Dor de Cabeça
avaliação: +1+x

Era o fim da porra do mundo e a FTM-Sigma-66 estava fazendo o que eles sempre faziam: morrendo.

"Só para deixar claro, esse lugar vai estar lotado de guardas, coberto de armadilhas, e talvez não tenha nada nele?" Dominic Alvares puxava suas vestes táticas com cuidado, com cuidado para não roçar o cotoco do braço direito.

Sob um coro de gemidos dos outros dois veteranos do grupo, seu mais novo membro se encheu de um otimismo nervoso.

"Bem, você sabe, dessa vez nós sabemos que tem uma boa razão para isso, certo?" disse Charles Bouche, seu próprio mascote anartista. "O mundo está indo à merda, e talvez nós estejamos ajudando." Bouche deu de ombros como se quisesse reconhecer a ingenuidade de suas palavras. Embora isso não o tenha salvo do desdém de Aries, nem da bota que ela habilmente atirou através do vestuário para acertá-lo no ouvido.

"Cala a porra da boca, palerma." ela disse, se aproximando para pegar a bota de volta. "Nós não estamos ajudando. Você não tem ouvido nada do que o pessoal esteve falando nas últimas semanas? Eles estão enviando todo mundo pra todo lado. Nós só estamos seguindo mais ordens."

Bouche, enquanto isso, não dizia uma palavra, para evitar ver qualquer parte de Aries. A bruxa de sangue sempre se impôs uma figura imponente, é claro, mas Dominic acreditava que a fuga poderia ter tido mais a ver com o fato de que Áries havia abandonado vestir um sutiã esportivo na metade do caminho para repreendê-lo.

Fenton, seu quarto membro, colocou uma mão no ombro de Aries, silenciosamente afastando-a do rapaz. Ela deu de ombros para ele e retornou para sua pilha de equipamentos. Aries trabalhava com equipamentos leves, deixando de lado as vestes táticas que os outros usavam para usar roupas básicas e uma jaqueta com vários bolsos, revelando cortes e feridas cobrindo cada parte de seu corpo, das pernas desgrenhadas ao couro cabeludo raspado. Os lábios de Dominic se curvaram levemente quando ele a encarou.

Há quase um ano, Dominic foi tirado de um limbo torturante por Aries e Fenton, sob ordens de sua nova treinadora, Alesha Willow. Sua velha treinadora, bem, este era o rosto que ele via agora. Aries havia possuído a mulher que ele antes conhecia como Via Davis em algum momento no tempo em que esteve preso em seu inferno frio, e ninguém lhe contaria nada mais sobre isso. Fenton afirmava que foi antes de sua indução à FTM, e tudo que Aries dizia era que eles 'tiveram um desacordo no cinema'.

Ele não sabia o porquê do rosto o incomodar tanto - não é como se ele tivesse gostado de Davis antes, a mulher era uma puta abusadora de poder sem preocupação pela segura de ninguém na equipe - mas um ano depois ele ainda não podia olhar para ela sem sentimentos de desdém. Do outro lado da sala, Fenton estava olhando para ele silenciosamente por trás de seus óculos escuros sempre presentes, sentindo seu humor. Ele esfregou uma articulação na bochecha e saiu desse transe, pegando uma calça nova.

Mais tarde, quando eles estavam todos prontos, Willow bateu na porta do vestuário, entrando antes que qualquer um deles pudesse responder. Com ela estava uma mulher Asiática toda tatuada talvez com certa de 30 anos, ou 40, seu lado esquerdo inteiro estava coberto em marcas de queimado feias.

"T menos quinze até vocês saírem, gente." disse Willow, nem mesmo olhando para eles enquanto examinava uma grande prancheta de papelão. "Se certifiquem de que vocês tem todas as suas parafernalhas, magia preparada ou tanto faz. Uh, esta é Dr Way, ela se juntará a vocês por hoje."

"Esmeralda." disse a mulher, acenando para ninguém em particular. "A maioria das pessoas me chama de Emmy."

"Ela é um dos seus?" perguntou Fenton, olhando para Emmy com desconfiança.

"Sim." disse Willow, ao mesmo tempo Emmy disse "Cacete não." Willow franziu a testa para Emmy um pouco, então se virou de volta para Fenton.

"Ela é meio que uma contratante, da Mão da Serpente. Ela estará… ajudando vocês a se lembrar de qualquer coisa de que vocês se esquecerem, eu acho." Willow olhou para Emmy, dando de ombros subitamente. "Então acho que é isso?"

"Eu sou afiliada a eles, não empregada por eles." Emmy disse firmemente. "Caso contrário eu não estaria aqui. Mas sim, eu acho que foi uma explicação ok."

Houve um breve silêncio enquanto todos esperavam que alguém falasse. Quando ninguém o fez, Willow fez um gesto para Dominic segui-la e pediu aos membros restantes que colocassem Emmy em ordem e seguissem para o ponto de encontro padrão. Conforme as portas se fechavam atrás de Willow e Dominic, Emmy colocou sua mão boa em seu bolso e puxou saquinho amassado.

"Algum de vocês fuma?" ela disse, batendo o saquinho convidativamente.

"Sim" responderam os três juntos.


"Eu ainda acho que isso é besteira." disse Dominic, fazendo uma careta enquanto usava o seu novo braço para trocar de marcha. Por que caralhos Willow tinha esquecido de mencionar que ele receberia um maldito braço substituto nos dez minutos antes de ter que dirigir um veículo pesado, e como cacetes eles encaixaram o braço como se ele fosse uma figura de ação quebrada? Ele dirigia lentamente pelo caminho de cascalho que levava ao seu destino, o que parecia exteriormente ser uma fábrica de "conservas de atum" abandonada.

Enquanto Dominic se perguntava o que atum era, Aries resmungava de seu esconderijo na parte de trás da van. Ele foi acertado na parte de trás da cabeça com um leão de pelúcia, um dos vários brinquedos de criança que eles estavam "entregando" à instalação secreta da Marshall Carter e Dark que eles tinham a tarefa de invadir.

"Corte o drama, Alvares" Aries bufou. "Você tem alguma ideia do quão apertado é aqui? As botas do Douche estão na porra do meu rosto."

Houve uma pequena desculpa de Bouche, rapidamente seguida por um pequeno grito. Dominic só poderia imaginar o que ela fez com ele, já que antes que ele pudesse perguntar ele viu uma figura solitária se aproximando da van da fábrica. O primeiro dos guardas, um homem corpulento e mais velho com um tédio cuidadosamente calculado assado nas linhas do rosto. A transparência do plano foi suficiente para fazer Dominic sorrir com prazer genuíno conforme ele abaixava a janela.

"Fala ai!" ele disse, inclinando-se para fora para deixar o homem ver seu rosto com clareza. A expressão do guarda não se mexeu uma polegada.

"Tão perdidos, camaradas. Nada aqui procês amenos que vocês tenham a pizza que eu pedi há uma hora e meia." O homem, cuja etiqueta dizia 'Rupert', apontou sua lanterna para dentro, e Dominic jurava que ele viu ele franzir um pouco ao ver Fenton. Se era porque ele era negro ou porque ele estava usando óculos escuros à 1 da manhã escapou do julgamento de Dominic. Como você poderia confiar que alguém chamado Rupert não seria racista?

"Nós estamos aqui fazer uma entrega para a instalação, na verdade. MC&D trans-dimensional ou coisa assim, certo?" A vagueza de Dominic não era só fingida - isso era praticamente tudo o que sabia sobre o lugar em que estavam se jogando cegamente. "Nós temos uma entrega da Wondertainment. Deveria estar na sua lista?"

Se ele esperasse que a expressão de Rupert fosse mudar com isso, ele estaria desapontado. O olhar do homem passou pela van, e pausou enquanto ele processava a logo no lado.

"Se cês são da Wondertainment, por quê sua logo aqui diz S & C Plasticos?"

"Bem, uh," Dominic vacilou, tentando salvar a situação. "Nós somos fabricantes. Brinquedos. Brinquedos… de Plástico. Nós fazemos brinquedos de plástico." Ele soltou um grande sorriso, esperando cobrir a mentira com o charme que ele claramente não tinha.

Rupert estava carrancudo agora, talvez, seus olhos só uma fração mais fechados.

"Uma fabricante cujas iniciais simplesmente ocorrem de dizer SCP?"

Merda.

"Siiimmmm?" ele ousou, mas Rupert já estava pegando um walkie-talkie. Dominic e Fenton se esforçaram para abrir suas portas.

"Rapazes, nós temos zeladores no portão. Reforço imediato solicitado, código-" O velho homem foi cortado quando uma faixa de vermelho e preto bateu nele, gritando.

Aries estava sobre seus ombros em um segundo, saindo pela traseira da van, Emmy e Bouch e caindo ao chão enquanto ela atacava. Seus dentes fechados ao redor de sua gargante enquanto ela mordia com força, rasgando uma tira de carne com uma mexida de sua cabeça. Dominic derrapou para três pés de distância dos dois, ficando fora de alcance dos membros agitados do homem. Atrás dele, Fenton corria para ajudar os outros dois a se levantarem.

Aries enfiou sua mão na boca do homem para impedi-lo de gritar, e ele mordeu imediatamente. Dominic podia ouvir o barulho do osso quebrando. Ao invés de ficar perturbada por isso, Aries aparentemente o tomou como sendo um sinal de entrada, cuspindo o sangue do homem em seu rosto e freneticamente manchando um sigilo em sua bochecha e depois na dela.

Rupert afastou-a e tropeçou de volta em sua bunda quando um dos dedos de Áries caiu de sua boca. Aries rolou no cascalho e se levantou antes que o homem pudesse, e então gritou algumas palavras de comando no tipo de linguagem mágica que Dominic esqueceu assim que o ouviu.

O efeito foi imediato. Os olhos de Rupert se reviraram em suas órbitas e ele caiu de costas, se estremecendo. Antes que ele pudesse se perguntar se o homem estava tendo algum tipo de resposta à perda de sangue copiosa, seus olhos foram atraídos por uma visão ainda mais incomum. O corpo de Aries estava se transformando, seu rosto derretendo e formando uma estrutura diferente, peitos recedendo e estômago estourando. Conforme cabelos grisalhos saiam de seu lábio superior, ele percebeu o que estava acontecendo - Aries estava virando Rupert. Deus, como se usar o rosto de Via não fosse ruim o bastante.

Rupert (Aries?) se levantou e espanou-se.

"Poooorra," disse Aries, coçando seus cabelos faciais recém formados. "Você sabe o quanto isto exige de mim?" Ela tentou se esticar, estalando as articulações alto. "Isto só vai durar cinco ou seis minutos, então vamos tirar proveito disto."

Ela se abaixou, gemendo enquanto suas costas clicavam em queixa, e pegou o walkie-talkie.

"Alarme falso, uh, meus camarada." ela disse, sua voz duas oitavas muito alta. "Não se preocupem com o que eu disse, minha mente está fodida. Uh, Entendido."

Houve um longo silêncio, o walkie talkie fracamente estalando enquanto Aries esperava por uma resposta.

"Você acha que nos safamos com esta, ou-"

O som inconfundível de uma bala ecoando na lateral do caminhão a cortou e os três se jogaram no chão.

"Aparentemente não!" Dominic gritou, à medida que mais balas disparavam contra a van e batiam no chão ao redor deles, causando pequenas explosões de cascalho. Ele olhou para Aries. "Como eles conseguiram ver através de nossa fraude infalível?!"

Ela mostrou o dedo do meio para Dominic. Atrás dela, Fenton se levantou, removendo seus óculos para revelar vazios cintilantes onde seus olhos deveriam estar.

"Não importa." ele disse, um leve sorriso em seu rosto conforme as balas passavam zunindo por ele. "Eles não tem ideia do que eles estão lutando contra."


A visão de Dominic se recuperava enquanto ele se levantava de joelhos. Uma olhada rápida para confirmar que ele ainda tinha todos os dedos, e ele se permitiu um momento para respirar um suspiro de alivio. Eles conseguiram. O que caralhos Fenton fez? Nada fez sentido por cerca de cinco minutos, seus corpos e mentes se separaram, gritos através dos guardas, e eles estavam na porta da instalação.

Dominic se levantou, olhando ao redor para ver como os outros estavam. Fenton estava ajudando Emmy a se levantar, colocando um braço em volta da cintura para apoiá-la em uma perna quebrada. Ok, nada bom. Aries já estava de pé e explorando, olhando interrogativamente para a parede oposta. Bouche sumiu.

Aries se virou para olhar para ele.

"Tem alguma ideia do que isto é?"

Ele olhou para onde ela estava olhando, para a grande placa na parede. acima das palavras "CAIXABRANCA 5" havia uma logo - um circulo com três setas apontando para dentro, cercadas por um contorno de bolha. Nada que ele havia visto no documento informativo sobre a Marshall, Carter e Dark.. Parecia… errado. Uma coisa que não pertencia, que estava em desacordo com a realidade. Quanto mais ele olhava, mais errado parecia, um vazio zumbidor atrás de seus olhos.

Ele tirou seu olhar dele.

"Cuidado, parece estranho. Talvez seja algum risco cognitivo, última linha de defesa." Ele se levantou, ignorando as queixas de suas juntas.

Aries considerou, e então acenou com a cabeça, virando seu rosto do simbolo para o corredor, onde se ouvia o zumbido de bancos de computadores gigantes. Este lugar era mais do que para armazenar items, então, Que tipo de informação seria valiosa o suficiente para ser armazenada fora da realidade?

Dominic bateu em seu fone de ouvido.

"Willow?" Estamos na instalação agora, conselhos em como proceder."

Não houve resposta. Eles foram cortados, ou estavam fora do alcance ou apenas completamente desconectados.

"N-nós deveríamos investigar o d-depósito de objetos, eu acho," Emmy disse, "Seguir os símbolos?"

Dominic olhou para Fenton, mas o homem parecia tão confuso quanto ele.

"Que símbolos?" disse Dominic.

"Os- os que estão por todo lado. Não consegue ver eles? As paredes estão c-cobertas." Emmy tossiu, e a aderência de Fenton em sua cintura ficou mais forte enquanto ele olhava os arredores. Sua expressão permaneceu confusa, e Dominic olhou os arredores, ele podia entender o por quê - as paredes estavam limpas, nada nelas além da placa do circulo e setas.

Vendo que nenhum deles tinha ideia do que ela estava falando sobre, Emmy escapou das mãos de Fenton e mancou em direção à parede. Com um som estridente, ela puxou pedaços de papel da parede em branco e caminhou de volta para os outros com eles. Dominic olhou para o papel que ela aparentemente conjurou do nada, e apertou os olhos, tendo dificuldade para ler um diário manuscrito perfeitamente legível, datado de 1999.

A coisa não está fazendo isto por acidente. Tem uma razão e rima para isso, só que eu não consigo entender. Se é para termos alguma esperança de parar este vírus, se a lança conceitual não funcionar, talvez isto seja nossa última esperança

Eu posso sentir ela me puxando. Ela quer a parte que reconhece, o lobo do olho.

Dominic soltou o papel assim que um pico de dor passou pela sua cabeça. Algo estava muito muito errado aqui.

"Se levante, idiota." disse Aries, levemente chutando ele na perna, e ele percebeu que ele se jogou pro chão também.

"Como isto não está te afetando?" ele disse, se torcendo para tentar se levantar novamente.

"E está, só não sou um bebê sobre isso." ela disse, puxando-o com uma mão. Ela olhou para ele, inclinando a cabeça. "Seu olho direito está vermelho. Não estava antes."

Ele ignorou o comentário, seguindo Emmy e Fenton enquanto eles lentamente seguiam a trilha de papel.

"Ei!" ela disse, correndo para ficar na frente dele de novo. "Olhe para mim!"

Ele abriu sua boca para replica e, antes que ele pudesse dizer algo, ela cuspiu na boca dele. Ele recuou, enojado, e a agarrou pelo colarinho, sem ter certeza do que ia fazer. Ela chutou ele na canela, com força, e ele soltou ela, afastando seus braços para ficar de pé enquanto a perna dobrava.

Então ele sentiu. O pico de dor recedeu - não exatamente sumiu, mas diminuiu o suficiente para que ele pudesse aguentar. Ele levantou seu olhar e viu Aries carrancuda para ele, esperando sua desculpa. Ela balançou um pouco, e Dominic percebeu que ela não o protegeu dos efeitos - ela estava simplesmente sentindo a dor por ele.

Ele andou em volta dela e silenciosamente começou a ir em direção ao depósito de objetos.

—-

O depósito de objetos era gigante - ele se lembrou de uma sala de armazenamento da IKEA, com prateleiras se estendendo até o teto dezenas de metros acima. As prateleiras estavam cobertas em números e códigos, e de novo aquele simbolo, o circulo com as setas. O que antes havia sido um zumbido insistente atrás de seus olhos era agora um zumbido sem graça quando ele franziu a testa para o símbolo. Estava bem na ponta da…

A ponta do que?

Ele entrou em pânico assim que sentiu uma presença não familiar em sua boca, uma massa viscosa empurrando levemente contra seus dentes. Alguns pés das pilhas de prateleiras, Aries recuou, uma mão se jogando em sua cara. Ele abriu a boca para gritar algo para os outros e a massa se moveu, se ondulando pra cima para se esfregar contra seus dentes superiores. Ele fechou a boca com força e sentiu uma explosão de dor de algum lugar dentro de sua boca. Estaria aquilo mordendo ele de volta?

Aries mexia nas prateleira, derrubando objetos que foram cuidadosamente arrumados. À frente dela, a cabeça de Emmy se virou nos braços de Fenton. Fenton parecia muito preocupado para prestar atenção, presumidamente também afetado. Dominic percebeu tarde demais que o sangue quente daquela coisa estava inundando sua boca, e quando ele ofegou por ar ele correu pela traquéia, afogando-o..

"icho está prero na mira oca," disse Aries, puxando uma lâmina de barbear do bolso. Emmy saiu do aperto distraído de Fenton, se jogando na direção da bruxa de olhos arregalados.

A visão de Dominic teve problemas enquanto Aries e Emmy brigavam. Com suas pernas enfraquecendo, ele caiu de joelhos e deixou uma tosse espasmódica assolar seu corpo. Algo estava preso em sua garganta agora, um pedaço da coisa que ele mordeu, e sua respiração estava totalmente obstruída agora. Ele estava cara a cara com um dos objetos, um olho de vidro quebrado que encarava silenciosamente a ele. Ao lado dele, uma placa de papelão dobrada designava-o de SCP-4113-2.

A forma embaçada de Fenton estava entre Emmy e Aries, tentando separa-las, seus olhos brilhavam na visão cada vez mais escura de Dominic. Emmy estava gritando, algo sobre linbras? lingas? Sua cabeça estava zumbindo, tentando entender o que Emmy estava falando sobre, por que as letras e números naquela placa pareciam tão familiar, como respirar.

As duas mulheres caíram em Dominic, e ele desmaiou.


Dominic acordou de bruços no chão, o rosto pressionado desconfortavelmente no chão sujo de azulejos. A primeira coisa que ele ficou ciente de quando ele acordou era uma dor estridente em sua boca, como se tivesse mordido através de sua língua.

Através de sua…

Oh, merda.

Dominic tentou se levantar e foi quase imediatamente rebatido, uma força confiante que era inconfundivelmente o empurrão firme de Fenton entre suas omoplatas.

"Ei, Alvares?" A voz de Emmy disse suavemente, algum lugar acima e atrás dele. "Eu preciso que você fique parado por tipo, mais três minutos, ok? Tem um dispositivo Schulman Mark 2 incorporado em sua coluna inferior agora, e se você se mexer muito você pode se paralisar."

Coisas se mexiam em sua cabeça, mudando. Sua língua, a porra da língua, como ele se esqueceu dela? Teve um evento Lethe aqui? Poderia sequer ter um, se este lugar estivesse realmente fora da realidade?

Dominic queria perguntar o porquê de ter a porra de uma máquina em sua coluna, mas uma outra pergunta veio em mente primeiro.

"Por quê vocês não foram afetados?" ele disse, mexendo sua cabeça tentando olhar para ela. Sua língua queimava enquanto ele falava, e era difícil formar as palavras. "Todos nós, estávamos pirando, ou seja lá o que o Fenton queira dizer com pirando. Mas você está bem. Como podemos confiar que você não estava de algum modo envolvido nisto?"

Emmy se moveu ao redor dele para que ele pudesse ver o rosto dela, olhando seriamente em seus olhos enquanto ela se agachava em sua linha de visão.

"Willow te disse, lá no vestuário.." Emmy disse "Eu estou aqui para ajudar você a se lembrar de coisas que você esqueceu. É o meu trabalho me lembrar de coisas." Ela bateu levemente no pequeno peso em sua parte inferior das costas. "E fazer seja lá o que seja necessário para ajudar a ativar sua memória também."

Não foi bem uma resposta, não realmente, mas ele estava muito fisicamente incapaz para se concentrar nisso. Seu cérebro ainda estava se reorganizando, lembrando ele de coisas que ele era fisicamente incapaz de se lembrar momentos atrás. Conservas de atum! A porra de um peixe delicioso e horrível! Ele podia dizer quando ele perdeu sua memória, também, fazendo uma pausa do mijo durante uma emboscada de algumas crianças mágicas que estavam irritando a Fundação com um clipe de papel gigante senciente que eles soltaram nas ruas do Brooklyn, dando conselhos não solicitados sobre como se proteger contra várias anomalias. Isso foi meses atrás, quando Nettle havia desertado, traindo os outros quando as crianças desativaram secretamente seu colar explosivo.

"Quanto tempo até eu poder me levantar?" ele disse, desconcertado pela memória. Ele pensou que ele tinha ficado próximo de Nettle no tempo que eles gastaram juntos como uma equipe, e a traição foi, bem… ela doeu.

"Só mais um minuto, provavelmente." disse Emmy, mordendo seus lábios. "Depende da pessoa. Só me diga quando você ver o- quando você ver isso."

"Ver o que?" ele disse, mas mesmo enquanto ele perguntava ele podia sentir o maior bloqueio se dissolvendo em sua mente e ele sentiu seu cérebro trabalhando extra conforme sua visão mudava sem mudar, de repente vendo finos tentáculos cinza-rosas que cobriam todas as superfícies do lugar, levemente pulsando e ondulando, as pontas dos tentáculos se afastando da superfície em que estavam para sentir o ambiente. Não era apenas sua visão que mudava mas também sua sensação de toque, sentindo os tentáculos explorando cada polegada dele deitado no chão, entrando em sua boca e narinas, se contorcendo sob o tronco. Ele gritou e puxou sua cabeça, e os tentáculos saíram de seu rosto facilmente, sem luta alguma.

"Ver isto" disse Emmy, sorrindo, e ela começou a remover o dispositivo.

Uma série de bips disseram a Dominic que ela estava inserindo algo em algum tipo de teclado, e então ele sentiu a estranha sensação entorpecida de uma agulha saindo de sua espinha, a pressão fraca se transformando em uma pontada de dor. Com o dispositivo removido, ele se virou cautelosamente para olhar para Emmy e Fenton, de pé sobre ele com preocupação.

"Normalmente," disse Emmy, "eu diria para você ficar parado por algumas horas para se recuperar após uma punção lombar. Infelizmente, eu não acho que tenhamos este tempo."

Sem palavras, Fenton lhe deu um pequeno bloco de anotações, aberto em uma página com uma lista de palavras. Dominic as leu.

língua
Oklahoma
conservas de atum
o nome 'Dick'
squash (esporte)
ritmo 4:4
motores de combustão
Coreia
tentáculos pra todo lado

"Língua, Oklahoma, squash, 4:4, motores de combustão, tentáculos" Fenton repetiu bruscamente. O homem parecia tenso, os braços cruzados firmemente sobre o peito e a boca uma linha dura.

"Ele escreveu estas coisas enquanto se lembrava," explicou Emmy, "coisas que ele esqueceu que ele estava começando a se lembrar. Mas agora…"

"Agora você está se esquecendo de novo" disse Dominic, olhando para Fenton. "Quanto tempo nós temos?"

"Não tenho certeza." Emmy disse, encolhendo um dos ombros, "Vinte, trinta minutos antes que você comece a se esquecer de novo. Eu estimaria talvez uma hora e meia antes que você volte a arrancar pedaços de sua língua."

Dominic acenou com a cabeça e começou a se levantar lentamente, aceitando a ajuda oferecida de Emmy.

"Uma última questão," ele disse, "onde está Aries?"


Eles encontraram Aries na sua viagem de retorno para o átrio, sentando de pernas cruzadas perto de uma pilha de papéis que ela arrancou da parede. Dominic percebeu enquanto eles saiam do depósito de objetos que podia ver eles agora, as palavras e símbolos rabiscados que cobriam tudo, obscurecidos apenas pelos tentáculos que cobriam todas as superfícies.

Alguns dos símbolos ele reconhecia, símbolos que eram para a transferência instantânea de informações para o cérebro, tipo códigos QR mágicos. A maioria, porém, era apenas palavras e frase - "Não se esqueça" e "Leia as páginas" principalmente, porém algumas vezes ele perceberia o muito mais específico "Daisy Glover esteve desaparecida por dois dias", escrito em diferentes materiais e letras diferentes. Estranho.

Aries pulou um pouco ao ver eles se aproximando, e então se acalmou ao ver quem eles eram. Ela tinha um longo corte limpo ao lado da boca, cortando a bochecha em um sorriso torto. Emmy evidentemente não teve sucesso total em parar ela de cortar sua língua fora, então. O corte era unido por pontos ásperos, do tipo que ele sabia que Aries fez ela mesma sem muita preocupação com como ficaria quando se recuperasse.

"Então você acabou com seu cochilo." ela disse conforme se aproximavam, e puxou um papel da pilha à sua esquerda, agitando-o impacientemente. "Muito do restante é porcaria, choramingando sobre como ele nunca vai ver sua família ou coisa assim, mas este aqui diz muito."

Dominic arrancou a página da mão dela e ficou agradavelmente surpreso ao descobrir que ele podia lê-la sem problemas, a letra perfeitamente limpa, apesar de pequena, cobrindo os dois lados da página.

Eu gostaria de poder dizer que me arrependo do que fiz. Sinceramente, não me lembro o suficiente para dizer de qualquer maneira. Eu sei que tinha certeza de que estava certo quando o fiz, e os flashes da guerra que me lembro …

Você não pode estar preparado para isso. Guerra é uma coisa, e é o inferno, mas quando estas coisas entravam na sua cabeça elas viravam você, não tinha escapatória. Eles te falam sobre criaturas de ideias, riscos cognitivos, mas eles nunca te falam que estas coisas podem fisicamente deslizar para dentro de você e botar ovos na sua personalidade. Um vírus que você pega quando você acha que o pegou é ruim o suficiente, mas quando este vírus pode te alterar, fazer você o querer para outros, quando você não está preso, possuído, mas ativamente entusiástico sobre o que você está fazendo, esse tipo de merda não te deixa em paz.

A primeira pessoa que tentou me matar foi minha filha, quando ela viu no que eu estava me transformando. Daisy, eu acho que era o nome dela. Mas ela não era forte, não o suficiente para derrubar um veterano em seu auge. Eu quero ficar mais horrorizado por isso, mas honestamente eu acho que não sou capaz disto. Eu não me lembro dela de nenhum jeito que importe agora. Eu não lembro de nada sobre como ela se parecia exceto pelos flashes de seu rosto enquanto eu a estrangulava.

No final, eu acho que fui arrancado disso. As coisas não eram impossíveis de lutar contra, elas apenas faziam você não o querer. Parasitas nojentos. Claro, se alguém poderia torturá-lo a sair da sua própria pele, era a Fundação. Eles precisavam de mim, eu acho, para ser aquele a puxar o gatilho. A lança conceitual não estava pronta, imperfeita, construída para combater um inimigo que já estava nos sobrecarregando quando o desenvolvimento começou.

Nós não tínhamos ideia se ela poderia fazer o que nós esperávamos. Caixabranca 5 era a P&D na ponta da tecnologia da Fundação, mesmo antes do que eu fiz. Costurando lóbulos oculares, o que Dr. Schulman insistia em se referir a como augenlappen. Fazendo uma coisa que poderia alvejar pensamento, memória, desejo. Sim, Ele explicou o que ele acreditava que isso poderia fazer. O que ele sabia que os efeitos colaterais poderiam ser. Por que você acha que eu o roubei? Eles não iam usar isso, depois de tudo. Eu acho que pensei que sabia melhor, que qualquer coisa seria melhor do que o que restava de nós.

Eu nos deixei aleijados, vulneráveis. Nossa ciência está atrasada, não apenas prejudicada, mas limitada - eu tornei impossível para que nós aprendêssemos coisas que eram os pilares da tecnologia antes da lança. Física quântica, estudar lóbulos oculares, mover através da segunda e terceira dimensões temporais. Coisas que costumávamos ser capazes de fazer com facilidade. Irreversivelmente retardou todo o maldito esforço. Mas paramos ele, o vírus. Ele ainda está por ai, mas está aleijado. Incapaz de afetar a memória, incapaz de se espalhar da forma que ele quer.

Seja lá quem você seja, lendo estes diários, eu entendo se você me quiser morto, me quiser levado à justiça, levado à corte marcial. Se você quiser me despedaçar você mesmo. Entenda que eu quero o fazer tanto quanto você. Mas eu preciso ficar aqui, para manter vigilância, para parar ele de fazer o que ele quer fazer. Ele está atravessando o programa sem fim, limpando memórias de cidades inteiras. Eu não posso pará-lo, não sei como, mas eu posso desacelera-lo, mante-lo alimentado dos doutores que passam por aqui, engordado de suas memórias.

Se você encontrar uma maneira de pará-lo, se eu realmente já não for necessário então por favor, me mate ao me ver. Meu nome é Roland Eckhart, Almirante da FTM-υ-4. Eu não quero me arrepender de minhas ações.

Um longo silêncio se passou;

"Pouco melodramático." disse Emmy, coçando seu queixo.

"O que isso, uh, o que isso significa?" disse Dominic, fazendo uma expressão de concentrado "Este lugar é a Fundação?"

Aries resmungou dramaticamente, pegando o papel de volta de sua mão.

"Isso significa que nós conseguimos. Somos a equipe que encontrou a fonte de todos eventos, da perda de memória." Ela gesticulou para a pilha de papeis que esteve lendo. "Costumava haver um mundo melhor, este cara fodeu tudo com algum tipo de arma orgânica, ele ainda está aqui em algum lugar. Se nós encontrarmos ele, talvez nós possamos reverter tudo, salvar a porra do mundo."

Aries se levantou de joelhos, se soltando dos tentáculos que gentilmente envolveram suas pernas enquanto ela estava sentada.

"Olhe, eu sei que essa nota não te disse tudo - eu estive lendo essa merda por tipo uma hora enquanto você e o cara grande recebiam suas massagenzinhas nas costas, tem muito mais merda do que isso - mas confie em mim, nós temos que encontrar esta coisa."

"Eu acredito em você" disse Emmy, sem um traço de hesitação.

Após um momento de surpresa, Aries acenou com a cabeça secamente e se virou, indo em direção aos bancos de computadores. Dominic olhou para Emmy curiosamente, e ela encolheu seu ombro funcional.

"Eu tenho razão para acreditar nela." ela disse, e ela foi atrás de Aries, que estava resmungando para si mesma.

"Eu estive explorando - toda essa merda, os, os carinhas ondulantes, os…" Aries sacudiu sua cabeça, mão sobre seu olho, e então Dominic percebeu que ela esteve fora por mais tempo do que Fenton. "Os tentáculos. Eles ficam mais grossos conforme vão nessa direção, se encontrando. Eles estão se ramificando para fora e para fora, como um sistema nervoso ou uma, uma-"

"Uma árvore?" Fenton ofereceu. Olhando para o outro corredor, Dominic podia ver que ela estava certa - os tentáculos estavam muito mais grossos naquela direção, indo dos dedinhos finos como cabelo que eles encontraram nos depósitos de objetos a tubos latejantes tão grossos quanto seu braço. Ele imaginou que eles só ficariam maiores quanto mais fundo.

"Uma árvore, sim! Com todas as coisas, uh, coisas verdes redondas."

Dominic se perguntava - ela estava tão afiada um minuto atrás, falando sobre as páginas. O que estava acontecendo que todo o resto era tão confuso?

"Aries," ele disse, tentando ser gentil sem ela pensar que ele estava sendo paternalista. "Você poderia repetir o plano?"

Ela riu severamente, um latido curto.

"Se esquecendo já, não está? Parece que a máquina não fez seu trabalho." Ela pulou por cima de um tentáculo maior enquanto eles passavam pelas portas e entravam nos bancos de computação propriamente ditos. A sala era massiva, facilmente três andares de altura. Dominic percebeu que Eles estavam ficando bem grandes agora, grandes o suficiente para fazer o movimento ficar mais lento conforme eles pisavam neles. "É simples - nós encontramos a arma biológica, talvez esse bundão do Eckhart também, descobrimos uma forma de desligar ela, esfaqueamos ele um pouco, dizemos que salvamos o mundo, talvez conseguir xícaras de pudim extras com a comida de prisão. Simples."

"Ok," disse Dominic, "e qual é o meu nome?"

Eles todos pararam assim que ele falou isso, Aries ficando confusa.

"O que? Você. é… você…" Sua expressão mudou, de confusão para frustração para medo. Você é o cara. O cara irritante que reclama de tudo. Você, vcêe…" Sua fala ficou arrastada e ela bateu a mão sobre seu olho enquanto balançava, as pernas trêmulas ameaçando ceder sob ela.

Alarmada, Emmy correu para pega-la, e Aries caiu em seus braços, derrubando ambas ao chão. Dominic apenas estava em choque.

"Oh, porra." disse Emmy quietamente. "Porra, porra, porra, porra. Ela está indo muito mais rápido do que eu imaginava." Ela olhou para Fenton por um segundo, furtiva, e então voltou sua atenção de volta para Aries, puxando o aparelho que estava em sua coluna quinze minutos atrás.

Áries afastou o dispositivo, irritada.

"São as… palavras, as… porra. Eu sei o que é… coisas. Apenas não consigo falar."

Ela rosnou quando Emmy novamente tentou aplicar o dispositivo, expulsa.

"Não!" ela latiu, rolando para longe e se levantando tremulamente. "Temos que conseguir o… encontrar o cérebro. O monstro e o homem." Dominic podia ver que ela estava tremendo, ela se levantou, certamente. "O metal cutucador. Nós o colocamos nele. Fazemos ele pensar diferente. Isso. Conseguir… Colocar o cutucador na… na, ghhh…"

Ela estava empurrando a palma da mão com força agora contra sua cavidade ocular, com força suficiente Dominic estava preocupada que ela a danificasse. Rapidamente, ele arrancou uma faixa de sua camisa e deu para ela. Percebendo o significado sem palavras, ela envolveu-a sobre seus olhos, bloqueando a luz.

"Ainda não é bom. Ainda… ow. Vamos lá." Ela se virou e marchou de volta na direção que ela estava indo, escorregando nos tentáculos maiores mas se recusando a cair. Com uma troca de olhares preocupados, os outros seguiram ela. Emmy manteve o dispositivo em suas mãos, pressionando teclas conforme seguia logo atrás.

Cada vez mais fundo nos bancos de computadores, onde o ar era quente e abafado, eles o encontraram. Uma massa de massa cinzenta tão alta quanto a sala, engolindo um bloco de três por três dos bancos de computadores, tentáculos tão grossos quanto o tronco de Dominic brotando em intervalos irregulares e se plantando nos bancos de computadores, projetando sombras como galhos de árvores. Sem visão, Aries parou a poucos pés à frente da monstruosidade, aparentemente sabendo onde ela estava. Ela caiu quietamente no chão e em segundos os tentáculos cobriam ela, envolvendo seus membros com facilidade e entrando em sua boca.

"Aries!" gritou Dominic, correndo para liberta-la, mas seu braço foi pego por Emmy, que gesticulou com olhos arregalados para o chão ao redor deles. Quando seus olhos se ajustaram à luz fraca, ele começou a ver que ele entrou em um anel ao redor da coisa, um tapete de tentáculos que cobriam o chão completamente. Dentro desse anel, ele podia ver solavancos no chão, todos eles do tamanho e forma do solavanco que agora invadia Aries. Olhando para seus pés, ele podia ver que os tentáculos estavam gentilmente se mexendo para cobrir seus pés, lenta e consideravelmente. Ao redor dos pés de Emmy, porém, no perímetro do anel, eles estavam se debatendo violentamente, sem barulho mas furiosamente, pegando suas botas com força. Ele se deixou ser puxado para fora por ela, e ambos sairam.

Aries sabia? Seria esta uma armadilha que ela levou eles até, implantada em sua mente pela coisa, ou será que ela realmente achou que poderia parar algo aqui? Os tentáculos estavam parados agora, enclausurando seu corpo completamente, se mexendo só um pouco em contentação.

"Mas que porra é essa coisa?" Dominic disse, saindo do campo de corpos embrulhados.

"É… um cérebro. Ou, uma teia de partes deles." Emmy disse, Ela mordeu seus lábios, considerando algo. "Eles me disseram que, uh, tem mais sobre isso do que eles te falaram. Eu não se eu deveria - se você tem autorização. Digo, você não é, mas sob as circunstancias é-"

"Nos diga." disse Fenton, firmemente. Para inicio, Dominic percebeu que esta era talvez a primeira coisa que ele disse em vinte minutos.

"Tem… eles capturaram um homem daqui. Schulman. Ele criou o aparelho que te devolveu suas memórias. Ele não diria a eles sobre sua construção, ou talvez não podia, mas ele foi capaz de levá-los a seus e-mails. Eles foram trancados muito rapidamente, mas eles foram capazes de vasculhar algumas coisas antes de serem trancados e - esta coisa, é algum tipo de coisa híbrida que ele estava construindo, ou talvez achou que estava construindo. Se o que Aries disse for verdade, ela esteve aqui há muito mais tempo, décadas."

O nome Schulman era familiar, e Dominic percebeu que isso era do que ela chamou a máquina em sua mão, aquela com a qual ela tem mexido desde que tentou usar em Aries uma segunda vez. Um aparelho Schulman. Ela ainda estava mexendo com ele enquanto falava, digitando em um teclado em miniatura com seu polegar.

"Eu na verdade não tenho certeza do porquê que vocês são afetados e eu não." Emmy admitiu, olhando para eles para ver suas reações. "Mas eu tenho uma ideia. Anos atrás, eu vi algo. Ajudei a cria-la, de fato. Ele me deixou com essas cicatrizes e, e buracos em minha memória. Levaram anos de treinamento com a Mão da Serpente para conseguir aquelas memórias de volta. Eu costumava pensar que era apenas, hum, limpeza mental padrão da Fundação. Amnésticos. Mas o que Aries estava falando…"

Seus dedos estavam tremendo um pouco no teclado do dispositivo, desacelerando ela.

"Costumava ter um mundo melhor, certo? Com ciência melhor, entendimento de, de princípios fundamentais que nós sequer conseguimos compreender mais. Esta coisa varreu eles, Mas e- eu acho que essa coisa que fiz, o anjo, eu acho que é algo que nós não deveríamos ser capazes de fazer. Nós contornamos isso criando, não lembrando. Eu lembro de todas estas noites de dores de cabeça, a dor atrás dos meus olhos - mas nós todos achamos que isso era apenas a rotina, trabalhando noites inteiras até os dias seguintes para concluir as coisas. Isso- isso não era, ou era? Isso era esta coisa, este sentimento que vocês todos tem tido. Eu tenho ativamente lutando contra esta coisa por, por uma década sem saber. Eu acho que eu sou apenas, apenas mais difícil de enfrentar." Ela riu, olhando da tela do aparelho. "Vocês são todos novatos."

A sua esquerda, Fenton balançou um pouco. O sorriso de Emmy caiu instantaneamente.

"Fenton, sua lista." ela disse, parecendo quase como uma mãe lembrando uma criança das tarefas.

Fenton encarou ela, franzindo.

"Lista?"

"Porra, porra. Sim, Fenton, sua lista. Língua, Oklahoma, atum, Dick, squash, ritmo 4:4, motores de combustão, Coreia, tentáculos. Repita isto."

"Língua, uh…" Fenton tirou seus óculos escuros, esfregando a bochecha com a articulação dos dedos. Seus olhos, geralmente um vazio cintilante, estavam tediosos e medianos, olhando vagamente para Emmy enquanto ela colocava sua mão em seu ombro. "Motores, tentáculos. Por quê estou fazendo isto?" Ele olhou para ela e Dominic. "Quem são vocês?"

O espirito de Emmy se esvaziou. Seja lá o que esta coisa fosse, quando ela atacava, ela atacava com tudo. Ela tirou a habilidade de Aries de se comunicar quase totalmente, e agora Fenton estava indo também. Poderia ser uma questão de minutos ou segundos antes dele estar que nem a Aries, sem palavras sucumbindo à coisa.

"Somos amigos, ok?" disse Dominic "Nós estamos aqui para te ajudar. Apenas, apenas se sente e vamos conversar com você em um momento, ok?"

Fenton sacudiu sua cabeça, frustrado.

"Não," ele disse, "Não, eu não confio nisso. Tem memórias indo para todo lado agora, esquerda e direita, para cada canto. Cada canto. Você poderia estar só se aproveitando de um homem vulnerável. Tentando conseguir minha confiança."

"Memórias indo é o porquê de você precisar confiar na gente, ok? Nós somos amigos, nós trabalhamos juntos, se você não se lembra disto. Se você não pode confiar em si mesmo, confie na gente." O homem parecia insatisfeito, mas após um segundo ele acenou com a cabeça e se apoiou contra um banco de computador atrás deles, se posicionando em um canto onde ele pudesse assistir a ambos. Suspirando, Emmy tirou o dispositivo Schulman de seu bolso e começou a digitar com seu polegar novamente.

"Você tem mexido com aquela coisa pelos últimos quinze minutos" disse Dominic. "O que você está fazendo? Não tem mais ninguém para ajudar."

"Estou reprogramando isso." disse Emmy, sequer olhando para cima. Em seu canto, Fenton ouvia suspeitosamente. "Esta coisa não só trás memórias de volta. Os caras da Fundação, eles descobriram que podiam usar isso para… implantar coisas. Ideias."

"Como em A Origem?"

"Certo, tipo isso" ela disse, exaperada. "É nisso que sou uma consultante. Eu ajudei eles a construir a linguagem para programar essa coisa. É magia tecnológica, o tipo de coisa com a qual eu me especializo na Mão."

"Você fez isso com a gente, quando você estava, sabe, nos apunhalando pelas costas?"

Emmy lançou-lhe um olhar sujo para seu fraseado.

"Quando eu estava impedindo você de se engasgar até a morte com a sua própria língua, não, eu não implantei nenhum conceito em sua cabeça. Não que eu saiba, pelo menos. Estou trabalhando com um pacote padrão que alguém desenvolveu, então, não sei, talvez alguma merda de complacência. Nada muito grande. O que estou fazendo agora, porém…" Ela olhou para o caroço onde Aries está, os tentáculos em volta dela corando agora de cinza a rosa. "Esta foi a ideia da Aries. Eu não faço ideia de como ela sabia. 'Fazer essa coisa pensar diferente'. Ela achava que podia reprogramar ela. Parar ela de comer memórias."

"E você pode fazer isso?" Dominic disse, levantando uma sobrancelha ceticamente.

"Eu não sei" Emmy admitiu. "É que - eu nunca escrevi um antes, nada que fosse pretendido para uso prático. E estou trabalhando com as piores ferramentas possíveis e…" ela suspirou, derrotada. "E estou começando a sentir a dor de cabeça."

O rubor rosado nos tentáculos estava começando a se espalhar de onde Aries estava. Onde eles tocavam a borda do anel em torno do treco tipo um cérebro, começou a se espalhar, novas ramificações brotando dos tentáculos existentes para cobrir inteiramente a superfície. Foi por coincidência que o anel estava se movendo em direção a eles? Dominic tirou o pensamento da cabeça.

"O que você está tentando programar? Que pensamento?"

"Apenas… pequeno. Menos. Eu não posso fazer ela parar totalmente, não se isso for contra sua natureza, mas se eu puder fazer ela atacar pessoas individuais talvez eu possa desacelerá-la. Dar tempo à Fundação para, descobrir alguma coisa." Emmy encolheu seu ombro, voltando a digitar.

A espera para que Emmy terminasse de digitar era longa, insuportável. Dominic foi até Fenton, tentando consola-lo enquanto seus pensamentos iam lentamente, tentando ignorar as preocupações urgentes em sua própria cabeça, se lembrando de que ele ficaria tipo assim mais cedo ou mais tarde. Logo, Fenton já era não era mais verbal, grunhindo e segurando a mão sobre os olhos avermelhados. Ele começou a tentar se levantar, inclinando-se para o anel ainda crescente de tentáculos que cercavam a arma biológica.

Dominic tentou derrubar Fenton, mas o homem era forte, torcendo o braço até algo estalar e jogando-o para o lado. O ombro provavelmente deslocou, ele tentou pegar na jaqueta do homem, mas errou. Resignada, Emmy apenas assistiu ao homem marchar até o anel.

Os tentáculos se abriram sob seus pés enquanto ele caminhava, contorcendo-se com felicidade, depois se apertaram quando o homem caiu de joelhos. Lentamente, eles puxaram seu peito, puxando-o para baixo e curvando-o completamente. Em segundos, Fenton se foi.

"Porra!" Dominic gritou, dor e frustração borbulhando em sua cabeça. "Porra, porra, pooooora. Emmy, por favor me diga que você já acabou. Eu não quero- Porra, eu não vou entrar naquela merda, ok?"

Emmy olhou para ele, seus olhos se desculpando.

"Em breve." ela disse "Em breve."

Ele andava inquietamente, o som do dispositivo penetrando em sua cabeça, envolvendo seus pensamentos. Seu nome é Dominic Alvares, ele pensava para si mesmo, Você sobreviveu por dois anos fazendo essa merda, e você vai sobreviver por mais tempo. A mulher com a máquina é Emmy Way. Ela é da Mão, você pode confiar nela. Confie na Mão, confie na Emmy. Seu nome é Dominic Alvares…

Dez minutos depois, as pernas de Dominic estavam ficando cansadas, e Emmy se levantou.

"Dominic. Dominic, ei!"

Ele se virou. Seu nome é Dominic Alvares…

"O que?" ele disse, franzindo a testa para a máquina na mão de Emmy. O que era-

"Dominic, me diga o que é atum. Você não precisa dizer os detalhes, só me diga qualquer coisa sobre atum." Seu rosto estava sério, preocupado. Você vai sobreviver a isso.

Dominic deu de ombros.

"Nunca ouvi falar." Ele disse, honestamente. Provavelmente alguma coisa anômala. "Ah tum?"

"Ok," disse Emmy, acenando com a cabeça. "Ok, isso tem que dar." Ela pressionou alguns botões no dispositivo que ela segurava com sua mão boa, e ele fez um bipe barulhento. Confie na Mão, confie na Emmy. "Está compilando agora. Deve demorar só um minuto, mas eu temo que você - Dominic, eu quero que você escute cuidadosamente, ok?"

Seu nome é Dominic Alvares. Ela estava falando com ele. Ele acenou com a cabeça.

"Dominic, eu não sei o que vai acontecer quando eu tentar resolver isso. Se eu - se algo der errado, eu preciso que você pegue essa agulha aqui - " Emmy virou o dispositivo para que ele pudesse ver uma agulha afiada que projetava-se da sua parte inferior. " - e enfia-la naquela coisa ali, ok?"

Olhando para cima, Dominic podia ver uma grande criatura, cinza e rosa, com braços que se esticavam pela sala. Como que ele não a percebeu antes? Você vai sobreviver a isso. Ele acenou vagamente com a cabeça, ainda olhando para a coisa grande.

"Ok, ok, e então a única outra coisa que você vai precisar fazer é pressionar este botão verde, ok?" Ela apontou com seu polegar para um botão marcado EXECUTAR. Confie em Emmy. Dominic acenou com a cabeça novamente.

A mulher sorriu. A… Emmy. Emmy sorriu. Ela sorriu, e ela se virou e andou para dentro da massa rosa. Instantaneamente, o rosa começou a se mexer. Se contorcendo, irritado, ele agarrou-a, se fechando em torno de sua mão cicatrizada, uma mão que ela não podia mexer. Ela gritou por ele.

Seu nome é Dominic Alvares. Dominic correu atrás dela, ignorado pelo rosa. O rosa só estava atrás dela, atrás de Emmy. Vendo ele, ela gritou, e estendeu a mão para a máquina. Ela estava falando sobre essa máquina, não estava? Ela era importante. Dominic pegou ela.

"Enfia a agulha na porra das costas." ela disse, sorrindo, e o rosa engoliu ela.

Você vai sobreviver a isso. Ele estava sozinho agora, em uma sala cheia do zumbido dos ventiladores e, tão perto assim dessa besta, os sons suaves de sucção de seus movimentos. Era um som acalmante, ele acalmava o zumbido em sua mente. Dominic olhou para o pedaço de metal que segurava, a ponta afiada irritada em suas mãos. Por que ele iria machucar essa coisa?

Confie… na mulher. A mulher se foi, mas ela pediu que ele fizesse isso. Ele se inclinou para frente, incapaz de mexer seus pés, presos pelo rosa. Com um grunhido, ele empurrou o espinho na carne cinza da coisa. Ele esperava que ela gritasse, mas ela não fez barulho. Ao invés disso, o rosa abaixo dele se contorcia mais rapidamente, escalando suas pernas.

Seu nome… Havia mais alguma coisa que ele deveria fazer. Ele sabia disso, mas ele não sabia o que era. Como um milhão de pequenas tarefas que você se esquece assim que se mexe para fazer elas. Assim como andar por uma porta pela qual ele não poderia voltar.

Seu nome é…. O rosa estava ao redor de seu peito agora, escalando seus braços. Sua cabeça gritava, a dor atrás de seus olhos tão aborrecida que ele mal podia ver. Ele se esticou, alcançando o aparelho. O rosa estava em seus pulsos, se contorcendo urgentemente para envolver seus dedos. Ele estava dentro do alcance do teclado, seus dedos encostando nos botões.

Dominic Alvares. Ele apertou o botão verde. Talvez fosse o correto, talvez não fosse. Ele não podia ver o que a tela dizia já que o rosa se espalhou por ele, enchendo sua boca para impedi-lo de gritar. A dor em sua cabeça era tudo que ele era, tudo que ele sempre foi.

Você vai sobreviver a isso.

O rosa empurrou para dentro de seus olhos, atrás deles, movendo com uma precisão esfomeada. Por um segundo, a dor se foi.

E então Dominic se foi também.


RELATÓRIO DE AÇÃO: MEDIDAS FINAIS, JANEIRO 2030

PRIORIDADE 1 (Upsilon-4): FALHA - NENHUMA CURA CAPAZ DE SER DISTRIBUÍDA EM LARGA ESCALA ENCONTRADA.

PRIORIDADE 2 (Rho-1): FALHA - ATIVO DESTRUÍDO NA MANIPULAÇÃO. ALEXYLVA INCONTATÁVEL.

PRIORIDADE 3 (Iota-0): FALHA - APELO A INFLUENCIADORES ANÔMALOS NÃO ALCANÇADO.

PRIORIDADE 4 (Alpha-1): FALHA - PROTEÇÃO DO COBERTOR O5 NÃO ALCANÇADA. O5-6 COMPROMETIDO.

PRIORIDADE 5 (Sigma-66): FALHA - DESAPARECIDOS.

PRIORIDADE 6 (Delta-3): FALHA - QUARENTENA EM TRÊS PORTLANDS INATINGÍVEL. EVENTOS LETHE OCORRENDO DENTRO DOS LIMITES DA CIDADE.


ATA DE REUNIÃO DO CONSELHO O5, 5 DE FEVEREIRO 2030

  • status de SCP-3848 alterado de Keter para Não Contido.
  • Substituto de O5-6 sugerido: Dr Nuru Jua (Diretor, Sítio-91)
  • Votação realizada para alteração no status da Operação Oceanus de Rejeitada para Pendente: Aprovada, 9-3
  • Votação realizada para alteração no status da Operação Oceanus de Pendente para Em Efeito: Aprovada, 7-5
  • Votação para atualizar Operação Oceanus para Prioridade 1: Aprovada, 7-5

FIM DA ATA

Salvo indicação em contrário, o conteúdo desta página é licenciado sob Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License