Contos do Comitê de Ética: 5 Razões Pelas Quais a Fundação Quer um Exército de Robôs
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Qaurta à tarde era o melhor; este era o único dia da semana em que uma podia reservar a sala de conferências do Cordelia Royale Hotel, outra podia entrar e sair do país sem faltar ao trabalho e outra não tinha prática de torcida.

A tarde estava fria e as nuvens haviam sumido do céu azul. O design do hotel era um desempenho rígido de cores profissionais e geometria nítida. Volet Mesmur estava na sala de conferências executiva. O cinza subia as raízes de seu cabelo e a idade estava começando a passar pelas camadas de maquiagem. Olhos castanhos escuros olhavam para onde um carro parou. Os agentes chegaram mais rápido do que os manobristas na porta e deixaram duas pessoas saírem. Uma voz em seu fone de ouvido disse: "Michaels e Young chegaram."

Eles logo estavam na sala de conferências. Uma magra Young entrou primeiro. Cabelos loiros eram sufocados em um coque e a natureza realizava o trabalho da maquiagem. Noites sem dormir forneciam a sombra para os olhos e a exaustão já estava esculpindo o rosto. Ela se sentou. Michaels seguia logo atrás, o soldado com cabelo curto. Ele usava uma jaqueta na primavera e dobrou os óculos escuros, colocando-os no bolso, enquanto se sentava ao lado de Young. Outra voz no fone de ouvido. "Lee está aqui. Kim não apareceu."

Soon-Yun Lee parecia já estar ocupada com outra reunião — quando ela entrou, ela já veio com um telefone no ouvido, discutindo veementemente com alguém em coreano. Ela era baixa, tinha cabelos compridos, usava óculos e estava ficando cada vez mais irritada conforme o argumento continuava. Outra voz no rádio, mais incerta: "Greene chegou."

A garota que estava na porta aberta da sala de conferências usava uma saia com pregas, paletó e gravata coloridas para combinar com as cores da Escola Pré-Primária de Dawes. Ela tinha cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo e olhos verdes brilhantes. Ela dava um sorriso branco para cada olhar incomodado enquanto entrava, carregando com ela um olhar delicado e nocivo. Greene, embora o crachá lesse Cassandra, e o arquivo de Mesmur tivesse nada menos que 5 outros nomes, sentou-se e colocou a mochila sob a mesa. Ela colocou uma garrafa de água e dois comprimidos rosas na mesa antes de se sentar e olhar para os outros, sorrindo.

A ligação de Lee terminou, os seguranças trancaram as portas e tomaram suas posições, e Mesmur sentou-se à cabeceira da mesa. O dispositivo de gravação estava diante dela. Ela estendeu a mão e apertou 'gravar.'

Negociações do Comitê de Ética com Grupos de Interesse sobre Soluções para o Cenário ΩK

<Começo do Registro>

Dr.ª Violet Mesmur limpa a garganta e fala.

Mesmur: Agradeço a presença de todos vocês nesta reunião. Você especialmente, Dr.ª Young, visto que você tem aparentemente assumido alguns projetos envolvendo ΩK.

Young: Muito obrigada, Dr.ª Mesmur.

Michaels: Fico feliz em ser convidado.

Dr.ª Mesmur se ajeita na cadeira e pega uma maleta. Enquanto abre, ela continua falando.

Mesmur: Para aqueles de vocês que não estão familiarizados com todos na mesa, meu nome é Dr.ª Violet Mesmur e sou um membro do Comitê de Ética.

Dr.ª Mesmur gesticula para Dr.ª Emily Young.

Mesmur: Esta é a Dr.ª Emily Young, uma doutora proeminente no cenário ΩK, com o qual tenho certeza que estamos intimamente familiarizados.

Young: Obrigada. Trabalhei extensivamente com o ΩK, incluindo pesquisas sob o título SCP-3984, e não desejo nada mais do que contribuir para uma solução duradoura.

Dr.ª Mesmur balança a cabeça. Ela remove alguns pedaços de papel da maleta e continua a falar.

Mesmur: Certo, sim. O homem no final da mesa com os aprimoramentos cibernéticos é o Capitão Eric Michaels, um veterano de guerra condecorado e um dos primeiros a… experimentar os efeitos do ΩK, pelo menos segundo nossos registros.

Michaels: Não sou tão importante. Só estou aqui por segu—

Greene: —Eu gosto de letras gregas tanto quanto qualquer pessoa, mas vocês poderiam, por favor, familiarizar a nós, forasteiros, com esse termo chique que vocês têm jogado na gente?

Dr.ª Mesmur suspira para si mesma enquanto continua a remover os últimos papéis da maleta. Ela se vira para Greene.

Mesmur: Bem, como vocês deveriam ter se lembrado das pesquisas que vocês receberam da Secretária do Censo Populacional, ΩK é como chamamos o cenário com o qual todos somos forçados a conviver. O da imortalidade? Tenho certeza que vocês sabem o que quero dizer.

Dr.ª Mesmur se volta para todos os outros.

Mesmur: A pessoa que acabou de interromper tudo é Gregory Greene, embora eu tenha certeza que ele use um nome diferente agora. Ele é o porta-voz para os Transplantes de Corpo Inteiro dos Laboratórios Prometheus.

Greene: Não ouço 'Greene' há anos. Cassie está ótimo; novo apelido que estou tentando aceitar.

Greene sorri e espera uma resposta. Ninguém responde.

Greene: De qualquer forma, muitos de vocês já estão em nossas listas de clientes, então tenho certeza de que estão familiarizados com o serviço que supervisiono.

Young: Sim, eu… passei pelo procedimento.

Dr.ª Mesmur não deixa Greene continuar seus comentários ao continuar suas apresentações.

Mesmur: E, finalmente, temos um representante da Marshall, Carter e Dark, Sra. Soo Yun Lee. Embora estivéssemos esperando que Sr. Ji-Su Kim fosse aparecer.

Soo-Yun Lee pega um bloco de notas e começa a ler.

Soo-Yun: Sra. Soo-Yun não pode fazer nenhum acordo sujeitante associado ao produto Hipnotralina. Ela não pode fazer qualquer declaração em nome da Marshall, Carter e Dark e qualquer coisa que seja falada pela Sra. Soo-Yun Lee deve ser considerada uma opinião.

Soo-Yun guarda o bloco de notas.

Soo-Yun: Sr. Ji-Su não virá porque ele não fala inglês.

Michaels: Não estou surpreso que eles nos enviaram o equivalente diplomático de um dedo do meio. (à parte, para Soo-Yun) Sem ofensa.

Young: Não acho que isso seja muito apropriado?

Mesmur: Não precisa ser grosseiro, capitão.

Greene: Na verdade, isso é bom. Podemos acabar com o mais novo produto da Merdão Cuzão e Desajuizado bem aqui.

Young: Por favor, ao meu saber essa era para ser uma discussão séria.

Michaels: Desculpe. Só esperava que fossemos realmente fazer algo acontecer com isso. Não só reclamar com subordinados.

Michaels é silenciado por um olhar da Dr.ª Mesmur.

Michaels: Esquece.

Dr.ª Mesmur endireita os papéis em suas mãos e começa a ler a primeira página.

Mesmur: A reunião aqui hoje é para abordar as práticas discutivelmente imorais tanto dos Laboratórios Prometheus quanto da Marshall, Carter e Dark em relação às suas… soluções de longo prazo para a imortalidade involuntária.

Mesmur: Dr.ª Young e Capitão Michaels estão presentes para fornecer soluções alternativas de um ponto de vista profissional e civil.

Soo-Yun: 'Discutivelmente imoral?' Aquele— aquela coisa é um traficante e carniceiro de humanos.

Sra. Soo-Yun aponta para Greene.

Greene: Por favor, tirando Sr. Michael, somos todas mulheres decentes aqui.

Michaels: Sim. Ele está usando o corpo de outra pessoa. Vocês dão pesadelos inescapáveis às pessoas. Gostaríamos de descobrir uma maneira de acabar com essas duas coisas. E como nossos… métodos usuais não exatamente funcionaram, esperávamos fazer um acordo.

Soo-Yun: E eu tenho que reiterar. Não sou mais responsável, nem sou capaz de afetar a divulgação e a distribuição de Hipnotralina.

Young: Então, com todo o respeito, Sra. Soo-Yun, por que você está aqui?

Dr.ª Mesmur passa um par de páginas para cada um dos membros presentes, detalhando as potenciais falácias no plano de negócios da Marshall, Carter e Dark.

Memsur: Gostaria de mostrar a todos algumas informações sobre a Hipnotralina e seus concorrentes ilícitos. É bastante obvio que a MC&D se beneficia quando seus concorrentes falham e, embora isso possa significar que mais pessoas tenham acesso a uma alternativa segura para a vida eterna e o equivalente mais próximo da morte, isso deixa milhões presos em seus corpos em alguma forma de tortura após terem sido expostos a produtos defeituosos. Isso não só deixa grande parte de populações idosas e não saudáveis incapazes de se recuperar de qualquer forma, mas também faz com que se tornem um fardo maior do que eram quando "vivos".

Dr.ª Young faz uma breve revisão do artigo.

Young: Ah, porra. Eu não estava ciente disso.

Soo-Yun: Bem, estou ciente disso. Também direi que até a Hipnotralina ter sido movida para o controle do Sr. Ji-Su Kim, não havia concorrentes sendo fabricados.

Young: Qual é o prognóstico para essas pessoas? Elas acordam?

Soo-Yun: Não posso divulgar essa informação.

Mesmur: Se vocês derem uma olhada nos arquivos que acabei de entregar a cada um de vocês, eles detalham as várias maneiras como esses competidores torturam seus clientes a longo prazo. Claro, o defeito mais famoso é a apnéia do sono permanente; no entanto, outros problemas incluem sonambulismo, que, como vocês podem imaginar, é muito mais perigoso quando você não consegue acordar dele; e, claro, estados vegetativos permanentes em vez de comatosos.

Mesmur: Embora defeitos em remédios sejam algo comum na indústria farmacêutica, a taxa e extensão desses defeitos são prejudiciais tanto para as pessoas que compram e usam essas drogas, quanto para a sociedade como um todo, por precisar simplesmente se ajustar a seus novos fardos conforme sua família se torna muito mais difícil de cuidar.

Young: Isso… isso é terrível.

Soo-Yun: É a economia.

Young: Sra. Soo-Yun, você mencionou algo sobre não haver concorrentes até a transferência de propriedade? Isso está relacionado de alguma forma?

Soo-Yun: Esta é uma conversa gravada. Não posso divulgar estratégias de marketing enquanto um concorrente ativo, que possa ter precisado de mudanças de gerenciamento, estiver sentado à mesa.

Young: Acho que estamos um pouco além disso.

Greene: Se Pyongyang quiser, posso colocar meus dedos nos ouvidos.

Michaels: Está vendo? Dedo do meio diplomático.

Young: Não sei dizer qual é o dedo.

Soo-Yun: Isso não é um soundbite ou uma mensagem pré-gravada. Quaisquer ações que afetem a comercialização dos serviços dos Laboratórios Prometheus afetarão os da Hipnotralina. O produto é extremamente vulnerável a toda e qualquer mudança externa.

Dr.ª Mesmur prepara outra seção grampeada de papéis para distribuir às pessoas à mesa.

Mesmur: Seja qual for o caso, Sra. Soo-Yun, sua empresa ainda tem, sem dúvida, a solução mais moral, apesar das ações imorais que vocês possam cometer em nome das vendas.

Dr.ª Mesmur novamente distribui cópias dos documentos que descrevem os vários processos que os Laboratórios Prometheus implicam em relação aos Transplantes de Corpo Inteiro.

Mesmur: Gostaria de chamar sua atenção para o sequestro e preparo de cobaias, o descarte de cérebros e a distribuição de informações falsas a certos clientes sobre a origem dos corpos. Acredito que o resto do documento falará por si.

Greene: Não é sequestro de verdade.

Um momento de silêncio se passa enquanto os presentes lêem.

Michaels: (em voz baixa) Ainda não consigo acreditar que a Joyce está de boa com isso.

Young: Com o devido respeito, Capitão Michaels, você é a única pessoa nesta mesa que tem os… "aprimoramentos" necessários para evitar essas coisas. Eu nasci em 1989 e é, o quê, 2130? Levante a mão quem não fez a cirurgia?

Apenas Capitão Michaels levanta a mão.

Michaels: Não estou surpreso. Mas desapontado.

Young: Se o transplante não existisse, a maioria de nós estaria morta. Bem, não morta, mas pior. Dormindo, talvez.

Mesmur: Eu mesmo tenho vergonha do que tive que fazer para continuar minha pesquisa, mas tenho orgulho de dizer que só fiz um transplante.

Greene: Ah, o que é isso? Vamos julgar a indústria de água engarrafada depois?

Dr. Mesmur se vira para Greene, olhando com raiva.

Mesmur: Você está comparando água engarrafada com vidas humanas?

Greene: Não, estou comparando água engarrafada com vidas descartáveis. Olha, o que você acha que acontece com as pessoas que usamos para o procedimento? A resposta é nada. Milhares de pessoas são apagadas do planeta todos os meses para extração de órgãos, escravidão e assim por diante. Elas estão ferradas desde o início, e seu futuro também está ferrado. Então seria realmente justo deixá-las ir para o lixo enquanto aqueles de nós com vontade de viver se transformam em múmias podres?

Michaels: Às vezes, não é escolha delas. Eu sei, é difícil imaginar quando você cresce com uma colher de prata na boca.

Greene: Olha, qual é o seu nome, Young, não é? Deixe-me pegar seu arquivo, posso dizer exatamente de onde veio seu… traje atual. Me dê um momento.

Young: Isso é um tanto generoso vindo de um homem adulto usando a pele de uma garota de 18 anos.

Greene: La vida loca.

Young: Pelo menos eu tinha um motivo para mudar além de estar entediada com minha própria genitália.

Greene: Ah, aqui está. Young, você foi retirada das ruas da Lituânia. Seu corpo cresceu em um teatro e tomava seus banhos em cabines de banheiro. Você batia os calcanhares e dançava por trocados em um chapéu e seus pais… ah, que surpresa… sumiram. Agora, esse corpo está fazendo um trabalho muito bom para a ilustre Fundação, está saudável, vigoroso e blá, blá, blá. Se não tivéssemos pego ele, esse corpo seria apenas outra colmeia de larvas, mais cedo ou mais tarde. Fertilizante vivo raspado da rua e jogado na lama. Não sei sobre você, mas gosto de ver esta indústria como uma de reciclagem.

Dr.ª Young engasga de forma audível.

Greene: Também tenho seus outros arquivos, se vocês estão curiosos.

Memsur: Por favor. Não é isso que viemos fazer aqui.

Greene: Você está absolutamente certa, devemos fazer algo. E os Laboratórios Prometheus gostariam de um pouco de dinheiro para isso.

Soo-Yun: O quê?

Michaels: Claro que vocês iriam querer.

Mesmur: Você realmente não espera que entreguemos recursos, espera? A menos que vocês encontrem uma maneira humana de lidar com o problema como um todo, a Fundação não contribuirá para a sua empresa.

Dr.ª Mesmur se volta para a Sra. Soo-yun.

Mesmur: Ou a sua, por falar nisso. Se você quiser dizer isso aos seus superiores.

Soo-Yun: Tudo bem.

Sra. Soo-Yun pega seu telefone e envia uma mensagem.

Soo-Yun: Direi se eles me responderem.

Greene: Quero dizer, não pude deixar de notar que um de seus problemas com esse serviço que todos nós usamos é o descarte. Claro, poderíamos, digamos, lançar todos os cérebros de sobra para o espaço. Isso foi proposto de início, mas é caro.

Young: E só ter pessoas vivas flutuando no espaço? Qual é a vantagem disso?

Michaels: Você percebe que— Não é como se o problema estivesse resolvido porque você o escondeu algumas centenas de milhares de metros acima do nível do mar. O mesmo vale para seus aterros sanitários. Eles ainda estão lá. Eles ainda estão sofrendo.

Soo-Yun: A Marshall, Carter e Dark está disposta a tomar medidas contra certos competidores em troca de um subsídio.

Young: É isso que eles te mandaram?

Soo-Yun: Sim. Eu seria menos vaga de outra forma.

Greene: Aceito besteirol por 400, Jim. Qual é, o pessoal do McDonalds não vai desmantelar todas as redes de drogas do mundo só porque você encheu os bolsos deles. E quanto ao descarte, não disse que íamos lançar os cérebros na estratosfera para criar um grande anel de gelatina. Eu quis dizer longe. No Sol.

Young: A porra do sol? Você está propondo seriamente jogar pessoas no sol?

Greene: Quero dizer, Marte também está disponível , se você quiser ser exigente.

Michaels: Você ouviu uma palavra que eu disse sobre elas ainda estarem vivas?

Young: Sabe, assim que recuperei minhas credenciais, verifiquei o que a Dr.ª Michaels fez com 3984 depois que eu… saí.

Dr.ª Mesmur bate com o punho na mesa, fazendo com que sua maleta se feche.

Mesmur: Vocês vão continuar a discutir sobre ideias ridículas ou vocês me vão me permitir apresentar uma idea DE VERDADE?

Young: Desculpe, Dr.ª Mesmur, eu só quero enfiar na cabeça do Greene o quão idiota ele… ela é.

Mesmur suspira e gesticula para Young continuar.

Young: Dr.ª Michaels tentou incinerar o cérebro para ver o que aconteceria — nada. O cérebro se decompõe. Exceto que todas as células ainda estão vivas e não tínhamos como saber se aqueles animais ainda estavam conscientes ou não. O sol não vai consertar nada.

Dr.ª Mesmur olha com raiva para todos. Ela aperta a ponte do nariz.

Mesmur: Cristo meu senhor, vocês tem centenas de anos e ainda agem como crianças…

Dr.ª Mesmur abaixa a mão.

Young: Desculpas.

Greene: Bem, tecnicamente—

Michaels: Ninguém liga, Greene. Você não é uma criança.

Mesmur: Dr.ª Young, estou ciente de suas descobertas com relação à incineração do cérebro. De fato, um motivo secundário pelo qual trouxe Capitão Michaels para esta reunião é porque ele é a solução que procuramos.

Dr.ª Mesmur gesticula em direção a Eric Michaels.

Michaels: Tenho que mostrar pra eles, não é?

Dr.ª Mesmur balança a cabeça.

Eric tira a camisa para revelar suas próteses cibernéticas.

Mesmur: Os implantes cibernéticos do Capitão Michael foram capazes não só de mantê-lo saudável, mas também mantê-lo saudável conforme padrões pré-ΩK pelo último século. Com financiamento adequado e ajuda de pesquisa dos Laboratórios Prometheus e da Marshall, Carter e Dark, isso poderia ser expandido para órgãos ou partes do corpo mais complexas, ou mesmo para carapaças de androide que podem ser usadas para abrigar cérebros e que possam ser desligadas à vontade. Uma combinação de ambos os seus produtos, se preferirem.

Soo-Yun se levanta e faz uma ligação no canto da sala.

Young: Capitão Michaels, qual é a, uh, perspectiva de longo prazo para sua condição?

Young: E com longo prazo quero dizer longo prazo.

Michaels: Digo, as peças se degradam, mas podem ser substituídas. Mais do que isso, não sei. Só faço o que os médicos me dizem.

Greene: De que tipo de androide estamos falando? Do tipo que são apenas robôs que pensam bem ou os carnudos indistinguíveis de humanos normais?

Mesmur: Depende totalmente do financiamento. Idealmente, o mínimo do mínimo é uma carapaça que não requer oxigênio para operar. Isso também ajudaria muito no processo de superpopulação, visto que isso significaria que humanos poderiam viver em áreas que antes não eram habitáveis, como o oceano.

Young: Temos metal suficiente no planeta para fazer isso para todo mundo? Não temos comida ou água suficientes do jeito que já está.

Soo-Yun Lee retorna à mesa e coloca seu telefone voltado para cima.

Soo-Yun: Sr. Ju-Su está ouvindo. Por favor, continuem.

Michaels: Ah. Vejo que a gente finalmente vale seu tempo.

Mesmur: (em coreano quebrado) Prazer, Sr. Ji-Su. Fico feliz que você pôde se juntar a nós.

Ji-su: (em inglês) Continuem com a discussão, Fundação.

Mesmur: Me disseram que havia uma barreira linguística que o impediu de vir.

Dr.ª Mesmur olha para a Sra. Soo-Yun com desdém.

Mesmur: De qualquer forma, a proposta era simplesmente combinar os aspectos tanto dos Laboratórios Prometheus quanto seus. Criando androides capazes de abrigar cérebros para a população humana. O mercado não é necessariamente sobre o produto, mas sobre as atualizações e substituições que precisariam ser feitas conforme ele se deteriorasse. Muito parecido com um telefone, na verdade. Sei que vocês estão muito concentrados no mercado e acho que esse seria um bom ponto intermediário para as nossas necessidades. E para abordar sua preocupação, Dr.ª Young…

Dr.ª Mesmur pega seu telefone e começa a digitar.

Mesmur: Estou enviando a você um e-mail sobre o uso potencial de recursos, caso este plano seja aprovado. No momento, isso é apenas para olhos da Fundação até que recebamos mais fundos de outras fontes.

Young: Entendido.

Greene: Não posso falar pelos nossos amigos na Coreia, mas posso dizer que, honestamente, não estou focada no mercado. Estou focada na qualidade da experiência. Se vocês puderem me garantir total customização e precisão com seu projetinho de androide, então eu o apresento. Mas isso é tudo.

Young: "Precisão" sendo a palavra-chave, certo, Cassie?

Greene: "Customização" tem o mesmo peso.

Michaels: (para Young) Ainda não acredito que ele está obcecado em ser capaz de foder centenas de anos depois.

Young: (em resposta) Coisas simples para mentes simples.

Greene: E devo acrescentar que temos muito mais clientes fiéis do que novos, caso alguém pense que sou uma exceção e não a regra.

Mesmur: A customização no momento tem a maior prioridade na tabela de projeção. Ser capaz de parecer humano é menos importante atualmente do que ser capaz de fazer certas ações, como andar e comer e tal. A maioria dessas ações é desnecessária, obviamente, mas considerando que as pessoas ainda gostam de comer, apesar de suas línguas terem apodrecido e seu estômago explodido, tê-las como recursos adicionais parece apropriado.

Dr.ª Mesmur faz uma pausa, olhando para Greene. Ela suspira antes de continuar.

Mesmur: No entanto… precisão pode ser algo com que podemos nos comprometer, se conseguirmos um financiamento substancial além das projeções iniciais.

Young: Até eu tenho que admitir que temos que manter um pouco de humanidade para que isso seja comercializável.

Greene: "Um pouco?" Eu não quero ver Exterminadores do Futuro transando — obrigado por essa imagem mental, a propósito, seus esquisitões. Eu apresento isso, diabos, eu vou até apoiar isso, se vocês concordarem em colocar os Laboratórios Prometheus no comando do lado estético desse empreendimento.

Young: Defina "lado estético"? O que exatamente isso acarreta?

Greene: Pele, cabelo, olhos, línguas, unhas, essas coisas.

Young: Desde que você não arrume essas unhas de europeus orientais.

Greene: Muito engraçado. É a lituana ou a humanitária falando?

Young: Ah, vai se foder—

Greene: —e não, seriam sintéticos, mas realistas. Idealmente.

Mesmur: Quanto você acha que vai custar? A maior parte do financiamento de que precisamos é para reunir recursos. Teste e construção são mínimos em comparação.

Greene: Calma, calma. Antes de fazermos isso, gostaria de ouvir o que a Coisa Com Duas Cabeças, Mas Não Fala tem a dizer.

Soo-Yun: (em coreano; ao telefone) Essa pergunta é pra você, não pra mim.

Ji-Su: (em coreano) Não quero. (desliga)

Sop-Yun: Ele disse que sim.

Mesmur: Você sabe que acabei de falar um pouco de coreano com você, certo? Isso não faria você pensar que eu posso entender frases básicas em coreano como "Eu não quero isso?"

Soo-Yun: Kim só está responsável pela Hipnotralina porque o produto é fácil de transportar. Sou mais inteligente, mais qualificada e muito mais estável do que ele. Vou propor sua ideia acima do nível salarial dele, assim como ele fez comigo. Nós entraremos em contato com vocês sobre isso.

Michaels: Huh. Nunca achei que veria o dedo do meio se virar. Você está apontando ele de volta pro seu chefe.

Mesmur: Bem, isso é definitivamente uma surpresa agradável. Você tem certeza de que tem as credenciais para fazer isso, Sra. Soo-Yun?

Soo-Yun: Não gosto do Sr. Ji-Su. Não gosto do que ele fez com cerca de 8 milhões de pessoas, se esse número ainda está de pé. Estarei feliz em apresentar o argumento de venda.

Soo-Yun: Não preciso de credenciais. Tenho um produto mais estável a oferecer, com despesas reduzidas, com sorte, e excelentes habilidades com powerpoint.

Greene lentamente bate palmas.

Mesmur: Dr.ª Young, Capitão Michaels, vocês dois têm alguma opinião sobre o assunto ou estão de acordo?

Michaels: Estou disposto a deixar a criança ajudar no projeto de ciências, mas ela vai precisar de alguma supervisão. Nossa supervisão.

Young: É a única solução proposta até agora que não é totalmente detestável. Estamos votando?

Mesmur: A menos que mais alguém tenha uma solução que acredite que também seria atraente para nós?

Young: Pelo que posso ver, são ou robôs ou o Sol.

Greene: Já disse que não me importo muito de qualquer maneira. Esta vida que nós todos temos é bastante divertida, então vamos garantir isso.

Soo-Yun: Não será por muito mais tempo. Espero que nenhuma revelação repentina apareça se fizermos isso.

Mesmur: Se não houver mais perguntas, podemos iniciar uma votação?

Young: A favor.

Memsur: Também voto a favor. Capitão Michael? Sra. Soo-Yun? Cassie?

Michaels: A favor.

Soo-Yun: Não posso agir em nome da Marshall, Carter e Dark. Vou mandar meu sim pelo correio assim que voltar ao volante.

Greene: É noite escolar e estou exausta. A favor. Só se lembrem de em quem vocês vão confiar as escolhas de design assim que receberem nosso dinheiro.

Michaels: É como se você estivesse tentando fazer eu me arrepender disso.

Mesmur: Perfeito. Esta reunião terminou mais cedo do que o esperado, o que tenho certeza de que é conveniente para aqueles de nós que tinham planos para a noite. Devemos encerrar ou alguém tem uma palavra final?

Young: Greene, você não está… realmente indo pra escola, certo?

Greene: Ei, la vida loca.

Michaels: Vamos só consertar la vida por agora.

<Fim do Registro>

Todos os cinco saíram da sala de conferências em um silêncio calmo. Lee e Cassie pegaram o primeiro elevador para o saguão, ambos sorrindo para si mesmos. Uma estava muito mais descarada e presunçosa do que a outra, mas, novamente, adolescentes não são exatamente os mais sutis. Os outros três pegaram um segundo elevador. Eric e Emily se despediram de Violet no estacionamento enquanto andavam para o carro.

"De volta ao aeroporto, suponho?" Eric perguntava enquanto sentava no banco do motorista.

"Ainda não. Precisamos ir um pouco a oeste primeiro."

"Sério? Por quê? Nosso voo de volta é em algumas horas."

"Eu sei. Temos bastante tempo. Prometi que mostraria algo pra sua irmã, achei que você gostaria de ir junto. Quero dizer, posso estar quebrando algumas regras fazendo isso, mas o lugar está abandonado faz um tempo já."

"Calma, Joyce voou para cá?"

Young balançou a cabeça lentamente. "É importante o suficiente para a passagem aérea."

"Bem, acho que temos tempo."

"Excelente," Emily começou a digitar o endereço. Eric saiu do estacionamento e virou à esquerda em uma rua de mão única.

"Aonde estamos indo, de qualquer forma?"

"Ver seu irmão."

Eric lançou um olhar confuso para Emily enquanto parava no semáforo, "Você sabe que o túmulo dele está a, tipo, uns dois estados de distância, certo?"

"Não estou falando sobre o túmulo, Eric. Estou falando sobre o corpo."

Eric congelou. Ele deixou as palavras se estabelecerem por alguns momentos. Então as perguntas vieram à tona: Por que o corpo está aqui? O que há para ver? O que aconteceu com o Tony?

Ele decidiu que talvez, ele não queria saber. Mas Young não estava lhe dando escolha.

"Sabe, o sinal está verde."

"Ah, certo." Eric pisou fundo no acelerador e o carro correu em direção ao Sítio-2718.

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