SCP-160-PT


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Item n°: SCP-160-PT Nível 4/160-PT
Classe de Objeto: Keter Secreto

Procedimentos Especiais de Contenção: Por conta da localização geográfica e da dimensão de SCP-160-PT, contenção direta é atualmente impossível.

Os procedimentos atuais de contenção se baseiam em desinformação dos meios civis e científicos de comunicação sobre a possível existência de SCP-160-PT, atribuindo efeitos anômalos causados pela anomalia a problemas ambientais.

Operativos da Fundação estão atualmente infiltrados entre a população de SCP-160-PT, para fins de coleta de informações e sabotagem, sendo substituídos a cada três meses.

Descrição: SCP-160-PT é uma comunidade isolada submersa localizada em uma fossa abissal ainda não catalogada a aproximadamente 9000 m de profundidade ao nível do mar, estando a ~20 km a leste do Brasil, a partir da Baía de Camamu, no estado da Bahia.

O interior de SCP-160-PT possui pressão atmosférica ao nível do mar, hipoteticamente envolto em uma redoma intangível e invisível que enquanto observada externamente, essa redoma parece ser completamente negra e opaca. Essa redoma possui um raio de 3500 km², englobando SCP-160-PT mais uma pequena área usada pelos seus habitantes para rituais fúnebres. A comunidade possui avanços tecnológicos similares ao do resto da civilização humana, normalmente adaptados ao local, com minérios, metais e materiais sintéticos ainda não identificados.

Mesmo com a profundidade da localidade, SCP-160-PT passa por um ciclo de iluminação natural de 24 horas, sendo que a superfície que seria o “céu” brilha de forma consistente por 12 horas de forma anômala, podendo ser avistada de fora de SCP-160-PT em um raio de 10 km. A entrada de seres humanos é possível sem maiores dificuldades, além da necessidade do uso de equipamentos especiais para suportar a pressão atmosférica do exterior de SCP-160-PT.

SCP-160-PT é habitado por aproximadamente 30.000 humanoides atualmente, subdivididos em SCP-160-PT-A, SCP-160-PT-B e SCP-160-PT-C. Ainda que preservem boa parte de características humanas, seus corpos internamente são adaptados para diversas situações, como vida biológica celular prolongada indefinidamente, além de reprodução acelerada1. SCP-160-PT-A e SCP-160-PT-B estão em contínuo conflito por aproximadamente 120 anos.

SCP-160-PT-A atualmente é considerada a facção do conflito que está na ofensiva e possui mais pontos de controle militar. Atua empregando técnicas rudimentares de estratégia, utilizando armas paratecnológicas de origem desconhecida2. Composta por aproximadamente 8.200 membros.

SCP-160-PT-B é a facção oposta a SCP-160-PT-A, composta aproximadamente por 7.000 membros. Seus membros normalmente utilizam de sabotagem e infiltrações, evitando confrontos diretos, sendo que em diversas ocasiões os mesmos roubam e posteriormente usam armas e equipamentos de seus adversários.

SCP-160-PT-C é o grupo de indivíduos considerados “neutros”, já que não partilham das vontades das outras duas facções, mesmo sendo frequentemente assediados pelas mesmas para aderir às suas causas. Não possuem uma liderança formal e em raras ocasiões engajam em combates, normalmente para autodefesa. São encontrados por toda a área de SCP-160-PT.

Nenhum humanoide de SCP-160-PT pode sair de sua área total, mesmo que retirado à força. Invariavelmente, todas as instâncias irão expirar em até dois minutos por asfixia, mesmo auxiliados por aparelhos respiratórios remotos, sendo que seus corpos começaram a decair rapidamente, até desaparecerem em um prazo de dez minutos quando fora de SCP-160-PT. Em seu interior, instâncias falecidas decaem de forma similar a humanos comuns. Essa situação tornou a autópsia e análise das instâncias problemática, já que só puderam ser feitas por membros da Fundação imbuídos na comunidade e nas facções de forma sigilosa.

Normalmente, instâncias de SCP-160-PT-A ou SCP-160-PT-B tratam funcionários da Fundação como indivíduos de SCP-160-PT-C, a menos que estejam trajados de formas específicas de cada facção, ocasionando reações de cordialidade até hostilidade extrema, dependendo do caso.

Adendo 1 - Carta:

REGISTRO ESCRITO ANEXADO ELETRONICAMENTE


Prefácio: O registro a seguir foi recuperado dos arquivos da Fundação Brasileira em 1962, supostamente encontrado em um bolsão de dejetos marinhos na costa brasileira durante uma inspeção sobre recorrentes atividades anômalas na região da Baía de Camamu. O documento foi parcialmente danificado por ação da água do mar, mas seu estilo de escrita e papel utilizado indicam que o mesmo foi redigido no início da década de 1920.


Querido █████████,

As ruas estão muito perigosas para sair por conta própria, então pedi para dois amigos meus levarem essa carta até você. Eles conhecem caminhos onde os guardas nunca lembram de passar.

Além da carta, espero que consigam levar um pouco de comida para vocês, sei que a única coisa que andam conseguindo fora de casa são paus e pedras caso confundam vocês com os Viradores3, ainda mais se quiserem algo pra comer.

[ILEGÍVEL]

Os Lanceiros4 não são mais confiáveis, andam nos obrigando a prestar um juramento, ou a participar dos “passeios” ao norte da cidade. Poucos voltam, e normalmente nunca voltam os mesmos.

Sempre tenha cuidado com as cores que você usa. Os Viradores começaram a bater em qualquer pessoa que usa roupas cinzas. Dizem que é a cor do retrocesso, e que isso é como uma praga a ser exterminada de nós.

Sabe, eu lembro quando meus vizinhos se encontravam e conversavam todos os dias quando voltavam do trabalho. Eram duas famílias quase centenárias do nosso setor. Seis meses atrás eles tiveram uma “discordância” e casa pegou fogo. Morreram todos. Tanto os Viradores quanto os Lanceiros colocaram a culpa no lado contrário e os escombros até hoje são usados como propaganda. Espero que eles tenham se reconciliado, seja lá onde estiverem.

Sinto que as coisas só irão piorar, explosões e incêndios estão acontecendo quase todos os dias no meu quarteirão. Os corpos baleados aparecem sempre depois da madrugada. Eu não sei se um dia eu vou poder te visitar sem medo de morrer, ou que nós possamos honrar os que já se foram com o respeito que merecem. Só queria que tudo parasse um dia, sabe?

[ILEGÍVEL]

Amo você,

█████


Adendo 2 – Gravação:

REGISTRO DE VÍDEO


Data: 19/05/2013, 19:54

Prefácio: O depoimento a seguir foi gravado por um operativo infiltrado durante uma conversa com uma instância de SCP-160-PT-C.


[INICIAR REGISTRO]

A gravação inicia em um local desconhecido, com apenas uma fonte de luz fraca vindo de uma vela. Escombros podem ser vistos próximos das paredes. A instância de SCP-160-PT-C está sentada no centro da sala em uma cadeira improvisada, aparentando estar bastante tensa e com um olhar pouco focado. Dez segundos depois o operativo aparece e se senta no chão próximo da instância.

SCP-160-PT-C: É meio difícil conversar a essas horas, principalmente onde estamos.

Operativo: Eu sei disso, mas você me chamou, e disse que precisava falar sobre alguma coisa, então esse foi o melhor lugar que encontrei. Tente ser rápido.

Disparos distantes podem ser ouvidos. SCP-160-PT-C suspira.

SCP-160-PT-C: Tudo bem. As vezes eu fico imaginando como era antes disso tudo acontecer. É como um sonho, entende? As pessoas tinham algum olhar que não fosse uma expressão vazia e morta? Existiam construções que não eram apenas pilhas de escombros em que ficamos escondidos para não morrer? Fico pensando nisso sempre que vejo você, é como se você fosse um extraterrestre, mesmo sendo idêntico a mim ou a qualquer outro em aparência. É quase uma inveja que tenho.

Operativo: Entendo o que as circunstâncias podem fazer no seu caso. Imagino que vocês não tenham pessoas especializadas para lidar com essas angústias, ou estou errado?

SCP-160-PT-C coloca as mãos no rosto e começa a tremer.

SCP-160-PT-C: Como alguém pode pensar nisso, se mal se têm esperança de viver mais um dia? Você realmente não deve sair muito de onde fica. Literalmente tem caçadores que executam pessoas com tiros à queima-roupa e nem esboçam reação. Quem morre nem resiste. A vida não tem valor nenhum aqui, nada tem valor. As pessoas vêm e vão. Se morre alguém hoje, outro supre seu lugar, simples assim. É como uma maldita fábrica de montagem. São pessoas ensinadas a matar e morrer.

Operativo: Essas pessoas que vagam armadas por aí não pensam em fazer alguma coisa além de matar outras pessoas?

SCP-160-PT-C tira um cantil de um bolso e começa a tomar seu conteúdo.

SCP-160-PT-C: Quando eu tinha três anos, eu escutava dos meus pais que há muito tempo, esses malucos aí fora lutavam por alguma coisa. Não tenho ideia do que era, e acho que não teria importância, pelo menos não agora, essas coisas seriam palavras sem sentido algum, assim como Lanceiros ou Viradores. Mesmo que falassem qualquer coisa, não faria diferença. O tempo também não tem valor, dias são apenas dias. O que eu vejo são apenas cascas que se movem, destroem e matam. Estou impressionado que não inventaram algo que não varreu todo esse lugar de qualquer coisa viva que existe. Acho que não podem fazer isso, porque se uma única pessoa sobreviver, e sempre existe esse risco, qual seria o ponto? O medo dessa solidão avassaladora pode ser o único limite deles.

Operativo: O que você está me dizendo é que o medo pode ser uma forma de parar isso?

SCP-160-PT-C começa a rir.

SCP-160-PT-C: Não, nunca. O que eu estou dizendo é que talvez o que faça esses estúpidos não destruírem tudo, mesmo que eles tenham essa vontade, é o medo louco de que se fizerem isso, não haverá nada depois disso. A incerteza do futuro é algo que amedronta até os mais fanáticos deles, por isso as mortes são uma coisa tão trivial como respirar, é algo que não respeita o tempo. Como eu disse, o tempo aqui na verdade não existe, é só mais uma palavra suja que está no cemitério junto com todos os que já pisaram aqui. O que inclui nós dois.

Estrondos próximos são ouvidos, o Operativo e a instância de SCP-160-PT-C sacam armas de modelo desconhecido.

SCP-160-PT-C: Lá vamos nós de novo.

A câmera cai quando a terra começa a tremer e a gravação é abruptamente interrompida.

[FIM DO REGISTRO]


Desde 1970, conforme relatos do interior de SCP-160-PT, o uso de armamentos pesados voláteis, principalmente de explosivos no local vêm crescendo de forma preocupante, o que ocasionou mudanças anormais na fauna marinha, além da composição da água na área próxima à comunidade. Também foram detectadas mudanças no movimento das marés que correspondem temporalmente a uso de artefatos anômalos em SCP-160-PT que possuem correspondência razoável a essas alterações.

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