não se podia considerar o Nexus 17 como estando na jurisdição de ninguém além da do Sítio-64, e o Sítio-64 era o sítio principal para lidar com Três Portlands, sua "cidade irmã" na primeira e única cidade de Portland, Oregon, e então tinha os muitos acontecimentos do resto da metade oeste de Oregon. A metade leste era mantida principalmente pela Área-12, um sítio com orçamento menor e menos tarefas, que não parecia adequado para monitorar o Nexus 17 mesmo se estivesse na área. Desta forma, o Sítio-64 já tinha muito o que fazer sem ter que conter tudo dentro do Nexus 17, e um grupo de interesse intervindo para fazer isso por conta própria os fez perdoar, ou talvez a melhor palavra seria ignorar, as falhas da Soluções Silvestres do Wilson.

Raciocinando que o Nexus 17 aparentemente nunca produziu nada seriamente perigoso de qualquer forma, a Soluções Silvestres foi autorizada a existir, e o Conselho O5 apoiava essa decisão (embora seja de notar que foi uma decisão apertada de 7 a 6). Wajima ficou subitamente um pouco estressada com o que poderia acontecer com a organização ou com o que a Fundação teria de fazer caso tudo realmente desmoronasse…

Mas, visto que ela era leal tanto à Fundação quanto ao Wilson (embora a Fundação claramente estivesse em primeiro lugar), uma coisa era certa.

"Temos que discutir isso com o Tim, então, certo?"

"Ugh. Sim. Temos." O lábio superior de Gary se curvou em desgosto. "Deveria ter feito isso antes, mas eu não queria."

"Difícil responder ao chefão."

Gary começou a sorrir novamente. "Ele é simplesmente tão alegre. Criticá-lo é como socar um bebê."

Gary e Wajima riram.

"Certo, quer ir para casa mais cedo como forma de protesto e levar isso aos superiores?"

"Sim," Gary se levantou, "sim, eu gostaria." Gary jogou a perna para trás e então em direção à mesa, mas — de repente, parou, fazendo apenas alguns biscoitos tremerem, e disse: "devíamos comer esses biscoitos e donuts e croissants primeiro. Como uma forma de protesto, é claro."

"Claro."

Gary voltou a se sentar. "Sim, vamos."


9: Senhor Chefe e Senhora Agente Falam de Negócios


O pequeno barulho de "bling" que indicava que a secretária de Edgar Holman estava prestes a lhe dizer algo pelo alto-falante em sua mesa o acordou de seu hábito atual de cochilar.

"Agente Wajima Moyumi está aqui para vê-lo. Estava marcada para as 8 da noite, veio mais cedo porque diz que está um pouco apressada. Diz que pede desculpas pelo transtorno."

Edgar esfregou o sono dos olhos. Ele não estava nem na metade desta lista de papéis grossa como uma lista telefônica sobre uma divisão mais definitiva de responsabilidades entre a Unidade de Incidentes Incomuns e a Fundação SCP em relação a Três Portlands. Algo a ver com uma droga anômala e o traficante anômalo, interesses conflitantes por parte da Fundação e da UIU. A Fundação queria manter a droga como um SCP, a UIU queria deter o traficante, uma coisa levou à outra a Fundação e a UIU bateram de frente, e havia resultado em uma quantidade inacreditável de revisões em relação aos seus acordos em Três Portlands. Aconteceu que nada levava em conta essa situação.

Mas o Diretor de Sítio Holman não estava realmente em sintonia com isso, porque ao mesmo tempo, o Sítio-64 tinha entrado em mais outra disputa com a Área-12, à qual Holman estava prestando mais atenção porque a Área-12 estava sendo verdadeiramente babaca sobre isso sendo que eles já tiveram esse debate alguns anos atrás, e o resolveram na época! O Diretor de Sítio Holman tinha a suspeita de que a Área-12 estava buscando se tornar um sítio mais proeminente e que eles tinham decidido que o Sítio-64 era seu concorrente direto. Essa mentalidade, pensou Holman, era tão grosseiramente contrária aos ideais e propósitos da Fundação que… isso… bem, pensar nisso ocupava muito de seu tempo. E o mantinha acordado. E não permitia que ele gastasse muita energia na questão de Três Portlands.

"Sr. Holman?"

"Sim, sim, desculpe," Edgar beliscou a ponta do nariz, "mande ela entrar." Eram só 19:45, então ela não tinha chegado tão cedo ao ponto de irritar Holman. De fato, seu aparecimento súbito pode ter evitado que ele repentinamente ficasse "fora de serviço" no trabalho.

Wajima Moyumi entrou no escritório, estendeu a mão, apertou a mão de Holman, e colocou uma maleta ao lado dela e sentou-se.

"Olá, Sr. Holman, estou aqui com preocupações em relação à Soluções Silvestres do Wilson."

Puta merda. "E estou aqui para ouvir. Quais seriam essas preocupações?"

"Bem, senhor, nós dois sabemos que eles não estão com poucos recursos. Garantimos que eles sempre tenham dinheiro suficiente para continuar com suas operações."

"Certo."

"Mas também sabemos que eles contêm uma série de animais anômalos, alguns dos quais, se estivessem sob nossos cuidados, seriam contidos de forma diferente."

"Claro."

"Bem, estou aqui para te dizer que eles desejam conter 'de forma diferente', mas que eles não têm os meios para isso."

Holman ergueu uma sobrancelha. "Elabore?"

"A tecnologia, senhor. Eles não têm a tecnologia correta para conter com sucesso todos os seus espécimes. Como exemplo, eles têm um sapo venenoso, chamado Hyde, que pode se teleportar, e eles não têm um bom jeito de mantê-lo dentro. No momento, eles desistiram e ele está solto na natureza em algum lugar."

"Tenho certeza de que uma equipe de busca e resgate pode ser enviada para buscá-lo e podemos tentar acomodar o sapo no Sítio-64."

"Isso não é tudo. Eles têm um gato, malhado, que é difícil de lembrar. Eu consigo me lembrar devido ao meu treinamento, que leva em consideração resistência memética e antimemética leve. No entanto, eles não têm isso. O gato malhado, acho que o nome dela é Roofy, passa dias sem ser alimentada às vezes."

"Se ela é difícil de lembrar, talvez você mesma possa extraí-la? Você tem sido uma agente excepcional, se a única propriedade anômala do gato é ser difícil de lembrar, tenho certeza de que poderíamos simplesmente que permitir ele seja um animal de estimação —"

"Não é exatamente esse o meu ponto," Wajima fez uma pausa. "Desculpe pela interrupção, mas o ponto é que tudo isso pode ser tratado caso a caso, mas juntos, a Soluções Silvestres do Wilson está começando a ficar sobrecarregada, e acho que temos que fazer algo sobre isso."

"O que exatamente devemos fazer, Agente Moyumi?"

Wajima respirou fundo. "Não tenho certeza. Não sou uma especialista em contenção, nem estrategista, nem nada disso. Sou só uma agente de campo, relatando a você o que vi. Já contei à equipe de pesquisa do Nexus 17, e espero que você possa apreciar minha preocupação."

"Então deixe a equipe do Nexus 17 cuidar disso. Se eles não descobrirem algo até a metade do próximo mês, poderei considerar mais completamente suas preocupações. Atualmente, no entanto, o Sítio-64 tem problemas maiores para tratar." Holman esfregou os olhos mais uma vez.

"Com todo o respeito, senhor, não confio na equipe de pesquisa do Nexus 17. Faz anos que eles deveriam me dar um agente para ajudar, e eles nunca tiveram tempo para isso porque as coisas estão indo 'bem'. Eu já expressei minhas reclamações e solicitei mais uma vez por um agente para me ajudar, mas eles têm adiado isso. No entanto, eles têm que passar por você e Agente William Johnson, talvez a culpa esteja em vocês dois."

Wajima se surpreendeu. A expressão de Edgar permaneceu dura.

"Tudo o que estou dizendo é que acho que nós vamos nos arrepender muito de não lidar mais com este problema e não tenho conseguido obter a assistência de que preciso das fontes normais, por isso estou falando com você. Por favor, considere isso."

Holman passou a mão na testa.

"Certo. Se você escrever um relatório formal sobre suas preocupações e trazê-lo, posso levá-lo ao Conselho de Diretores. Mas isso não vai acontecer este mês, posso dizer a você agora," Wajima lutou contra a vontade de olhar feio. "E acredite em mim quando digo que isso não é porque estou adiando o problema. Estamos simplesmente muito ocupados no momento." Vendo Wajima prestes a abrir a boca. "Outra disputa de território com a Área-12, e algumas coisas que não estão dentro de sua autorização para saber. Mas não posso considerar isso sem a papelada adequada. Você pode obter os formulários com minha secretária."

"Obrigada, obrigada Sr. Holman, senhor. Vou mandá-los para você dentro de uma semana."

Enquanto Wajima se levantava: "Não se sinta apressada. Como eu disse, provavelmente não vai acontecer por mais um mês. Talvez levar mais tempo permitirá que você examine mais a fundo e relate a situação. Se cuide."

"Tenha um bom dia, Diretor Holman, senhor."

Holman ergueu a mão em um gesto de despedida lamentavelmente cansado que Wajima não teve tempo de notar enquanto saia.

"Bem, isso não serviu pra nada," pensou Holman consigo mesmo, "pra nada além de colocar mais no meu prato." Edgar suspirou. O que ele realmente precisava agora eram algumas pílula de cafeína. Não mais trabalho.


10: A Gota D'água


Em torno de uma mesa oval, em uma sala de reuniões monótona forrada de preto obsidiana, sentavam-se, no sentido horário, Diretor de Sítio Edgar Holman, Diretora Assistente de Sítio Dr.ª Sarah O'Connell, Diretor Asssistente de Funcionários Cameron Miles, Diretora Assistente de Instalações Dr.ª Milena Lopez, Diretor Assistente de Pesquisa Dr. Avery Sanchez, Diretora Assistente de Contenção Sophia Turner e Diretor Assistente de Forças-Tarefa Agente William Johnson. Para quem era familiar, seria óbvio que era, mais uma vez, o Conselho de Diretores fazendo sua reunião semanal de domingo.

Exceto que, calma, não. Era uma terça-feira, e isso era uma reunião de emergência, convocada por Edgar Holman sem aviso prévio. Todos tinham acabado de chegar e as pessoas estavam em estados variados de irritação, confusão, preocupação e assim por diante. O que poderia ser tão importante?

Diretor de Sítio Holman se levantou e esperou por silêncio.

"Obrigado a todos por chegarem aqui tão rapidamente," Edgar começou, assim que o murmúrio diminuiu, "lamento mesmo o transtorno. Se algum de vocês estava no meio de sua própria situação de emergência, você pode voltar a ela, mas todos vocês sabem disso. Grato por todos vocês terem comparecido. Agora, não me deixem devagar."

"É sobre o Nexus 17."

Edgar engoliu em seco.

"É sobre a Soluções Silvestres do Wilson."

Pensando que isso deve ser algum tipo de piada, ou que não vale a pena, vários membros do conselho gemeram, suspiraram ou expressaram irritação. De fato, parecia haver coisas muito mais importantes acontecendo. Holman observou aqueles que não demonstraram tal desrespeito. Essas eram as pessoas que confiavam mais em seu julgamento. Bom saber, para mais tarde.

"Agora, eu sei que parece ridículo. Mas, se não fosse pela Unidade de Incidente Incomuns limpando a bagunça do Wilson — não, limpando nossa bagunça — a Soluções Silvestres do Wilson teria sido notícia nacional. Não, notícia internacional, visto que vivemos na era da internet. Toda notícia é notícia internacional. E foi isso que aconteceu. Estávamos a um dia de não-interferência de uma campanha de desinformação global."

A sala ficou parada.

"Certo, então, detalhes. Ainda estamos descobrindo. O resumo, porém, é que a Soluções Silvestres encontrou um urso polar que era anti-entrópico."

Alguém perto dos fundos: "Um urso polar? No Oregon?"

"Sim, um urso polar, no Oregon. Eles encontraram focas no rio, rãs da selva nas árvores, já passamos do ponto de perguntar como eles todos vão parar lá. É um nexus, pelo amor de deus. Mas sim, um urso polar. Anti-entrópico. Certo, talvez um físico na sala pudesse nos dizer por que isso seria uma coisa muito, muito ruim?"

A sala ficou em silêncio.

"Correto, não sabemos de fato. Não até conseguirmos contato com alguém qualificado, e só ficamos sabendo disso um pouco atrás. Nem ouvimos falar disso, até a UIU nos chamar e perguntar 'onde estão vocês?'. Tenho certeza de que todos devem ver como isso foi constrangedor. Aparentemente, para encurtar a história, o 'Incidente Ursus Maritimus' causou a morte do proprietário e de um funcionário de uma empresa de armazenamento, o congelamento de metade de Boring, incluindo a Prefeitura, e as mortes de dois agentes da UIU. O urso ficou absorvendo calor, até ficar claro demais para olhar, e então decidiram que tinham que atirar nele, o que o explodiu e atingiu parte da sede da Soluções Silvestres do Wilson, neutralizando três de suas anomalias, uma das quais era o mascote, Cobre, e ferindo gravemente um voluntário lá. Alguém chamado Sarah Gardner.

"Aquilo era uma bomba nuclear esperando para acontecer. A Soluções Silvestres interferiu tentando conduzir o urso para suas próprias instalações, por quem sabe qual razão. Como eles poderiam ter assumido que tinham a capacidade de conter aquilo está além de mim, mas ninguém pode dizer que eles não tentaram. Dois da equipe deles pegaram pneumonia por causa disso. Agora, é claro, não temos ideia de onde saiu esse urso polar, como ele não foi percebido antes, quando suas propriedades anômalas se manifestaram, etc. Mas, puta merda, deveríamos estar liderando isso. E tivemos que terceirizar o problema para a UIU antes mesmo de sabermos. Aparentemente, a Agente Wajima Moyumi estava muito ocupada tentando realizar uma interferência que ela não pôde nos contatar. Ajudaria se tivesse, digamos, outro agente com ela."

Edgar lançou um olhar mascarado para William Johnson.

"E vocês sabem o quê? Como um presente, de nós para a UIU por cobrir nossos rastros, vamos dar a eles as drogas de Três Portlands. Ordem executiva."

Três pessoas pareciam estar prestes a explodir com coisas a dizer… coisas irritadas, tristes, arrependidas, sarcásticas, inúteis, e Holman teve que deixar claro que não haveria discussão balançando bruscamente a mão sobre a mesa.

"Agora. Eu sei que pareci com raiva. Mas é minha culpa também. Se não, totalmente. Eu gostaria de, agora, assumir a culpa pelo infeliz incidente com a Soluções Silvestres. Havia coisas fora do meu controle, claro, mas havia coisas sob meu controle também, que eu ignorei em favor de 'projetos maiores'. A Área-12, Anderson, Portland, para citar alguns. A Soluções Silvestres simplesmente me escapou, como tenho certeza de que escapou a maioria de nós.

"Mas agora, está claro, não podemos ser apenas uma influência sobre eles. Não podemos operar isso dos bastidores. Se quisermos fazer isso funcionar, teremos que interferir diretamente em suas ações. Nós — eu — não posso esperar mais. Então, como simplesmente não temos tempo para discutir isso por completo, essas são minhas ordens. Se vocês acharem que elas vão contra a política da Fundação, vocês podem levar isso ao Conselho O5 depois que tudo acabar. Entendido?"

Alguns resmungos, "mm"s, afirmações positivas e negativas.

"Bom. Agente William Johnson, você irá compor uma força-tarefa para futuras interações com o Nexus 17. Supondo que você tenha Beta-4 ainda reservado de séculos atrás, você está livre para usar a designação. Cameron Miles, você deve reunir uma equipe diplomática da equipe do sítio. Isso deve incluir os chefes da equipe de pesquisa do Nexus 17, um ou dois agentes para intimidação e status imediato, e Sophia Turner. Sua equipe diplomática se reunirá com os agentes da UIU que atualmente ocupam a sede da Soluções Silvestres do Wilson, bem como, com sorte, alguns funcionários da Soluções Silvestres.

"Depois disso, aguardem mais instruções. Todos a quem não dei uma tarefa podem ficar aqui e podemos discutir o que precisamos fazer com a Soluções Silvestres do Wilson. Está tudo claro?"

A sala balançou suas cabeças, e os indicados foram dispensados. William, Cameron e Sophia se dispersaram, deixando um Conselho de Diretores quase dividido pela metade. Assim que as portas se fecharam atrás do último a sair, Edgar Holman sentou-se em sua cadeira.

"Certo, agora. O que devemos fazer?"

A sala começou a discutir, questionando seus recursos disponíveis, suas intenções, suas finanças, seus projetos atuais, como um olhar mais atento sobre a Soluções Silvestres ocuparia seu tempo e energia. O debate foi acalorado, mas profissional. As opiniões foram controversas, mas nenhuma idiota. Quanto mais discutiam, mais uma coisa ficava clara:

A Soluções Silvestres do Wilson não seria de forma alguma destruída.

Pelo contrário, ela seria usada.

Com um envolvimento mais direto, a Fundação poderia garantir que eles fizessem seu trabalho corretamente e usar suas conexões com o público para aliviar custos e fornecer um método conveniente para obter conexões com a comunidade anômala. Sim, se a Fundação fizesse as jogadas certas, a Soluções Silvestres poderia ser mais do que apenas uma ajuda passiva, mas realmente benéfica para o dia a dia.

Uma ferramenta.

Claro, eles tinham visto o que tinha acontecido com a Soluções Silvestres quando os deixaram por conta própria. Teria que haver restrições estritas ao grupo, e talvez a força-tarefa que William iria organizar pudesse ajudar a supervisionar diretamente suas ações. De fato, parecia uma boa decisão no papel.

Depois de horas de debate, finalmente, eles chegaram a uma conclusão. E, após dias de diplomacia e interações, a Fundação SCP e a Soluções Silvestres do Wilson chegaram a um acordo.




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