Procedimentos Especiais de Contenção:

Imagem desenvolvida quimicamente do interior de SCP-6034
O sítio de SCP-6034 em Verdun, França deve ser patrulhado por funcionários de segurança da Fundação em todos os momentos. Civis se aproximando da área devem ser impedidos de entrar sob a história falsa de que as trincheiras da área podem conter munições não detonadas. O sítio deve ser guarnecido por duas companhias completas de segurança em todos os momentos.
Uma vez por mês, uma companhia completa da FTM Iota-58 (Os Soldados) deve ser despachada para o interior de SCP-6034-1. Depois de um mês de serviço, todos os membros sobreviventes que retornarem devem ser dispensados e providos com os tratamentos médicos e psicológicos necessários.
Qualquer entidade SCP-6034-2 que entrar no lado da trincheira corresponde a Terra saída de SCP-6034-1 deve ser terminada imediatamente, independente da sua facção afiliada.
Descrição:
SCP-6034 é uma trincheira da Primeira Guerra Mundial cavada pelo 2º Exército Francês em 1916.
Se qualquer ser vivo caminhar pelo sistema de trincheiras por mais de 2 quilômetros, ele irá experienciar uma redução de cores visíveis enquanto entram no espaço extradimensional designado como SCP-6034-1.
Se o ser vivo continuar indo em frente, eventualmente as trincheiras irão se ramificar em um padrão de rotação enquanto sua visão continua sendo reduzida. Quando não forem capazes de enxergar nenhuma cor, irão começar a escutar tiros, gritos, sons de maquinários, ainda que esses sons estarão mudos.
Além disso, qualquer equipamento avançado tecnologicamente que estejam carregando será substituído por um dispositivo inferior de uso similar. Por exemplo, uma câmera digital será trocada por um modelo antigo de câmera de filme.
Se os organismos continuarem caminhando pelas trincheiras, provavelmente irão encontrar os vários habitantes de SCP-6034-1, coletivamente designados como SCP-6034-2.
SCP-6034-2 estão todos em conflito armado dentro e fora das trincheiras.
Adendo 1: Descoberta 9/4/2021
Introdução: A seguir há um depoimento escrito por Louise Delphine, um explorador urbano que se perdeu dentro de SCP-6034-1. Ela se aproximou do posto de guarda local com sua experiência e foi apanhada por agentes da Fundação infiltrados. Esse depoimento levou a contenção inicial do sítio.
Depoimento de Louise:
Quando eu entrei, a primeira coisa que notei era como tudo era muito quieto. Sem grilos, sem vento, nada. Eu tentei gritar para ver se alguém tinha me seguido, mas meus gritos soavam mais como sussurros. Eu me senti incrivelmente sozinha.
A falta de cor realmente me assustou. Era como andar em um filme antigo. Eu caminhei pelo que achei que fossem horas até que eu ouvi um barulho.
Eram tiros e gritaria. Mas tinha algo errado com eles, eles não ecoavam como deveriam.
Eu tentei caminhar até o barulho mais alto, me esgueirando pela borda das trincheiras, com medo de cada canto.
Eventualmente eu achei algo. Era um tipo de lula eu acho, mas com o tamanho de um homem e envolto em escuridão.
Também tinham máscaras. Não consegui contar quantas. Elas pareciam aquelas coisas de festas chiques. Eu não sabia como elas eram chamadas.
Estava em cima de algum tipo de crocodilo eu acho, cortando-o com ganchos nos fins dos seus apêndices.
Eu acho que o crocodilo ainda estava respirando. Pelo menos no início.
Eu assisti petrificada por mais de um minuto enquanto ele destroçava a sua presa. Aí algo atacou ele.
Era… Uma máquina, eu acho, pelo menos parcialmente. Se movia com pequenos degraus articulados e parecia quase uma pessoa. Tinha um rosto, mas não estava no lugar certo.
Ele atacou a lula com um tipo de serra, mas a lula contra-atacou.
Enquanto isso estava acontecendo, um homem veio e me agarrou. Ele estava usando uma máscara de gás velha e tinha um livro grudado no braço como uma arma.
No começo eu resisti, mas depois vi pelo seu olhar pela lente e entendi que ele estava na verdade tentando me salvar.
O homem me trouxa de volta pelas trincheiras, e as cores lentamente voltavam ao mundo enquanto caminhávamos. Quando nós estávamos em um lugar que eu reconhecia ele finalmente falou comigo. Ele me disse para esquecer o que eu havia visto, mas se eu quisesse saber mais, eu deveria perguntar por Jaque na Livraria de Estudos Du Grand Verdun. Ele disse que Jaque iria me mostrar um mundo belo e terrível…
Ele pode ter salvo minha vida, mas eu ainda não confiava nele. Por isso vim até vocês.
Considerações de Conclusão:
A Sra. Delphine foi tratada com amnésticos e liberada após seu depoimento. O seu relato revelou que havia uma casa segura da Mão da Serpente dentro da Livraria de Estudos Du Grand Verdun. O que a Mão da Serpente estava fazendo dentro de SCP-6034-1 é desconhecido.
Adendo 2 Exploração 9/6/2021
Introdução: Após o perímetro do sítio ter sido assegurado, um esquadrão de cinco homens da FTM Lambda-5 ("Coelhos Brancos") foi despachado para dentro da zona anômala da trincheira para fazer uma investigação mais detalhada. Somente um agente (Agente Dupont) retornou da missão de reconhecimento.
A seguir há a linha de eventos pessoal sem edições, registrada via lápis e papel enquanto seu esquadrão atravessava SCP-6034-1.
<Começar Registro>
9/6/2021: 08:35:
Enquanto nós entrávamos na área nossos equipamentos eletrônicos começaram a involuir até que ficássemos com somente câmeras antigas enormes e rifles da Primeira Guerra Mundial. Era como se algo não quisesse que nós tivéssemos nossas coisas. O rádio do Capitão Shaw ainda estava funcional (ainda que enorme). Surpreendentemente ele ainda conseguir captar um sinal. Era granulado, mas era bem mais claro e alto do que qualquer coisa que nós estávamos escutando aqui (nós estávamos nos comunicando por meio de notas escritas e sinais de mão).
A transmissão parecia estar dando comandos de batalha.
Nós não tínhamos o equipamento necessário para encontrar a localização da transmissão, então continuamos.
9/6/2021: 09:23:
Nós encontramos um grupo de soldados taumaturgicamente ativos em combate contra um grupo de oito criaturas quase humanoides usando máscaras. Não máscaras de gás, mas máscaras gregas.
Foi bem fácil descobrir que os soldados eram membros da Mão, mas considerando as forças hostis ao redor, uma trégua muda literal foi alcançada. Nós lutamos contra aquelas coisas. Parecia que nós estávamos bem no começo, mas eles continuavam vindo, correndo das trincheiras, o arame farpado cortando-os, mas não os parando.
Nós perdemos Ringo e Kara na batalha. A Mão perdeu três homens também.
Nós nem revidamos. Quando as coisas estavam ruins, o capitão puxou uma Stielhandgranate (ele me disse o nome e eu agradeci aos céus que ele sabia usar aquela coisa) e explodiu a trincheira atrás de nós.
Nos deu tempo suficiente para correr, com nossos novos "amigos" no nosso encalço.
9/6/2021: 22:32:
Com uma troca de notas, os membros da Mão nos disseram que eles poderiam nos levas ao operador de rádio. Parece que ele era a única pessoa em 80 quilômetros que podia falar nesse lugar.
Nós não podíamos confiar neles, mas nosso caminho de volta estava bloqueado e tínhamos um inimigo em comum. Nós continuamos escutando o rádio enquanto seguíamos eles. Com certeza o sinal estava ficando claro.
Ainda com o volume mais baixo, era a coisa mais barulhenta da trincheira. O cheiro de produtos químicos e podridão enchia o ar enquanto caminhávamos. Passamos por corpos. Alguns humanos, a maioria não. Eu não acho que eu poderia falar sobre o que eles eram com qualquer detalhe. Eles estavam todos mutilados, podres.
Pouquíssimos corpos usavam máscaras.
Nós fizemos um acampamento em um pequeno búnquer cavado nos lados da trincheira. Ainda com nossos números menores, era apertado. Ainda assim, colocamos sentinelas e dormimos um pouco. Meus sonhos foram pouco prazerosos.
9/7/2021: 9:57:
Na outra manhã, a Mão nos disse que eles estavam mandando um sinal. Eles empilharam um monte de corpos, atearam fogo neles e furaram os próprios dedos para jogar seu sangue no fogo. O cheiro era horrível.
Para ser honesto, o resto de nós mal reagiu. Nós não estávamos reagindo a nada, na verdade. Tudo nas trincheiras estava sugando a vida de dentro de nós. Pelas olheiras nos olhos dos membros da Mão, deve ser um sentimento comum. Eles nos disseram para esperar, e sem qualquer direção para ir, nós esperamos.
Eles disseram que tinham um "amigo" indo em nossa direção pelos túneis. Isso deveria soar estranho, mas ficaria tudo bem.
Eles se alinharam na borda lamacenta da trincheira, mantendo os braços na defensiva quando uma minhoca gigante comia a lama atrás deles.
Nós levantamos nossas armas, mas a minhoca não atacou. Tinha uma espécie de símbolo no topo da cabeça, uma estrela de sete pontos com formas de diamantes entre os pontos.
Parece que o capitão conhecia o símbolo. Ele gesticulou para nós baixarmos nossas armas.
Os membros da Mão esfregaram a minhoca na ponta do seu… nariz? Boca? Na sua frente. A mandíbula da minhoca se abriu longamente. Os membros da Mão tiraram as máscaras de gás e entraram.
Eles gesticularam para nós entrarmos.
Depois de garranchos e gestos, nós tiramos no palito. Eu peguei o menor.
Assim que eu subi na minhoca eu olhei para trás e vi o capitão e o Sargento Whitney enquanto a boca fechava lentamente.
Eu nunca mais vi eles de novo.
9/7/2021: 11:59:
Eu fiquei ali por horas, agarrado na carne dos lados da boca da minhoca enquanto ela voltava pelo túnel. Estava completamente escuro lá dentro, e eu podia sentir o cheiro da última refeição da minhoca mesmo com a máscara de gás.
Eventualmente, depois de uma eternidade dentro daquela coisa a boca finalmente abriu. Os membros da Mão e eu fomos deixados em uma sala, e a minhoca voltou para o túnel.
E então um milagre aconteceu. Eu escutei uma voz.
Eu não sabia o que esperar quando eu encontrei o Operador de Rádio. Eu certamente não esperar um abutre humanoide de quase 2 metros e meio com olheiras e metade de suas penas faltantes.
A criatura me disse que era um Wandsman, e que podia falar pela mesma razão que a Mão podia usar magia, os Ortothanos podiam sentir o chamado do sangue, e os Mekhanitas podiam usar tecnologia. Ele disse que 'Ele' gostava de histórias simples e controladas, e que estavam fazendo de tudo para lutar contra 'Ele' juntos.
Para impedir que 'Ele' chegasse até nós.
Eu tentei escrever algo para perguntar o que era 'Ele'.
O Wandsman me disse que alguns deuses eram definidos por uma presença e outros por uma ausência. Tentar fazer de um o outro era muito arriscado.
Ele me disse que se eu quisesse que meu mundo vivesse, eu precisaria voltar. Implorar por reforços.
Ele disse que não tinha certeza quanto tempo iriam durar. Não com outra rachadura na trincheira.
Ele desenrolou um pergaminho na mesa improvisada na frente dele. Eu não poderia dizer o que era, doía olhar pra ele. Ele me disse que não podia simplesmente tirar dali, mas poderia achar a rachadura por onde eu entrei.
Ele pegou mais alguma coisa, parecia um mapa das trincheiras, e ele desenhou caminhos novos enquanto olhava.
Ele mostrou o mapa para um dos soldados da Mão, que olhou para o pássaro e acenou sombriamente.
Ele me entregou um envelope. Eu não sabia de onde ele tirou tempo para escrever algo, mas eu o coloquei na minha mochila. Então ele gesticulou para seus homens para o seguirem e arrumarem seus equipamentos.
A coisa pássaro deu o mapa das trincheiras para o soldado da Mão e fez uma saudação. Então os soldados marcharam para um túnel e gesticularam para eu segui-los.
Eu deveria estar assustado com a caverna, o abutre e a minhoca. Mas de algum jeito foi a maior segurança que já tive desde que chegamos nesse lugar.
Assim, eu cerrei meus dentes e marchei de volta para a superfície.
9/7/2021: 16:36:
A marcha pelo túnel foi longa e miserável. Um fio d’água tinha se infiltrado e o chão estava macio nas melhores vezes.
Eu trouxe um daqueles rádios enormes comigo. Eu até ligava na tentativa de escutar o abutre para quebrar o silêncio alguma vez, mas um dos soldados (que nesse ponto eu tinha certeza que era o comandante deles) desligou quando ouviu o primeiro estalo de estática.
Ele colocou um dedo nos lábios e foi isso. A marcha continuou em silêncio, com nada além do balançar da lâmpada de óleo do comandante para nos guiar.
Finalmente, depois do que pareceu ser uma eternidade, chegamos na superfície. Eu não reconhecia a trincheira, mas eu sentia que estávamos perto.
O comandante se esgueirou cautelosamente acima da borda da trincheira com os seus binóculos e se abaixou de volta imediatamente.
Todos prepararam suas armas. O comandante me passou os binóculos e me gesticulou para olhar. Do outro lado da trincheira tinha algo que eu não sei se posso descrever direito. Era uma mistura de árvore, piche e se movia com algo entre galhos e tentáculos cobertos com espinhos se contorcendo ao redor. Tinha máscaras ao invés de folhas, e todas pareciam estar me olhando.
Forcas balançavam nos galhos. Centenas de forcas. Muitas delas estavam ocupadas.
O comandante gesticulou para entrarmos em formação. Quando cheguei para me juntar ele balançou a cabeça. Ele pegou o mapa e pontou para ele, depois em direção a… Bem, a direção de casa.
Eu o saudei. Ele repetiu o gesto. Então ele puxou o pino de uma granada de fragmentação velha, e eu corri para a saída.
Eu não pude ouvir o que aconteceu atrás de mim. Mas eu podia sentir as ondas de choque e o cheiro de carne queimada.
Eu não voltei atrás. Eu corri e corri e não parei até todas as cores voltarem.
Então eu podia ouvir o vento de novo.
Então eu desmaiei no velho chão da trincheira.
<Fim do Registro>
Adendo 3: Carta
Carta:
Cara Fundação,
Se vocês estão lendo isso, quer dizer que aquele garoto de vocês conseguiu fugir, e vocês sabem o que está acontecendo aqui.
Vou ser direto ao ponto. Se vocês se importam com a Terra de verdade, vocês precisam mandar tropas para esse fronte.
Eu sei que vocês e nós e todos os nossos aliados não estamos com as melhores relações possíveis, mas o que está acontecendo aqui é maior que todos nós.
Não pode ser permitido que Ele tome esse lugar. Eu nem posso prometer que nós vamos parar Ele, mas temos que tentar. E nós temos uma chance bem maior se trabalharmos juntos.
É realmente simples assim.
-L.B.