SCP-012-PT

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Procedimentos Especiais de Contenção: O indivíduo presentemente hospedando SCP-012-PT-X deve permanecer sob custódia da Fundação, alojado no Sítio PT17 em um dos complexos de reabilitação de humanoides anômalos. Um obstetra designado será responsável pelo acompanhamento médico semanal de SCP-012-PT-X e seu hospedeiro, prestando auxílio nos momentos antes, durante e imediatamente após o parto de SCP-012-PT-X.

Uma vez parido, SCP-012-PT-X deve ser realocado para uma UTI neonatal disponível, onde receberá os cuidados necessários até o momento da realização do Procedimento UW Fleury-21. Uma vez realizado, o antigo hospedeiro receberá amnésticos Classe-C e retornará ao convívio civil, sob vigilância sigilosa da Fundação durante duas semanas. Uma colônia saudável de não menos de 2500 formigas Paraponera clavata2 deve ser mantida pelo Departamento de Zootecnia do Sítio PT17 para uso no Procedimento UW Fleury-2.

O Departamento de Inteligência deve manter uma lista atualizada de indivíduos férteis que possam engravidar pertencentes ao grupo indígena uirakawê. Caso descubra-se que um dos indivíduos listados tenha engravidado, este deve ser localizado e submetido a uma ultrassonografia obstétrica. Se o feto demonstrar uma formação craniana incomum (ou estiver em estágios de crescimento muito precoces que impossibilitem esse tipo de análise), o indivíduo deve ser submetido ao Procedimento UW Fleury-1. Se a execução do procedimento comprovar a natureza anômala da gravidez, o indivíduo será realocado para o Sítio PT17; caso contrário, receberá amnésticos Classe-A e será retornado à sociedade.

Para garantir a perpetuidade destes procedimentos de contenção, a Divisão de Antropologia deve participar ativamente de esforços para a preservação étnico-cultural do povo uirakauê, prestando apoio político ou financeiro através da organização de fachada "Santana Caridade e Patrocínio".

Desde 14/11/2000, uma determinação do Subcomitê de Ética para Povos Originários tornou obrigatória a realização do Procedimento UW Fleury-2 após cada parto de SCP-012-PT. Quaisquer adiamentos na execução do procedimento sem fundamentação apropriada serão passíveis de sanção administrativa.

Descrição: SCP-012-PT caracteriza-se por um período anômalo de gestação de ocorrência regular em fêmeas humanas férteis pertencentes à comunidade indígena uirakawê. A gravidez dura entre 65 e 70 semanas; quando completamente desenvolvido, o feto (doravante denominado SCP-012-PT-X) possui um corpo com características humanas ordinárias, com exceção de sua cabeça, que se assemelha à de um espécime de Cerdocyon thous3. Uma vez nato, SCP-012-PT-X permanece vivo por cerca de 2 anos, exibindo traços de desenvolvimento semelhantes aos de um bebê humano comum. SCP-012-PT-X possui natureza dócil, chorando apenas quando não alimentado com leite materno por mais de 48 horas. Contudo, SCP-012-PT-X não necessita dos mesmos cuidados que um bebê humano, e é capaz de passar todo o seu ciclo de vida sem alimentação. Cerca de 2 anos seguintes ao parto, o bebê entra em óbito durante o sono, e os efeitos de SCP-012-PT são revogados.

É após o nascimento de SCP-012-PT-X, contudo, que as propriedades anômalas de SCP-012-PT se mostram mais expansivas. Durante dois anos seguintes à parturição, nota-se uma queda significativa na taxa de natalidade de indivíduos pertencentes ao povo uirakawê, além de uma taxa de mortalidade infantil aproximando-se de 100%. O único método conhecido de interromper o efeito da anomalia precocemente é realizando o ritual detalhado no Procedimento UW Fleury-2, o que invariavelmente culmina em sua expiração; tentativas prévias de exterminar SCP-012-PT-X prematuramente por outras maneiras não interferiram na duração de seus efeitos na população uirakawê.

Passado um período de 2 a 4 anos após a expiração de SCP-012-PT-X, por causas naturais ou após aplicação do Procedimento UW Fleury-2, outro indivíduo que se encaixe nas descrições acima será selecionado, repetindo o ciclo da anomalia. Salvo a identidade indígena específica e a capacidade de engravidar, não foi determinado nenhum outro padrão nos indivíduos cuja gravidez foi afetada por SCP-012-PT.

Descoberta: A anomalia foi primeiramente catalogada por oficiais da Superintendência Brasileira do Paranormal (SBP) em 1970, tendo como base pesquisas sendo conduzidas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro acerca das crenças e práticas religiosas de povos indígenas do estado de Rondônia. Contudo, esforços para sua contenção efetiva só aconteceriam após a absorção da SBP pela Fundação Lusófona em 1992.

Em anexo, seguem alguns arquivos relacionados a SCP-012-PT recuperados da SBP. As cópias físicas estão arquivadas no Acervo Bibliográfico e Documental do Sítio PT7, disponíveis apenas para leitura no local.


Adendo 1: Em 2011, após a recuperação de um lote perdido de ativos da SBP, um rascunho de pesquisa relativo a SCP-012-PT foi encontrado e anexado ao Documento 122PT. Ele versa sobre uma tentativa de reconstrução de um ritual perdido, com possível capacidade de neutralizar a anomalia. A pesquisa foi abandonada devido à falta de interesse, além do cenário de desestabilização enfrentado pela organização. A Divisão de Antropologia e a Divisão de Taumaturgia Ritualística realizaram estudos primários para analisar a possibilidade da completação desta pesquisa por meio da fabricação de um procedimento baseado no ritualismo uirakawê já documentado e empregando elementos complementares de outras mitologias de povos vizinhos da família linguística Tupari. Embora protótipos de rituais tenham sido formulados, logo formou-se um consenso que haviam muitas incertezas associadas ao procedimento e a linha de pesquisa foi logo abandonada.

"Na melhor das hipóteses, neutralizamos a anomalia. Na pior das hipóteses, causamos um genocídio."
— Dr. Medina, chefe de pesquisa, SCP-012-PT

Adendo 2: Em 21/05/2022, após um conflito com grileiros invasores, cerca de dois terços da população uirakawê conhecida foi exterminada. Se o cenário de hostilidade entre os fazendeiros e a comunidade indígena continue futuramente, antropólogos da Fundação estimam que os uirakawê estarão completamente extintos até 20██. O Departamento de Finanças aprovou um aumento de 35% nas verbas de pesquisa e contenção de SCP-012-PT, ampliando a capacidade política da Fundação na preservação do povo uirakawê e mobilizando novas linhas de pesquisa que possam garantir a contenção da anomalia.

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