A maior parte do trabalho principal do Projeto CORAÇÃO DO INFERNO foi desenvolvida pelos Laboratórios Prometheus. Devido à política de compartimentação do Pentagrama, ninguém dos Laboratórios Prometheus jamais foi capaz de ver o horrível panorama por completo. Somente nos laboratórios do próprio Pentagrama o projeto foi totalmente montado. No entanto, devido à compartimentação da informação, múltiplos defeitos importantes foram introduzidos no sistema devido a interações emergentes entre os sistemas díspares que nunca foram concebidos para funcionarem juntos. Os efeitos destes defeitos culminaram no incidente do Porto Holandês, uma ameaça classe AMIDA à máscara.
Simon Pietrykau,
Sítio 64, Departamento de Analítica
PEDIDO DE AQUISIÇÃO DE UM SISTEMA DE CONTROLE CIBERNÉTICO PARA CETÁCEOS
PROBLEMA
Reconhecimento subaquático é um problema grande enfrentado pelo exército dos EUA. Pesquisa e desenvolvimento mundanos concentraram-se em tornar os submarinos menos visíveis ao sonar e em reduzir mecanismos de varredura ativa que poderiam revelar a localização do veículo. Contudo, poderia ser mais benéfico aproveitar um ponto cego no reconhecimento dos nossos adversários, infiltrando-se por meio da fauna aquática já presente. Tal sistema pode usar um sonar muito mais ativo do que um submarino sem ser considerado anormal.
ESPECIFICAÇÕES
- O dispositivo deve poder ser instalado em um cetáceo sem cérebro.
- Os principais alvos incluem: baleias de minke, golfinhos-comuns, golfinhos de bico branco, golfinhos riscados, baleias-brancas e cachalotes.
- O receptor deve ser capaz de se comunicar com um transmissor armazenado no quartel-general naval, fazendo uso de ondas ELF1 ou propagação de ondas celestes.
- O dispositivo deve ser capaz de controlar o movimento do cetáceo e retransmitor o sentido de visão e o sonar natural do cetáceo para a estação base.
- O dispositivo não deve alterar o perfil sonar do cetáceo nem produzir emissões perceptíveis.
- Na ausência de ordens, o cetáceo deve agir como um cetáceo normal.
- Se possível, o cetáceo deverá ser capaz de se defender de um adversário tecnológico sem comprometer o perfil.
SOLUÇÃO PROPOSTA
Uma unidade computacional transistorizada atuará como unidade de comando e controle do sistema. Injetar fragmentos de alma de cetáceo nesta unidade permitirá que o comportamento padrão do cetáceo seja natural. Esta unidade de controle terá interface com o sistema nervoso do cetáceo para controlar o organismo e receber informações sensoriais.
A unidade de controle terá interface com uma unidade de memória emaranhada taumaturgicamente com outra unidade de memória, de modo que mudanças em uma levem a mudanças na outra. Isto permitirá a comunicação instantânea entre o quartel-general naval e o sistema. Um sistema de rádio secundário será usado em caso de interferência taumatúrgica.
Proteção pode ser obtida por meio de placas de titânio conectadas ao sistema esquelético do organismo. Mecanismos secundários de autodefesa envolvem torpedos, embora estes irão necessitar de manutenção frequente. Um laser biológico infravermelho de baixa potência produzido pela NCD Procurement (o Laserbore) será usado como sistema de mira anti torpedo. Por fim, a massa do cetáceo atuará como uma arma de impacto útil.
POSSÍVEIS PROBLEMAS
- Como estes sistemas carecem de supervisão humana direta, sempre há o risco de interferência externa ou de uma falha de comunicação, o que tornaria os ativos de pouca confiança no meio-termo.
- Precipitação radioativa é uma grande preocupação em qualquer cenário de 'guerra quente'. No entanto, devido à eficiência da água como escudo contra radiação, precipitação radioativa não é considerada uma ameaça às operações com cetáceos.
- A manutenção necessária para os torpedos vai contra o objetivo do projeto. Embora este não seja um recurso obrigatório, o que significa que eles podem ser descartados.
CUSTOS ESTIMADOS
- $50 milhões para o desenvolvimento do sistema cibernético.
- $20 milhões para a integração do sistema cibernético.
- $30 milhões para o desenvolvimento da integração da armadura de titânio.
- $5 milhões para a integração dos torpedos e do laser.
- Propõem-se $20 milhões para lucro.
Os custos por unidade serão determinados quando o sistema for desenvolvido. O custo estimado atual é de $10 milhões por unidade.
PEDIDO DE AQUISIÇÃO DE ENRIQUECIMENTO ISOTÓPICO BIOLÓGICO
PROBLEMA
O maior obstáculo atual à produção de sistemas nucleares é o enriquecimento de urânio. Devido à necessidade de centrifugação dispendiosa, o custo do urânio enriquecido é quase inteiramente devido à separação isotópica. Como tal, abordagens de baixo custo para fracionamento isotópico estão sendo procuradas.
Isto permitirá dispositivos nucleares mais baratos para utilização tanto em aplicações de defesa como em diversas aplicações civis de energia atômica, tais como geração de energia, escavação de canais ou foguetes.
REQUISITOS
- O sistema deve ser capaz de separar urânio, lítio e hidrogênio em seus componentes isotópicos.
- O sistema deve ser de natureza biológica e requerer apenas matérias-primas biológicas normais.
- O sistema não deve exigir sistemas de constrição esotéricos ou anômalos para ser produzido.
SOLUÇÃO PROPOSTA
As enzimas, devido ao efeito isotópico cinético2, são naturalmente capazes de enriquecimento isotópico. O problema é que este efeito é puramente cinético e não termodinâmico (o que significa que apenas a velocidade da reação muda, e não as proporções finais, caso se permita atingir o equilíbrio). Como tal, o sistema deve ser mantido em constante desequilíbrio.
Como tal, para iniciar a separação isotópica, uma cadeia de células isoladas é planejada, com cada célula proporcionando uma alteração bem pequena na concentração isotópica. Isto permitirá o enriquecimento isotópico ao ter uma leve preferência pelo isótopo de interesse fluindo em uma direção sobre a outra.
Nosso mecanismo proposto para o enriquecimento cinético de metais é a adição e remoção do isótopo dos criptandos3. Isto seria seguido pelo transporte seletivo de criptandos através de barreiras celulares.
O enriquecimento de deutério será realizado por transferência de hidretos de e para hidrocarbonetos terciários.
POSSÍVEIS PROBLEMAS
- Ninguém jamais tentou projetar uma enzima para isolar isótopos, como tal, não há como saber a eficácia da fratura isotópica em números atômicos elevados.
- Sabe-se que enzimas personalizadas apresentam complicações e obstáculos imprevistos na produção e engenharia, levando a uma forte possibilidade de estouros de custos.
- Qualquer sistema conhecido para fracionamento isotópico metálico exigirá cofatores enzimáticos especializados que acrescentam ainda mais espaço para falhas.
- O sistema deve ser assimétrico em relação à direção em que os isótopos fluem. O desenvolvimento de assimetria em organismos biológicos apresenta tradicionalmente dificuldades significativas.
CUSTOS ESTIMADOS
- $200 milhões para cerca de 20 enzimas a $10 milhões por enzima.
- $5 milhões para equipamentos de engenharia genética variados.
- $2 milhões para uma bio impressora da marca Amrita.
- $4 milhões para um sistema de incubação inteligente Amrit (SIIA).
- Propõe-se $50 milhões para lucro.
PEDIDO DE AQUISIÇÃO DE UM DISPOSITIVO TELLER-ULAM BIOLÓGICO
PROBLEMA
A doutrina atual determina que serão necessárias armas nucleares táticas para defender a Europa de uma invasão soviética. Devido ao custo proibitivo da manutenção de ogivas nucleares, é proibitivamente dispendioso instalar minas terrestres nucleares em todos os locais estratégicos.
Como tal, propomos um sistema biológico autônomo para a defesa atômica da Europa continental. O caso de uso proposto aqui é que dispositivos nucleares subterrâneos sejam usados como armas de negação de área, juntamente com uso secundário no Projeto PLOWSHARE. Devido à provável massa grande necessária, essas armas só podem ser usadas em funções defensivas.
REQUISITOS
- O sistema deve ser um sistema puramente biológico que possa construir um explosivo atômico a partir de U-235/U-238 aquoso e outros componentes dissolvidos.
- O sistema também deve ser capaz de desencadear um explosivo secundário de fusão termonuclear.
- O sistema deve possuir um gatilho biológico para detonar.
- O sistema deve falhar com segurança em ambientes perigosos para evitar detonações acidentais.
- O sistema deve seguir os Tratados de Cessação de Para-armas de 1963.
SOLUÇÃO PROPOSTA
O sistema biológico construirá um núcleo poroso de óxido de urânio através de procedimentos padrão de deposição ósseo. As células envolvidas serão chamadas de "Uranoblastos" (por formarem carbóxido de urânio) e "Uranoclastos" (por solubilizarem carbóxidos de urânio para manter a subcriticalidade). Uma câmara separada cheia de água pesada (atuando como moderador de nêutrons) misturada com sais de lítio-6 será mantida.
Para a detonação, a água pesada será injetada na câmara que contém a massa subcrítica de urânio. Isso preparará o núcleo, levando-o à quase criticalidade, evitando a criticalidade imediata4. Uma contração muscular rápida e precisa induzirá cavitação no núcleo, fazendo com que o núcleo se torne supercrítico e induzindo uma explosão nuclear. A grande concentração de lítio-3 e deutério na câmara atuará como um impulsionador nuclear e um explosivo termonuclear secundário conforme o método Teller-Ulam padrão.
POSSÍVEIS PROBLEMAS
- Se os uranoclastos não funcionarem, o urânio se acumulará até a esfera atingir o nível crítico, induzindo um colapso nuclear. Este processo evitará uma detonação, porém matará o hospedeiro biológico.
- Devido ao grande número de dispositivos contra falhas, há múltiplas formas pelas quais este sistema pode falhar em detonar.
- Por outro lado, devido ao componente de criticalidade imediata da sequência de detonação, danos no saco de água pesada podem levar à inundação da câmara por água pesada. Caso isso ocorra, o núcleo sofrerá um colapso nuclear, causando precipitação nuclear significativa.
- Para evitar isto, é vital que qualquer utilização deste dispositivo seja reservada exclusivamente para uso civil, conforme o Projeto PLOWSHARE. Caso seja necessário utilizar este sistema numa zona de conflito, é imperativo que o sistema esteja devidamente protegido, preferencialmente por um bunker.
- O urânio é naturalmente tóxico como metal pesado, embora existam organismos biológicos que o utilizam como fonte de combustível químico, o que significa que é possível desenvolver imunidade.
CUSTOS ESTIMADOS
- $300 para engenharia celular.
- $50 milhões para reengenharia estrutural.
- $100 milhões para obter urânio enriquecido.
- Propõe-se $70 milhões para lucro.
Ao longo desta operação, o Pentagrama não mediu esforços para garantir a oclusão de seus objetivos finais com este projeto. As peças individuais foram distribuídas a departamentos separados dentro da Prometheus, as comunicações foram cuidadosamente elaboradas para evitar suspeitas, e a peça final do quebra-cabeça nunca foi revelada — um artefato atlante recuperado, codinome Columbia. O artefato biomântico é a peça que falta que lhes permite dar à luz cetáceos cujos corpos podem aguentar as modificações. Essas criaturas poderiam nadar até portos sem serem detectadas, disfarçadas de baleias normais, e detonar-se em uma enorme explosão termonuclear. Os alvos esperados eram Leningrado, Sabastopol, Odesa, Novosibirsk, Vladivostok, Gdańsk, Szczecin, Świnoujście, Riga e Murmansk, entre outros portos na Alemanha, Romênia e outras nações do Pacto de Varsóvia.
Problemas surgiram mais tarde. Em primeiro lugar, a unidade de controle foi exposta a mais radiação do que o teorizado. Como essas criaturas tiveram seu metabolismo substituído por um pequeno reator nuclear, a unidade de controle recebeu muito mais radiação do que o sistema foi projetado para aguentar. A falha do sistema de controle foi determinada como a causa mais provável do ataque do Porto Holandês.
A outra falha importante foi a esterilização dos ativos ou a falta da mesma. Muitas das modificações eram biológicas e, mais importante, hereditárias. Como tal, há uma nova potência nuclear na nossa Terra, e ela não é humana.
Felizmente, há uma falha fundamental na bioquímica da construção do núcleo que deverá permitir a neutralização generalizada destas baleias. Para mais informações, consulte Projeto CHERNOBYL CATALÍTICO.
Simon Pietrykau,
Sítio 64, Departamento de Analítica
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