Pôr do Sol

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Calor.

São muitos, MUITOS!

Calor inimaginável. Sem chama, nunca poderia haver chama aqui, mas mais calor do que em quase qualquer lugar. Plasma subindo e vapor escaldante, saltando da superfície da grande esfera amarela.

Aquele! Aquele! Continue virando!

E além do calor… nada. Nada além da extensão infinita do vazio.

Sauel! Me ajude, Sauel!

Haviam muitas ameaças. A ela, aos planetas, a Sauel… Tantas criaturas queriam comê-lo. Ou pior. Dezenas de religiões, centenas de crenças, milhares de noções parcialmente lembradas… todas tinham uma promessa de noite eterna para cumprir, e a maioria estava indo direto para a fonte.

Eu não posso avisar a todos! Eu não consigo!

Ela nem sabia se alguém estava assistindo a essa altura, muito menos atendendo seus avisos. Era demais, haviam muitos…

Mas era tudo que lhe sobrava. Sauel lutava contra milhares de monstros e, embora Sauelsuesor adorasse seu irmão mais velho, ela não tinha ilusões quanto à capacidade dele de sobreviver a esse ataque.

Está caindo, não está? Está tudo desmoronando…

Muito, muito acima dela, uma titânica cobra vermelha do tamanho de Netuno rompeu a linha final de defesa de Sauel e cravou as mandíbulas em sua superfície, sugando avidamente o plasma de sua forma. Ele se debatia contra a criatura com uma onda de força inimaginável e ela gritava na fina atmosfera. O volume do rugido poderia nivelar uma cidade através simplesmente das ondas de choque, rasgar uma montanha ao chão com suas vibrações, mas aqui elas apenas ondulavam pela superfície de Sauel como uma pedra no maior lago do universo enquanto ele a esmagava até virar polpa. Eventualmente, Sauel a transformou em tanto sangue e pele pseudo-reptiliana, mas agora era tarde demais. Uma legião de feras passava pela fenda na corona fornecida pelo cadáver fumegante da grande serpente, cada uma faminta por uma estrela com a qual pudessem se banquetear. Havia um…

Eu disse que vocês eram insuficientes.

Uma enorme onda de gravidade manipulada tomou conta de Sauel, facilmente o suficiente para eliminá-lo da existência se não tivesse sido tão bem ajustada.

Eu disse que vocês seriam os próximos.

Ela foi lançada com uma sutileza incrível- os pulsos se espalhando e enrolando em torno da superfície da estrela, fazendo com que milhões de bolsões de matéria de nêutrons surgissem conforme cada um dos invasores era totalmente destruído, transformados em um estado do qual nada poderia sobreviver por forças inimagináveis.

Mas eu nunca disse que seria eu que lhes mataria!

Criaturas que viveram por incontáveis milênios fugiam da superfície de Sauel ou se escondiam em quaisquer breves buracos em sua pele que pudessem encontrar, mas isso não fez diferença. A força os encontrava e, um por um, os destruía.

E vocês acharam que foi uma ameaça? Uma tentativa de intimidação? Vocês estão enganados!

Sauelsuesor lançou seu olhar para o espaço. Uma grande estrela podia ser vista muito, muito abaixo dela, mas ainda perto em termos astronômicos. Ela era menor que Sauel por um fator de… Cem? Talvez fosse mais, talvez fosse menos, mas de qualquer forma sua gravidade era muito mais forte do que a de seu irmão. Sua luz piscava rapidamente, pulsando em um fluxo de código morse que ela percebeu traduzir para o francês.

Vocês acharam que eu iria matar vocês, vocês acharam que eu iria esmagar seu mundo patético, e foi esse medo que me trouxe aqui.

A próxima onda de criaturas já estava chegando, destemida pelo destino terrível daquelas que as precederam. As forças se dividiram diante dos olhos de Sauelsuesor, metade se dividindo para atacar o recém-chegado.

Vocês me viram como um fim, um apocalipse em mim mesmo, e todos esses ditos seres chegaram agora.

Plasma saiu em espiral dos eixos de Sauel, girando e se enrolando no espaço enquanto as grandes nuvens desabrochavam como flores escaldantes. Abaixo de Sauelsuesor, o recém-chegado começou a manipular a massa incandescente, torcendo-a em poços e paredes titânicos.

Vocês são patéticos! Todos vocês, piores do que os humanos- criaturas miseráveis que se escondem, necrófagas! Vocês não vão nos ferir! Nós. Somos. ESTRELAS!

No vazio, o vazio abrasador, gelado e sem fim, SCP-179 ria enquanto SCP-1548 eliminava a horda da existência.

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