Créditos
Artigo: SCP-137-PT — Lança de Longino
Autor:
lulatred
Mais Informações:
Gostaria de agradecer a todos que ajudaram a criticar esse artigo lá no Discord.
Item nº: SCP-137-PT
Classe do Objeto: Seguro
Nível de Ameaça: Branco ●
Procedimentos Especiais de Contenção: SCP-137-PT deve ser mantido em um compartimento de alumínio medindo 200 cm x 15 cm x 10 cm, localizado na seção de contenção de objetos seguros, no Sítio PT7. Este deve ser preenchido por blocos de espuma de poliuretano, moldados no formato de SCP-137-PT. O compartimento deve ser trancado por uma fechadura de tambor pequena, cuja chave e sua cópia podem ser encontradas com a Dra. Ribeiro, líder do grupo de pesquisa encarregado de estudar o objeto.
A manutenção de SCP-137-PT consiste na limpeza da lâmina do objeto, a cada trinta dias, com uso de um pano úmido e um detergente neutro comum, a fim de evitar a oxidação do metal, e na limpeza do cabo, com um pano de flanela seco, para retirar o acúmulo de pó.
Os documentos recuperados da Superintendência Brasileira do Paranormal acerca do antigo Setor de Artefatos e Relíquias Paranormais podem ser encontrados no Acervo Bibliográfico e Documental do Sítio PT7, localizado no Bloco Administrativo 07-B, no Sítio PT7. Para acessar tais arquivos é preciso receber a autorização do supervisor do Acervo, Gustavo Lindbergh Torres.
Atualização: O pedido de permissão para entrevistar SCP-137-PT-1 pelo Dr. Ferraz foi aprovado pelo Diretor do Departamento de Antiguidades do Sítio PT7 no dia ██/██/████. As entrevistas têm como objetivo obter mais informações acerca da Superintendência Brasileira do Paranormal e estão sujeitas à supervisão da Dra. Ribeiro.
Descrição: SCP-137-PT é uma lança de 150 cm de comprimento. Sua lâmina é composta de ferro com alguns detalhes em ouro, enquanto seu cabo é composto de madeira, proveniente de um carvalho vermelho (Quercus coccinea). No centro da lâmina é possível observar em relevo um cristograma chi rho, de aproximadamente 4,5 cm² de área, composto de um metal desconhecido, de coloração avermalhada.
Os efeitos anômalos primários de SCP-137-PT se manifestam quando algum indivíduo mantém contato físico direto com o objeto. Tal contato resulta na manifestação de uma entidade, agora denominada SCP-137-PT-1. A entidade se assemelha a um ser humano do sexo masculino, que aparenta ter por volta de 50 anos de idade, de aproximadamente 165 cm de altura, caucasiano, de cabelos longos e castanhos e com uma longa barba.
SCP-137-PT-1 porta uma toga de linho amarela, que se estende em um capuz de mesmo material, por baixo de uma cota de malha de ouro, além de uma capa de lã vermelha e um par de sandálias de couro. Em volta de seu rosto, cobrindo seus olhos, há uma atadura de flanela branca. A entidade aparenta ser cega e caminha de forma errática, precisando geralmente se apoiar em estruturas sólidas para poder se guiar. SCP-137-PT-1 é sapiente e capaz de se comunicar e de interagir com o ambiente como um ser humano comum, enquanto materializado. Por outro lado, a entidade não aparenta precisar se alimentar ou se hidratar para realizar suas ações fisiológicas.
Da região onde se encontrariam os olhos da entidade há a constante geração de água e sangue, por meios desconhecidos, sendo produzidos cerca de 4 ml/s de cada líquido em questão. Apesar disso, SCP-137-PT-1 não parece ser prejudicado por este fato, tratando-o como uma função comum de seu organismo. Análises indicam que a água possui 33% de sal dissolvido em sua composição, enquanto o sangue é do tipo AB+, porém nenhuma outra característica anômala foi observada nos fluidos.
Quando materializado, SCP-137-PT-1 questionará o indivíduo que está em contato com SCP-137-PT, sempre com a mesma pergunta: "O que procuras, minha criança?". Quando a pergunta é respondida com uma descrição detalhada de algum objeto, SCP-137-PT-1 começará a caminhar em direção ao mesmo, independente de sua localização e mesmo sem a entidade ter conhecimento deste objeto. Caso a pergunta não seja respondida em aproximadamente quinze segundos, a entidade também será desmaterializada.
Enquanto caminhando em direção ao objeto, a entidade irá se guiar por qualquer estrutura onde a mesma se encontra, até chegar no objeto em questão. Quando SCP-137-PT-1 chega a menos de um metro de distância deste objeto, a entidade é desmaterializada. Quando não for possível que SCP-137-PT-1 chegue exatamente onde o objeto se encontra, a entidade chegará o mais próximo possível deste objeto e depois dará uma explicação precisa de onde encontrá-lo.
Quando SCP-137-PT-1 é desmaterializado, o cristograma em relevo na lâmina de SCP-137-PT passa a ter uma coloração branca. Quando nesta cor, SCP-137-PT deixa de apresentar seus efeitos anômalos, se comportando como uma lança comum. Para que SCP-137-PT volte a se comportar como antes é preciso submergir a lâmina da lança em 150 ml de sangue de qualquer mamífero. Após isso o cristograma voltará a ter uma coloração avermelhada, e poderá apresentar seus efeitos anômalos mais uma vez. Estudos estão sendo feitos para determinar como este processo ocorre, uma vez que os registros com detalhes da Superintendência Brasileira do Paranormal foram perdidos.
Adendos: Testes/entrevistas mais relevantes realizadas com SCP-137-PT-1. Enquanto os testes e a primeira entrevista foram realizados pela Dra. Ribeiro, o Dr. Ferraz foi o responsável pela condução da segunda entrevista, registrada abaixo, além de outras entrevistas posteriores. As entrevistas do Dr. Ferraz tinham como objetivo obter mais informações acerca da SBP, que utilizou amplamente SCP-137-PT.
Teste 137-AAB
Visão Geral: Um grampeador azul foi deixado no fundo do duto de ventilação no escritório da Dra. Ribeiro. Foi determinado que D-822 segurasse SCP-137-PT, respondesse a pergunta de SCP-137-PT-1 com "o grampeador azul da Dra. Ribeiro" e que ficasse no mesmo lugar, vigiado por um guarda.
Resultado: SCP-137-PT-1 caminhou em direção ao escritório da Dra. Ribeiro. A entidade abriu a porta do escritório, chegou ao lado do duto de ventilação, e explicou como alcançar o objeto. Após isso SCP-137-PT-1 foi desmaterializado.
Notas: A entidade é capaz de passar por obstáculos. Para informações mais detalhadas acerca deste teste verifique no "Registro de Entrevistas 137/01" a "Entrevista 137-AAA".
Teste 137-AAJ
Visão Geral: Uma moeda de cinco centavos pintada de verde foi deixada dentro de [REDIGIDO], que é um universo-bolha. Foi determinado que D-822 segurasse SCP-137-PT, respondesse a pergunta de SCP-137-PT-1 com "uma moeda de cinco centavos pintada de verde" e que ficasse no mesmo lugar, vigiado por um guarda.
Resultado: SCP-137-PT-1 descreveu com precisão o modo de acessar o universo-bolha, além de explicar como se guiar dentro do mesmo para acessar a moeda. Em seguida, a entidade foi desmaterializada.
Notas: Aparentemente as capacidades de SCP-137-PT-1 não se limitam apenas ao nosso universo.
Teste 137-AAP
Visão Geral: Foi determinado que D-822 segurasse SCP-137-PT, respondesse a pergunta de SCP-137-PT-1 com "a tartaruga 'Matias' da Dra. Ribeiro" e que ficasse no mesmo lugar, vigiado por um guarda. A tartaruga havia falecido uma semana antes deste teste.
Resultado: SCP-137-PT-1 disse simplesmente: "Sinto muito, mas algumas coisas eu não tenho permissão de dizer". Em seguida, a entidade foi desmaterializada.
Notas: Entrevistas estão sendo realizadas para tentar compreender o significado desta afirmação.
Testes posteriores partiram do mesmo princípio destes, variando em objetos os quais SCP-137-PT-1 deveria encontrar. Em todos os casos SCP-137-PT-1 chegou exatamente onde os objetos estavam, ou chegou o mais próximo possível e deu uma explicação precisa de onde eles se encontravam, salvo casos semelhantes ao Teste 137-AAP.
Entrevista 137-AAA
Entrevistado: SCP-137-PT-1.
Entrevistador: Dra. Ribeiro.
Prefácio: Primeira entrevista realizada com SCP-137-PT-1 durante o segundo teste realizado com o mesmo. Para mais informações acerca deste teste, verifique no "Registro de Testes 137/01" o "Teste 137-AAB".
Início de Gravação
SCP-137-PT-1: O que procuras, minha criança?
D-822: Uh… O grampeador azul da Dra. Ribeiro.
SCP-137-PT-1: Certamente.
SCP-137-PT-1 começa a caminhar pela instalação, seguido pela Dra. Ribeiro.
Dra. Ribeiro: SCP-137-PT-1?
SCP-137-PT-1: Está falando comigo? Eu tenho um nome.
Dra. Ribeiro: Perdão. Qual seria o seu nome?
SCP-137-PT-1: Eu me chamava Caio Cássio Longino, mas agora sou apenas Longino.
Dra. Ribeiro: Pois bem, senhor Longino, poderia responder algumas perguntas?
SCP-137-PT-1: É claro.
Dra. Ribeiro: Ótimo. Então, poderia me dizer a sua origem e como ficou ligado à lança?
SCP-137-PT-1: Bom, sou do norte da Província da Capadócia, servi por algum tempo o Império até o dia da crucificação. Quando cometi meu maior pecado. Eu não 'fiquei ligado' à minha lança, eu fui abençoado. Após meus erros eu fui deixado cego pelo próprio Deus, e mais tarde fui recebido por um anjo, que me disse que se eu pedisse o perdão eu poderia servir o Senhor ajudando os perdidos a se encontrarem. Assim obtive a vida eterna, porém podendo apenas obedecer aos comandos divinos. Após isso fui servindo diferentes pessoas, durante muitos séculos, até chegar aqui, doutora.
Dra. Ribeiro: Muito bem. E quanto ao dano causado naqueles que o tocam, senhor Longino, saberia me explicar?
SCP-137-PT-1: Os detalhes são trabalho divino, doutora, além da minha compreensão.
Dra. Ribeiro: Certo… E como você consegue encontrar os objetos?
SCP-137-PT-1: Mesmo cego, posso ver. Não sei como lhe explicar, doutora. É como se em meio à escuridão uma fina linha de luz traçasse um caminho pelo qual eu devo seguir. Às vezes a luz aparece claramente, às vezes a luz fica muito fraca e fica difícil de segui-la. Depende da resposta à minha pergunta.
Dra. Ribeiro: Tudo bem. E quanto aos líquidos que caem de seus olhos?
SCP-137-PT-1: É parte da graça divina, doutora. O anjo me disse que é para deixar marcado o caminho. A luz guia o meu, o sangue guia o de vocês. O sangue sai de minhas próprias veias e a água é o próprio Deus que faz.
SCP-137-PT-1 abre a porta do escritório da Dra. Ribeiro e entra na sala.
Dra. Ribeiro: Última pergunta, você mencionou ter servido diversas pessoas, poderia elaborar esta afirmação?
SCP-137-PT-1: Adoraria, doutora, mas meu tempo é curto. O que aquele homem procura está no fundo deste buraco na parede. Acho que se você retirar esta tampa e esticar o braço, vai conseguir alcançar o instrumento. Até mais, doutora.
Fim de Gravação
Observações Finais: SCP-137-PT-1 se desmaterializou logo após a última frase. Aparentemente a entidade tem conhecimento de suas ações passadas, o que pode significar a obtenção de informações mais detalhadas acerca da Superintendência Brasileira do Paranormal. Esse fato pode ser de grande interesse para os estudos do Dr. Ferraz, que será devidamente informado.
Entrevista 137-AAB
Entrevistado: SCP-137-PT-1.
Entrevistador: Dr. Ferraz.
Visão Geral: Segunda entrevista realizada com SCP-137-PT-1 durante o terceiro teste realizado com o mesmo. Entrevista conduzida pelo Dr. Ferraz para obter mais informações acerca da SBP e da origem de SCP-137-PT.
Início de Gravação
SCP-137-PT-1: O que procuras, minha criança?
D-822: O relógio de pulso de couro da Dra. Ribeiro.
SCP-137-PT-1 começa a caminhar pela instalação, seguido pelo Dr. Ferraz.
Dr. Ferraz: Olá senhor… Longino, certo? Eu me chamo Dr. Ferraz e gostaria de fazer algumas perguntas a partir de sua última conversa com a Dra. Ribeiro.
SCP-137-PT-1: Ah, sim. É um prazer, doutor, pode perguntar o que quiser.
Dr. Ferraz: Pois bem. A Dra. Ribeiro me disse que o senhor estava para contar quem esteve sob posse da lança, poderia continuar?
SCP-137-PT-1: Claro. Após minha ascensão, creio que minha lança ficou pela região da Antioquia, pois era lá que o Império jogava fora as armaduras, armas e outros equipamentos. Um tempo depois um pequeno homem, que acredito que fosse um padre, foi o primeiro a encontrar a lança. Ao me ver, fiz minha pergunta, para a qual ele respondeu 'a vitória na guerra'. Eu não havia entendido, a vitória não é uma coisa que eu poderia mostrar, portanto voltei ao plano espiritual, mas acho que o homem continuou com a lança.
Dr. Ferraz: Calma, plano espiritual?
SCP-137-PT-1: Sim, doutor, quando cumpro meu dever aqui eu volto para o plano espiritual, até ser chamado novamente. Não sei se é o paraíso, mas não me parece, portanto chamo de plano espiritual. É como estar dentro de minha própria cabeça, onde fico em paz e descanso minha velha alma.
Dr. Ferraz: Interessante… Por favor, continue.
SCP-137-PT-1: Bom, depois da Antioquia eu me encontrei em Portugal. Muito tempo depois, creio eu. Em uma espécie de igreja com homens que se diziam serem cavaleiros de Deus. Um deles queria encontrar algo chamado Santo Graal. Um cálice. Portanto levei o homem até o cálice. E foi isso. Após mais um tempo, um comerciante encontrou a lança, e quando lhe perguntei o que buscava, ele me disse 'ouro das novas terras'. Pedido difícil, eu quase fui embora, mas decidi guiar o homem. Foi uma viagem de navio, até chegar aqui, no Brasil. Eu levei o homem até a mina de ouro mais perto do cais, e parti.
SCP-137-PT-1 abre a porta da escada de incêndio que liga o primeiro piso subterrâneo do Sítio PT7 ao Armazém 07-A.
SCP-137-PT-1: Após isso me encontrei com uns homens estranhos, aos quais servi por um bom tempo, diversas vezes. Eles se pareciam com os guerreiros de Portugal, mas eles não estavam em guerra contra os mouros, pelo que entendi. Me pediram para encontrar uma pedra, certa vez. Uma grande esmeralda com pedaços de ouro na base. Eles chamavam de Pedra de Hermes. Estava em uma caverna ao norte. Foi uma longa jornada, mas eu gostei de conversar com eles.
Dr. Ferraz: E onde você se encontrou com esses homens?
SCP-137-PT-1: Não faço ideia, doutor, eu só sei onde estou caso eu seja informado. Não sou um adivinho afinal de contas.
Dr. Ferraz: É claro… Por favor, continue.
SCP-137-PT-1: Bom, mais tarde a lança foi encontrada pelos homens que trabalhavam aqui antes de vocês. Eles tentaram entender como a lança funcionava, mas acho que não conseguiram. Eu expliquei diversas vezes mas eles só ficavam confusos e irritados. Uma vez, me pediram para encontrar um homem, Sargento Roberto, ou algo assim. Este foi complicado, já que o homem estava em um local além deste plano, portanto só pude explicar como chegar lá. Enfim, um tempo se passou e agora estou aqui.
Dr. Ferraz: Muito bem. E quanto aos homens que trabalhavam aqui antes de nós, senhor Longino, poderia me contar mais a respeito deles?
SCP-137-PT-1 abre a porta no térreo e sai das escadas, entrando no armazém, seguido pelo Dr. Ferraz.
SCP-137-PT-1: Sim, doutor. Eu me lembro de algumas coisas que eles buscavam, além de algumas vezes que conversaram comigo. Infelizmente nosso tempo aqui está se acabando, mas ficarei feliz de falar a respeito deste assunto no futuro. Enfim, aqui está o instrumento, adeus, doutor.
Fim de Gravação
Observação Final: SCP-137-PT-1 se desmaterializou após a última frase.
Entrevistas posteriores realizadas pela Dra. Ribeiro a respeito do funcionamento do objeto não geraram resultados relevantes, uma vez que as declarações de SCP-137-PT-1 ou foram incoerentes ou ressaltavam pontos já destacados pela Superintendência Brasileira do Paranormal.
Entrevistas posteriores realizadas pelo Dr. Ferraz a respeito da SBP serão anexadas ao seu estudo de objetos anômalos da Superintendência.
Notas: "Os estudos da Superintendência Brasileira do Paranormal foram de extrema importância para este objeto, tanto para evitar baixas desnecessárias quanto para fazer o objeto voltar a apresentar suas características anômalas após SCP-137-PT-1 ser desmaterializado. Infelizmente, antes da transição, muitos documentos foram perdidos, portanto muito estudo ainda precisa ser feito para que possamos compreender como o objeto funciona. Outros registros e o próprio relato de SCP-137-PT-1, obtido pelo Dr. Ferraz, indicam que este objeto foi apreendido pela SBP da Ordem da Torre e do Valor, portanto peço que haja a tentativa de comunicação com os membros da Ordem para que possamos aprender mais acerca deste objeto, se possível."
"Após diversos pedidos, deixo registrado que o uso de SCP-137-PT para fins que não sejam o estudo do objeto devem ser extensamente discutidos, já que mesmo não sendo hostil, SCP-137-PT-1 ainda apresenta um risco a manutenção de nossa discrição. Portanto, os objetos a serem encontrados devem estar dentro, ou pelo menos próximos, dessa instalação".