Esse artigo faz referência a assuntos adultos, incluindo o tópico de agressão sexual. Por favor use discrição ao prosseguir.

Poucos anos após a bagunça de publicidade destrutiva que pegou a Fundação SCP de surpresa, está ficando claro que sua antiga ideia de segredos e mentiras não está aguentando a prova do olho público. Sendo a monstruosidade internacional resiliente que eles são, a organização se adaptou; publicidade foi utilizada para beneficiar sua imagem, com companhas para novas contratações disparando afrente de gigantes da tecnologia e companhias de exploração espacial em termos de popularidade. Os novos recrutas da Fundação e sua imagem: Jovens, inteligentes, atrativos, e negociáveis. Mas um conceito que o nosso mundo pós-brecha aprendeu do jeito difícil é que as coisas nem sempre são como elas parecem.
E com a história do oficial Reginald Jacobson flutuando para o topo da fossa obscura do Comitê de Ética de casos duvidosos de conduta de funcionários, essas verdades estão atingindo o público com mais força — e mais inconfundivelmente — do que nunca. Neste segmento, abordaremos os detalhes do que aconteceu, o que vazou, o que está em vídeo, o que está em texto e o que ainda permanece invisível, perdido para sempre nas redes de comunicação interna da Fundação SCP.
Para entender completamente a extensão deste caso e todas as suas bandeiras vermelhas e falhas, acredito que nós, leitores, precisaremos decompô-lo em três elementos-chave do novo modus operandi da Fundação. Com isso em mente, vamos abrir o caso de Jacobson e dar uma boa olhada em como isso vai mudar a Fundação — e o mundo — de uma maneira que é irreversível até pelos padrões deles e por quais meios:
3426 W. Telfair Circle, Seabreeze, Carolina do Norte
22 de Maio, 2022
“Mãe, Reggie está na TV.”
River Jacobson faz uma pausa com um pulo no batimento cardíaco e apoia sua vassoura na parede da garagem. "Falando sobre o que, docinho?" Ela remove suas luvas de jardinagem e tira o suor do rosto com uma manga suja. "Aqui, deixe eu entrar. Está muito quente aqui fora para isso." Ela segue sua filha de seis anos descalça e sobe as escadas até a sala de estar, se certificando de apertar o botão da porta da garagem.
"Eles tem a foto dele nas notícias, está vendo?"
Dessa vez seu coração deu dois pulos. Ela senta no sofa e encara o comercial de cereais, muito distraída para se importar sobre suas calças cobertas de solo encostando no vinil branco. "Eu pensei ter dito para você não colocar no noticiário sem eu estar aqui. Tem muitas coisas assustadoras lá hoje em dia."
"Mas eu não coloquei, Oppenheimer que colocou!"
River olha para o pastor alemão sentado calmamente ao lado do conjunto de botões da TV. Ele cheira e geme. Ela revira os olhos.
"…E nós estamos de volta, no noticiário WECT 42 Carolina Beach. Nesse segmento, estaremos mostrando a vocês mais."
River reconhece Amanda Scranton-Jones assim que a estação corta para ela. Seu filho sempre gostou dela enquanto River a via como tendenciosa e irritante, e eles bateriam cabeça sobre o tópico várias vezes. "Bom Dia. Sou Amanda Scranton-Jones e estamos de volta ao nosso segmento de notícias de última hora. O oficial da Fundação SCP da área local de Wilmington, Reginald Jacobson, está no meio de uma bagunça; um alegado caso de agressão sexual ocorrendo internamente em seu local de trabalho veio à superfície, com fontes relatando que um total de três vídeos de sua reunião do Comitê de Ética foram vazados de registros confidenciais. Um dos vídeos - o mais recente dos três, que foi postado ontem à noite e obteve 35 milhões de visualizações durante a noite - parece mostrar que Jacobson está sendo julgado internamente por estupro pelos comitês de sua organização. O vídeo mostra-
River quebra contato visual com Amanda e se estremece quando o vídeo aparece na tela. "Rose, saia da qui. Você não precisa ver isso."
"Mas-"
“Não argumente comigo, Você só tem seis anos," ela adiciona. Rose faz um olhar triste e corre para o seu quarto. As orelhas de Oppenheimer se levantam. "Vá ficar de olho nela," River murmura. O cachorro se levanta e com alegria segue a anda pelo corredor.
Ela foca na tela novamente. Seu estômago se revirando. É um video totalmente colorido com registros de horário da câmera de segurança, claramente mostrando seu filho de 22 anos sentando em frente a um painel de três pessoas. As marcações registram 00:23:34 | 13:30 10 de Maio no canto inferior direito. Ela sente como se fosse desmaiar enquanto lê as legendas de seu filho sendo pedido para especificar algo sobre a frequência de visitar ao quarto de alguém. Amanda diz que o vídeo pode ser visto por completo no YouTube e providência um código QR na tela. Ao invés de pegar seu telefone, River se levanta e anda para o seu quarto com lágrimas em seus olhos e mãos tremendo.
Sítio-42, Seabreeze, Carolina do Norte
10 de Maio, 2022
“…e o registro começou,” um jovem técnico atrás de uma câmera diz no rádio.
"Vamos começar," diz um dos três membros do conselho vestindo ternos cinzas e sentados afrente de um homem de cabelos cacheados aparentemente nervoso em uniforme de segurança padrão na mesa de conferência. "Oficial Jacobson, por favor diga seu nome completo, nível de acesso, e posição para o registro."
Reggie limpa sua garganta quietamente, tentando não evitar contato visual. "Uh, Reginald Jacobson, Nível de acesso 3, segurança da ala de contenção nível-Euclídeo."
"Ok, agora confirme ou negue a precisão desse sumário do porque você está aqui. Você foi chamado para uma audiência com o Comitê de Éticas pois você conscientemente engajou em contato sexual repetido com a anomalia humana SCP-4427-B de 20 de Março até 5 de Maio, com conhecimento do fato de que essas ações são uma completa violação da política de conduta sexual da Fundação. Correto?"
Sua respiração fica presa na garganta."Um, sim. Eu acho, sim."
"Anotado. Além disso, o Comitê tem motivos para acreditar que a maioria, se não todas essas interações foram de consenso duvidoso e provavelmente não eram desejadas pela anomalia em questão. Qual é a sua resposta para isso?"
Ele sente uma gota de suor descer seu rosto. "Eu acredito que essa seja uma avaliação imprecisa e eu desejo saber a fonte desse equívoco."
"Muito bem. A fonte é o contexto da atividade sexual presenciada em cores pelas gravações das câmeras de segurança da câmara de contenção da anomalia. Nós revisamos as gravações das datas de 20 de Março, 23 de Março, 26 de Março, 30 de Março, 3 de Abril, 6 de Abri-"
"Eu- Porra. Digo- Deus, desculpe. Ok, desculpe interromper, mas você tem gravações de segurança coloridas de-"
"Todas as vezes que vocês dois se engajaram em atividade sexual. Sim. Um total de dezessete vezes entre as datas de 20 de Março e 5 de Maio. Isso não deveria ser uma surpresa para você, Oficial Jacobson; nós não fazemos nenhum segredo sobre o fato de que o nosso departamento tem acesso irrestrito para quaisquer e todas as gravações de segurança e de pesquisa de toda a organização. Entendido?"
Pontos pretos aparecem nos cantos de sua visão. "Ok."
“Muito bem. Agora, para continuar, analisamos todas as dezessete instâncias e determinamos que o contexto do contato sexual parece fortemente não consensual em quase todas, exceto uma. As gravações mostram claramente o uso da força física e a contenção manual da anomalia de sua parte, apesar de suas claras tentativas de resistência. Como você sabe que essas gravações são muito reais e podem ser exibidas a qualquer momento, mediante solicitação, qual é a sua resposta a esses fatos?”
Demora dez segundos para ele forçar palavras a saírem de sua boca. "Ok, eu nunca estive mais envergonhado, mas não, não é o que parece."
"Você prefere falar com apenas um de nós ou falar seus comentários para o registro em um microfone em uma sala isolada?"
“Não, não, é só que- O que está acontecendo é que não é falta de consenso. É apenas BDSM. BDSM consensual. Amenos que algo tenha mudado entre nós que eu não saiba sobre, a anomalia pode confirmar isso. Olhe, eu entendo que eu quebrei a política de conduta sexual ao engajar em atividade sexual com um objeto SCP. Eu sei disso, e eu sou totalmente responsável por isso. Mas eu não sou um estuprador e Jasper iria te falar a mesma coisa. Tem uma grande diferença entre o que aconteceu e eu- Deus, posso abaixar minha cabeça?”
“Sim, você pode abaixar sua cabeça desde que você possa ainda falar e ouvir claramente."
Reggie cruza seus braços na mesa e enterra sua testa neles. "Ok," ele fala para o chão. "O que eu faço? Eu juro por Deus que essa é a verdade. Eu não importo o quão estranho isso pareça porque essa é a verdade. Não foi estrupo. Nunca."
Os três homens falam entre si por alguns segundos. "Ok, Oficial Jacobson, por favor avalie a veracidade desse sumário. Você diz que você reconhece a evidência de video de sua atividade sexual e cita que as ações que aparentam serem violentas ou não consensuais são de fato consensuais e foram concordadas como sendo o tipo preferido de atividade sexual entre você e SCP-4427-B."
"Sim. Sim, é preciso. E você sabe? Agora que eu penso sobre isso, tem evidência nos próprios videos. Todas as vezes que eu venho no dia seguinte após termos sexo ela se aproxima de mim normalmente e não com medo ou raiva. Registros médicos mostram e gravações de vídeo provam que 4427 nunca foi amnesticizada durante esse período. Então está claro pelo contexto da evidência que não é estrupo."
“Por mais que essa lógica possa parecer verdadeira, em nossa experiência, não é tão simples. Devido ao status de SCP-4427-B como um objeto SCP e seu status como funcionário da Fundação, a anomalia é, por padrão, incapaz de consentimento informado, com base em discrepâncias de poder no ambiente sozinho. Você sabe que esse é o raciocínio por trás de nossa política de conduta sexual, que você admitiu ter violado conscientemente. ”
Ele morde seus lábios. "Ok. Deixe-me explicar."
"Os funcionários da fundação controlam todos os fatores do ambiente de SCP-4427-B. Essa é a natureza da contenção. Não é permitido que ela tome decisões por si mesma, porque ela é incapaz de controlar seus efeitos sem a nossa assistência. Ela literalmente não sabem o que é melhor para si; nós o sabemos. Quando ela foi originalmente contida, seus efeitos foram tão ruins e tão públicos que ela precisou ficar em suporte de vida na área médica durante as primeiras 96 horas de contenção e as seis pessoas presentes no local do acidente foram mortas ou mutiladas. "
"Isso foi três anos atrás. Ela melhorou agora. Ela é uma pessoa normal agora."
"Ela jamais será uma pessoa normal, Oficial Jacobson. Até mesmo funcionários no seu nível deveriam compreender isso.”
Ele zomba baixinho e sente lágrimas brotando nos olhos.
"Como você sabe que SCP-4427-B não teria — se você tivesse perguntado — dito não para suas ações? Ela faz tudo que pedimos para ela fazer. Ela se submete a nós por natureza. Usar essa submissão de maneira sexual não aprovada é de fato não consensual, eticamente falando."
"Minhas- minhas ações? Se vocês se importassem em olhar os detalhes desse caso, então, vocês perceberiam que é ela fazendo as ações. Ela que começou. Eu posso ter culpa de ter engajado, mas não me entendam errado, mas nada que eu fiz foi o catalisador. De maneira nenhuma, e ok, desculpe, mas vocês podem ver tudo em todas as vezes, o que vocês estavam esperando? Por que não nos pararam mais cedo?" Reggie olha para trás, sentindo um olhar nele. O o técnico faz contato visual por uma fração de segundo, suas lentes quadradas piscando atrás da luz do projetor. Ele olha para os pés novamente e depois para o painel, com os músculos tensos.
"Bem, essa não é uma ocorrência comum. Você deveria saber melhor. Nós não deveríamos ter que olhar. Nós temos acesso às gravações por natureza, por razões legais internas." O homem principal se vira para a mulher ao lado dele, deixando-a sussurrar algo em seu ouvido. Ele sacode a cabeça e continua. "Claramente precisaremos fazer algumas mudanças estritas no protocolo de contenção de humanoides ou no treinamento dos funcionários, senão ambos, no futuro próximo. E como explicado anteriormente, Oficial Jacobson, SCP-4427-B não está no estado psicológico para consentir a sexo, especialmente sexo com pessoas responsáveis por seus procedimentos de contenção. Contenção e emoção não devem se misturar, exceto em casos raros onde componentes emocionais são necessários para a contenção. 4427-B não se encaixa nestes parâmetros. Então-"
"Ok, olhe, apenas me diga o que fazer, por favor. Meu único pedido antes de decidir algo é entrevistar a anomalia sobre isso."
"Olhe, o problema com isso é que não podemos entrevistar a anomalia sobre isso sem revelar que estamos filmando tudo que acontece em seu espaço de habitação. Revelar isso causaria dano psicológico inimaginável e potencialmente desfazer nossos três anos de trabalho — aos quais você mesmo se referiu — para tentar estabiliza-la novamente. A biologia de 4427-B faz amnesticização perigosa. Simplesmente não funcionário. Não sem dano cerebral. Nós poderíamos fazer isso com você por exemplo, e qualquer humano de biologia típica, mas não com uma anomalia como ela."
Reggie engole seu mau humor. “Ok. Certo.”
"Tem um vídeo em particular que se destaca do restante e que nos dá razão para potencialmente acreditá-lo sobre o engajamento sendo consensual a curto prazo, no significado superficial da palavra. No dia 20 de abril, você entra na câmara de SCP-4427-B carregando uma pasta. Você segue para o banheiro, onde é visto mostrando a ela o conteúdo, que está fora da tela. Analistas da Segurança de Informação notaram ao revisar as gravações que vocês dois estavam claramente sorrindo, conversando e abraçando-se. Após isso uma curta conversa é presenciada, e atividade sexual a segue. Porém, essa instância foi o que nos fez acreditar que deveríamos entrevistá-lo ao invés de carimbar a aprovação de demissão entregue por seu Diretor de Sítio, para ser franco."
"…Ok."
O homem aperta um botão no controle remoto e gesticula para uma projeção atrás dele. "Com isso em mente, reveja esta gravação dos eventos em questão e responda a todas as perguntas, com todas as respostas sendo transcritas para o registro do seu caso. Você pode pedir para parar o vídeo se assistir a atividade sexual se tornar desconfortável. Esses parâmetros estão claros? ”
"…Sim."
“Certo. Técnico, por favor inicie o trecho da gravação de 20 de Abril às 8:45 da tarde."
Sala 35, Ala B4 de Contenção Nível-Euclídeo, Sítio-42
20 de Abril, 2022
Reggie espia pela porta antes de abri-la completamente. "Sou apenas eu," ele fala.
"Estou tomando banho," uma voz responde, saltando pelo concreto pintado na sala vazia e silenciosa. Ele continua tentando se lembrar de pedir um sofá e uma mesa.
"Eu posso voltar depois se você quiser."
"Por que você não se junta a mim?" ela fala.
Ele estremece e olha para trás, entrando pela porta e fechando e trancando-a atrás dele. "Shh, eu ainda tinha a porta aberta," ele diz com um riso, lentamente andando pela sala para ficar ao lado da porta meio-aberta do banheiro. "Você ainda toma banho em água quase fervente? Por que se sim, então não."
"Eu posso esfria-la um pouco se eu puder ter algo tão quente quanto ela aqui comigo."
Seu rosto fica vermelho. "Bem, na verdade, uh… Eu apenas vim trazer algo para te mostrar."
"Bem, venha me mostrar, então."
Ele empurra seus óculos por cima do nariz e entra pela porta, abrindo a pasta. Jasper faz nenhum esforço de se esconder atrás das seções opacas da cortina do chuveiro e o cumprimenta com um rosto sorridente e uma ereção visível. Reggie olha para baixo com um sorriso desajeitado e tenta divergir seu foco. "Eu disse que lhe mostraria imagens da minha mãe e da minha irmãzinha. Finalmente me lembrei de trazer elas. Aqui, você pode segurá-las. Nós trocamos para impressão à prova d'água já faz um tempo."
Ela pega a maior fotografia, dando a ele um olhar provocante enquanto ele dá alguns passos mais próximos e fica ao lado dela. "Aww, sua irmã é adorável. Qual é a idade da sua mãe, de novo? Ela não parece mais velha do que 35."
"Ela tem 42. Número da sorte."
"A reposta, até."
Ele ri. "Sim. Sim, ela me teve quando tinha vinte anos."
Ela dá a foto para ele e lentamente se apoia na parede de ladrilhos. "Você quer ter filhos?" Ela começou a trançar os cabelos enquanto eles caem no peito.
"Eu acho que não." Ele senta no vaso sanitário e tira a água das fotos. "Eu tenho um pastor alemão em casa e às vezes sinto que mal posso cuidar dele. "
"Você cuida bem de mim."
Ele olha para cima com um olhar triste. "Eu nunca senti como se eu estivesse tomando conta de você. Eu aposto que eu sequer deveria falar algo desse tipo agora você sem conta- ugh."
"Eu vivo dizendo que você não será pego."
"Eu quero acreditar em você. Eu realmente quero. Mas eu apenas queria que essa não fosse a nossa situação. E Deus, aqui está tão quente."
"Então tire esse uniforme grudento e venha aqui."
"Eu, uh…"
“Vamos lá, já falamos sobre isso. Tem espaço para cinco aqui, praticamente. E quem está nos julgando, Deus?"
"Provavelmente algo similar," ele murmura, começando a desamarrar as botas.
Eles riem e andam até o chuveiro. "Aqui, eu vou colocar em abaixo-de-fervendo para você."
Ele se levanta e tira sua camisa, se certificando de deixa-la, assim como as calças, bem dobradas no balcão para que ele não ande pelo corredor depois com cabelo molhado e roupas amassadas.
Jasper assiste enquanto ele tira sua camisa de baixo e seu cuecão com um olhar focado. Reggie lambe os lábios e entra no chuveiro, fechando a cortina atrás dele.
"Se sentindo pelado sem suas roupinhas?" ela o provoca, puxando-o em direção ao chuveiro pelo pulso.
“Talvez. Sim."
"Mmm. Não se preocupe, eu te garanto que você ainda tem todo o poder sobre mim que você precisa." Ela coloca sua mão ao redor da garganta dele.
Ele sente seu pênis se contrair. "Sim. …é isso que me incomoda tanto."
Eles riem. "Oh, não estrague isso. Eu gosto disso. Você sabe."
"Eu sei. Mas… bem, você sabe."
"Eu não vou contar." ela sussura, lábios se esfregando contra o lado de seu rosto. "Agora, você quer me dobrar aqui, ou você quer me conter corretamente com essas algemas suas?"
Ele lança um olhar através da parte transparente da cortina para o cinto de equipamentos no vaso sanitário. Ele estremece, tentando afastar a sensação doentia em seu intestino. "Ambos", ele decide, afastando a cortina do chuveiro e pegando suas algemas de prata brilhantes.
3430 W. Telfair Circle, Seabreeze, Carolina do Norte
22 de Maio, 2022
“Sim! Você gosta disso, porrinha da scipê?”
Homens explodem em uma cacofonia de risadas e vaias quando o agente Rogers acerta um dardo no mamilo esquerdo de uma gravura colorida da cintura para cima de Reggie Jacobson, tirada de uma captura de tela de uma das gravações de segurança recém-vazadas. "Isso é por desfazer anos de boa publicidade muito necessária!"
"Você está embriagado, Rogers," um de seus colegas disse.
"Mas cês tão todos ainda aqui assistindo o jogo no meu sofá, cara!" ele grita. O homem ri e toma mais uma golada de cerveja. Rogers se vira para a cozinha onde uma dúzia de pessoas estão sentadas e de pé com suas bebidas. "Ei ouçam, eu sei que nós enchemos essa foto de buracos, mas por sorte eu fiz quatro delas, e as outras três estão na garagem. Façam com essa informação o que vocês quiserem," ele diz aos homens conforme ele saia pela porta dos fundos, ganhando ainda mais risadas bêbadas.
Ele balança sua cabeça e olha o relógio. Quantos copos ele bebeu? Nove? Dez? Ele não tem certeza. Ele suspira e se senta na mesa entre sua casa e a casa vizinha. Uma onda de náusea tira seus sentidos de equilibro assim que ele se curva na cadeira. Ele sempre se arrepende de beber.
Um flash laranja e um barulho aguado de bolhas o assustam. Ele sacode na cadeira antes de perceber o que era. "Jesus, Trauss, eu pensei que você tinha saído da cidade."
Trauss tosse uma pluma branca no rosto de Rogers. "Não. Ainda estou aqui. Vi uma foto minha bem no topo da Brecha Informativa essa manhã, então foi meio que um ataque cardíaco. Digo, eu deixei eles tirarem essa foto, eu só não acredito que eles realmente usaram ela. E não editaram ela."
"Meh, todo mundo na cidade te reconhece a essa altura de qualquer modo. Mas sim, aquele artigo sobre Jacobson foi uma vergonha. Para dizer o mínimo. Desculpe que sua foto foi o que eles colocaram na página. Está disponível hoje?"
"Hoje, sim, mas quando eles não me deixam dirigir um carro não-marcado eu não consigo realmente sair sem sentir como se eu estivesse no horário de trabalho. É tipo o que já conversamos sobre, sabe. Mesmo negócio."
"Eu te entendo. Olhe, quanto dessa merda você sabe sobre aquele guarda?"
"Eu assisti os videos." Ele acende o isqueiro de novo.
"Os- vídeos completos, ou os vídeos do Comitê de Éticas?"
"Os vídeos do Comitê de Éticas que vazaram pro público. Eu ouvi falar sobre os novos, porém, e se qualquer um de nós assistindo a eles deixá-los escapar, nós estamos todos completamente fodidos."
“…Certo. Uh, sabe, parece que eu deveria te avisar, eu tenho uma screenshot daquele maluco com seus mamilos de fora impressos-"
“Você imprimiu algo? É melhor que tenha sido em uma companhia de fachada!"
“Sim! Sim, obviamente!"
“Você não pode casualmente e comercialmente imprimir algo de um vídeo que sequer deveria existir fora dos servidores do departamento de segurança. É melhor você torcer para que o funcionário não tenha prestado muita atenção a isso. Jesus Cristo." Trauss balança sua cabeça e reacende a tigela.
"Uh… Sim, eu acho que pode ter sido estúpido. Mas olha, eu apenas, eu apenas odeio muito esse cara, cê sabe? Tipo, muito-muito."
Trauss espera para falar até que ele tenha enchido a câmara do bong com fumaça novamente. "Certo. Mas eu não acho que fazer um alvo com a foto dele seja uma maneira saudável de crítica."
Rogers levanta seu nariz. "Oh, tire esse papinho de colarinho branco de Sítio da qui. Você viu o que ele fez com a pobre coisa. O porra merece isso."
Trauss inspira a fumaça com um pequeno suspiro. "Certo, bem, se você vai ficar gráfico, eu só vou apontar que todos vocês já tiveram o mesmo tipo de sexo. Com pessoas anômalas." Ele bufa.
"No- na porra do campo onde eles não são registrados como SCPs e eles não estão em contenção. Duh. Tem uma diferença. Qualé, seu merda você sabe disso."
"Em termos de regulações, sim, tem uma grande diferença, mas regulações não refletem decisões de autonomia pessoal e você sabe disso."
"Além disso, você estava pior do que já estive quando você estava na Lambda-12."
"Eu não estou tentando iniciar uma competição de quem-teve-o-sexo-mais-excêntrico. Eu só estou apontando que temos que ter cuidado sobre quando a mídia mostra os negócios de uma pessoa por completo do nada. O Comitê de Éticas sequer terminou sua investigação. Pessoas já vão usar isso como propaganda anti-Fundação imediatamente — cacete, Brandon Walkers já tem a porra da minha foto no papel como um exemplo de quem procurar por quando você estiver evitando os scipêrs — e isso é algo que afeta a todos nós. Eu ouvi você gritando sobre dano à reputação lá dentro até."
Rogers suspira. "Eu te entendo. Eu realmente te entendo. Foda-se. Estou bêbado demais para isso."
E estou muito drogado para isso. Quer dar algumas voltas ao redor do 42?"
"Não sei se meu corpo está disposto para andar, mas estou disposto a sair daqui."
"Eu vou pegar as chaves então-"
"Oh não. Eu não posso dirigir um carro agora."
“Você está afim de entrar e assistir alguns filmes até você ficar sóbrio?"
“Melhor."
3426 W. Telfair Circle, Seabreeze, Carolina do Norte
23 de Maio, 2022
“Eu não estou dizendo que eu acredite nas notícias. Só estou dizendo que amenos que você me prove que o seu caso não é o que parece, eu não quero você em minha casa mais. Efetivo imediatamente."
'Mãe, você poderia só ouvir-"
"Eu já cansei de ouvir! Me mostre a evidência!"
"Eu não tenho ela!" Reggie taca sua mochila na porta. "Por que eles me dariam uma cópia daquilo? E por que você iria querer assistir o seu filho tendo sexo com alguém mesmo assim?"
"Juro por Deus, Reggie, eu quero acreditar em você, mas a verdade é - e você já sabe de todos os nossos argumentos - que eu estive de olho em você por trabalhar com aquelas pessoas desde o dia em que você passou a ter 18 e assinou os papéis, e só está ficando pior! Olhe o que o seu empregador faz com- com humanos. às vezes até pequenas garotas e garotos como Rose! Crianças! Crianças, tacadas em- em uma prisão agradável! Em alguma efígie assustadora de uma ala psiquiátrica sem motivo médico para estar em uma!
"Não ouse começar isso de novo! Já se foram quatro anos desde que eu me alistei! Não é mais a sua decisão! Não importa o quanto isso te incomoda, você não vai mudar o fato de que seu filho cresceu para se tornar um agente da Fundação, e você não precisa gostar disso. mas você certamente não precisa me repreender por isso! Eles não são pessoas ruins — nós não somos pessoas ruins, eu não sou uma pessoa ruim! Aquelas pessoas, as pessoas que nós estamos 'abusando' segundo você, elas precisam de ajuda! Elas são afetadas por fatores fora do controle delas e fora do controle da ciência convencional, nós somos os únicos que podem providenciar algo próximo de um alívio! Mãe, mais da metade das anomalias humanas estão lá voluntariamente, por chorarem-"
"Se elas precisam de tanta ajuda, então por que caralhos você fodeu uma delas? Ou vocês estão tratando alguém como um objeto ou vocês estão tratando elas como pessoas — colocando elas de volta no mundo onde elas pertencem — e onde não tem meio termo! Especialmente quando você- quando você só está pensando com seu pau!
"Ok, mãe, eu não vou falar sobre isso. Não sobre esse tópico de novo e não nesse nível. Eu vou sair da sua casa." Ele pega sua mochila e abre a porta da frente para a luz cegante do sol. "Sua casa que você só tem porque seu filho é um funcionário da Fundação, eu acrescento. Se em qualquer momento você quiser falar comigo, você pode fazer isso através do número do Sítio." Ele fecha a porta no protesto zangado e choroso de sua mãe e gira, uma mão segurando sua mochila e a outra cobrindo seus olhos. Ele olha de soslaio para o carro que estaciona na frente de sua garagem. Seu pulso acelera quando ele vê a logo da Fundação no lado.
"Reggie!"
Ele olha de volta para a porta da frente de sua mãe e pula da varanda. "Ei Trauss, acredito que eu-"
"Não vá a lugar nenhum, você está maluco?" ele fala pela janela. Ele faz um gesto para ele descer pela calçada.
"O que?" Reggie diz, entrando no lado do carona com sua mochila nos pés. Ele suspira em alívio ao fechar a porta entre ele e o mundo externo.
"Olhe cara, eu não sei por completo o que está acontecendo, mas eu sei o suficiente para dizer que sua foto está por todo lugar nas notícias civis e nos boatos da Fundação e você realmente deveria prestar atenção. Para sua própria segurança."
Reggie estala a língua, tremendo. "Hum… Não era exatamente o que eu precisava ouvir agora, mas obrigado."
"Talvez não seja o que você quisesse ouvir, mas talvez seja o que você precisa ouvir. Estou te falando do jeito que é. Olhe, se você precisa de uma carona de volta para o Sítio ou algo assim me chame. As coisas andavam lentas nessas semanas até isto atingir as notícias, então agora preciso lidar com ligações de pegadinhas e coisas assim, mas ainda continuo patrulhando. Estou por perto se você precisa ir a algum lugar."
"Eu aprecio isso, mas, uh, eu não posso trabalhar por uma semana. Eles me colocaram em suspensão até o Comitê de Éticas concluir a investigação."
"Oh, eu entendo. Ok, bem, eu vejo que você tem sua mochila com você. Sua mãe te expulsou de casa?"
Ele estremece. "Sim. Você não precisa colocar as coisas assim. Apenas- augh. Isso tudo é tão constrangedor."
"Eu posso me simpatizar bem mais do que você percebe."
“Obrigado, eu acho."
“Olhe, se você precisa passar despercebido por sete dias e você não pode ficar no sítio, eu tenho um colchão sobrando na minha casa. Só não deixe o meu vizinho Rogers perceber que você está lá ou nós teremos problemas."
"Porra, s-sério? Você não se importa comigo lá?"
"Eu não me importo. Só não quebre nada ou fume toda a erva."
"E se alguém perceber?"
"Eu tenho um plano para caso alguém perceba."
"O jeito como você falou isso não é muito tranquilizador. Você quer dizer isso mesmo?"
"Sim, definitivamente. Você sabe que o nosso prédio é aquele com o túnel de acesso, correto? Em seu treinamento eles te falaram sobre os túneis de acesso que vão do Sítio até o esconderijo?
"Sim, eu me lembro disso. Aquela é a sua unidade? Eu pensei que fosse a outra no outro lado da rua."
"É minha. Era de outras pessoas no passado mas é sempre a vez de um agente fora de Sítio de pegar os scipês um pouco mais sorrateiramente, às vezes."
"Então eu posso só- eu posso só ficar com você por uma semana e então quando o Comitê chamar, eu posso só andar para o Sítio pelo subterrâneo a partir do seu porão? Eu não preciso ver ninguém por uma semana?"
"Se for realmente do que você precisa e você não vai falar com sua mãe, sim. Você tem uma irmãzinha lá, certo? Bem jovem? Eu vi ela brincando no jardim."
"Sim. Eu não sei. Minha mãe precisa se acalmar. Provavelmente eu vou falar com ela em dois dias, por ai."
"Bem, você conhece sua família melhor do que eu, com certeza. Mas sim, você pode ficar comigo. Eu não fico lá por muito tempo de qualquer jeito."
"Ok. Ufa. Certo, me sinto melhor agora. Muito obrigado."
"Não é um problema. Mas só para ter certeza- bem, isso pode esperar. Sim, só ir para a casa."
"Na verdade, uh- Você se importaria de dirigir para o 42 rapidão? Eu deixei algo no meu armário, é importante."
Trauss levanta uma sobrancelha. "É importante?" Ele olha as mãos nervosas do jovem.
"Sim, é- uh- eu esqueci o carregador do celular."
"Oh, bem, eu tenho extras deles. Você precisa de micro-USB?"
"Não, eu preciso daquele estranho para o celular da Fundação-"
"Oh, bem eu tenho esses também. Mais desses na verdade. Tudo certo."
"…Ok."
Trauss ajusta o câmbio e vai embora da casa dos Jacobson. Ele passa por algumas casas e estaciona na entrada de automóveis perto da caixa de correio 3431, ele desabotoa o cinto de segurança e se vira para Reggie. "Então, eu vou chutar aqui, então aguente se eu estou errado: As pílulas em seu armário. Xanax ou Klonopin?"
Reggie exala e coloca sua cabeça em suas mãos, pressionando seus dedos em suas pálpebras. "Xanax."
"Sabia. Olhe, sei que você está tendo problemas agora, mas se você está tomando pílulas sem uma prescrição eu não quero testemunhar isso acontecendo. Se você não fosse um adulto eu falaria para você manter-las longe da minha casa. Mas estou falando sério, não me deixe ver se você continuar tomando elas, e eu não vou te levar para conseguir elas. Se você só quer ficar dopado, eu tenho várias cepas de Indica para isso."
"Eu tento sobreviver. Obrigado." Ele sente como se fosse cair para fora do carro.
"Mmm." Trauss sai e vai para o lado onde Reggie está. "Poderia levantar seu capuz bem rapidinho? " Ele fecha a porta depois que ele sai e anda junto dele para a porta da frente. "De qualquer forma, se você precisa ir ao 42, me avise primeiro. O sistema de segurança não te avisa sobre isso, mas ele surta se alguém além dos dois funcionários autorizados abrir o túnel. E nesse momento é apenas eu e Rogers."
"Entendido."
"Legal. Vá se sentir a vontade no sofar ou atacar a cozinha ou seja lá o que você quer fazer. Não hesite em comer e beber minhas coisas; eu não ligo. Tenho que ir fazer um pouco de papelada lá cima mas eu voltou em uns 30 minutos."
“"P-posso te perguntar uma coisa rapidinho?"
Trauss para nas escadas e joga o cabelo por cima do ombro. "Sim?"
"Por que você está sendo tão bacana? Mesmo com o que está nas notícias sobre mim?"
Ele desce alguns pés e se apoia na parede. "Eu estou hesitante em te contar, mas foda-se, você vai descobrir de um jeito ou de outro. As gravações de segurança — todas elas — de você e 4427 juntos vazaram. Não para o público, mas estão se espalhando pelas comunicações internas."
Reggie balança, se segurando no canto do balcão. "…Todas elas?"
"Sim. Todas elas. Todas as dezessete."
"Q-quem vazou aquilo? Porra, quem vazou as do Comitê de Éticas para o Youtube? E agora essas também, quem no departamento de segurança iria-"
"Eu não sei. Tem uma razão pela qual eu prefiro não ficar no Sítio quando eu posso. Pessoas assistindo a cada movimento que você faz, analisando-o e depois não o protegendo o suficiente para proteger a privacidade a que têm o direito de violar. Mas ei, estou falando isso fora do registro. Supostamente. Não se pode ter certeza de que se pode confiar o que eles dizem sobre nossa tecnologia hoje em dia." Ele bate com um dedo o fone de comunicação em seu piercing e pisca.
Reggie estremece. "Mas não tem áudio nos videos, certo? Nos- nos novos vídeos?"
"Não que eu saiba."
"Graças a Deus. Isso pioraria muito as coisas. Por acaso você, uh… Por acaso você assistiu eles? Me desculpa, eu apenas, sinto que eu deveria saber."
"Heh. Eu assisti o suficiente para pegar a essência dele, sim. Mais um pouco e começaria a ficar estranho. Notavelmente, eu olhei um dos dezessete videos que era apenas vocês dois conversando um pouco enquanto pelados no chuveiro antes de fazerem suas coisas. Eu aposto que o Comitê de Éticas vai gastar a semana inteira tentando decidir como interpretar aquele e o que ele significa para o seu caso."
"Então.. Você sabe- Digo, você acha- Você acha que eu sou inocente? Digo, não inocente, eu sei que estou fodido com a parte de quebrar a política de conduta sexual, mas não culpado de estrupo?"
"Eu acho que você não é uma pessoa ruim e menos ainda de qualquer forma intencional, e que você está aprendendo essa lição sobre o que você pode ou não pode expressar emocionalmente para objetos contidos de uma maneira muito mais dolorosa e pública do que eu aprendi há alguns anos."
Reggie pausa para processar a frase. "Ok. Eu acho que entendo. Eu estou tentando. Tentando processar tudo isso quando nós de alguma forma nunca pensamos que isso escaparia."
Como uma regra geral, se você faz isso no Sítio, alguém está assistindo. Não importa o que a atividade seja.
"Porra. Deus, eu queria ter sido mais esperto."
"Mas olhe, o que aconteceu aconteceu e agora você vai fazer o que tem de fazer para consertar isso. O universo corrige isso. Eu volto logo." Ele vira e sobe as escadas.
Reggie pega sua mochila e entra na sala de estar. A casa do agente é relativamente vázia, com a exceção de uma bagunça de equipamentos emitidos pela Fundação dispostos na ilha da cozinha e uma mesa de café coberta com vários jarros cheios de botões coloridos e aparelhos de vidro. Ele caminha até o colchão coberto de travesseiros no chão e move as bandejas da TV e o tablet antes de cair de bruços no edredom branco.
Reggie acorda ao som de panelas e palavrões alemães abafados. Ele rola e desembaraça os lençóis de si mesmo antes de tropeçar seu caminho até o banheiro do corredor, com a cabeça cambaleando. Ele quase vomita várias vezes na pia antes de se sentar no vaso sanitário. Trauss bate na porta, como ele esperava. "Estou bem, vou sair em um minuto", diz ele, segurando a mão na coxa enquanto o intestino se agita.
"Você vai se sentir muito melhor se você comer proteína, beber água, e tomar um banho," Trauss disse a ele assim que ele saiu. "É nove da manhã e você dormiu desde as sete da noite passada."
"Cristo, o que tem de errado comigo?"
"Parece com os sintomas de abstinência de Xanax com estressores extras na mistura."
Reggie olha em sua mochila e encara a si mesmo no espelho. "Todas as roupas que eu tenho são o mesmo uniforme. Eu não tenho uma única roupa que não tenha a logo da Fundação no braço ou no peito além de camisolas."
Trauss ri e bate outro ovo na panela. "Eu pelo menos tenho algumas camisas sociais que não tem a logo nelas, mas eu acho que eu tenho nenhuma roupa que não seja cinzenta."
"Talvez nós devêssemos ir às compras." Ele se senta nas banquetas e geme. “Não querendo parecer desesperado, mas quando que você puxa a erva?"
“Pff, quando você quiser, eu acho. Ela está por ai desde que foi legalizada. É por isso que tem erva na mesa toda. Eu costumo fumar uma sativa pela manhã e uma indica pela noite."
"Eu não sei o que nada disso significa," ele murmura em seus braços cruzados. "Eu só vou esperar até você fumar pelas manhãs de qualquer jeito."
"Certo. Você quer tomate com esses ovos?"
"Sim, gostaria disso. Obrigado por cozinhar."
"Não estaria se eu não tivesse uma desculpa para cozinhar, com alguém na casa e tudo. Eu vou pegar um prato pra você e vamos começar. Mas eu tenho que ir pro trabalho ao meio-dia, só para te avisar. Vou estar fora até as seis."
"Certo. Eu vou tentar não botar fogo na casa."
"Eu aprecio isso. Certifique-se de fechar a porta do pátio se sair. Os aspersores não vão funcionar se ela for deixada aberta.
Reggie olha por cima do ombro para os arbustos de cannabis florida pressionando contra a janela da sala. "Certo."
"Certo. Já volto para comer com você em alguns minutos."
“Ok." Reggie assiste o agente subir as escadas na ponta dos pés, seu cabelo pulando em suas costas. Ele ajusta sua posição de se apoiar no balcão de bar para se apoiar no balcão de ilha e brevemente se pergunta se seria rude olhar a mochila de Trauss por curiosidade. Ele decide esperar para perguntar a ele e no lugar disso ele fica distraído com a grande caixa de amnésticos ocupando a maior parte do espaço disponível. Ele reconhece as etiquetas de alguns dos aparelhos — ele tem permissão para carregar e usar sprays de amnésticos Classe-A, mas não muito mais do que isso — mas nunca viu antes.
"Pra trás," Trauss fala enquanto ele desce as escadas, esfregando suas mãos. "Vejo que você percebeu a mesa de brinquedos."
"Ha. Sim."
"Bem, dê uma boa e longa olhada, pois eu normalmente não carrego tanto assim de uma só vez. Mais da metade disso vai voltar para ficar trancada no 42."
"E sobre isso?" Reggie gesticula para a caixa.
"Ah, aquilo eu carrego. Embora eu normalmente mantenha ela no carro."
"Você está autorizado a usar tudo até a Classe-C? Puta merda."
"Mmm-hmm, e estou trabalhando para conseguir a certificação para usar os de Classe-D." Ele pega a ainda-quente frigideira e começa a colocar os ovos em dois pratos.
"Talvez pareça estranho, mas você já, tipo, usou esses? Em você mesmo?"
"Em mim mesmo? Cristo, tudo que poso dizer é que o aviso de 'não concentre e inspire conteúdo deliberadamente' nos de Classe-A devem ser para você."
"Não, eu não quero dizer de uma maneira recreacional. Eu quero dizer se você já os usou em você mesmo para esquecer de algo?" Reggie entrelaça os dedos e aperta. Seus membros parecem sem sangue.
"Auto-administração de Classe-A é autorizada de maneira geral para funcionários Nível 4. Mas para qualquer coisa que volte mais do que algumas horas eu preciso preencher muitos documentos se eu quiser fazer. A Fundação decide do que eu vou me lembrar e do que eu vou me esquecer, não eu."
"Isso te assusta?"
Ele balança os ombros. "Eu escolhi essa vida. Se eu quiser sair tem canais pelos quais isso é possível. Mas eu não quero." Ele pega os pratos e gesticula para o sofá.
"Por que?"
"O que?"
"Me desculpe, mas- por que? Por que você está ok com ter o link de comunicação deles permanentemente instalado na carne do seu ouvido? Por que você está ok com o fato de ser conhecido nessa região como um agente da Fundação e apenas como um agente da Fundação? Você já pensou em fazer algo de diferente? Ser a sua própria pessoa?"
Trauss chupa seus dentes. "Bem, eu não estava esperando que você fosse ir tão profundo. Mas quando eu me pergunto essas questões — e eu pergunto, por um longo tempo — minha resposta é sempre que eu gosto da segurança. Me chame de um covarde, mas eu não gosto de ficar no mundo por conta própria. Talvez tenham feito lavagem cerebral em mim porque eu fui contratado tão jovem, assim como você. Mas eu gosto de saber que se eu não puder tomar conta de mim mesmo, as pessoas que podem estão a um segundo de distância."
Algo no fraseado do agente causa arrepios na espinha de Reggie. "Eu entendo," ele diz baixinho.
"Esse tópico não é o tipo de tópico que você precisa se preocupar sobre agora, de jeito nenhum."
Reggie se levanta e se senta em frente à mesa de aço circular perto do sofá. "Você está certo. Desculpe. Obrigado," ele diz, pegando um prato de Trauss.
"Sem problema," disse Trauss, dando uma grande mordida na torrada de geléia antes de estar totalmente sentado. "Mas, como eu estava falando. Não eu nunca tive uma razão para amnesticizar a mim mesmo. Eu nunca tive uma razão para usar os de Classe-A, mas eu tenho certeza de que isso vai mudar com mais alguns anos trabalhando."
"Há quanto tempo você é um agente?"
Me inscrevi para os exames de admissão no dia em que completei 18 anos. Igual a você, garoto. E cacete, aposto que não tenho mais que três ou quatro anos a mais do que você.
"Eu tenho 22."
"Certo, imaginava. Eu tenho 23, fazendo 24 nesse verão. Nós somos apenas universitários no que diz respeito à demografia, aqui."
"Você soa como o Walkers."
"Heh. Ele está certo sobre algumas coisas. Se ele não está cometendo difamação, está acertando algo assustadoramente precisamente no nariz. Não há meio termo para esse cara. Mas geralmente é difamação.
"Então você tolera a Brecha Informativa? É por isso que você deixou eles tirarem uma foto sua?"
"Eu deixo eles tirarem uma foto minha para deixar eles putos."
"Como fazer o que eles querem iria deixar eles putos?" ele pergunta com a boca cheia de ovo.
Trauss engole, coloca seu prato na mesa, e pega seu bong de coador de vidro de meio metro. "Porque eles amam causar confusão. Tudo que disse foi 'ok' e posei. E 'sim, estão ótimas' quando eles me mostraram o que as legendas da foto diriam. E quando eles me perguntaram sobre o que eles estavam escrevendo, eu disse 'me recuso a comentar' no mesmo tom de voz para cada questão até eles ficarem putos e irem embora."
"…Entendo."
Ele apóia o bong contra os joelhos e começa a empacotar a tigela com pedaços com cabelos alaranjados, sacudindo os ombros. Um bipe suave soa em sua orelha esquerda, fazendo seus dedos pularem. "Sim, estou aqui, essa coisa deveria estar desligada até o meio-"
"Correto, mas nós temos um problema aqui," o expedidor disse. Trauss bufa baixinho. "Nós temos cerca de 20 ou 25 manifestantes lá fora no portão da frente."
"O que? O portão da frente do 42, o portão falso, ou o portão da frente da- da entrada traseira, de nossas casas?"
"Fora da entrada da Guarda Costeira na River Road, sim. Você poderia ir até lá? Eles estão bloqueando o tráfego e nós não queremos ter que-"
"Envolver os policiais civis, sim. Eu entendo. Estarei ai em menos de quinze minutos. Faça os funcionários da Guarda Costeira manterem eles sob controle até la."
"Sim, eles estão fazendo o seu melhor. Certo, silêncio de rádio até você precisar de mim, Trauss."
"Entendido." Ele se inclina para frente e acende o isqueiro.
"Eu realmente não conseguiria lidar com eles em meus ouvidos 24 horas todos os dias" Reggie reflete, assistindo Trauss tragar o bong por pelo menos dez segundos ininterruptos.
"Você lida com isso não censurando seja lá o que você esteja fazendo fora do horário, e deixar eles descobrirem por experiência quando não ouvir quando eles não deveriam," ele diz, tossindo um jato branco leitoso no ar acima da mesa. "Funcionou comigo."
"Huh."
"Bem, acho que tenho que me arrumar para sair pelo dia," ele diz, pegando um dos três moedores na mesa. Ele tira uma caneta vaporizadora do bolso da camisa e desaparafusa o fundo.
"Só para ter certeza, você está ok comigo usando suas coisas, certo?"
"A erva ou a comida?"
"Ou a TV, seu computador, coisas assim."
"Oh. Sim, você pode usar essas coisas. Mas ei, não gaste o dia inteiro lendo sobre você mesmo na internet. Eu te imploro."
"Não vou, não vou."
"Você vai querer," ele insiste, pegando o bong de novo. "Sempre que falam mal de você, você vai querer ler sobre isso. É apenas o que acontece. Eu já passei por isso."
"Eu vou combater a curiosidade. Eu sei que não é disso que eu preciso."
"Tudo bem." Ele cheira, empurra meio grama da cepa híbrida do moedor para o compartimento do vaporizador e caminha até a porta com a fumaça do bongo ainda em seus pulmões. "Volto depois das seis. Se cuide e não responda à porta se alguém bater." Ele coloca seus óculos aviators, balançando as chaves do carro ao redor do seu dedo.
"Ok. Obrigado. De novo."
"Tudo bem." Ele fecha a porta, uma onda de ar quente vindo de fora empurra as nuvens de fumaça para Reggie. Reggie tosse levemente e olha o conjunto de três moedores e uma dúzia de potes cheios de brotos ao lado dos dois bongos. Sem saber onde começar, ele pega o aparelho menor, um pote de tampa roxa com GD Purp escrito no rótulo com a letra do Trauss, e o moedor roxo.
Ele se senta à mesa atrás da parede da cozinha, aliviado ao ver que não está em volta de nenhuma janela baixa. Ele sentiu como se estivesse sendo vigiado por dias. Quando ele se lembra dos pratos vazios do café da manhã na mesa, ele se levanta com as pernas bambas e os leva para a pia.
De sua posição na pia, ele olha pela neblina iluminada pelo sol na sala e sai para o quintal. Ele jura que vê algo em forma de cachorro rastejando entre os caules das plantas de Trauss, mas não pode ter certeza. Ele balança a cabeça, desligando a água e checando as fechaduras da porta antes de se sentar novamente.
Para a sua surpresa, o computador de Trauss está conectado tanto à Internet pública quanto à rede da Fundação. Ele foi ensinado em treinamento básico de que uma configuração dessas é um grande risco de segurança, mas talvez algo tenha mudado desde então que ele não sabia sobre.
Seus dedos instintivamente voam para digitar os links de todas as principais redes de notícias em sua mente. Ele força suas mãos para fora do teclado e abre o moedor ao invés disso, colocando pedaços fofos e incrustados de cristal de seja qual for a flor roxa que Trauss já tinha colocado dentro da tigela. Quando ele levanta os pés trêmulos e doloridos para encher o bong na pia, ele vê o cachorro no jardim novamente, só que desta vez sentado, com o rosto na janela.
"Oppenheimer sai dai, esse não é o seu jardim!" ele diz, gesticulando uma moção de empurrar com sua mão livre. "Oppenheimer! Vai pra casa, garoto! Vai pra casa!"
Oppenheimer geme e inclina a cabeça, olhando pela janela com um olhar ansioso.
"Vai pra casa, garoto! Eu não quero que ninguém saiba que estou aqui!"
"Após vários segundos, o cachorro percebe e sai, com a cauda caída. Reggie tem dificuldade em manusear o bong enquanto ele assiste seu cachorro trotando na direção da casa de sua mãe. Ele inspira o que ele espera ser uma quantidade razoável de fumaça semi-opaca e se senta no computador. A tosse vem com uma breve demora, e ele se xinga por não prestar atenção ao seu nível de tolerância enquanto bufa.
Depois de beber algo ele finalmente se senta novamente, ele clica no ícone da IntSCPFN na barra do Windows e insere suas credenciais. Ele não consegue pensar em qualquer razão pela qual conferir sua conta de funcionário seja uma má ideia, visto que ele está em espera para ouvir do Comitê de Éticas, mesmo quando seu pulso acelera um pouco quando ele processa o pensamento. Ele apressadamente acende a tigela novamente e inspira uma fumaça um pouco menor.
Sua conta foi temporariamente suspendida, a tela de login dizia a ele. Ele tenta de novo, sabendo muito bem que fazer isso não consertaria nada.
Ele é assustado pela porta da frente abrindo. "Esqueci a porra da carteira e da carteira de motorista," Trauss murmura, pendurando suas chaves em algo. "Ok, vou lá de novo," ele diz sem olhar para cima, batendo a porta atrás de si. Reggie ouve a porta sendo trancada alguns segundos depois.
No silêncio que se seguiu, Reggie percebe o quão entediado ele está. Trabalho é a sua vida. E quando ele não está trabalhando, ele está em seu quarto na casa de sua mãe lendo sobre a Fundação na Internet civil. E agora ele pode fazer nenhuma dessas coisas.
Ele suspira e decide olhar as notícias. O impulso de olhar as notícias rapidamente se torna o impulso de colocar no Google seu primeiro e último nomes, mas ele diz para si mesmo que é a mesma diferença enquanto ele pressiona enter.
URGENTE: OFICIAL DA FUNDAÇÃO REGINALD JACOBSON SOB FOGO DO COMITÊ DE ÉTICAS DA SCPF
OFICIAL DE 22 ANOS DE IDADE DA SCPF EM JULGAMENTO INTERNO POR MÁ CONDUTA SEXUAL, POSSÍVEL ESTUPRO DE PESSOA ANÔMALA.
NÃO EXISTE PUBLICIDADE RUIM? COMO A FUNDAÇÃO SCP TROCOU O MISTÉRIO POR SEXO, DROGAS, E DINHEIRO
A NOVA GERAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DE COLARINHO AZUL DA FUNDAÇÃO: JUVENTUDE, AUSÊNCIA DE FORMAÇÃO DO GOVERNO E DA EXECUÇÃO DA LEI A CULPAR POR CASOS COMO O DE JACOBSON?
O LONGO CAMINHO DE QUEDA: ACOMPANHANDO AS AÇÕES DA FUNDAÇÃO CAÍREM APÓS O CASO DE JACOBSON
Ele exala. Ele diz a si mesmo que o "potencial" em uma das manchetes é algo para dar um suspiro de alívio sobre, mas ele não sente isso acontecer.
Ele se situa na cadeira e clica no primeiro link.
Sala 35, Ala B4 de Contenção Nível-Euclídeo, Sítio-42
24 de Maio, 2022
"Eu não quero falar com você. Eu quero falar com ele."
"Ok, bem, nós já falamos sobre isso. Ele não está no sítio e não pode estar."
Jasper revira seus olhos. "Pelo amor de Deus, pare de se esconder atrás do arbusto. Você já mudou sua história duas vezes durante essa conversa."
"Não, de fato nós não o fizemos. Oficial Jacobson está em suspensão por causa da exata atividade com você que estamos tentando falar com você sobre. Nós só queremos que você coopere conosco e confirme ou negue esses aspectos chave do caso que farão uma grande diferença no resultado. Nós somos quem está falando com você ao invés dele porque ele está diretamente envolvido no caso e nosso departamento tem a tarefa de resolver todos os casos eticamente duvidosos que ocorrem na organização. Isso está claro agora?"
"Estou surpresa que você está falando comigo."
O homem morde seus lábios. "Ok, bem, isso é uma coisa boa, sim? Você vai responder às nossas perguntas então?"
"Certo, ok."
"Certo. Para começar, precisamos saber sua contagem de todos e quaisquer casos em que você e o Oficial Jacobson fizeram contato físico que não era uma parte aprovada de seus procedimentos de contenção. Isso inclui atividades não sexuais, como abraçar, beijar e, se aplicável, dormir juntos. Você consegue dizer um número preciso de vezes que você e Jacobson engajaram em uma ou mais destas atividades?"
"Todo outro dia ou algo assim por cerca de um mês. Ou mais do que um mês. Cerca de 45 dias, talvez, um mês e meio. Haviam alguns dias em que nos víamos todo os dias mas era normalmente três ou quatro noites por semana."
O homem escreve na prancheta com uma esferográfica barulhenta. Ele clica a esferográfica e a fecha. "Excelente, obrigado. Agora, você poderia por favor especificar sua contagem em relação à atividade sexual que se deu entre você e Jacobson durante esse período de 45 dias?"
"O que você quer dizer? Apenas quer que eu diga quantas vezes fazíamos isso?"
"Se você se sente confortável em discutir esses tópico comigo, nós iriamos preferir ter contagens detalhadas da atividade."
Ela se mexe em sua cadeira e olha de um lado para lado. "Hum… Tipo, você quer detalhes de… como tínhamos sexo?"
"Eu não requiro especificações gráficas. O Comitê está tentando entender o que aconteceu entre vocês dois para que o resultado apropriado da situação possa ser determinado."
"Palavras, palavras, palavras. Certo," ela zomba. "Eu tentei me aproximar dele como uma piada um tempo atrás. Mas acho que não sou muito boa de transmitir a ideia da piada, eu acho."
"Seria essa a instância que iniciou a relação?"
"Eu suponho, sim. Eu não esperava que fosse funcionar. Mas eu não tenho nada para fazer aqui além de ler e me perder em meus pensamentos. O que normalmente me leva a ficar com tesão."
O entrevistador limpa a garganta com um olhar duvidoso. "Anotado. Por favor elabore sobre a interação mencionada."
"Eu escorreguei no piso do banheiro e bati minha cabeça na privada. Reggie estava no corredor e ouviu a batida e entrou para se certificar de que eu estava bem. Mas do jeito que eu bati minha cabeça e a minha gargante, eu não podia soltar uma palavra. Eu tentei falar que não tinha sido tão ruim assim, mas eu não podia fazer mais do que uns resmungos. Então ele não me ouviu responder-lo, e ele assumiu que eu estava ferida ou inconsciente, então ele entrou no banheiro."
"Espere um momento e me deixe transcrever essa parte. Então o cenário é que você está nu no piso depois de cair e o Oficial Jacobson entrou para te ajudar."
"Correto. E então, depois que eu disse que eu estava bem e que ele tinha me ajudado a me levantar, bem, eu estava pelada, então é claro que eu falei algo estúpido. Algo que eu sei que vocês não querem que eu fale. Eu disse para ele que se fosse para vir correndo daquele jeito toda vez que ele ouvisse um barulho alto eu me certificaria de gemir extra alto enquanto eu me masturbo no turno dele."
"…Sim, é correto dizer que nós não aprovamos este tipo de comentário."
"Mas o que você vai fazer? Você esteve lidando comigo por três anos. Você sabe que eu sou apenas uma idiota. Uma idiota sem vida."
"Vamos continuar no tópico, se você não se importar. Então, Jacobson aceitou a oferta? Ou o que?"
"A longo prazo, sim. Mas não de cara. Por alguma razão eu continuei empurrando. Fazer comentários sexuais para ele se tornou a norma. Ele nunca realmente respondia muito. Eu sabia que ele estava tentando manter isso nas calças dele e seguir suas regras. Eu sabia que o cara era jovem. Ele deve ser pelo menos alguns anos mais novo que eu. Mas sim, eventualmente ele só retribuiu um dia. Um dia em que eu disse algo para ele e ele retrucou, meio irritado, me disse que se eu não parasse de discuti-lo, ele pediria aprovação para me fazer usar uma mordaça. Ele disse isso como uma piada de humor negro. O mesmo tipo de piada que eu faço. E eu sabia quando eu ouvi isso. Então é claro que eu retruquei. E assim foi. Eu consegui tirar suas verdadeira personalidade de debaixo daquele exterior formal fino, se é que me entende."
O homem rabisca por um longo tempo antes de pegar sua prancheta e virar para uma página posterior. "Ufa. Certo. Eu vou conferir tudo isso com você no final, se você estiver ok com isso."
"Tudo bem. Mas foi assim que começamos. Vou poupar-lhe os detalhes sinistros, mas nós falávamos sujo um pro outro até que nós dois ficamos duros, então falamos foda-se, eles não vão nos pegar uma vez E nós fodemos, e ele se foi, e então toda vez que eu via ele nós apenas… continuávamos. 'Não fomos pegos ainda' era a desculpa que usávamos todas as vezes."
"E viável, se nós não tivéssemos intervido, vocês dois ainda estariam se engajando no mesmo tipo de contato sexual."
"Viável, sim."
"Ok. Então sobre essa atividade sexual — ela foi em algum momento, mesmo que em uma ocasião apenas, não consensual ao seu ver?"
"Ele poderia ter falado não a qualquer momento."
"Correto. Ele poderia. Mas dadas as circunstâncias, você por outro lado poderia. Então, é crucial que saibamos a verdade completa de como você percebe esse relacionamento do seu ponto de visto. Você considera ele consensual?"
"Sim, então. Absolutamente."
"Certo. Anotado. Agora, se você não se importa que eu mergulhe mais profundamente. Você está aberta para discutir sobre o porque desse relacionamento não ser permitido?"
"Não misturar negócios e prazer?"
"Não apenas isso, mas as mesmas diretrizes éticas que impedem os guardas da prisão de fazer sexo com os prisioneiros e a equipe do hospital de fazer sexo com os pacientes. Tem uma diferença de poder entre você e o Oficial Jacobson que não é igual de forma alguma. Às vezes ele é a única pessoa nas proximidades que é capaz de trancar e de destrancar a sua porta, por exemplo. Ele é em alguns momentos o único indivíduo autorizado a te providenciar uma refeição. Ele está equipado com ferramentas e aparelhos designados para dar-lhe poder físico absoluto sobre você para a própria segurança dele no evento de uma emergência, e se ele escolhesse abusar do acesso a essas ferramentas ele poderia fazer danos físicos e psicológicos sérios a você à vontade-"
"Exceto que ele não escolheu, porque eu quero que ele abuse daquelas ferramentas. Ela ri, dentes pontudos brilhando. "Você não entende? Toda essa merda ética que você tem um problema com é o que eu gosto. Eu quero que ele tenha controle total sobre mim. Eu quero que ele me diga o que fazer e quando eu posso ou não posso sair do meu quarto. Eu quero todas essas coisas."
"…Sexualmente?"
Ela balança os ombros. "A linha é borrada. Como tenho certeza de que alguém em sua posição está ciente. Gosto da Fundação cuidando de mim porque sei que não posso cuidar de mim mesma, e talvez meu cérebro confunda essa segurança com amor e esse amor com excitação, ou talvez esses três estejam em uma ordem totalmente diferente que eu não possa articular. Mas de verdade, eu não me importo. Se eu sei que isso está acontecendo e eu ainda não me importo, eu estou informada e estou dando consentimento. Esse é o consentimento informado que vocês dizem que eu não sou capaz de sentir ou expressar. Mas a linha de fundo é que sim, tudo que ele e eu fizemos um ao outro foi consensual."
"É essencial que você entenda que qualquer coisa que considere consensual, legal e eticamente, não é. Você não está em um estado de espírito ou lugar de ser que permite que você dê consentimento informado-"
"Sim estou. Só ouça pra porra do que eu acabei de te falar. Eu sou minha própria pessoa. Eu posso estar aqui contra a minha vontade no papel, mas eu coopero e eu não tenho um surto ruim há meses e eu-"
"Isso não é sobre seus efeitos ou status como um humano sapiente. Esse caso não seria muito diferente se o Oficial Jacobson tivesse engajado com um classe-D no lugar."
Ela levanta uma sobrancelha. "Sério? Bem, eu já falei isso com vocês antes, e isso não é um argumento que eu queira revisitar. Não me diga que eu não tenho um direito a seja lá quão pequena autonomia pessoal eu tenha restante. O que faço quebra as suas regras. Não me faz uma vitima só porque eu vivo em uma caixa e o meu parceiro segura a chave para ela. Eu ainda estou dando consentimento para o que está acontecendo."
"Por definição, a exata alegoria que você acaba de usar é um exemplo de livro de como Síndrome de Estocolmo é desenvolvida."
"Eu não me importo com como você chama isso. Meu próprio cérebro autoconsciente acha que isso é gostoso, e eu vou agir baseado no que eu quero, e isso vai ser consensual porque eu ativamente quero isso. Foda-se seja lá qual seja o seu argumento, porque ele é absurdo e desumanizante."
"Você- Ok, quer saber, a gente vai ficar apenas no tópico original, sim. Esses conceitos podem ser discutidos com seu conselheiro se você desejar. Em conclusão, sua declaração oficial para o registro deste caso é que quaisquer e toda atividade sexual entre você e o Oficial Jacobson é — em sua visão — consensual?"
"Sim. Totalmente. Cristo."
"Certo. Isso conclui esta entrevista, então." Ele se levanta, cadeira se arrastando no piso de concreto.
"Espere," Jasper disse. "Olhe, eu sei que eu não verei ele de novo. E eu vou tentar bastante não ficar puta da vida sobre isso, porque eu sabia no que eu estava me metendo, e ele também. Mas eu posso falar com ele? Em algum momento? Mesmo que apenas por correspondência para os seus registros oficiais ou coisa assim?"
"Você o verá se o caso dele prosseguir para um estágio em que você será pedida para testificar."
Ela range seus dentes. "Eu não gosto dessa resposta."
O homem zomba. "Bem, eu aprecio a sua honestidade. Tem mais algo que possamos fazer por você?"
"Você pode parar de falar tudo como se vocês estivessem me fazendo um favor."
"…Tudo bem." Ele sacode a cabeça e fecha a porta. Quando Jasper ouve a fechadura deslizar em sua posição, ela bate seu punho na mesa com uma força que solta os parafusos nas pernas.
Sítio-42, Seabreeze, Carolina do Norte
24 de Maio, 2022
Data: 24 de Maio, 2022 13:20
De: Dr. John Blanchard (of.pcs.ce|hcnalbj#of.pcs.ce|hcnalbj)
Para: Elaine Starck (of.pcs.ce|kcrats#of.pcs.ce|kcrats)
Assunto da Mensagem: SCP-4427-B
Anexos: (1) scp4427bcase.pdf
Corpo da Mensagem:
Starck,
4427-B foi cooperativa na entrevista, porém esta parece ser a norma comportamental para ela a essa altura (não que eu esteja reclamando). Em anexo eu inclui um escaneamento das minhas notas. Eu consegui perguntar sobre a situação em detalhe sem que 4427-B levantasse a hipótese de que nós estamos gravando sua sala.
A essência disto é que ambos o scipê e o guarda afirmam que tudo que aconteceu foi consensual. Jacobson defendeu os vídeos como representando cenas mutualmente concordadas sobre de BDSM e por mais desconfiável que isso parecia na hora, o que foi dito por 4427-B suporta a afirmação. Sei que há muita indignação da mídia no momento, mas teremos que tratar isso como apenas mais um caso de contato inapropriado comum.
Obviamente a mídia já fez uma quantidade significativa de dano, então se o departamento de comunicações aprovar isso, eu vou sugerir que eles permitam uma declaração televisionada sobre o caso. Eu estou disposto a ser aquele que vai falar se necessário, mas o departamento pode querer um rosto mais jovem e amigável lá. Ou eles vão querer a minha cara velha porque funcionários jovens são a nova demografia mais odiada… Eu realmente não consigo entender para que direção o público está se curvando mais, por causa que tudo isso esteve e está acontecendo muito rápido. Isso nunca para.
Me avise se vocês precisarem de algo. Eu gostaria de marcar um voto formal entre membros do Comitê de Éticas apenas no caso hoje à noite, se isso puder ser feito.
Saudações,
Blanchard
Data: 24 de Maio, 2022 14:02
De: Elaine Starck (of.pcs.ce|kcrats#of.pcs.ce|kcrats)
Para: Dr. John Blanchard (of.pcs.ce|hcnalbj#of.pcs.ce|hcnalbj)
Assunto da Mensagem: Re: SCP-4427-B
Anexos: nenhum
Corpo da Mensagem:
Ei Blanch. Eu olhei. Seu registro parece preciso. Eu tenho que falar, este é o caso mais absurdo de seu tempo, pelo menos pelo que eu testemunhei. A completa desconsideração de todos e quaisquer padrões de contato físico de Jacobson é assustadora; Não acredito que ele conseguiu passar nos exames de admissão para trabalhar com humanoides. Eu já vi encontros nos armários de utilidades nos blocos de classe-D e estandes de pré-contenção de uma noite entre operadores e scipês, mas esse período de tempo estendido e a exibição ridiculamente gratuita de atividades coloridas são incomparáveis.
Mas chega do meu latido. Vamos deixar os sistemas legais lidar com isso. Você tem minha aprovação para iniciar uma votação hoje à noite.
Elaine
Data: 24 de Maio, 2022 19:15
De: Dr. John Blanchard (of.pcs.ce|hcnalbj#of.pcs.ce|hcnalbj)
Para: Grupo Recipiente: eth_com
CC: Elaine Starck (of.pcs.ce|kcrats#of.pcs.ce|kcrats)
Assunto da Mensagem: Medidas disciplinares contra o oficial Reginald Jacobson
Anexos: (1) scp4427b.pdf
Corpo da Mensagem:
Colegas presidentes,
Como vocês estão cientes, nossas entrevistas preliminares do Oficial Reggie Jacobson, um guarda de 22 anos de idade da ala Euclídea que está atualmente em suspensão por má conduta sexual, foram vazadas por um ou mais funcionários ainda não identificados ao público. Apesar das suposições da mídia e pré-conclusões, eu pessoalmente conduzi entrevistas adicionais tanto do Oficial Jacobson como de SCP-4427-B e determinei o seguinte:
- Todas as interações sexuais foram consensuais segundo Oficial Jacobson
- Todas as interações sexuais foram consensuais segundo SCP-4427-B
- Todas as interações sexuais visíveis nas gravações de segurança da câmara de contenção da anomalia aparentam pelo contexto ser não consensuais ou envolvendo violência, mas análises mais profundas das situações em questão revelaram que essas atividades eram na verdade apenas engajamento em um estilo de vida sexual alternativo concordado sobre antes de tudo por Jacobson e 4427-B.
Este voto não abordará nem questionará nossas políticas sobre a capacidade de um objeto contido para expressar consentimento informado à atividade sexual com os funcionários da Fundação. No entanto, um aspecto integrante deste caso parece ser a insistência de 4427-B de que, como indivíduo, não independentemente de seu status de SCP, mas sim diretamente correlacionado com seu status de SCP, seja capaz de consentimento sexual mesmo sob os parâmetros de contenção, e os parâmetros de contenção são na verdade vistos como um aspecto positivo da atividade sexual que ocorre. Ao mesmo tempo, acredito que o tempo de origem após a publicidade da Fundação dos efeitos de SCP-4427-B deva ser levado em consideração nesse caso; ela ainda é essencialmente uma civil, ainda que instável. Este parece ser o resumo mais compreensível dos sentimentos de 4427-B sobre o tópico que posso expressar com precisão para ela.
Com esses aspectos do caso em mente, respondam a este e-mail com seus votos para qual das seguintes afirmações melhor resume sua posição no caso:
- Oficial Jacobson deveria ser rebaixado de seus status como funcionário ativo da Fundação e dado as opções de rescisão do contrato de trabalho ou um ano de serviço como funcionário classe-D com uma marca permanente de má conduta sexual em seu registro interno da companhia.
- O Oficial Jacobson deve ser convocado para uma audiência e passar por todo o nosso processo de acusação interna, com 4427-B presente como testemunha e os resultados do caso terminando em seu registro criminal público.
- Não se sabe o suficiente sobre o caso e pelo menos uma reunião com todo o departamento deve ser realizada sobre o assunto antes que ocorra mais progresso.
Tenham em mente que nós estamos correndo contra o relógio com esse caso; as filiais de pesquisa da Fundação estão perdendo interesse — e valor — das ações muito rapidamente e os diretores de comunicação estimam que o dano de publicidade ocorrendo enquanto eu escrevo isso irá nos fazer perder o crescimento de aproximadamente $3.2 milhões nas campanhas de marketing pós-Coreia. Nós todos fizemos bastante trabalho para chegar na posição em que estamos agora, portanto, ajam com pressa e lógica ao votar sobre esse assunto que sem dúvida afetará a reputação da Fundação como cidadã corporativa confiável e organização paramilitar internacional confiável.
Com urgência,
Dr. John Blanchard
Co-Diretor, Subcomitê de Éticas para Anomalias Sencientes e Sapientes
3431 W. Telfair Circle, Seabreeze, Carolina do Norte
24 de Maio, 2022
Trauss tem dificuldades para colocar sua chave na fechadura ao chegar na porta da frente. "Desculpe eu voltei um pouco tarde. Um dos manifestantes jogou um objeto afiado em mim e o cara da Guarda Costeira no portão insistia que nós o procesassemos. Como se para tudo valesse a pena lidar com a policia," ele adiciona baixinho, jogando a mochila na mesa.
A cena em frente dele se explica quietamente antes dele ter tempo para processar: Não tem bagunça, não tem dano, apenas a caixa de vidro quebrada de amnésticos na ilha da cozinha, as vasilhas vázias de Classe-B e as siringas de Classe-C, e o corpo semi-consciente de Reggie Jacobson jogado no sofá.
Trauss corre, com lama nas botas. "Reggie. Reggie, acorde. Fale comigo." Ele toca no rosto do homem mais jovem e procura por um pulso. Ele não tem certeza se consegue detectar um pulso sem equipamento médico, se tem algum. "Operador. Operador, liga ai."
Seu fone de ouvido fala. "O que está acontecendo, Trauss?"
"Mande ajuda médica para a minha casa imediatamente. Eu deixei Reggie Jacobson ficar na minha casa hoje para evitar ser visto enquanto ele está expulso do 42. Ele quebrou minha caixa de amnésticos e teve overdose de pelo menos duas vasilhas de Bs e pelo menos seis mililitros de Cs."
"Puta merda. Eu estou enviando ajuda emergencial agora mesmo. Os dois agente mais próximos de você foram avisados-"
"Não, não, não faça isso. Nós não precisamos de mais controvérsia aqui. Apenas chame os médicos."
"Me… desculpe, Trauss, mas eu preciso apertar esse botão em qualquer caso envolvendo-"
"Ok, ok, certo. O que está feito está feito. Eu falo com você logo."
O rádio se silencia. Ele é seguido por uma batida aparentemente imediata na porta de trás e Rogers entrando com pressa. "Você está bem? Eu recebi o alerta médi- Cacete, o que caralhos aconteceu aqui? Aquele é o-?"
"Sim, aquele é o Reggie. Eu deixei ele ficar aqui e ele quebrou a porra da- Deus, isso é culpa minha. Eu deveria ter levado eles comigo, mas eles me chamaram mais cedo e eu me distrai e- porra, espero que ele não tenha morrido. Porra."
"Ele provavelmente não está morto. E se alguém tem a tecnologia para salvar um corpo recentemente morto, somos nós. Ele vai ficar bem. Estou mais preocupado com você. Se sente, tire seus sapatos. Você está tremendo."
"Eu deveria ter colocado aquilo em algum outro lugar. Esse é o tipo mais comum de abuso de substâncias no registro para nós. Eu já vi um um amigo de um amigo passar por algo similar alguns anos atrás. Eu sei que isso acontece, eu sei que isso é um risco, e ainda assim eu ignore a mais flagrante das bandeiras vermelhas-"
"Você deixou uma caixa fechada em casa onde ela tem autorização para ficar e alguém literalmente violou a caixa. A evidência é clara. Ninguém vai te culpar por isso. Caralho, você estava claramente tentando ajudar o jovem dando um lugar para ele se esconde. O jovem obviamente tem problemas. Você sabe muito bem que eu não faria isso."
Ele manda um olhar através de seus olhos lacrimejando. "Sim. Eu sei. Mas eu apenas… Cristo, você provavelmente está certo. Eu não sei como eu não vi isso chegando. É isso que está me pegando, eu acho."
Uma batida pode ser ouvida na porta, mas os funcionários médicos invadiram a casa antes que Rogers pudesse se levantar para atender. "Ele está no sofá," Trauss diz a eles, gesticulando para eles. Os dois médicos correm com uma maca e equipamento de respiração.
"O departamento médico está apenas a 300 metros de distância. Será mais seguro para ele se nós empurrarmos ele pelo túnel ao invés de nos veículos."
"Entendido. Eu vou ir lá embaixo com vocês e abrir o túnel. Tem mais algo que eu possa fazer?"
"Apenas olhe o restante dos amnésticos e verifique se nada está vazando ou danificado.
"Entendido."
Rogers se encontra com ele na ilha da cozinha e começa a varrer vidro quebrado com um papel toalha enquanto os dois médicos colocam Reggie na maca. "Vá ajudar eles. Eu tenho isso sob controle."
"Obrigado," Trauss disse, limpando sua testa na sua manga.
Roger sacode a cabeça e gesticula para ele voltar. "E ei, olhe. Eu sei que você e eu não falamos tanto quanto nós costumávamos desde que você saiu da Lambda. Mas se você precisar de mim, eu estou aqui."
"Eu não sei. Meu cérebro não consegue processar emoções agora."
"Se você quiser que eu fique pelo resto da noite, eu estou disponível. É tudo que estou falando. Você talvez precise de alguém aqui, depois disso."
"Sim. Talvez." Ele morde seus lábios e olha para o grupo de pessoas vestidas em branco e azul movendo Reggie pelas escadas. "Vejo você quando eu voltar?"
"Eu vou estar aqui. Eu vou limpar isso aqui."
"Muito obrigado," ele fala quietamente, limpando seu olho com a parte de trás da mão. Ele funga e desce as escadas.
"Você tem alguma informação médica que talvez nós não saibamos sobre Reggie? Por segurança?"
"Ele toma Xanax, mas ele está sem elas agora. Eu deixei ele fumar aqui e, por quais tensões ele teve no computador, acho que só há CBD e THC mínimo em seu sistema.
"Perfeito, obrigado," a enfermeira diz, escrevendo em um bloco de notas enquanto os dois médicos levam a maca para o porão.
"Muito bem, deixe a gente entrar no túnel se você não se importa," um dos médicos diz a ele, tirando a maca do caminho no porão apertado. Trauss vai até o teclado, digita um código de seis dígitos, fala seu nome no microfone e abre a porta. Ele espera para garantir que a última enfermeira a feche atrás do grupo antes de prosseguir pelo corredor branco, infinitamente reto e em direção às entranhas do Sítio-42, com dor de cabeça latejando em sua cabeça.
Com essas evidências apresentadas tão claramente em entrevistas, gravações de segurança e tudo mais, espera-se que cheguemos a uma conclusão. Talvez a conclusão a ser alcançada seja que isso vai acabar e em seis meses teremos a memória do caso amnesticizada. Talvez a conclusão seja que esse finalmente tenha sido o tempo que fez a diferença e que os líderes da organização extralegal finalmente considerem operar sob verdadeira transparência. Ou talvez — e o que eu espero que seja mais provável — o resultado será o mesmo e repetido ad infinitum; algo terrível vem à luz de dentro dos corredores fechados de concreto dos Sítios, dos ultrajes públicos e então voltamos a ser complacentes, porque confiamos demais na proteção deles para realmente lutar contra a injustiça.
Com o júri ainda em aberto - por assim dizer - sobre o eventual resultado do caso Jacobson, e como uma nota final para o segmento detalhado desta semana, deixo os leitores com o seguinte: Até que ponto você está disposto a ter seus limites pressionados antes de você concluir que basta?
