Trezentos e Cinquenta Dólares

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Ato II - Cena II

Interior da prisão, com os mesmos objetos de cena e configuração do Ato I Cena VI. Jazz está do lado de fora de sua cela, ao lado da porta. Em sua mão está um telefone com um fio, conectado a uma caixa com um teclado numérico. Parada ao lado de Jazz, observando-a atentamente, está a policial de antes, que está segurando a supracitada caixa telefônica. Jazz parece angustiada. Ela digita um número de telefone no teclado e mantém o telefone próximo ao ouvido.

JAZZ
Vamos… vamos… atenda…

POLICIAL
(cansada)
Olha Korbachev, eu realmente não acho que ele vá atender. Você já tentou três vezes. Vamos lá, vamos voltar para sua cela.

JAZZ
(angustiada)
Não! Mais uma vez! Mais uma tentativa, ele vai atender! Ele tem que atender!

POLICIAL
(cansada)
Eu… quer saber, tudo bem, mas essa é a última, entendido?

JAZZ
Sim, obrigada, obrigada!


Jazz digita o número do telefone novamente e leva o telefone ao ouvido, esperando desesperadamente por uma resposta. Quando parece que não terá uma, ouvimos um estalo de baixa qualidade.

BRIMLEY
(bocejando)
Ei, quem é?

JAZZ
Oh meu deus, Brimley? É você? Sou eu, Jazz!

BRIMLEY
(extremamente cansado)
Jazz… o que você está fazendo fora tão tarde? Teve algum tipo de reunião de trabalho secreta?

JAZZ
Eu… Eu estou na prisão, Brimley? Você não recebeu meu correio de voz? Provavelmente era o único da porra da prisão estadual!

BRIMLEY
(extremamente cansado)
Ei, você espera que eu olhe meu correio de voz?

JAZZ
Isso é tudo que você vai dizer? Você não está nem um pouco alterado pelo fato de eu ter acabado de falar que estou na prisão?

BRIMLEY
(extremamente cansado)
Amor, eu tô tipo, três quartos dormindo agora, eu não faço ideia do que está acontecendo.

JAZZ
Só… ouça, meu… meu chefe conseguiu mexer alguns pauzinhos e postaram minha fiança por apenas 350 dólares, preciso que você venha pagar e me buscar.

BRIMLEY
(um pouco menos cansado)
Trezentos e cinquenta conto? Pelo que?

JAZZ
Para me tirar da prisão! Você não está ouvindo?

BRIMLEY
(cansado)
Vou ver se consigo juntar algum dinheiro extra amanhã de manhã, amor. Tenho que voltar a dormir.

JAZZ
Brimley, espere! Você não está vindo me pegar?

BRIMLEY
Eu vou, só… é muito dinheiro.

JAZZ
(puta)
Sim, bem, e que tal 'Eu sou sua namorada'? Eu não valho trezentos e cinquenta dólares para você? Isso não é para algum colar bonitinho que vi em uma loja, eu estou presa!

BRIMLEY
Eu não tenho esse tipo de dinheiro às… seja lá que porcaria de hora seja.

JAZZ
Não são nem 9 da noite… você andou bebendo?

BRIMLEY
O filho do Tim teve um recital.

JAZZ
Isso não responde… por que você estava no recital do filho do Tim? Quer saber, esqueça. Só esqueça.

BRIMLEY
(bocejando)
Já me esqueci.

JAZZ
(através de lágrimas de raiva)
Te vejo amanhã de manhã.

BRIMLEY
Tábo, boa noite. Vá pra casa em segurança.


Jazz, enxugando as lágrimas com o braço, olha fixamente para a frente sem expressão. Sem mover a cabeça, ela entrega o telefone à policial, que o coloca na caixa e abre as portas da cela de Jazz. Ela leva Jazz para dentro e tranca a porta antes de ir embora. Jazz sobe na cama, olhando diretamente para o teto, sem se mover ou fechar os olhos enquanto as luzes escurecem rapidamente.

As luzes voltam na prisão ao meio-dia do dia seguinte. Jazz está sentada na cama, olhando fixamente para a porta de sua cela. Sua expressão facial deixa claro que ela sabe que Brimley não está vindo. Depois de um momento, a Policial entra no palco pela direita e caminha em direção à cela de Jazz. Para a surpresa de Jazz, ela começa a abrir a porta.

JAZZ
Espera, o que está acontecendo?

POLICIAL
Algum cara acabou de pagar sua fiança. Você está livre para ir.

JAZZ
Puta merda, eu pensei que ele não ia aparecer!

POLICIAL
Sim, bem, ele apareceu. Você tinha algo quando te trouxemos aqui?

JAZZ
Oh… não, nada.

POLICIAL
Ótimo, então me siga.


A policial anda, com Jazz seguindo logo atrás, pela frente do palco e então em direção à direita do palco. Elas cruzam na frente da partição e param.

POLICIAL
Você pode só esperar por ele aqui, ele virá em um segundo.

JAZZ
Ótimo, obrigada!


A policial sai do palco. Jazz olha em volta com nervosismo/entusiasmo. De repente, ela vê alguém vindo da direita do palco, mas para sua surpresa, não é Brimley.

JAZZ
Calma… Dana?

DANA
Ei Jazz, estou aqui para te pegar.

JAZZ
Eu… eu não entendo, eu pensei que Brimley fosse me buscar de manhã…

DANA
De manhã? Jazz, são 2 da tarde. Se alguém fosse te buscar pela manhã, você já teria ido.

JAZZ
Huh…

DANA
Ouça, Michael me disse que ele foi capaz de… persuadir eles a pagar sua fiança. Não pedi detalhes, ele não pareceu muito interessado em compartilhar, vamos deixar por isso mesmo.

JAZZ

DANA
O que quero dizer é que está dando merda no sítio agora. Você perdeu muito nos últimos dias.

JAZZ
Calma, o que está acontecendo?

DANA
Os gênios no Grupo de Relações Públicas decidiram deixar repórteres bisbilhotarem dentro do sítio, e um deles conseguiu um pouco de informação sobre o programa dos Classe-D.

JAZZ
Puta que pariu…

DANA
Sim, acontece que a população geral não gosta muito de fazer testes desumanos em prisioneiros amnesticizados.

JAZZ
Então, o que a Fundação vai fazer?

DANA
Eu tentei falar com a Laura, mas cada membro de nível quatro e superior da equipe ainda está empenhado em trazer a Coreia de volta de seja lá qual dimensão para a qual a gente tacou ela, então isso meio que foi deixado para nós.

JAZZ
Calma, dimensão?

DANA
Desculpe, figura de linguagem. Ninguém faz ideia de onde ela está, e é precisamente por isso que nenhum dos nossos superiores está disponível para nos ajudar a lidar com as multidões. Michael está no comando enquanto a Laura está ocupada, e ele não queria correr nenhum risco, então ele colocou o sítio em confinamento. Ninguém pode entrar a menos que faça parte da equipe de contenção essencial, o que nenhum de nós é.

JAZZ
Pensei que você fosse um especialista em contenção?

DANA
Ênfase na palavra especialista. Eu não sou realmente necessário quando se trata de contenção geral do dia a dia. Como você acha que tenho tempo para basicamente cuidar do bar sozinho?

JAZZ
Então… então o quê? Você deve ter vindo aqui por algum motivo.

DANA
Bem, além do fato de que eu te considero uma amiga, eu também sei que você é inocente. E vamos provar isso.

JAZZ
Como?

DANA
Crystal-INE tem acesso ao banco de dados da Fundação. Ele pode nos fornecer mais informações sobre o projeto, mas está tudo fora dos limites para mim. Você, por outro lado, fez parte da equipe do projeto. Você pode acessar esses documentos pra nós!

JAZZ
Mas o Crystal-INE está armazenado no Sítio-96, e você acabou de dizer que ele estava em confinamento.

DANA
(sorrindo)
Ele está em confinamento. É por isso que vamos entrar sorrateiramente.


Apagão.
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