SCP-093-PT

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Item nº: 093-PT
Nível4
Classe de Contenção:
keter
Classe Secundária:
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Classe de Disrupção:
ekhi
Classe de Risco:
danger

Procedimentos Especiais de Contenção: Todas as operações envolvendo ativos e passivos relevantes ou subjacentes ao objeto estarão sujeitas aos protocolos e diretrizes condicionantes do Projeto Halíades1, desenvolvido nas instalações da Área PT9 e suportada pela Força-Tarefa de Operações Tácticas Marítimas e Oceanográficas PT3-ψ "Tridentes de Okeanos".

Na Área PT9, designa-se o Setor de Contenção Marítima A1 e suas instalações subjacentes exclusivamente às operações relevantes do Projeto Halíades, prevendo o uso de unidades habitacionais de contenção marítima adaptadas com a tecnologia sintética do Projeto Mundo Ilusório2, utilizada para caracterizar, com verossimilhança, o habitat dos espécimes assegurados.

Efetivam-se os procedimentos padrões de tratamento ético para a manutenção e sustentabilidade de anomalias socialmente funcionais, garantindo a manutenção das necessidades fisiológicas, de seguridade e sociabilidade interpessoal.

Durante o período compreendido entre 10 de fevereiro e 30 de março, todo o contato direto com espécimes deverá ser realizado por intermédio de robôs de serviço de técnico remotamente operados. Em casos excepcionais, funcionários deverão ser acompanhados por um destacamento de segurança equipado com armamento de contenção não-letal.

Expedições oficialmente designadas para a busca, asseguração e contenção do objeto serão conduzidas exclusivamente pela força-operacional da frota marítima IARA II. Destacamentos de IARA II deverão estar distribuídos pelos corpos hidrográficos em que manifestações do objeto foram confirmadas, compreendendo uma área de operações que focará primariamente no patrulhamento, estabelecimento de perímetros e suporte as instalações/áreas de contenção de SCP-093-PT.

Tendo em vista as demandas geográficas necessárias para a contenção do objeto, em virtude de sua demografia, prioriza-se o estabelecimento de instalações secundárias nos locais imediatos de concentração, definidos como habitats, de SCP-093-PT. Estes pontos deverão ser assegurados como áreas de proteção marítima de interesse científico e biológico protegidas pelo Programa de Associação Governamental da Fundação Lusófona3.


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Artefacto Bibliográfico de registros referenciando SCP-093-PT, recuperado de [REDIGIDO]4.


Descrição: SCP-093-PT denomina coletivamente os indivíduos, o conjunto de características antropológicas específicas desta espécie e os fenômenos causados por estas relações; apresentando um número relevante características compartilhadas com as demais codificações da raça mitológica reconhecida nominalmente como "Sereias".

Estes indivíduos possuem um conjunto de sistemas corporais híbridos; membros superiores do corpo apresentam, invariavelmente, características anatômicas humanas associadas ao sexo feminino; a partir do cíngulo, a pelve óssea e demais tecidos transicionam à uma estrutura caracteristicamente píscea, compreendendo uma nadadeira caudal heterocerca, capaz de alcançar entre 1,8 a 3,0 metros de comprimento.

O sistema tegumentar destes indivíduos é compreendido por uma série de microescamas e células conjuntivas, formando um tecido orgânico adaptativo homogeneamente revestido por microformações de padrões cristalinos de silício, integrando uma membrana que prolonga a vida útil e a capacidade de regeneração celular.

As glândulas salivares destes indivíduos produzem secreções serosas voláteis que são transformadas por processos de reestruturações enzimáticas ocorridas nos seus ductos salivares em substâncias neurotóxicas especializadas; quando inoculadas num organismo, estas neurotoxinas interagem com o córtex cerebral, ocasionando picos de liberações hormonais.

Os indivíduos demonstram capacidades taumatúrgicas nas escolas da Transmutação de matéria e energia; notavelmente utilizadas no metamorfismo parcial e/ou integral de seus sistemas corporais, na manipulação de ondas sonoras e em processos transmutativos de água5.

As características morfológicas, fisiológicas, desenvolvimentais e comportamentais destes indivíduos estão significantemente conectadas as peculiaridades antropológicas evidenciadas pela atividade humana em regiões próximas de habitats, geralmente em decorrência da observação destas e a coleta de objetos.

Indivíduos naturalmente organizam-se em sociedades caçadoras-coletoras de seis a dez integrantes, designando um ente para a liderança do coletivo. Estes grupos compreendem habitats em regiões costais, arquipélagos e em zonas pélicas e árticas.

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    ÁREA PT9

    DIRETORIA DE ARQUIVOS E ACERVOS
    SETOR DE ARTEFACTOS BIBLIOGRÁFICOS


    Forço-me a escrever, neste momento, pois todos os meus avisos em sã-consciência foram completamente ignorados; a minha aversão em perturbar um posto-avançado sem qualquer serventia póstuma, e cuja a sordidez de tudo que ali ocorreu ainda ecoa como um exemplo primordial de falha do corpo docente da Academia. Não suprimirei detalhes ou terei reticência em propósito, mas é com uma mente desvanecente que produzo este relato.

    Assim, coloco a interpretação do que digo a cargo dos poucos indivíduos de respeito que ainda existem nesta instituição. Desconheço se é devido a falta de consciência que justifico-me de todos os meus atos que colocaram-me em tais circunstâncias e de tudo que farei conseguintemente.

    Da expedição compreendida por cinquenta indivíduos, apenas eu cheguei à ilha, advindo de qualquer milagre realizado por qualquer deidade existente que preza por mim. Não tenho a mínima ideia do que ocorreu a todos os prezados; finalmente desprendo-me de algo que estressou-me por tanto tempo, mas garanto que certa parcela encontra-se em segurança, porém, com igual desapego.

    Recordo-me brevemente da noite fatídica em que nosso navio veio a pique, após o avistamento de uma semblância de golfinhos, cinco ou seis, com suas caudas e nado a cortar a água puramente preta do oceano, como se estivessem trazendo a tempestade especificamente à nossa rota.

    Após isto, tudo foi um miasma. Senti meus pulmões queimando, minha visão turva e meu mundo chacoalhando; estabeleci-me apenas quando acordei com minha cabeça na areia da praia e uma quantidade prodigiosa de líquido em meus pulmões e estômago, que, quando expelido era estarrecedoramente fragrante e cristalino; apenas em tempo, tomei consciência de que aquele aroma não era produto de quaisquer alucinações.

    Quando me dei por conta, havia instanciado-me no objetivo da expedição; a caserna eregida em proximidade da costa; bem como os membros da expedição que nos antecederam, não identifiquei quaisquer remanescentes dos meus colegas mais recentes ou qualquer peça ou destroços de equipamentos; nem mesmo nosso navio, tamanha suas proporções, parecia ter existido.

    Estabeleci-me na velha caserna que fortuitamente, despendia-se de recursos para recuperar-me da moribundez imediata; com o soluço de goles vigorosos de algo que finalmente tinha certeza ser água, dissipando a essência doce que permeava minha garganta. Dirigi, despindo-me do que imaginei ser uma demi-enfermaria; postando-me em frente ao espelho, utilizei-me do escasso conhecimento médico que possuo para certificar-me de que nada me faltava.

    Senti asperidade na ponta de meus dedos enquanto tocava-me; algo que tomei como efeito da água salgada em meu corpo, visto que meus lábios estavam partidos e sangrando. Aferi vários conjuntos de marcas, dentre os colecionáveis hematomas e marcas profundas como se alguma coisa ou algumas coisas houvessem agarrado meu corpo em meio a vários desvencilhamentos, entretanto, havia a distinta deficiência de dor apesar do perfeito funcionamento de minhas qualidades táteis.

    Enquanto meus dedos deslizavam por estas feridas, minha mente preenchia-se com clarões intermitentes; como se eu agarrasse e sentisse todas as vilosidades de meu cérebro e, das mais profundas crevices, arrancasse memórias que, por mais profundas e vividas, definitivamente não pertenciam ao meu todo.

    Admito que perdi a noção de tempo. Mentalmente, encontrei-me à deriva num oceano negro velado por uma tempestade, com minha linha de visão alheia ao meu corpo, porquanto que sentia-o liquefazendo-se em meio a água. Meus ouvidos preenchiam-se com sugestões laissez-faire de uma voz repleta de familiaridade, que abusava desta indulgência causada por impotência.

    Encontrei-me ainda em pé. Meu reflexo acompanhado. O toque de outrem perfeitamente coincidente com as dezenas de injúrias em meu corpo; cada qual habilmente redesenhada, revelando algo que no momento não compreendi, como se uma máscara que recobria-me inteiramente fora removida. Senti seus lábios e o sabor doce de algo quente percorrendo minha garganta, enchendo meus pulmões e estômago.

    Recordo-me de uma única ordem que induzia me a abrir meus olhos: “Não se demore,” ecoa em meus tímpanos enquanto componho este registro. Não compreendo, ainda, se neste momento, realmente recobrei minha consciência.

    Há muito, terei respondido a esta ordem singular; meu corpo guiado por forças além de minha compreensão.

    F. G. Franca

Por meio da consulta aos registros oficiais de desaparecimentos e de internações para tratamento médico emitidos por autoridades de regiões próximas a locais conhecidos de concentração de SCP-093-PT, foi identificado um aumento considerável de ocorrências nos meses de fevereiro e março, em que indivíduos demonstram afetações de interesse6; neste mesmo período do ano, invariavelmente, ocorre um crescimento populacional de SCP-093-PT ao redor do mundo.

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    ÁREA PT9

    DIRETORIA DE ARQUIVOS E ACERVOS
    COORDENADORIA DE LAUDOS E REGISTROS TÉCNICOS


    REGISTRO DE ENTREVISTA


    Excertos da transliteração do áudio da instância de SCP-093-PT designada "SUIANE" durante entrevista programada. O espécime pertence a um dos três grupos originalmente contidos nas instalações da Área PT9 desde ████.


    Minha cara doutora, minha disposição à caridade para com você é sempre absoluta; responderei quaisquer as suas dúvidas.

    Compreendo sim que há um viés sobre formas que foram capturadas pelo imaginário de mitos; muitas transformadas em monstros ou criaturas maravilhosas.

    No longo tempo que estive aqui junto de minhas Irmãs, nos deleitamos com a imaginação humana, por mais desconexa de nossa realidade que seja.

    Dito isto, não interesso-me em mentir para ti ou criar mais e mais engodos; sabes que apreciamos a bastante companhia e empenho desta instituição.

    Ah, esta volatilidade é um mistério até mesmo entre nós. Referimo-nos simplesmente como “quando as marés de emoções tornam-se tempestivas”.

    Raramente exibo frugalidade, porém acredito que saibam precisamente que este é o período em que somos abastadas com mais Irmãs. Naturalmente, penso eu que, observando-nos, devam saber de detalhes mais pontuais.

    Não há embaraço ou condenação. Admiramos que não estejam envenenados com ambiguidades. Prezamos esta maneira honesta e sem perversão na qual fascinam-se com nossa beleza.

    Em defesa as minhas preciosas Irmãs, afirmo que agiram violentamente apenas após perceberem as terríveis intenções por trás de todas as “verdades” que lhes foram dita; é vexante revoltarmo-nos após percebermos nossa ingenuidade?

    Claro; não pretendo induzi-la. Apenas desejo convir o que acreditamos.

    Apesar de ser de nossa natureza conhecermos umas às outras, ainda existem limites impostos para a coesão de entes tão distantes, portanto, procuramos permanecer entre nossas semelhantes mais próximas. Assim, desconheço tais práticas tão violentas.

    Minha querida doutora, ouvir tal maravilha é exilirante! Experiencio vividamente os extraordinários efeitos desta “imaginação” humana. Receio, todavia, que seja apenas mais uma fração dos vários mitos que nos envolve; ao menos, em vários anos, nunca ocorreu em meio às minhas.

    Conhecemos vários dos mitos, minha cara doutora; não posso garantir-lhe que este, especificamente, é difundido. Quem sabe reconhecido com outro nome, ou meio, ou razão de ser? A romanticidade de procurar unir-se a um salvador incógnito, deixando para trás todas as mazelas.
    Apenas isto, minha querida doutora?

    Compreendo. É sempre um prazer inigualável compartilhar meu tempo e atenção com você.

    Não se demore.


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