A seguir está uma página de uma publicação intitulada Para o Circo Nascido: Zoológico das Aberrações de Herman Fuller. As identidades da editora e do autor não foram estabelecidas, e páginas espalhadas foram encontradas inseridas em livros com o tema Circo em bibliotecas em todo o mundo. A pessoa ou pessoas por trás desta disseminação são desconhecidas.
Para o Circo Nascido
Para o Circo Nascido: Zoológico das Aberrações de Herman Fuller
A Dança do Esqueleto
"Agora mexe a coxa, agora balança nas bases,
Enquanto a tropa avança a gestos estranhos,
E um chocalhar logo se eleva nos ares,
Como que batendo ao ritmo dos bailados."
—Johann Wolfgang von Goethe, Der Totentanz
Desde que as artes cênicas sobrenaturais existem, o homem reanima os mortos para entretenimento. A manipulação de cadáveres para dançar foi popularizada pela primeira vez na Europa durante o final do período medieval, onde ficou conhecida como Danse Macabre, ou Dança da Morte. A prática ganhou notoriedade generalizada em parte devido a supostas associações com a Igreja Católica Romana, que rumores diziam ter patrocinado apresentações públicas para provocar medo e inspirar penitência.
Se essa era mesmo a intenção, ela falhou espetacularmente. A representação da morte como um estado de folia e liberdade cativou os fascínios mórbidos de um continente devastado pela guerra, fome e peste. A Danse Macabre provou ser tão influente que muito de seu impacto cultural na música, literatura e artes visuais conseguiu permanecer intacto durante os expurgos históricos realizados pela Fundação de Segurança Contenção e Proteção.
A Danse Macabre é tradicionalmente realizada através do uso de locomoção substituta; qualquer forma de ressurreição arrisca a invocação da alma, que é amplamente desencorajada pela comunidade de paraperformance por razões éticas e práticas. A história do temerário necromante que ressuscita sua Danse Macabre, apenas para ser morto e obrigado a se juntar à dança, é recontada há séculos.334
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To the Circus Born: Herman Fuller's Menagerie of Freaks
To the Circus Born
A Dança do Esqueleto
A primeira apresentação conhecida da Dança da Morte na América do Norte ocorreu em Nova Orleans em 1738. Césaire Sauvageot, um especialista em tanacoreografia da França, teria dado uma luxuosa sarau no French Quarter, resplandecente com música ao vivo e álcool copioso. Os convidados foram instruídos a vir totalmente fantasiados com os rostos cobertos por máscaras até o toque da meia-noite. Quando o desmascaramento finalmente chegou, os convidados ficaram chocados ao descobrir que muitas das pessoas com quem dançaram nas últimas horas eram esqueletos animados. Isso também incluía garçons, músicos e—segundo algumas fontes apócrifas—o próprio Sauvageot.
Nas décadas que se seguiram, paraperformers de todo o mundo imigraram para a América, trazendo consigo seus próprios sabores nacionais da Danse Macabre. Uma mulher de Leyte trouxe uma tinikling fantasmagórica, com ossos usados no lugar de bambu e cadáveres em chamas que dançavam até seus pés virarem cinzas. Um apóstata turco com gosto pelo sacrílego trouxe dervixes giratórios mortos-vivos que giravam em saias esvoaçantes costuradas com sua própria pele esfolada. Um empresário empreendedor fez uma pequena fortuna se apresentando com um coro de garotas cancã sem carne. Em meados do século 19, a Dança da Morte adquiriu um novo nome no Novo Mundo: a Dança do Esqueleto.
A rica e variada história da prática apresentou um problema único para o Sr. Fuller. Ter um Circo das Perturbações sem a Dança do Esqueleto seria tão impensável quanto um jantar de Ação de Graças sem molho de cranberry. No entnato, com dezenas de performers da Dança do Esqueleto só nos Estados Unidos, destacar o melhor ato do mundo não seria uma tarefa fácil. Durante seus anos de viagens internacionais e extradimensionais, Fuller encontrou centenas de tanacoreógrafos de todos os tipos concebíveis, mas nenhum foi encontrado que se adequasse a um lugar no Maior Espetáculo de Todos os Mundos.
E então Herman Fuller conheceu Síofra Bradigan.
Está bem documentado que dezenas de corpos descasam sob os pântanos da Irlanda, naturalmente mumificados, perfeitamente preservados. Menos bem documentadas são as autoproclamadas bruxas que estudaram esse processo natural e o elevaram a uma forma de arte. Ao modificar sobrenaturalmente as qualidades conservantes dos pântanos de esfagno ácidos anaereóbicos, essas mulheres criaram um método para deixar um cadáver fresco semelhantes a couro e sem ossos em uma quinzena.
Pergunte a qualquer tanacoreógrafos e eles lhe dirão que a Danse Macabre se baseia na rigidez do tecido duro. Sema a estabilidade da estrutura óssea de um cadáver, é virtualmente impossível manipular um corpo de maneira realista—esta é a razão pela qual temos a Dança do Esqueleto e, não, digamos, o Fandango da Carne. Síofra Bradigan, entretanto, não se prendia às regras de nenhum tanacoreógrafos. Através da combinação de habilidade inata335
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e anos de disciplina, ela desenvolveu um talento necrocinético único. Embora ela nunca o tivesse usado para fins de exibicionismo, Herman Fuller sabia que ela era a estrela que ele procurava.
Ela foi uma Dança do Esqueleto apenas no sentido técnico. Quando as luzes se acenderam, longos bolsões de pele e carne deslizaram pela tenda e sob os pés da multidão, provocando gritos de terror quando a banda começou sua fanfarra. Os tentáculos de tecido se erguiam graciosamente do solo coberto de serragem, se desdobrando em dezenas de figuras humanas achatadas que se esvoaçavam e se rodeavam como se estivessem flutuando debaixo d'água.
E elas dançavam. Elas varreram o ar acima dos espectadores, ondulando, girando, cambaleando e passando uma pela outra. Constantemente ondulante, permanentemente hipnotizante, reunindo-se para formar padrões estranhos e se dividindo em contorções individuais de humanidade. Foi uma exibição de outro mundo, mas intensa em sua familiaridade. Elas eram pessoas e se moviam com alegria. Bradigan e seus 'Pimpolhos Pitorescos do Pântano' foram um sucesso descontrolado.
Com o declínio da estabilidade mental de Fuller, Bradigan se tornou um sucesso descontrolado em um sentido mais literal, e seus pimpolhos do pântano fugiram com ela. Ela foi uma perda incomparável para Fuller e apenas alimentou sua paranoia. O Circo veria outros atos da Dança do Esqueleto irem e virem ao longo dos anos, mas para Fuller, ninguém se compararia à mulher que fez os mortos voarem como anjos.
Apesar das opiniões de Fuller, muitos dos sucessores de Bradigan foram profundamente amados pelo público e colegas Perturbadores. Uma Dança do Esqueleto notavelmente notável do período pós-Fuller envolveu o próprio artista atuando como o esqueleto, bem como a inclusão incomum de um companheiro animal no ato. Nandin (Chakrabarti) o Armário Humano de Esqueletos e Miles o Gato de Ossos combinaram música, dança, ventriloquia e caprichos mórbidos à moda antiga em um ato que divertiu os espectadores por quase duas décadas.
Infelizmente, a cortina se fechou sobre a dupla quando Chakrabarti deixou abruptamente o circo no meio de uma apresentação, alegando que Miles havia sofrido uma emergência médica e precisava ser levado a uma clínica veterinária profissional. Esta decisão acabou levando à sua captura pela Fundação SCP.
As circunstâncias em torno da saída de Nandin e Miles do circo continuam sendo objeto de controvérsia. Por que um gato morto-vivo imbuído de propriedades bozomórficas adoeceria de repente? Testemunhos de colegas de Chakrabarti indicam que a dupla não tinha inimigos conhecidos—exceto, talvez, um único membro de família que não era visto há anos. No entanto, uma coisa é certa: não nos esquecemos de nenhum de vocês. Sigam o336
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[FIM DA PASSAGEM]
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