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Pensar demais, sem pensar.
Nível de Ameaça: Laranja
AMÁLGAMA DENETTIANA
Metamaterial metálico desenvolvido em 2001 pelo Sítio PT4, utilizado na contenção de objetos com capacidade psiônica. É uma amálgama ouro branco-mercúrio espumada com xenônio-mercúrio, geralmente intercalada entre camadas de ouro em folha. As propriedades alquímicas do mercúrio, amplificadas pelos elementos associados, permitem que a amálgama espumada reflita uma fração da energia psiônica recebida, enquanto o gás em seu interior absorva o restante como energia térmica. Recomenda-se a instalação de 2cm do metamaterial no envolto da unidade de contenção do objeto. Novas revisões incluem gravuras de padrões pró-resistivos ou círculos alquímico-taumatúrgicos no material folheado via oxidação. Se necessário, camadas mais grossas podem ser aplicadas, com o uso de sistemas de arrefecimento.
Procedimentos Especiais de Contenção: SCP-114-PT-A deve ser contido no interior de um contêiner de dimensões 3m x 5m x 3m revestido externamente com uma camada de Amálgama Denettiana de 2cm de espessura. Uma placa adicional de mesma espessura deve ser posta de maneira a bloquear a saída do feixe psiônico de SCP-114-PT-A. Sua remoção é apenas permitida para fins de pesquisa, sob permissão e supervisão do pesquisador-chefe responsável.
SCP-114-PT-A aguardando triagem em um galpão da Área PT9.
Atualmente, as instâncias SCP-114-PT-B e SCP-114-PT-C se encontram fora de contenção, em movimento constante na órbita terrestre baixa. No caso de sua eventual recuperação, procedimentos semelhantes devem ser adotados para suas respectivas contenções. Enquanto isso, o Setor Aeroespacial do Departamento de Engenharia do Sítio PT25 está pesquisando maneiras de trazer as duas instâncias para dentro do alcance da Fundação.
As ligas mercuriais presentes no ambiente de contenção de SCP-114-PT são estáveis, mas podem promover danos biológicos a longo prazo. Funcionários realizando a manutenção da contenção do objeto são obrigados a utilizar equipamento de proteção individual nível C.
Descrição: SCP-114-PT denomina o conjunto de três satélites militares com capacidades psiônicas produzidos pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Cada satélite está equipado com um gerador termoelétrico de radioisótopos abastecido a pelotas de plutônio-238, dois emissores psiônicos biocibernéticos, semelhantes a dois encéfalos, com cerca de 20kg de massa neural em cada um e um sistema de suporte vital capaz de sustentá-los através de um ritual taumatúrgico. O ritual é abastecido pela energia Vital-Elan dos bioemissores, realizando a manutenção da integridade estrutural do aparelho cerebral sem a necessidade de prover a nutrição ordinariamente requerida por organismos vivos.
Psiônicos são objetos que possuem capacidades mentais sobrenaturais. Dentro dessas capacidades, diferenciamos entre habilidades psíquicas e habilidades psicocinéticas: as primeiras afetam a interação entre mentes, como leitura e manipulação de pensamentos; as segundas afetam a realidade fora da mente, como a telecinese ou até a ontocinese. Geralmente, objetos psiônicos demonstram ambas em algum nível. Podem ser detectados ao monitorar perturbações na noosfera, frequentemente causados por emissões anômalas.
— Dr. Tadeu Rezende
A maior parte dos sistemas de SCP-114-PT estão enclausurados dentro de uma caixa retangular de 2,3m x 1,1m x 1,8m, feito de uma amálgama prata-mercúrio espumada e revestida com epóxi-grafite. Este invólucro é atravessado por um cilindro, envolto em isolamento multicamada, responsável por canalizar as emissões psiônicas de SCP-114-PT em um ponto determinado da superfície terrestre. O revestimento imperfeito permite que o satélite manifeste atividade psiônica em sua proximidade imediata, corrigindo imperfeições de curso e fornecendo proteção física adicional. No canto superior esquerdo de uma das faces do recipiente de SCP-114-PT, encontram-se emblemas de órgãos aeroespeciais estadunidenses.
Embora a Fundação só esteja em posse de um dos três satélites (denominado SCP-114-PT-A), documentos e diagramas obtidos e fornecidos em cooperação institucional com a Filial Anglófona insinuam que a descrição acima também se aplica às outras duas instâncias (denominadas SCP-114-PT-B e SCP-114-PT-C). Uma radiografia industrial computadorizada confirmou que o interior de SCP-114-PT-A corresponde ao que é descrito nos documentos, com exceção dos dois emissores, cujo formato é discrepante com aquele delineado nos diagramas. O volume total do aparelho ainda é idêntico ao valor documentado, sugerindo uma mudança de caráter estrutural. Durante todo o período de contenção, SCP-114-PT-A vem demonstrando atividade neural intensa, mas raramente resultando em emissões psiônicas.
Dada a similaridade do material utilizado no invólucro de SCP-114-PT-A com revisões anteriores das tecnologias de contenção de objetos psiônicos desenvolvidas no Sítio PT25, o Departamento de Segurança do Sítio PT25 iniciou uma investigação para averiguar uma possível quebra de sigilo. O atual diretor do departamento emitiu uma nota afirmando que estará colaborando com o Comando Militar e de Segurança para reforçar as operações de contrainteligência do sítio.
Descoberta: Em 21/05/2017, três pontos distintos de atividade psiônica foram registrados pelo Sítio PT25 na exosfera, originando feixes de força psicocinética que convergiam-se em um ponto localizado ao sul do estado de Nevada, nos Estados Unidos. Esta atividade foi observada com certa regularidade nas semanas seguintes. Em 13/08/2017, registrou-se uma escalada de intensidade uma ordem de magnitude maior que as observadas previamente. Algumas horas depois, um dos focos psiônicos observados entrou em rota de colisão com a superfície terrestre, acabando por aterrissar em uma região remota do Oceano Pacífico. Uma frota da Área PT9 foi mobilizada para investigar a área e recuperar o objeto.
Passadas três semanas, o objeto foi encontrado e, mesmo após cair de uma altura de 2 mil quilômetros, não apresentava danos estruturais significativos. SCP-114-PT-A não exibiu propriedades psicocinéticas durante sua coleta, mas os agentes reportaram sentir profundas dores de cabeça durante a primeira metade do trajeto de retorno. Já na Área PT9, aguardando triagem, funcionários relataram o oposto, descrevendo sentimentos de satisfação incomum para com o trabalho realizado em proximidade do objeto. Não se sabe as implicações deste fato, visto que este efeito cessou após horas da chegada do objeto, sem ser repetido até o presente.
Uma vez retida na Área PT9, a anomalia foi enclausurada na sua contenção atual e remanejada para o Sítio PT25. A origem do objeto foi determinada e uma moção de cooperação internacional foi levantada para a Diretoria de Comunicação e Diplomacia. A moção foi aprovada e oficiais diplomáticos estabeleceram contato com a Fundação Anglófona para negociar medidas de apoio à pesquisa e contenção de SCP-114-PT. Uma Portaria Conjunta de Cooperação foi emitida em 14/02/2020.
NOTA: o seguinte documento foi lavrado em ambos português e inglês, possuindo caráter oficial e vinculativo em ambos os textos. Discordâncias causadas por divergência linguística serão, como decidido no Acordo de Cooperação Institucional de 1996, resolvidas por uma corte de arbitragem neutra.
PORTARIA CONJUNTA DE COOPERAÇÃO Nº 99/EN+PT/2020
Publicado em 14/02/2020
Dispõe sobre os mecanismos de cooperação
entre as Filiais Lusófona e Anglófona empregados
para a contenção de SCP-114-PT.
Os Srs. diplomatas MIGUEL VAZ CUNHA e JOANA VASCONCELOS DE ALMEIDA PRADO da Filial Lusófona, e os Srs. oficiais AARON MARCUS BRIDGERS e HARRIS STUDSTILL da Filial Anglófona, no uso das atribuições mandatárias conferidas pelos respectivos corpos executivos de suas instituições; e os Srs. Drs. TADEU PEREIRA REZENDE e MELISSA STACEY-ORTIGOZA, na capacidade de adidos consultores reconhecidos por sua expertise nos campos do conhecimento anômalo envolvidos na contenção e pesquisa de SCP-114-PT (doravante denominado Objeto),
CONSIDERANDO os mecanismos normativos e vinculativos estabelecidos pelo Acordo de Cooperação Institucional de 1996, firmado entre as duas Filiais presentes, para facilitar esforços de contenção através do livre acesso a uma maior gama de especializações e arcabouços tecnológicos;
CONSIDERANDO o histórico de amizade e cooperação entre as Filiais;
RECONHECENDO as habilidades e conhecimentos pioneiros do corpo técnico-científico do Sítio PT25 na compreensão e pesquisa de fenômenos psiônicos, bem como suas contribuições no avanço de sua contenção;
CONSIDERANDO a extensa rede de informação consolidada pelo Departamento de Inteligência da Filial Anglófona e seu primoroso trabalho em vigiar atividades de ambos os lados da Máscara, além de sua posição privilegiada para a captura de inteligência nos órgãos governamentais dos Estados Unidos da América;
COMPREENDENDO o compartilhamento de informação e a cooperação científica como princípios basilares para o avanço dos objetivos institucionais das Filiais,
Art. 1º O Objeto se manterá sob custódia da Filial Lusófona, encarregada de seguir com os esforços de pesquisa e contenção do Objeto, e está empoderada para realizar quaisquer decisões referentes à sua contenção e pesquisa, bem como os processos, técnicas e métodos empregados para tal.
§ 1º A Filial Anglófona terá preferência caso haja interesse ou necessidade de transferência de posse do Objeto para outras instituições;
§ 2º Quaisquer relocações do Objeto devem ser notificadas para a Filial Anglófona;
§ 3º À Filial Lusófona reserva-se o direito unilateral de neutralizar o Objeto nas seguintes condições:
I - o Objeto causar, autonomamente, quebra de contenção;
II - a contenção do Objeto representar perigo incontornável ao funcionamento do Sítio;
III - a contenção do Objeto se tornar logisticamente insustentável.
Art. 2º A Filial Lusófona compartilhará integralmente quaisquer tecnologias e inovações advindas dos esforços de pesquisa e contenção do Objeto para a Filial Anglófona, incluindo quaisquer tecnologias empregadas no momento;
Parágrafo único. Para os efeitos desta portaria, a Sra. Dra. Melissa Stacey-Ortigoza possui liberação Nível 4/114-PT.
Art. 3º A Filial Anglófona empregará sua rede de inteligência para reunir documentos e outras informações relevantes à compreensão da origem, funcionamento e natureza do Objeto, bem como quaisquer movimentações e comunicações de terceiros relativas ao Objeto, e compartilhar tais documentos e informações com imediatez com a Filial Lusófona;
Parágrafo único. A Filial Anglófona deverá ter agentes de inteligência ativos na captura destas informações durante toda a vigência desta Portaria Conjunta.
Art. 4º Quaisquer troca de dados referente aos procedimentos estabelecidos nesta Portaria Conjunta deverá ser feita por linha segura virtual.
Art. 5º Esta Portaria Conjunta entra em vigor na data de sua publicação e expirará 10 anos a partir de sua publicação.
DOCUMENTO ELETRONICAMENTE ASSINADO POR MIGUEL VAZ CUNHA [DIP425], JOANA VASCONCELOS DE ALMEIDA PRADO [DIP928], AARON MARCUS BRIDGERS [KP219800] E HARRIS STUDSTILL [KM663100]
Além de comunicações oficiais referentes ao objeto, uma série de desenhos e documentos técnicos detalhando a engenharia do objeto foram adquiridas a partir desta cooperação. Cópias autenticadas de cada documento recuperado estão disponível para consulta no Acervo Bibliográfico do Sítio PT25. Dentre as comunicações obtidas, destaca-se um correio eletrônico enviado às vésperas da queda de SCP-114-PT-A, disponível em anexo abaixo.
NOTA: O documento original está na língua inglesa. Seu conteúdo foi traduzido para os fins deste anexo.
CORREIO ELETRÔNICO
DE: Dr. Jonathan Wilker-Schmidt, PhD (tenaprad.isp|swnoj#tenaprad.isp|swnoj)
PARA: Diretor Juan Davidson (tenaprad.arap|rotcerid#tenaprad.arap|rotcerid)
CC:
ASS.: Falha crítica nos experimentos MKSAT
DATA: 15/08/2017
Diretor Davidson,
Me traz profunda frustração escrever este email. Os testes estavam indo muito bem. O nível de precisão dos MKSAT é absurdo. A taxa de calibração das redes neurais estava abaixo do que nós estimávamos, claro, mas ainda assim eram resultados muito bons. Realizamos os primeiros testes em GTMO com alguns dos detidos, e conseguimos extrair inteligência de importância para as missões na Síria. O sistema acabou precisando fritar algumas cabeças até calibrar, mas logo conseguimos inibir alguns comportamentos, incentivar outros, induzir estímulos variados, enfim, tudo o que já conseguimos fazer à queima-roupa. Aí, veio o teste de psicocinese defensiva, que colocaria estresse no sistema todo, principalmente o material do invólucro.
Como instruído, reabrimos o velho sítio em Nevada. Detonamos a W87 sob pressão psiônica. Eu achava que não estávamos prontos para isso ainda, mas o negócio funcionou muito bem. A bomba ainda alcançou um raio considerável (diminuiu apenas cerca de 37%), mas em instantes foi completamente compactada e suprimida. Como uma bexiga de festa esvaziando. Mas a atividade transneuronal também explodiu. Alguns garotos que estavam com a gente sentiram uma enxaqueca profunda e apagaram ali mesmo. Um ou dois estão num hospital psiquiátrico, mas acho que vão se recuperar. Mas foi horrível, Juan, era como se um alienígena estivesse chupando nossos cérebros por um canudo plástico.
Nós nos preparamos para um cenário desse calibre, mas metade das nossas salvaguardas se recusaram a funcionar. Conseguimos desligar o MKSAT-I, que acabou caindo no meio do Pacífico. Mandamos uma equipe para resgatar o negócio, mas acho que os chineses chegaram antes de nós. A UIU está varrendo o continente asiático atrás dessa coisa, mas você sabe como é difícil agir por lá.
Se for concedida permissão para continuar o projeto, conseguimos continuar a produção da amálgama a partir de novembro, e as novas unidades neurais estarão completamente desenvolvidas no quarto trimestre de 2019.
Sobre os outros dois satélites, conseguimos acionar seus limitadores, mas ainda estão lá em cima. Parece que estão alterando as órbitas — eventualmente, parece, vão estar na mesma, lado a lado. Não sabemos qual é a ideia deles. Já limpamos as imediações, mas se não conseguirmos cuidar disso logo, vai ser um escândalo. Podemos até tentar usar o HAARP como distração novamente, mas a COG vai nos comer vivos. Vamos ter que pensar fora da caixa pra solucionar este problema.
JONATHAN WILKER-SCHMIDT, PHD
CHEFE DA SUBDIVISÃO DE PSIÔNICOS
SETOR DE PARATECNOLOGIA @ DARPA
As irregularidades na redação da carta levantaram questões dentre o corpo de pesquisadores acerca da integridade dos documentos. O Departamento de Segurança do Sítio PT25 foi novamente notificado e todos os dados obtidos pela Portaria Conjunta nº 99/EN+PT/2020 estão sob investigação.