Canção Encalhada

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CENTRAL: Central das Crônicas do Irreal

ANTERIOR: SCP-6172


Com um som equivalente a um laser reverberando por um balão de água frouxo jogado contra uma parede, há um rasgo na realidade como tecido molhado. Ele é preciso, rápido e calculado, sem deixar margem para erro. Como um bisturi, ele corta cirurgicamente uma camada incompreensível de realidade atrás da outra, até formar um túnel de um cosmos de criação para outro. Com o poder de um milhão de símbolos — tanto matemáticos quanto mágicos — a energia transportada pelo feixe de SCP-6172-1 atravessa a Bússola Multiversal, forçando a haver luz no vazio onde, por incontáveis anos, não havia nenhuma.

Ele procura e procura, tentando encontrar o destino que foi programado para encontrar entre a miríade de mundos ao seu redor. Com a confusão de um recém-nascido, el grita no abismo de nada quando não encontra nenhuma, tentando se ancorar em qualquer ponto da matriz do universo. Ele brilha e grita enquanto a rápida desestabilização tem seu peso em sua mente inconsciente, afastando-a da linha reta em que originalmente se disparara.

Enquanto uma centelha final de razão evapora de um bilhão de cálculos que alimentam o portal da realidade que deixou, o raio cai no mundo mais próximo que consegue encontrar, sem querer ir. Com seus elementos restantes de puro poder, ele destrói as barreiras desse novo mundo, fazendo-se sentir bem-vindo em seu interior. Por uma fração de segundo, ele abre caminho entre dois lugares que nunca deveriam estar conectados, forçando aqueles que originalmente entraram nele a seguir o caminho que ele criou diante deles.

E, por aquele pequeno segundo no vazio sem fim do multiverso, essas três pessoas gritam.


"Desgraça!" A primeira voz grita, caindo no chão duro abaixo dele. "Desgraça, desgraça, desgraça, desgraça!" Mesmo que Dr. Robert Madden tenha tido já experiências não tão agradáveis no passado, essa prática não torna a queda no concreto mais agradável para ele.

"DesDGHJSGJ!" A segunda voz — pertencente à Anciã Ann Barlowe — para no meio do grito, interrompida por seu rosto caindo em cima do corpo de Madden. Com os reflexos e a vontade da alquimista profissional bem treinada que ela é, ela tenta ao máximo tornar a queda um pouco menos dolorosa. Ela fracassa.

A terceira voz não grita, porque ela não sente dor. Mesmo que se ela sentisse, entretanto, é muito improvável que a calma personalidade de Ra.aic permitiria tal transgressão em operação. Em vez de perder tempo precioso com vocalizações sem sentido, as inúmeras conexões em seu cérebro digital se conectam imediatamente à realidade local, dando a ela uma boa visão do que está acontecendo. E, naquele exato momento em que ela reconhece a situação, seu sistema congela de descrença.

'Ra?" Pergunta Madden, levantando-se do chão. Ele bate em seu fone duas vezes, certificando-se de que a pausa na operação da .aic não seja apenas um erro por parte de seu hardware. "Você tá bem?"

Quando nenhuma resposta vem, o cientista pisca duas vezes, tentando ver o mundo como ele é por si próprio. Lutando contra uma leve dor de cabeça, ele finalmente se conecta de volta à realidade, sentindo-se muito melhor do que antes. É aí que ele percebe a verdade. Toda ela. Ele também, assim como Ra, congela no lugar ao perceber o quão fodidos eles estão.

"Madden? Você tá bem?" Desta vez, Barlowe é quem faz esse processo. Ela se aproxima de seu parceiro de trabalho, agarrando-o pelo ombro e estalando os dedos na frente dele. Ele percebeu o gesto, mas não responde nem reage. Ele honestamente não acha que conseguiria, não depois do que ele acabou de ver.

Temendo o que viria a seguir, a alquimista, olha para o horizonte além de seu local de aterrissagem, olhando para seu destino com uma expressão meio cansada. Ela boceja ao ser cegada pelo sol frio diante deles, eventualmente parando no meio do gesto. Mesmo que ela em algum nível esperasse sua reação, ela ainda abre a boca em descrença.

O céu acima do arranha-céu é da cor de uma televisão, sintonizada em dez canais mortos ao mesmo tempo.

Assim que uma floresta de arranha-céus que aparentavam se estender ao cosmos feitos de neons roxos, amarelos, lima e metais escuros preenche toda a sua visão, ela estremece. Os lugares onde o céu não é obstruído pelos prédios agressivamente descarados são preenchidos por fumaça e névoa vindo das estruturas e veículos, percorrendo o horizonte infinito de uma cidade para onde quer que ela olhe. Não importa em que direção ela se vire, algo sempre obstrui sua visão. Sejam banners de propaganda, condomínios de apartamentos, símbolos gigantescos da Fundação — tanto vandalizados quanto não — colados sobre literalmente cada superfície, milhares de carros voadores em viagem — está por toda parte, fazendo com que ela se sinta claustrofóbica. Quase parece que a cidade inteira /quer// que ela sufoque com sua constante presença.

Barlowe sacode a cabeça, saindo do transe. Ela tem que piscar quase dez vezes antes de perceber que não está tendo alucinações e que seus olhos não estão mentindo para ela. É uma verdade difícil de engolir, mas ela eventualmente aceita muito bem. Ela a faz colidir com sua inamovibilidade, dizendo a si mesma que vai ficar tudo bem. O mundo é quem deveria temê-la — não o contrário.

"O que… O que vamos fazer?" Ela ofega, olhando diretamente nos olhos castanhos de Madden. Ela não recebe uma reação deles. Eles estão muito ocupados ainda tentando entender o que acabou de acontecer.

"Madden não responde, em vez disso ele começa a rir histericamente. Ele segura a cabeça com as duas mãos, lágrimas começando a escorrer por suas bochechas. Isso se transforma em choro, seguido de um silêncio repentino. Depois do que parece milênios, ele finalmente se recompõe por dentro para proferir a única coisa, o único pensamento, a única frase em que sua mente se prende.

"Estamos tão fodidos."


Demora um pouco, mas os três acabam superando o choque. A confusão ainda está presente, obviamente, mas agora ela toma a forma de querer encontrar uma solução, não de medo.

Eventualmente, as conexões de Ra se recompilam, causando uma reinicialização de seus sistemas. Com alguns cliques silenciosos dentro de seus fios, a consciência se liga novamente, desta vez não contaminada pelo erro fatal que anteriormente congelou sua mente. Um destino semelhante encontra seus parceiros.

"Então," começa ela, trocando seu ponto de vista entre as lentes rudimentares nos olhos dos dois cientistas, permitindo que ela veja como eles. "O que aconteceu?" Apesar dos bilhões de neurônios falsos dentro de sua alma de disco rígido, ela não tem ideia do que acabou de acontecer. No fundo, isso a assusta.

"Eu… Houve um defeito, com certeza," responde Madden, tirando a poeira de seu suéter brega e endireitando seus óculos agora sujos. "Se estou adivinhando corretamente, 6172-1 de alguma forma confundiu sua entrada, jogando a gente mais tarde na linha do tempo." Ele fica desconfortável ao perceber que ele não tem certeza disso, apesar de seu conhecimento de nível genial sobre ontocinética. "O que é… mais do que preocupante."

"Como? Por quê?" Barlowe tosse em voz baixa, respondendo à poeira e à poluição sempre presentes ao redor deles. "Eles não gastaram literalmente décadas na porra desse projeto, pelo a—"

Robert a interrompe. "Sim. Gastamos." Ele suspira pesadamente, massageando os olhos pelos óculos. Ele olha para o céu para dar uma pausa na conversa já exaustiva, mas a única coisa que ele podia ver acima deles era um milhão de sonhos loucos de um técnico, perfurando o céu enquanto carregavam seus passageiros em seus casos de néon. Ele está feliz que ninguém parece ter notado um dupla de cientistas estranhamente vestidos no topo de um arranha-céu ainda. "Confie em mim, estou tão confuso quanto estou."

Nenhum de seus companheiros responde, aproveitando esse momento para melhor olhar ao redor. Embora a superfície plana em que se encontravam não seja muito com que trabalhar para dar o fora dali, também não era tão ruim. Não tão ruim quanto o topo de um prédio de cinco quilômetros poderia ser, de qualquer modo. Especialmente quando o referido topo tem uma estrutura quadrada com uma porta presumivelmente levando ao resto da torre perto deles.

Madden aponta para ela com a cabeça, certificando-se de que o resto a veja também. Elas, é claro, percebem-na também, antes mesmo dele, mas eles não dizem nada, em vez disso, ele encolhe os ombros e segue a alquimista. Alguns passos depois, Barlowe toca a maçaneta das portas que dão adiante, respirando fundo. Ela e Madden cruzam os olhos e balançam com a cabeça, prontos para o que está por vir.

Enquanto luz roxa estática preenche sua visão, eles se encontram dentro de um elevador, pronto para levá-los aonde quiserem. Suas paredes espelhadas estão cheias de pichações, pôsteres — apropriados ou não — e sujeira em geral, fazendo com que encontrar seu painel de controle não seja uma experiência agradável. Mas ele está lá, felizmente, como um dos poucos elementos não vandalizados do elevador. Todos suspiram de alívio.

O console exibe muitos botões — alguns compreensíveis, outros não. Apesar disso, porém, o trio de alguma forma o entende, percebendo que a maioria deles são simplesmente números escritos em uma fonte estranha, contando de -20 a 0 até 450. O botão de número mais alto está brilhando em verde.

"Ahnn, um? Ou menos vinte?" Pergunta Madden, coçando a cabeça. Ele tosse, reagindo à poeira que de alguma forma se encontra dentro da sala.

"Menos vinte," responde Barlowe, cruzando os braços.

"O saguão geralmente fica no térreo. Não sabemos o que pode estar nos negativos. Especialmente… onde quer que tenhamos parado." Retruca Robert. Ele cruzaria os braços também, mas ele não deseja espelhar sua oponente.

"Mas—"

"Nenhum de vocês está certo." Ra interrompe os dois, tentando parar a situação antes que ela exploda em uma briga. "Acabei de entrar nos sistemas internos do prédio. Eles têm um firewall surpreendentemente fraco. O Saguão fica no cinco."

Madden aperta o botão de acordo, encostando-se na parede ao lado dele. Com um zumbido mecânico lento, o elevador começa a descer, na velocidade de uma preguiça bocejando.

Endireitando seus óculos mais uma vez, Barlowe começa a olhar para os pôsteres que preenchem os painéis de vidro tentando entender onde eles estão. Ann percebe e começa a bater nervosamente nas paredes com os dedos.

"Não podemos mais ignorar isso," diz ela, sua voz cheia de fúria quase manifestada. "Onde diabos estamos? Quando diabos estamos?" Ela está perto de explodir internamente de frustração. "E quero dizer onde realmente estamos. Eu quero a resposta completa."

"Eu… eu não sei. Eu não tenho a resposta," admite Robert vergonhosamente, aceitando essa perda olhando para as pontas de seus sapatos. "Olha, eu… eu acho que o portal de alguma forma nos deslocou em termos de tempo na linha do tempo devido a algum defeito durante sua ativação. O que significaria…"

"…que estamos no futuro."

Ele estala os dedos. "Bingo." Fazendo uma pausa, o ontocineticista tira um marcador preto do bolso, jogando fora alguns dos pôsteres da superfície de vidro. Ignorando a sobrancelha levantada da alquimista — seja pelo fato de ele ter um marcador ou pelo fato de estar realmente disposto a usá-lo — ele começa a desenhar uma linha do tempo, indicando onde eles entraram e onde eles caíram. Com a ponta do marcador, ele aponta para um dos adesivos com a insígnia da Fundação cruzado na parede, acompanhado por dezenas de variações diferentes de uma cora preta, desenhadas em grafite. "Esta teoria também é apoiada pelo fato de que a Fundação é pública aqui. Por mais que pareça quer a Vanguarda não funcionária, tudo se encaixa."

Ele desenha mais alguns detalhes, decorando-os com uma miríade de cálculos tão esotéricos com nomenclatura e atalho mental que Ann francamente não tem ideia do que eles representam. Depois de um segundo, o cientista recua, orgulhoso de seu trabalho.

"Tudo faria sentido então," ele respira fundo, coçando a cabeça mais uma vez. "O que, por sua vez, significaria que para nós voltarmos para casa, nós…"

"Desculpe interromper este momento vitorioso," diz Ra, fazendo-se ser ouvida por ambos. "Mas, bem, vamos dizer assim: tenho más e boas notícias."

Barlowe suspira. "As boas?"

"A Fundação realmente veio a público."

Madden sorri, sabendo que ele estava certo.

"Só que ela veio a público em 2013. À força."

Um silêncio desconfortável enche a sala, quebrado apenas pelo movimento do elevador e pelo longo suspiro de Robert.

"Como… você sabe disso?" Diz ele eventualmente, suavemente massageando os olhos. Embora os outros não vejam, cálculos complexos mais uma vez envolvem sua mente, fazendo-o perceber o que acabou de acontecer. E então, em um lampejo de genialidade, ele entende.

Ele não está feliz com isso.

"Eles ainda têm internet. Com um firewall igualmente horrível. Mas ei, pelo menos a Fundação ainda tem poder. Então… não deveria ser tão ruim assim, certo?"

Ele não responde, em vez disso, ele mais uma vez anda em direção à parede. Ele desenha alguns diagramas muito mais complexos — mesmo que Ann honestamente não achasse que esses diagramas pudessem ficar ainda mais complicados — e os apimenta com matemática além de sua compreensão de qualquer coisa. E então, ele entende tudo por //completo/. Assim como antes, ele não está muito feliz com isso.

"Eu… Eu estava certo da primeira vez, mas só parcialmente," diz ele, virando a cabeça para a portadora de alquimia. "O portal realmente nos jogou mais À frente na linha do tempo. Só que… não nossa linha do tempo."

Ninguém responde, achando que era tudo uma piada. Mas, mesmo que Madden queira muito que isso seja uma, ele infelizmente não diz que teve esse prazer.

"Você… Você está brincando?" Diz Barlowe, piscando duas vezes. "Você tem que estar brincando, é? Como isso é possível, como nós—"

"Eu não sei, tá?" Ele dá a ela um olhar pesado. Em questão de segundos, sua visão se volta para o resto da câmara, ainda se movendo, ainda zumbindo. Eu… Olha. Eu fisicamente não tenho espaço suficiente neste elevador para ver em que linha do tempo estamos, o quão longe de casa estamos, ou… ou se é possível chegar lá. Não…"

Ele começa a rir, quebrando sob a pressão. "Não é fácil, tá? Você não é a única que está ahn—"

Antes que ele possa terminar, com uma batida pesada, o elevador para de repente. Um único bing ressoa seguido do botão 5 parando para brilhar com verde para fazer saber que eles chegaram ao seu destino. Rapidamente despressurizando, as portas da sala se abrem, convidando a luz ofuscante do lado de fora pra dentro. Reagindo apropriadamente à nova iluminação, o trio força os olhos. No entanto, eventualmente eles se adaptam, percebendo plenamente que sua jornada para baixo acabou.

Eles aceitam isso, dando o primeiro passo à frente.


Ao saírem para o corredor surpreendentemente limpo diante deles, eles percebem que não estão sozinhos. Preenchido com uma grande mesa, um gigantesco pôster da Fundação atrás dele reivindicando o prédio como sua propriedade e uma mulher confusa sentada perto dela, ela não esperava mesmo recém-chegados. Não na forma de Madden, Barlowe e Ra, pelo menos.

A recepcionista é uma loira magra com um total de três braços — um biológico, dois mecânicos. Vindo de suas costas, o apêndice adicional esfrega seu olho igualmente modificado aninhado em uma estrutura complexa em seu rosto, certificando-se de que a visão de sua hospedeira não é apenas uma ilusão. Quando ela percebe que não é, as duas mãos adicionais imediatamente pegam uma estrutura transparente que Barlowe só poderia imaginar ser um telefone, discando com a mesma rapidez. Ela olha para uma tela pesada à sua frente, onde, para a surpresa deles, aparecem as imagens de Madden e Barlowe. A recepcionista bate as fotos com as versões em carne e osso, clicando em algo no telefone mais uma vez;

"Senhora, por favor—" Ann tenta dizer enquanto se aproxima, querendo terminar com 'não somos hostis', apenas para o grito da mulher paralisá-la. A voz violenta ondula por sua espinha diretamente em seu cérebro, fazendo seu pensamento congelar por um segundo. Um segundo sendo tempo suficiente para a recepcionista chamar ajuda com sucesso.

Com apenas um toque de outro botão, toda a sala começa a pulsar com luzes vermelhas de emergência. Os dois cientistas instintivamente começam a correr em direção às portas de vidro no final da sala. Elas irradiam uma luz clara e brilhante vinda do lado de fora.

à medida que a corrida se transforma em uma maratona, as paredes — e, por extensão, a abertura que leva à sua salvação — começam a ficar cobertas de placas pretas, com o objetivo de impedi-los de sair. Antes delas chegarem ao chão, sepultando-os para sempre na escuridão, Barlowe grita em uma combinação de frustração, medo e raiva, socando parede com a mão nua.

Revelando o braço sob o capuz, as inúmeras tatuagens e formas complexas recortadas em sua palma brilham com puro poder ao entrarem em contato com a substância negra diante deles. Sentindo os Éteres da Terra — partículas fundamentais do universo que alquimistas como ela manipulam — em sua composição, ela sorri imperceptivelmente, dobrando o metal à sua vontade. Com uma mente tão sólida quanto o revestimento com o qual ela se torna um, ela força cada molécula em sua estrutura a obedecer a ela e somente a ela.

As ordens de obediência da secretária mais um vez entram na mente de Barlowe, mas ela está muito distante da humanidade para perceber.

Com um grito de alívio tão forte quanto a substância que ela literalmente explodiu para fora, a alquimista transmuta uma abertura dentro do revestimento, alta o suficiente para ela e Madden escaparem como se nunca estivesse lá.

A reação da alquimia é severa, forçando as partes inatingidas restantes da estrutura a estremecer enquanto a própria essência da precipitação de poder entra em suas veias. Ela ondula e ela rasga, quebrando as partículas de que é feita, perturbando sua harmonia como um trovão. Mas nem Barlowe, nem Madden percebem. Eles já estão no lado de fora.

Cumprimentado por seu alvoroço e violento ataque em seus olhos, os dois instintivamente forçam a vista, tentando entender onde foram parar. A abertura da rua é apertada e claustrofóbica, funcionando como um cruzamento para pelo menos dez estradas diferentes, tanto no solo quanto abaixo e acima dele. O prédio do qual eles saíram se conecta ao pavimento mais esotérico que eles já viram, de alguma forma se encaixando nesse festival de bosta de caos absoluto.

O perímetro da praça é pronunciado com ainda mais arranha-céus, envolvendo-o em um mar de néon e fumaça. Ele só é ocasionalmente interrompido pelas luzes brilhantes e coloridas meio quebradas de postes miseravelmente posicionados em intervalos aleatórios pelas ruas. Afixada em quase todos os banners e outdoors está a insígnia de três setas da Fundação, garantindo a seus leitores que a organização se preocupa muito com eles, mesmo apesar de seus numerosos crimes de guerra.

Apesar do fato de o lugar dever estar absolutamente cheio de carros — ou o equivalente deste universo, pelo menos — nem um único movimento mancha sua calma. Eles normalmente não notariam isso, mas o fato de a imagem do céu que eles viram abaixo de seu local de queda contrastar tanto com o que eles estavam no meio agora mais do que os preocupava. Era um mau presságio.

E foi aí que eles foram atingidos com toda a força.

Um único feixe de luz, poderoso o suficiente para queimar suas íris se olhassem diretamente para eles, surgiu de algum lugar acima deles, brilhante demais para ser visto corretamente. Acompanhado por um turbilhão de um milhão de hélices de drones, ele quebra a penumbra do lugar com seu pilar de fótons puros vindos dos céus.

Eventualmente, a origem do farol desce, tornando-se conhecida pelo trio como uma série de máquinas robóticas armadas e flutuantes, projetadas especificamente para rastrear e matar aqueles que desobedecem às ordens de seu piloto remoto. Com quatro asas e uma cabine central com uma arma não identificada abaixo, cada uma delas parece o sonho febril de um engenheiro; construídas com a mesma forma em mente, cada uma de alguma forma ser mostrava um pouco diferente, formando um crescendo de armamento esotérico como eles jamais viram.

"ATENÇÃO, INSTÂNCIAS SCP-6172 COLETIVAS," uma voz de dentro da horda ruge, fazendo-se ouvir a todos dentro de um raio de cem metros, para desgosto dos ouvidos do trio. "VOCÊS ESTÃO OFICIALMENTE SENDO PRESAS PELA AUTORIDADE SCP MUNDIAL DE EXECUÇÃO DA LEI POR VIOLAÇÕES GRAVES CONTRA O MANDATO MULTIVERSAL DA LINHA DO TEMPO PRINCIPAL." Os drones imediatamente percebem as sobrancelhas levantadas devido ao seu esnobismo de assumir essa linha do tempo como a principal e a tentativa de encontra uma saída da praça. "NÃO RESISTAM." Ela ondula em seus cérebros como uma broca por uma parede, entrando em cada compartimento de sua alma que consegue encontrar.

Não é uma reação consciente — em vez disso, algo no fundo de suas mentes e almas os faz correr por suas vidas. Por todos os meios lógicos, eles deveriam ficar, obedecendo às ordens dos drones — afinal, eles são funcionários da Fundação, que possível ameaça eles poderiam receber de colegas de trabalho? Mas no fundo, eles sabem que algo está errado. Lá no fundo, eles sabem que estão em profundo perigo. E assim, motivados pela reação das profundezas, eles correm pelas ruas, o mais rápido que podem.

Os drones imediatamente percebem isso, rapidamente mudando de posição na tentativa de impedir que os fugitivos entrem estrada semitransparente à sua frente. Mas os três são mais rápidos.

Deslizando na estrada lis e plástica, Madden tropeça e cai, fazendo seu rosto encontrar o tecido do pavimento abaixo. Por um único momento fugaz, ele é capaz de ver um vazio de um bilhão de metros abaixo dele, preenchido com ainda mais edifícios e estradas, estendendo-se mais fundo do que seus olhos humanos conseguem compreender. Tudo isso, apenas protegido dele por um plástico de um centímetro de espessura. Ele sabe que de alguma forma ele é forte o suficiente para protegê-lo de cair para a morte, mas isso não importa — meros segundos após compreender sua situação, ele sente uma quentura em suas calças.

Antes dele poder começar a gritar, ele sente o braço forte de Barlowe o levantar do chão, jogando seu corpo meio paralisado de medo em alguma forma de máquina dos pesadelos que parece semelhante o suficiente a uma motocicleta para ele não resistir. Ele não sabe de onde ela tirou a máquina, mas ele não precisa saber — desde que ela sirva como uma saída, ele está de boa.

Tudo isso acontece em menos de três segundos.

Assim que o rugido e o clique do motor da moto a ligam, toda a edificação — e seus dois passageiros — disparam para fora, fazendo todo o seu esqueleto zumbir com eletricidade e fumaça verde. A neblina os cobre por um único momento assustadoramente cegante, antes do veículo acelerar novamente, ondulando pela realidade em uma velocidade que rivalizava com a do som, separando-se da fumaça.

Mas os drones não são piores.

Conforme os dois cientistas de alguma forma passam pelo sistema viário infernal e caótico da cidade, eles eventualmente se encontram com tráfego normal — e o levam a uma discórdia total — em uma tentativa de escapar despercebidos. A miríade de veículos em que eles se encontram gritam e berram tanto de medo quanto de raiva enquanto a máquina definitivamente rápida demais dispara pelo status quo já desordenado, seguida logo por seus caçadores mecânicos.

"Que porra vamos fazer?!" Grita Madden, sua boca de repente cheia de sujeira e fumaça devido à sua velocidade. Ele cospe tudo, percebendo que os drones estão logo atrás deles. Em pânico, ele bate no fone, verificando se Ra ainda está lá. "O QUE SÃO ESSAS COISAS?!"

Em milissegundos, a IA responde, fazendo alguns diagramas definitivamente muito complexos e manchetes de notícias aparecerem em sua visão subjetiva. "Drones especializados de caça de fugitivos da Fundação." Antes que ela pudesse continuar, a motocicleta de repente rompe as barreiras de proteção da rodovia, caindo vinte metros antes de, de alguma forma, aterrissar com segurança em outro nível do sistema viário. Os drones seguem. Se a bexiga de Robert já não estivesse vazia, com certeza estaria agora. "Quase indestrutíveis."

"Por que estamos sendo perseguidos?!" Diz ele um pouco mais baixo desta vez, cobrindo a boca com a mão, aprendendo com os erros de antes. "Somos funcionários da Fundação, pelo amor de—"

Barlowe o força a quase vomitar mais uma vez quando a máquina salta para a parede do prédio mais próximo, fazendo-a dirigir horizontalmente. De alguma forma, nenhum deles cai.

Ela gira ao redor do perímetro da torre algumas vezes antes de mais uma vez se juntar ao tráfego, desta vez centenas de metros abaixo da rodovia original. Embora os assassinos que pretendiam eliminá-los não tivessem perdido o rastro, desta vez, há visivelmente menos deles, como se tivessem se perdido entre a miríade de outras máquinas igualmente esotéricas nas bilhões de estradas ao redor de suas presas.

"Lembra como eu te disse sobre a quebra da Máscara em 2013?" Retruca ela, ignorando o estado quase desmaiado do cientista. "Bem, acontece que isso foi há mais de dois séculos e não foi intencional como em casa. A Fundação primeiro fez toda a Coreia do Norte desparecer. E é 2234."

"…Ah."

"Percebendo que a Máscara não podia mais ser mantida, eles abandonaram todos os protocolos anteriores, encontrando-se no topo da hierarquia social como se nada tivesse acontecido. Ao longo das décadas, eles se tornaram a única organização a lidar com anomalias enquanto os métodos de seus concorrentes se tornavam ineficientes."

"I-Ineficientes?" Ele gagueja, desviando de outra nuvem de fumaça.

'Sim. Não importa a abordagem, ela sempre acaba pior do que a contenção." Os drones agora estão perto o suficiente para Madden tocá-los se ele realmente quisesse. Ele não sabe por que eles não estão atirando, mas, se ele tivesse que adivinhar, ele diria que eles não têm permissão para causar danos civis. "Mas, eventualmente, através de séculos sendo frios e eficientes, eles se tornaram os principais guardiões da normalidade. Uma polícia global, por assim dizer." Ele pode sentir a risadinha dela reverberar silenciosamente dentro de seu crânio. "E, ahn, digamos que eles mantêm o controle muito firme sobre o anômalo."

"O quão firme estamos falando?" Grita Barlowe da frente da moto, ouvindo a conversa pelo fone.

"Vou te poupar os detalhes, mas faz a Paramax parecer um jardim de infância."

"Cristo amado."

Eles continuam assim em silêncio, apenas ocasionalmente interrompidos pelos murmúrios e protestos do motor contra seu uso. Mas eles não percebem; eles estão muito exaustos e estressados para se concentrar em tais coisas pequenas.

"Ahnn.. Barlowe?!" Madden finalmente diz, notando algo extremamente alarmante e virando cabeça para a alquimista. "Os, ahn—"

"OS O QUÊ?" Grita ela pelos sons cada vez mais altos da máquina. "NÃO CONSIGO TE OUVIR!"

"Os drones—" Ele tenta dizer, percebendo que a fonte de seu medo ficou ainda pior.

"O QUE TEM OS DRONES?"

"Os drones estão—"

"O QUÊ?"

"OS DRONES ESTÃO LITERALMENTE PRESTES A NOS PEGAR, SUA—"

Ele não precisa terminar, porque ela percebe também. Uma única faísca de determinação enche sua alma, ela mais uma vez acessa a unidade central alienígena da moto que ela pilota, tornando-se uma com seus inúmeros tubos e cabos. Preenchendo-a com sua presença, ela desperta os Éteres de eletricidade ainda adormecidos, atirando-os para fora nos pistões empoeirados do motor. Mas então, ela percebe algo mais dentro de sua marca taumográfica — um único Éter esotérico, uma única partícula anteriormente desconhecida para ela.

A princípio, ela fica surpresa — em suas décadas de estudo da alquimia, ela se tornou mais do que familiarizada com os processos elementares por trás de sua arte. E, mesmo assim, aqui está ela — perplexa com algo que de alguma forma escapou de seu intelecto genial em casa. Mas então, ela percebe o que é — um sexto Éter, um de puro poder. Ela não sabe tudo sobre ele, como ela saberia? Mas isso não importa. Tudo o que ela precisa para explorá-lo é um único clique de sua mente, forçando sua vontade sobre esse pequeno ser alienígena.

O simples atravessa sua espinha enquanto um bilhão de nêutrons falsos fazem sinapse em sue cérebro, dando a ela um breve, mas orgástico, vislumbre do que é ser um deus. Com esse único particípio, ela soca a moto mais uma vez, desta vez com o poder de uma divindade, tornando o construto verdadeiramente dela. E, assim, ele ouve.

Para o desgosto de Madden, o construto explode com uma velocidade que rivaliza com ada luz, atravessando a cidade como um cometa. Ele corre e corre, alimentado apenas por uma parte do universo menor do que o cérebro humano pode compreender. Ele se encaixa com nada mais do que pura energia percorrendo cada parte dele, eventualmente percebendo que é um recurso finito.

É quando ele fica mais lento, fazendo com que todos os sistemas desliguem em um milissegundo. E então, tudo fica em silêncio.

Enquanto Madden e Barlowe são jogador em outra praça, a moto explode em bilhões de partículas. Ela não consegue mais lidar com o impulso que recebeu, fazendo com que o próprio tecido da realidade reverbere com a reação.

Segundos depois, os dois se levantam, olhando rapidamente para o local em que acabaram em busca de seu caçador. Ele é quase idêntico ao lugar do qual eles fugiram, mas está cheio de pessoas, olhando par eles com medo nos olhos. E é aí que eles ouvem — o som de um único drone, se aproximando de sua localização em ritmo acelerado.

Ele ainda não os vê, mas não importa — eles não têm para onde correr. Acabou.

"Madden—" Começa Ann, se virando para seu parceiro. Ele não está lá.

"Ra?! O que está aconte—" Antes que ela possa terminar, ela se junta ele, enquanto uma única mão suja a puxa para baixo nos sistemas de esgoto abaixo. Ela não grita.

"Vocês não viram nada." Diz uma voz bruta, seus olhos olhando diretamente para os milhares de observadores entre os quais está. "Nenhuma palavra aos skippers."

Eles balançam a cabeça, entendendo muito bem a situação, como já entenderam tantas vezes.

Segundos depois, o feixe de luz do drone ondula pela praça, assegurado de que foi aqui que ouviu os fugitivos quebrando. Mas encontra o mesmo destino dos habitantes da cidade que foram testemunhas dos acontecimentos momentos antes.

Ele não vê nada.


Embora eles não vejam por onde pisam, o fedor de decomposição e água velha até os tornozelos lhes garante o fato de que são os esgotos.

A voz que os resgatou não tem corpo, não ainda; está escuro demais para ver qualquer coisa. Mas ela ainda está lá, guiando-os pelos corredores molhados do labirinto para resgatá-los. Pelo que parecem horas, eles a seguem, não tendo outra escolha. Úmido e escuro, é assim que o mundo deles está.

"Aqui," a voz às vezes sussurra, alertando-os contra um beco sem saída ou uma área particularmente funda dos drenos. "Estamos quase lá." Eles não resistem, seguindo suas ordens. Mesmo se eles quisessem, não é como se eles tivessem outro lugar para ir.

E foi aí que eles perceberam.

Uma única luz, limpa como o dia, brilhando no final do corredor. Ela temporariamente cega as íris deles, tão desacostumadas a qualquer coisa parecida com o espectro visível depois de todo o tempo ali embaixo, mas mesmo assim, ela é o messias deles. Isso os faz realmente perceber onde estiveram, para o seu desânimo, mas é um símbolo de esperança. E essa é toda a necessidade deles.

"Ali está," diz a voz, de repente ganhando um corpo. Ela é de um homem gordinho na casa dos cinquenta, cheio de metal e modificações. Se ele não estivessem severamente curvado, provavelmente teria quase dois metros de altura. O que parecem óculos embutidos em seu crânio brilham ao encontrar a faísca da luz, revelando uma cabeça calva ocasionalmente interrompida por mechas miseráveis de cabelos grisalhos e um pequeno bigode acima de lábios tão secos quanto um deserto. Com uma mão totalmente mecânica se contorcendo e girando em toda ocasião, ele aponta para o final do corredor, sorrindo com uma boca de cheiro amargo cheia de dentes de metal. Apesar da perspectiva, dentro de suas íris com fios e rosto cheio de rugas, se podia ver a alma de uma boa pessoa. "A base da Insurgência."

Se os esgotos tivessem algum grilo neles, seu som definitivamente os encheria. "A base da… Insurgência?"

Usando sua mão de sete dedos, ele coça o queixo. "É mais uma base, em vez de a base." Seu segundo apêndice se junta ao primeiro, infligindo o mesmo destino à sua cabeça. "A Base real com um B maiúsculo está em Marte—" ele para, percebendo que falou demais. "Opa."

Barlowe ignora a segunda parte da resposta. "Não, quero dizer, que Insurgência?"

O homem começa a caminha para a luz diante deles enquanto suas pernas, consistindo de canos e o que parecem latas, fazem barulhos metálicos ao encontrar o concreto frio do chão abaixo dele. "Você sabe, a Insurgência da Chao? A força focada em derrubar a Fundação?"1

A alquimista levanta a sobrancelha, mostrando a Maddem para segui-los. Ele obedece. "Da Chao? Não… do Caos?"

Ele se vira, surpresa genuína em seus olhos, ainda continuando sua caminhada para frente. "Por que seria Caos? Não acho que o nome da Allison seja Caos." Ele sacode a cabeça, forçando algumas das porcas e parafusos pendurados em suas mechas de cabelo a atingir seu crânio com um som monótono.

"E os skippers? Eles não vão nos seguir?"

Ele ignora a pergunta com um gesto. "Estamos seguros aqui. O lugar não está em nenhum de seus mapas. O que significa que eles vão continuar a busca na superfície para sempre. Não se preocupem."

Eles continuam andando em silêncio enquanto a luz fica cada vez maior eventualmente formando toda uma entrada para outra sala. Passando por sua soleira, as três pessoas e uma IA entram em um depósito extremamente grande, cheio até o teto com caixas e mesas. Ele está dividido em quatro salas por quatro paredes feitas de uma fibra que lembra o que Barlowe descreveria como "plástico orgânico," nenhuma delas chegando ao teto alto.

Iluminada por néons brancos tremeluzentes, a sala maior e central em que entram é ocupada por uma estrutura semelhante a uma cantina. Nem um único banco e mesa são idênticos, formando uma sinfonia caótica do que supostamente é um lugar de relaxamento.

No canto da sala, um aparato altamente complexo se encontra ocioso. Nem Barlowe nem Madden reconhecem o propósito de qualquer parte dele, mas ele consiste principalmente em um assento e dezenas de pequenos braços robóticos focados em um suporte giratório ao lado dele, como se fosse um cirurgião destinado a operar um paciente deitado abaixo.

Entre os bancos e mesas da cantina, sentam-se pelo menos sete pessoas diferentes. Sua aparência e forma são tão estranhas quanto a do salvador dos cientistas, formando uma estranha coleção de indivíduos máquinas esotéricos. Embora eles estejam ocupados jogando cartas, quando eles percebem os três entrando em sua base, cada um deles acena para o velho.

E, ahn, aqui estamos!" Diz ele com orgulho, sorrindo amplamente. "Opa, nem me apresentei. O povo por essas bandas me chama de Ethan." Ele ri. "Não vou te dar um sobrenome porque, c'sabe, ainda tenho uma família na superfície e tudo. Não gostaria que meu pai e David—"

O resto dá a ele um olhar pesado, fazendo-o perceber seu erro. "Ahn, haha. Ahn… então…" ele gagueja nervosamente, gesticulando para o resto entrar. Eles obedecem. 'Aqui é onde esperamos em Częstochowa, esperando por mais ordens do comando. Mais reconhecimento e recuperação e tu—" Enquanto seus companheiros mais uma vez o reprimem pelo que ele disse, Maddene Barlowe trocam olhares, notando muito bem sua menção de Częstochowa. "O QUÊ?! Eles foram perseguidos pelos skippers, é claro que eles sabem sobre a rec—"

O resto sacode a cabeça, voltando ao jogo sem dizer uma palavra. Não querendo ficar ali sem rumo, os dois forasteiros sentam-se entre o povo, sorrindo nervosamente. Ethan os segue.

"Então, ahn, de onde vocês são?" Ele pergunta, pegando três canecas de cerveja, aparentemente do nada, oferecendo-as tanto à alquimista quanto ao ontocineticista. Com um "não" silencioso, Madden gentilmente agradece, mas Barlowe pega a caneca assim que está fora das mãos de Ethan, tomando um grande gole.

"Outra realidade," diz ela enquanto as gotas de líquido caem de sua boca. Apesar disso, parece boa. "Construímos um portal em outro lugar em casa. Ele deu bosta e jogou a gente aqui."

Madden olha para ela, com raiva por el ter contado tanto para um completo estranho. Ela encolhe os ombros, insinuando silenciosamente se ele estava sendo honesto, eles também deveriam.

Ethan balança a cabeça calmamente em compreensão. "Isso faria sentido. Também explicaria as roupas francamente bizarras e a falta de modificações, se fosse para eu dizer algo." Diz ele, examinando suas roupas e corpos com um olhar crítico. "E a falta de corpo da sua amiga, se estamos falando de anormal."

Seus queixos caem. "Como… Como você sabe sobre a Ra?" Diz Robert, olhando diretamente nos pequenos e trêmulos olhos do Insurgente.

Ele sorri, batendo na cabeça duas vezes com o dedo indicador. "Você aprende uma coisa ou duas sobre IAs em um mundo onde elas são tão comuns quanto humanos. Suponho que sua realidade não tenha a Segunda Internet?" Mesmo que isso destrua completamente sua visão de mundo, ele aceita inteiramente a origem das pessoas que resgatou. Mesmo que, na opinião dele, o multiverso fosse um conceito idiota, mas o que se pode fazer?

Madden balança a cabeça. "Como você sabia sobre nós? Nós, ahn, é claro que apreciamo0s o resgate, mas eu só estou… confuso, só isso."

Ele não responde, em vez disso, aponta para o canto da sala com sua garra inteiramente de metal. Um clique silencioso pode ser ouvido e, segundos depois, uma tela holográfica aprece entre ele e os fugitivos, fazendo Barlowe quase cuspir o resto de sua bebida. Ela retrata toda a experiência deles dentro da dimensão, começando com eles sendo jogados para fora do céu e terminando com eles fugindo dos drones. "Está em todos os noticiários. Não é sempre que se vê alguém desobedecendo os skippers e fugindo, é o que estou dizendo, e eu estava na área. Pensei em ajudar alguns colegas anti-Carcereiros, sabe?" Ele também toma um gole, manchando seu bigode despenteado com espuma, para sua satisfação visível.

Eles se sentam em silêncio por um momento, apenas interrompidos pelos barulhos da alquimista e praguejadas silenciosas de alguém perdendo da mesa ao lado deles.

"Então, ahn, o que fazemos agora?" Pergunta Madden, começando a bater na mesa com os dedos nervosamente. "Estamos, bem, inseguros do que devemos fazer, especialmente porque gostaríamos muito de ir pra ca—"

"Ah, eu tenho certeza de que a Chao tem algo na Torre dela que possa levá-los em pouco tempo," ele responde, visivelmente sorrindo com sua própria menção de sua líder. Ele coça a cabeça. "Mas, ahn, ela anda ocupada hoje em dia, eu acho. Tá com a cabeça toda ocupada por uma para-arma que ela está tentando reconstruir. Recentemente encontrou um canhão mágico grande desses Xo… Xoviéticus? Ela diz que pode destruir a toda a Fundação se ela calibrar direito. Tem a mente de um deus dentro, ou algo assim." Ele encolhe os ombros.

Madden e Barlowe trocam olhares, preocupados como nunca estiveram. Eles não precisam dizer isso em voz alta, mas não são necessárias palavras para expressas o medo que sentem ao perceber que a Rainha Negra encontrou as ruínas do SCP-6672 deste universo. Ela sempre foi imprevisível, mas uma Chao liderando um exército multimilionário de Insurgentes do Caos com a mente escravizada de um deus à sua disposição é algo completamente diferente. Mesmo que ela não fosse mais uma ameaça ao universo deles, tal poder era uma ameaça multiversal.

"Na verdade, estamos planejando fazer algo amanhã, se vocês estiverem interessados em nos ajudar." Os dois erguem as sobrancelhas. "Encontramos os planos de um Sítio em ruínas dentro da cidade. Supostamente foi um dia o principal pilar da Fundação na Polônia. Foi realmente é a palavra certa. Cento e vinte como se chama, eu acho." Eles trocam olhares mais uma vez, percebendo que esta pode ser sua chance de dar o fora. "Então, ahn, interessados?"

"Eu… gostaria de conversar com minha amiga aqui por um momento antes de decidirmos, se estiver tudo bem," Madden diz, levantando-se da mesa antes que uma resposta venha.

"Claro, claro," responde Ethan, tomando outro gole da caneca.

Os dois saem da sala para um compartimento diferente, desta vez cheio de camas e prateleiras de armas. Ele está mal iluminado e com um cheiro um pouco azedo, fazendo Madden gemer um pouco, mas é definitivamente suportável.

Quando eles se certificam de que é seguro conversar, olhando para cada canto da câmara, Robert começa. "Eu sou o único que tem a sensação de que é o—"

"MacCarthy? Sim, é ele. Não muda nada."

"Nunca disse que mudava. É só que—- deixa pra lá. Esquece," suspira ele em voz baixa. "Eu queria perguntar o que faremos."

"Hm?"

"Nós podemos ir com ele para as ruínas do 120 ou tentar nossa sorte com a Rainha Negra. O que… bem."

"O 120 é um beco sem saída, e a Allison conhece o jogo multiversal como seu próprio bolso. Eu sugiro que a gente vá até ela." Ela olha ao redor da sala, eventualmente encontrando uma cama apropriada o suficiente para se sentar. "Mesmo que ela rejeite nos ajudar, há uma terceira opção. Tem que ter uma entrada para a Biblioteca do Viajante em algum lugar—"

"Você está se esquecendo que ela está literalmente em Marte, pelo amor de deus," ele se junta a ela, sentando-se em uma cama em frente a ela, dando-lhe um olhar cansado. "E duvido muito que esta Fundação mantenha alguma conexão com a Biblioteca."

"Ele está certo," diz Ra, mais uma vez colocando alguns diagramas e páginas relacionadas em suas visões subjetivas. "A última vez que alguém foi registrado fazendo uma conexão com ela foi no ano de 2137 desta realidade."

Ambos suspiram.

"Nós podemos escolher ir para um lugar que sabemos conter pelo menos algumas coisas úteis ou ir atrás do vento com a promessa de um amanhã melhor," continua Robert, clareando a visão com um toque no fone. "E o portal pode estar lá também."

Ann geme. "Sim, claro, como se o universo fosse simplesmente deixar tão fácil pra gente. Claro."

Em resposta, ele revira os olhos. "Você está ignorando um fato óbvio." Quando ela levanta a sobrancelha, ele instintivamente toca nos bolsos em busca do marcador, suspirando baixo ao perceber que o perdeu durante a perseguição. "6172-1 foi programado para nos enviar apenas para realidades que tenham uma cópia do portal construída em seu lado, o que significa—"

"Ele também foi programado para nos enviar para o Terceiro Império," diz ela sem paciência, cruzando os braços, estendendo-os apenas alguns segundos depois. "E, mesmo assim, aqui estamos."

"Não não, ele fisicamente não consegue alcançar aqueles que não se encaixam na assinatura temporal cruzada ontocinética de ter um 6172 existente dentro deles." Ela não tem ideia alguma do que isso significa, o que ela não hesita em mostrar com confusão nos olhos e no rosto. "O que significa que o feixe rasgando pela realidade é repelido pelo tecido dos multiversos incompatíveis. Portanto, ele só pode se conectar àqueles com um portal, não importa quantas falhas possam ocorrer."

"…Então?"

"Então, se esta realidade tem um 6172-1 — o que ela absolutamente tem — há apenas um lugar em que ele pode estar. E esse lugar é definitivamente no 120."

"Mas… nós não sabemos com certeza, certo?"

"Se você quiser discutir sobre uma chance menor que um por cento, então sim, não temos certeza. O que significa que devemos ir."

Isso não a deixa menos desconfortável. "Poderíamos ajudá-los."

"O quê?"

"Poderíamos ajudar a Insurgência. Você sabe como o 6672 funciona. Se você só mostrar à Allison como consertá-lo, nós—"

Ele suspira em silêncio, massageando os olhos no processo e agarrando os ombros dela com as mãos cansadas e sujas. "Ann. Por favor. Seja racional."

Ele não responde, em vez disso, olha para o chão abaixo.

"Eu entendo o sentimento. Eu realmente entendo. Mas não podemos intervir nisso. Este não é o nosso mundo."

"Nós poderíamos… Nós poderíamos consertar tudo aqui, Madden. Essas pessoas… elas precisam da nossa ajuda." Ela joga os braços no ar, revelando sangue seco e hematomas em cada centímetro de suas mãos gravadas. "Eu sei como posso ajudar então. Há… a alquimia aqui. Funciona de forma diferente."

Ele levanta a sobrancelha.

"Eles ainda tem o Sela, mas ele limita menos. Há seis Éteres aqui. E esse sexto pode mudar completamente a maré da—"

"Nós não somos messias, Barlowe. Somos cientistas," rele retruca com exaustão e lábios secos. "E nós temos nossa própria utopia para construir em casa. Uma real, por sinal."

"Mas…"

"Não há "mas" aqui." Ele faz uma pausa. "Ou vamos para o 120 ou apodrecemos para sempre em uma distopia cyberpunk clichê. Simples assim."

Mesmo se ela gostaria de ter uma resposta, nenhuma vem à mente.

"Então," começa ele em voz baixa, levemente constrangido com sua frustração anterior em seu tom. "Você vem comigo?" Ele a oferece uma mão.

Com silêncio em seu ser, ela a aceita.


Enquanto eles passam pela soleira da cantina mais uma vez, o sorriso largo de Ethan garante que eles estão sendo vistos.

"Vocês já se decidiram?" Ele pergunta, terminando sua cerveja com um gole final e alto. Limpando a espuma restante do bigode, ele arrota baixo.

Robert fecha os olhos, suspirando silenciosamente de dor interna. "Sim, sim decidimos." Percebendo sua expectativa visível, ele continua: "Nós vamos com você."

Ethan responde com uma expressão de felicidade ainda maior do que antes. "Fantástico!" Levantando-se, ele tosse violentamente, mostrando ao resto que ele está bem, obrigado. Segundos depois, ele está livre e indo em direção a uma das paredes do complexo, como se nada tivesse acontecido.

Lá, posicionado contra os tijolos escuros e frios do esconderijo, um único humanoide está sentado. Ele é vagamente humano, formando um endoesqueleto grosso feito de aço em forma de várias placas, fios e tubos, visivelmente tentando imitar a aparência de um humano. Onde seu rosto deveria estar, porém, está um monitor quebrado, conectado à coluna do ser apenas o suficiente para não cair.

Ele não se mexe, olhando distraidamente com a cabeça em direção a algum ponto da realidade além do que humanos podem ver.

"Já que vamos precisar de tanta ajuda quanto precisarmos, imaginei que nossa IA amiga poderia fazer uso de um novo corpo," diz ele, dando um tapinha no esqueleto humanoide em seu obro. "E acontece que temos uma dessas belezas dando sopa aqui."

Barlowe abre os olhos um pouco mais, aproximando-se. "Você… Você tem certeza? Percebo que esse provavelmente não é um brinquedo barato, e—"

Ele encolhe os ombros, tristeza entrando em seus olhos. "Está tudo bem, confie em mim. Não é como se fosse usado de qualquer forma. Ele está aqui desde que nós… perdemos…" Ele olha para o chão, cruzando os braços.

Ela não continua, não querendo infligir mais do0r ao já quebrado Insurgente. "Você topa?" Ela, em vez disso, pergunta à Ra, tocando o dispositivo em seu ouvido duas vezes;

"Bastante!" A .aic responde vigorosamente, começando a formar uma conexão com seu novo hospedeiro. Uma única barra de carregamento aparece na mente de Barlowe, e ela sabe que é apenas uma questão de tempo até que a outra termine sua transferência.

"Mas isso não é tudo!" Ethan exclama orgulhosamente, apontando os dois para a suposta mesa de cirurgião de antes. Ele olha para o braço esquerdo de Ra, que está visivelmente mutilado por magia. Sua pele, agora inteiramente vermelha e tomada por uma miríade de videiras verdes, está pulsando com vigor doentio, estranho à alquimista em que já foi um apêndice normal. Cada uma de suas terríveis camadas aprece viva, como se a partícula de energia ainda estivesse dentro delas, à espreita como um parasita dentro de um animal há muito morto.

"Eu… Eu vi que você tem alguns problemas com essa sua mão," diz ele, inclinando-se sobre a estrutura da máquina e abraçando-a com seu transplante mecânico com uma expressão semelhante ao amor paterno. "Achei que você poderia querer uma melhoria. Ah, e não precisa se preocupar com suas gravuras alquímicas ou o que for — seria irrilita pura. Conduz magia melhor do que a prata conduz eletricidade, tornando todas as suas gravuras efetivamente inúteis enquanto as substitui melhor." Ele ri, orgulhoso de seu trabalho.

Seus olhos brilham de animação, percebendo que eles estão a uma distância real de uma chance única na vida de ganhar tanto poder. Em sua própria realidade, o metal foi inteiramente escavado da Terra pelo Império das Fadas durante seu pico para uso em sua guerra sem fim. Tão pouco quanto um único conjunto de ferramentas feitas a partir dele conseguia mudar os rumos da guerra, então não era surpresa que ele fosse o recurso mais procurado que as sociedades taumatúrgicas podiam imaginar.

E, apesar disso, aqui está ela, de pé ao alcance de uma mão inteira feita do melhor condutor de alquimia e magia no multiverso conhecido. Ela sorri como nunca sorriu antes, olhando diretamente nos olhos de Ethan e pronunciando uma única palavra.

"Sim."


Dói e queima, marcando cada neurônio em seu organismo com uma dor inimaginável. Enquanto milhões de agulhas tão afiadas quanto o metal que carregam em seu corpo a perfuram repetidamente, ela silenciosamente grita de dor tão grande que eventualmente se torna puro êxtase. As dezenas de faíscas e zumbidos do aparelho que não deveria ser usado em um ser consciente destroem sua pele de novo e de novo, forçando suas entranhas na alquimista.

E, apesar de tudo isso, ela não pronuncia uma única palavra de rejeição. Ela sabe o que quer, e acontece que essa dor periódica é de fato uma troca equivalente pelo poder ela que carregará em meros momentos. E não há nada em todo o multiverso conhecido que a Anciã Ann Barlowe conheça melhor do que uma troca de equivalentes.

Parece subjetivo para sempre para sua mente infelizmente humana, mas é uma eternidade que eventualmente para quando a máquina recua de invadir cada parte dela isso é, profundamente satisfeita com o que acabou de fazer.

Embora demore bastante tempo para sua coluna e sistemas associados perceberem que não estão mais sendo agredidos em cada momento de realidade, os gritos eventualmente param. E quando isso acontece, Barlowe imediatamente se senta, estendendo seu novo braço para frente.

Ele é tão grande quanto o que ela acabou de cortar, mas é muito, muito, muito mais. Batendo na atmosfera dura e horrível que enchia o complexo, ela mais uma vez sente os Éteres do vento nela. Mas desta vez, ela não só os sente — ela os é. Ela sente sua essência se tornar uma com o mundo ao seu redor, fazendo com que cada partícula do universo seja sua para manipular como um carpinteiro molda madeira. Tudo isso, alimentado por uma simples engenhoca de metal que funciona como uma ponte entre a alquimista e o resto do mundo.

Respirando fundo, ela se afasta da matriz da realidade. Isso forçou o ar a sair dela por um segundo, fazendo-a perceber completamente o poder que ela passou a possuir. Ela sorri.

Levantando-se da mesa e caminhando em direção ao Madden visivelmente aterrorizado, ela percebe que Ra agora está totalmente aninhada em seu novo corpo. A humanoide paira alto, visivelmente maior que o resto de seus companheiros, acompanhando o ontocineticista entre as mesas da cantina. Seu monitor anteriormente quebrado agora exibe um sorriso singular e pequeno localizado em seu centro.

"O que você acha?" Exclama a .aic, flexionando seus novos músculo de metal tão orgulhosamente quanto um soldado grego. "Legal, hein?"

Barlowe sorri, colocando a mão de volta dentro de suas vestes pretas. "Sim, claro."

Enquanto eles aguardam em silêncio, total e completamente exaustos por tudo o que aconteceu naquele dia, seus pensamentos vagam para o que vai acontecer amanhã. Animados para possivelmente voltar para casa com melhorias de mudar a vida, Barlowe não consegue fazer nada além de deixar o ânimo tomar conta de seu ser, tornando-a implacável para o que está por vir.

"Então," Ethan de repente entra em visão, agora terminando de limpar o aparato cirúrgico. "Você tá bem?"

Ela balança a cabeça.

"Sem… efeitos colaterais? Nenhuma sensação ruim?"

Ann flexiona o novo apêndice, sorrindo amplamente enquanto olha nos olhos do técnico. "Muito pelo contrário, na verdade."

Ele balança a cabeça também, satisfeito por poder ajudar alguém tão bem. "Acho que é horar de ir agora," diz Ethan, olhando para o relógio gravado em seu pulso. "Vocês precisam desesperadamente de um bom," ele boceja apontando para um dos quartos no resto da estrutura. "Especialmente porque estaremos marchando ao amanhecer."


Com um swoosh característico de um portal abrindo, o Insurgente e seus três companheiros chegam em um prédio acinzentado e em ruínas, fechando a Via atrás deles.

O salão é grande e provavelmente já foi um branco limpo, mas agora não é nada mais do que as ruínas de um edifício orgulhoso, o modelo de contenção da Fundação. Em seus cantos, teias de aranhas jazem, cobrindo a miríade de espaços de escritório e corredores com poeira e moscas mortas.

Ninguém sabe ao certo o que exatamente aconteceu, mas é certo que algo aconteceu. Pode-se sentir isso no ar — a expressão da vida cotidiana do que um dia atrás foi o Sítio-120 sendo subitamente destruída, fazendo com que seus funcionários evacuassem e nunca mais voltassem. Seu fedor é palpável na atmosfera, uma combinação aparentemente congelada de medo, falta de vontade de deixar ir e desespero total.

Eles não sabem se quem ou o que causou isso ainda está no Sítio. Mas não é como se eles tivessem outra opção a não ser seguir em frente.

Apesar dessa ausência avassaladora, vendo Madden abrir a boca, Ethan imediatamente o cala em silêncio, sinalizando aos dois para permanecerem sem fazer um barulho. Ele aponta para as câmeras ainda presentes e avisos colados por todas as paredes do Sítio. Mesmo que esses sistemas tenham estado inativos pelo que parece ter sido séculos, eles não podiam se dar ao luxo de não serem cautelosos.

Avançando, Ra, Madden e Barlowe entram em um corredor no final do salão, igualmente escuro como o resto da estrutura. Apesar dessa semelhança, no entanto, ele irradia uma presença — ou melhor, a sensação de um movimento no tecido da localidade ao seu redor. Ela zumbia como um enxame furioso, tentando se dar a conhecer a todos ao seu redor. Ela está vindo do final do corredor, se estendendo para os viajantes multiversais através das paredes que separam a sala do trio.

"Será que deveríamos…?" Madden pergunta sem palavras, movendo os lábios em silêncio. Ele aponta para as portas blindadas de dentro das quais eles recebem o chamado, silenciosamente olhando para o painel de controle ao lado deles. É um scanner padrão da Fundação, gentilmente solicitando a entrada de um cartão de Autorização com sua tela brilhante.

O onticineticista encolhe os ombros, avançando mais uma vez, se certificando de que ele deixe o mínimo possível de marcas na poeira ao seu redor. Estendendo a mão com seu cartão de Nível 4 de sua realidade, ele cumpre o desejo da máquina, fazendo-a apitar com emoção e brilhar com um verde feliz, deixando as portas abertas. Silenciosamente, os três entram na sala, revelando um grande salão idêntico ao da câmara de ativação de SCP-6172-1 de sua realidade. Ele reage a eles, acendendo toda as suas luzes e aparatos, lentamente fazendo parecer que não foi abandonado há mais de dois séculos.

Em seu centro, a forma octogonal do portal jaz, esperando em silêncio por seus fugitivos. Quando faíscas de eletricidade atingem seus fios, ele dispara uma enxurrada de zumbidos e runas taumatúrgicas, se ativando após um longo sono. Seu meio começa a rasgar a realidade mais uma vez, formando um portal no tecido da realidade, levando a outro lugar. É como se toda a sala estivesse congelada imediatamente durante o experimento, e os três apenas tivessem voltado no tempo para um momento antes da catástrofe.

Esperança em seus olhos, todos se aproximam, com Madden indo em direção ao computador ao lado da máquina. Ele está visivelmente danificado, sua tela toda rachada, mas está bom o suficiente para trabalhar. Com um sorriso profissional, Robert suspira de alívio e toca o monitor, inserindo a devida Autorização.

E então, as luzes verdes do terminal ficam vermelhas. E todo o complexo começa a tremer.

"O QUE TÁ ACONTECENDO?!" Ethan grita a plenos pulmões, lenta mas seguramente começando a vir em direção ao resto da sala em que chegaram. "O Que vocês fizeram?!"

Madden olha para o cartão e após volta para si mesmo, perdendo toda a confiança que acabou de obter em meros segundos. "Eu… Eu não—" Ele não consegue terminar. As portas do portal central se fecham repentinamente, separando-os do Insurgente enquanto as lâmpadas anteriormente brancas ficam inteiramente vermelhas, alarmando toda a instalação.

"ALERTA FATAL DE INTRUSO! PROTOCOLOS DE DESLIGAMENTO DO SÍTIO INICIADOS!" Uma voz robótica do nada exclama em voz alta enquanto sons de tiros vêm dos corredores abaixo, acompanhando balanços de magia e gritos de dor. Madden olha aterrorizado enquanto o computador o bloqueia do sistema, cumprimentando-o com uma tela de registro padrão da Fundação — sem controles, apenas um sistema de mensagens de emergência. Mas isso é tudo que ele precisa.

Praticamente correndo em direção a ele, ele digita a seguinte mensagem enquanto determinação e medo preenchem todas as partes de seu corpo:

PRECISAMOS DE AJUDA: FALHA DRÁSTICA, RESULTANDO EM CENÁRIO DE REFUGIADO MULTIVERSAL; PARADEIRO ATUAL DESCONHECIDO, EM REALIDADE DIFERENTE ENVIAR AJUDA O MAIS BREVE POSSÍVEL

Isso é tudo o que ele consegue digitar antes da aura do portal se estender, engolindo o monitor e Ra inteiros. Ela começa a se espalhar violentamente pela sala, forçando Madden a agarrar o painel mais próximo com toda a sua força, desejando resistir ao portal por todos os meios.

"O que fazemos?!" Barlowe grita da borda do portal, amarrando-se na realidade com magia de esforço final. Ela mal está conseguindo.

"Eu—" Madden tenta dizer, apenas para ser cortado pelo rasgo se estendendo mais uma vez. Ele inconscientemente agarra os dois, forçando os dois a viajar pelo túnel multiversal mais uma vez.

E então, tudo fica em silêncio.


"Merda, merda, merda, merda!" As palavras do Dr. James Micheals da realidade base enchiam o escritório do Diretor de Conselho do Sítio-120 da realidade base, fazendo-o reverberar com a total frustração do portador. Michaels não era do tipo raivoso — muito pelo contrário, até — mas um único momento arruinando toda a sua carreira e trabalho é bom o suficiente par até mesmo os tipos mais quietos ficarem temporariamente furiosos.

Ele toma um grande gole de uma garrafa de água próxima dele, tentando o seu melhor para não ocupar o estômago com outra coisa além da vontade de vomitar de estresse, ele sabe que não funciona assim, mas não importa — ele simplesmente precisa de oura coisa para se concentrar temporariamente em vez do fato de que seu maior projeto acabou de causar uma catástrofe em toda a Fundação. E acontece que o líquido com gosto de poeira é a única coisa que ele tem à sua disposição.

Enquanto as portas da sala se abrem, a figura cinza de um Dr. Ethan MacCarthy igualmente normal entra, fechando-as atrás dele. "Alguma notícia ainda?" Ele pergunta, aproximando-se do outro Diretor.

"N-Não, claro que não," responde ele em seu jeito gago padrão, entregando a Ethan alguns documentos que ele acabou de compilar de outros relatórios em uma tentativa de entender o que aconteceu ontem, "Cornwell e Asheworth ainda estão sob os O4 e o resto da Vanguarda. E Rivera está tentando o seu m-melhor para garantir que Asheworth seja apenas uma parada temporária no Hermes."

O outro balança a cabeça, olhando para os inúmeros papéis que ele está segurando em suas mãos. "Isso não está parecendo bom."

"J-Jura?" Michaels revira os olhos, pegando os documentos de volta. Tirando uma caneta do jaleco, o cientista começa a ir de um relatório a outro, verificando todos os testes possíveis que já fizeram. Há dezenas deles. E, apesar disso, nem um único fornece uma resposta para a questão ainda pendente do paradeiro dos fugitivos.

Ele suspira internamente, colocando-os em algum arquivo na mesa de madeira diante dele. Com frustração e preocupação preenchendo cada pedacinho de seu ser, ele volta os olhos mais uma vez para o colega. "Como… Como vai o projeto? E-Eu espero que vocês—"

O outro acalma James, caindo em uma enxurrada de tosse segundos depois. "Sim, sim," diz ele, desculpando-se com um sorriso apologético. "Está tudo pronto. É por isso que estou te incomodando, na verdade." Tomando um gole da água já aberta ao lado do segundo Diretor, ele geme ao ver o gosto, olhando para o prazo de validade. Ele não encontra nada. "Estamos prontos."

Michaels levanta a sobrancelha.

"Está pronto, James."

A confusão do outro aumenta. "O-O quê? Tudo?"

Ethan sorri. "Sim. O que por sua vez significa que nosso deus ex machina pode não estar fora de questão ainda."


CENTRAL: Central das Crônicas do Irreal

´PRÓXIMO: EM BREVE


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